Diz quem leu que é mesmo bom. E que eles passam a perceber quando só precisamos que nos digam "Gosto de ti!" e que nós podemos perceber (custa-me a acreditar, ainda hei-de tirar isto a limpo :)) que nem sempre o afastamento deles significa um "Não és a minha pessoa!"...
domingo, 31 de outubro de 2010
Doces ou travessuras
Há quase um cabaz de guloseimas em cima da mesa da cozinha de casa dos meus pais. Ou cá vem muita pequenada hoje tocar à campainha ou os níveis de açúcar no sangue vão disparar nesta casa.
Não me lembro de te amar...
Nunca tinha pensado nisto, mas num almoço mais ou menos de trabalho com gente com quem se aprende só de estar pertinho, fiquei a saber que os níveis de litigiosidade conjugal disparam no fim das férias, ali por volta de Setembro. Entopem-se os escritórios de advogados com pedidos de divórcio, as conservatórias e os tribunais. Segundo o orador, a explicação é fácil. Pensando nela, agora, também me parece. Durante todo o ano as pessoas dormem juntas e pouco mais. Limitam-se a discutir os assuntos mais importantes, a resolver os dramas mais graves, não comungando propriamente do dia a dia de cada um. Pus-me a raciocinar e não é difícil aceitar que a máquina do quotidiano nos conduza para os "selinhos" à pressa, antes de se sair, um "também te amo, mas agora tenho de entrar na reunião" no fim dos telefonemas ou um "vai indo dormir que ainda fico a trabalhar mais um pouco" pela noite dentro. Nas férias, bem, nas férias as pessoas vivem uns dias vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas juntas, apercebem-se dos humores matinais, das crises intestinais, dos dramas básicos da vida. E o amor, diz quem sabe, sustenta-se mais nos detalhes que nos grandes feitos. Por isso, quando nos pequenos detalhes passa a haver todo um deserto de afinidade, de preocupação, de gosto, de partilha, de emoção, de curiosidade, de felicidade, é o amor que começa a ceder. Amamos os defeitos, mas precisamos de os conhecer. Ninguém gosta de más surpresas fora de horas. Dizia a pessoa com quem almocei que a frase que mais lhe repetem é "Eu não o(a) suporto!". Talvez devesse perguntar-se "O que é que mudou?". Não sei... estou só a falar para não estar calada. A bem dizer, faz-me confusão. É que me soa a um "não me lembro de te amar", como escrevi no título do post. Pior, nos dois sentidos que podemos dar à frase: já não me lembro se um dia te amei, quando, como, onde, quanto; e já não me lembro de como se faz para te amar, como se fosse um nó de gravata a que se recorre só quando o Rei faz anos e que depois custa sempre imenso a ficar direito. Custa-me que se aceite, se dê por adquirido que as pessoas matam as histórias comuns quando finalmente encontram tempo para as viver a dois. Custa-me, pronto. Dá-me um medo que me percorre o corpo todo imaginar uma coisa dessas. A tolice, a decepção, a estupidez, a incoerência, a incapacidade para manter vivo o clic. Não sei nada disso. Mas dá-me pena. E medo. Um medo terrível. E vontade de lutar contra. Deve ser a única maneira. Procurar partilhar as pequenas conquistas e frustrações. Ouvir os mais insignificantes queixumes e momentos de glória. Comemorar a mudança da cor das folhas do Outono e a flor que nasceu no vaso que se comprou no dia x, lembras-te? E depois fomos a ... E encontrámos o ... Zangámo-nos. Sim, pois, mas depois fizemos as pazes. Deter-me na paz dos beijos de bom dia e dorme bem. Olhar nos olhos, interpretar os "nada" como resposta a um "o que se passa?" e os "sim" que querem só arrumar com um "estás bem?". Decifrar os passos, o barulho do carro. Gozar serenamente os silêncios. Murmurar sem pressa os "eu também". Se não correr bem, olhem, pelo menos terei tentado. Vai doer-me na mesma. Mas não me perguntarei eternamente "E se...".
Verdades e assim assim
A depilação definitiva pode ser a maneira mais imprevisível de nos testar os limites da vergonha. Estranhamente, depois do primeiro achincalhamento, voltamos para continuar as sessões.
Pequena R. e o casamento dos amigos
Ontem casaram a I. e o B. Lindo. Chuva como se o céu estivesse para abater, mas lindo. Musiquinhas escolhidas a dedo e um filme com fotos nossas nos idos tempos do 37, a casa em que vivemos quatro anos e onde fizemos juras, confidências, onde chorámos, rimos, onde havia sessões de cinema nas noites de quarta nos quartos de uns e outros, onde se faziam as festas mais loucas, onde se expulsavam os bêbados e se cobrava entrada aos menos sóbrios, onde se provou que gente de direito e medicina pode dar-se muito bem, onde biologia e engenharia mandavam, onde todos os anos chegavam meia dúzia de erasmus, onde, a custo, superei a prova de só fazer salada russa e arroz de atum, onde um dia recebemos de presente do senhorio um frigorífico novo, enorme, que não passava nas escadas e que nós amolgámos ao pontapé até caber. Sim... isto era o 37! Nós fazíamos o 37! A I. morava no rés do chão, o B. no primeiro e eu no segundo andar da casa. Nunca mais perdemos o rasto uns dos outros. Nem quando a I. começou a dar aulas, nem quando o B. mudou de Universidade, nem quando fui para Itália. Portanto, é compreensível o seu empenho em ver-me feliz. Ontem, mais uma vez, o teste. Uma rica mesa com gente do melhor, amigos das festas e noitadas do 37. Tudo aos pares, excepto pequena R. e um elemento que desde esses idos aparecia singelo (vulgo sozinho, no dialecto das minhas Tis). Pelo meio, piscadelas de olho dos noivos. Tá. Acabámos a noite a falar da piada que achamos às tentativas dos amigos de nos emparelharem com o primeiro(a) solteiro(a) que aparece. Até eu vir embora... enquanto se cantava o "It's raining men".
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Orçamento: breves considerações
1) Toda a gente sabia que ia ser aprovado. Não julguem ter sequer sido especialmente bem sucedidos neste teatro do desentendimento.
2) Não me apetece bater palmas por, a bem da Nação, dizem vocês, que eu cá já nem sei, irem aprovar o dito.
3) Gosto pouco de imaginar que um grupo de notáveis pode reunir durante horas para chegar à conclusão de que "o governo e os partidos da oposição devem fazer um esforço adicional no sentido de aprovarem o orçamento". Eh pá, a sério. Desenvolvam. Concretizem. São válidos, vocês, meus amores, di piu, di piu!
4) O PR diz "prolema" e isso é chato. Fico sem grande margem para criticar quem lhe segue a tendência de linguagem.
5) Não há pachorra para vos aturar a mandarem recados pela TV uns aos outros. Adiram ao moche. As chamadas são grátis. Escusam de nos poluir as horas de telejornais.
6) Há uma probabilidade fortíssima de, a partir de Abril, perder mais de metade do meu rendimento mensal por conta desta crise. Cortes por chapa cinco fazem prever o descalabro. Vai custar-me horrores. Em termos práticos, de redefinição da gestão do meu orçamento, mutilado na sua maior fonte, mas, pior do que tudo, em termos emocionais. Prometi-me não sofrer por antecipação, mas fica a advertência que, no dia em que me disserem "Foi bom, gostámos muito, trabalha muito bem, mas agora adeus", hei-de ter de me controlar muito para não aderir à medida popularucha de vos berrar aos ouvidos que são uns incompetentes.
7) Finalmente, gostava de perceber o fenómeno preocupante de os bons não quererem meter-se na política. É provavelmente das maiores causas para nos vermos afundar numa imundície de politiqueiros com prática exclusiva de subir degraus em partidos e dar palmadinhas em costas amigas.
Uma história de first dates e de como eu vi a luz
Eu vi a luz. Foi a Vera que, com este post, conseguiu essa proeza. A questão de fundo é que eu vi a luz, pronto, está bem, mas, mais importante, em matéria de first dates. Estive aqui a pensar e confirma-se. Não, nunca foi no decurso de um first date que pus alguém a fazer orações ao Criador para que me tornasse sua cara metade. Concorrem para essa falha grave no currículo de Pequena R. vários factores, uns mais determinantes que outros, é certo, mas todos suficientemente exigentes para que não mais duvide da sua força. Ora bem, em primeiro lugar, os dates são coisa recente. Pelo menos, para mim. As minhas possíveis pessoas nunca surgiram de amores à primeira vista, já aqui confessei. Na realidade, tornavam-se possíveis pessoas na sequência de muitos contactos, uma profunda amizade, reuniões de amigos comuns ou intermináveis dias de trabalho fechados na mesma sala. Que me lembre, foi quase sempre assim. E mesmo quando os amigos, a determinada altura, se atreviam a sugerir a hipótese, já a criatura me tinha visto umas quantas vezes, com possibilidades não muito remotas, sobretudo no tempo da faculdade, de até ter sido em situações um tanto embaraçosas. Era raro o convívio em que não torcia um pé, toda a santa vidinha de estudante me mantive fiel à ideia de que não se vai para a discoteca catrapiscar, mas sim dançar, portanto calças de ganga, mocassins ou sapatilhas e tshirt era quase farda nas noites de quinta, and so on. Depois, quando já toda eu era uma estrelinha com transparências, até podia surgir a ideia, umas vezes com mais sucesso, outras com menos... mas assim first dates, mesmo first, não eram o meu forte. Adiante. Chegamos ali a uma fase da vida em que os nossos amigos, ou melhor, sobretudo as nossas amigas, começam a ter alguma dificuldade em nos ver sozinhas nos jantares dos dias dos namorados e tentam provar a si mesmas as excelentes capacidades de retórica com que se julgam abençoadas, catequisando-nos repetidamente para o "é que tem tudo a ver contigo... quanto mais penso, mais me convenço que ficavam mesmo bem". Também eu, rapariga dada a ter amigas, não escapei, portanto, a uma dessas tentativas. Que estava-se mesmo a ver que a coisa se dava e trréu-téu-téu pardais ao ninho, ademais eu era grande amiga dela, ele era grande amigo do recente namorado dela... Enfim, todo um cenário de fins de semana na neve a esquiarmos aos pares. Por água abaixo. Aprendi à minha custa que sem clic não me disponho sequer a tentar. E o clic, não me venham cá chatear, é uma coisa que não se explica, mas que ou se dá ou não se dá. Não se deu. Ainda alimentei, durante algum tempo, a curiosidade de saber se do lado de lá tinha havido clic ou não, mas a verdade é que a minha forma categórica de o afastar sem apelo ou agravo da lista dos possíveis determinou que não mais se falasse no assunto. Voltámos a encontrar-nos uma segunda vez. A mim, não me fez confusão nenhuma. Quando não há clic, sei bem fazer de mim. Não tenho reacções de tamanha estupidez e embaraço que me apeteça desatar a automutilar-me pelo que corre tudo bem. Passado um tempo, uma segunda história. Até havia alguma expectativa, mas clic, meus amigos, onde parava ele?! Nada. É que eu sou horrível... horrível. Porque depois fico impaciente, começo a mexer-me na cadeira e com vontade de me por a andar. É triste, mas aquilo soa-me muito a um "Próximo!" e fico que não dá para aturar. Em pouco tempo arranjo maneira de inventar compromissos e allez. Finalmente, o verdadeiro first date. Alguma ansiedade, é certo, não nego, mas nunca a paranóia que a Vera descreve. E isso, meus amigos, será por certo a primordial razão para nunca me ter chegado o "ofício" para me tornar a sua pessoa da vida. A Vera descreve todo um ritual de pré-acasalamento que até hoje me passava ao lado. Assim, percamos algum tempo numa análise mais detalhada. Eu não perdi tempo a escolher a roupa porque aceitei o first date a meio do dia e a essa hora já estava vestida e a trabalhar. Sim, podia ter vindo a casa no fim mudar de roupa. Pois, mas isso leva-nos ao segundo ponto de entronhice. Eu não fui jantar. Jantar é muito à frente. Eu não ando cá a marcar jantares sozinha com tipos que nunca vi. Portanto, a coisa ficava-se por um encontro revestido de contornos colegiais onde, estivesse calor, no máximo se teria comido um gelado, e à hora a que se sai dos empregos. Ainda de dia, em lugares públicos, com probabilidades grandes de se ter até de parar para cumprimentar alguém. Neste enfiamento (palavra curiosa no contexto), eu não vou no carro de estranhos para os sítios dos nossos primeiros encontros. Desde os 18 anos que tenho carta, desde os 22 que tenho carro próprio, sei muito bem dar com os sítios ou perguntar na rua se me perder, pelo que vou sozinha que vou muito bem. Mas não percamos de vista o ritual a que as moças, pelos vistos, se sujeitam. Quanto aos sapatos. Ora bem, ele até podia vir montado num cavalo branco e pedir-me que me ajeitasse para o receber. O mais certo, mesmo assim, é que me encontrasse apetrechada com uma sola rasteira. Se não caísse entretanto, reitero, isso seria já suficiente para lhe provar todo o meu empenho em não decepcionar. A maquilhagem. Sou uma pessoa com o estranho hábito de esfregar os olhos precisamente nos dias em que ponho rímel, pelo que, tanto quanto me recordo, o máximo que terei feito para impressionar o moço terá sido uma qualquer pintura abstracta com batom de cieiro a olhar para o retrovisor. Certo é que não terei desperdiçado esse momento para me certificar de outros preciosimos: cera nos ouvidos, alface nos dentes ou sangue numa borbulha no meio da testa com que tenha decidido brincar toda a tarde. Estávamos ali no início do buliço, pelo que admito que, na loucura, tenha ido com as unhas pintadinhas de véspera. Mas, lá está, em homenagem mais a mim que a ele, que nem sabia tão pouco que estava perto de conhecer. Finalmente, a conversa. Nunca me passou pela cabeça ser capaz de intimidar alguém. Sei pouca coisa mais ou menos para poder considerar que existe sequer esse risco. Ainda assim, no que especificamente posso puxar dos galões será em temas à partida afastados de qualquer first date. Não tenho por hábito falar de trabalho às mesas do café, salvo quando o enquadramento justifica. Um first date, a contrario, afasta. De resto, não sou especialmente boa em nada. Pensando bem, essa talvez tenha sido a grande frase do encontro. Frase genuína, verdadeira, sem qualquer manigância de falsa modéstia. Já li mais que hoje fora da minha área, já tive mais tempo para ouvir boa música, há meses que não vou ao cinema, tenho gostos particulares pelo teatro, pela dança, pela pintura, mas sou péssima a debitar nomes e fases e teorias e datas de nascimento e morte de génios. Gosto de pensar que consigo não ficar calada a discutir as tendências da moda, mas mesmo aí tenho um estilo muito próprio e algum pudor em desbaratá-lo perante estranhos. Pelo que, em suma, nada de relevante está no meu domínio para que possa intimidar seja quem for. A bem da verdade, também não teria vocação para assumir esse papel. Senhora de mim, segundo o G. detentora da capacidade de afirmação de posições de força, sou, na hora em que me conquistam, uma pálida representação da feia e má. Incapaz de calar um "gosto de ti", um "tenho saudades tuas" ou um "fala comigo", cedo facilmente à tentação de acreditar que "desta é que é". Fruto provável da escassez de clics, valorizo-os como a uma jóia rara, trato deles e sofro quando saem da minha vida. Porque o clic é, na minha história, a marca de água de uma minha pessoa possível. E uma minha pessoa possível é sempre uma pessoa especial. Merece-me o benefício de muitas dúvidas. Alcança o pódio dos meus eleitos para procurar entender. Nunca por nunca ser acredito que vá sentir a vontade de gritar um "Próximo!" a seguir a esse momento mágico e inexplicável em que o clic se dá. Em que, sem que nada o fizesse prever, as diferenças parecem um golpe de sorte e as semelhanças a prova de que estaríamos destinados a conhecer-nos. Os first dates, para mim, não são, não podem ser, um prenúncio sério de história. Preciso olhar nos olhos, sentir o desconforto de me ver invadida no mais íntimo de mim para que a história possa começar. E é, então, aí que não há volta a dar. Ou se escreve. Ou morre, lentamente, numa agonia pouco prazenteira de quem é papel que aguarda a tinta.
Plúmbeas nuvens
Está um céu cinzento de Inverno. Chora baixinho, gotas pequenas.
Sopra um vento sereno.
Está um dia perfeito.
Antes de dormir, fica a dica...
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Nunca vos disse
que fui, durante anos, fã incondicional do Festival da Canção e do Festival da Eurovisão. Acho que a última vez que perdi (ou ganhei...) uma noite por um Festival foi em 1996, com a Lúcia Moniz. Depois dela, confesso, nunca mais me interessei muito pelos representantes da alma lusa no Festival europeu. Mas a minha infância e primeira juventude estão cunhadas por essas noites, quase sempre partilhadas com a amiga-irmã Joana. Gostávamos de nos deitar de bruços na carpete da sala, em frente à lareira da casa dos avós dela e ficar sozinhas a cantar baixinho. Um dia quisemos beber chá e tivemos a infeliz ideia de ir apanhar cidreira ao quintal. De pantufas e embrulhadas nas mantas do sofá, cedemos ao frio nas primeiras ervas que apareceram. Descobrimos no dia seguinte que tínhamos bebido chá de ervas daninhas. Tivemos sorte de não ser nada suficientemente venenoso para termos quinado logo ali. Ou então foi do meio quilo de açúcar depositado em cada chávena que o estômago se revestiu para nos dar mais uns anos do lado de cá. Sou uma eterna festivaleira desses tempos. Adoro cantarolar aquelas canções. São como um hino de gerações unidas por um gosto comum. Hoje, trago-vos a Maria Guinot. Tinha 3 anos quando nos representou... não me lembro... mas gosto muito da música.
Isto é de uma ironia...#2
"Dá-me luz
E sol, paz e amor nesta vida...
E sorte, e a tua mão...
E musica que faça um coração dançar?
;-)"
E sorte, e a tua mão...
E musica que faça um coração dançar?
;-)"
Cada um insulta como pode!
Eu e o G., quando queremos arreliar-nos um ao outro, iniciamos todas as frases por "Oh válido(a)...". E sim, para nós, válido é do pior que nos podem chamar. Comparações fatelas vêm logo habitar as nossas mentes. Assim tão mau só mesmo se nos chamarem especialistas.
P.S. Até Julho ele também me irritava quando me chamava meeeeestre. Mas depois teve 18 e calou-se para sempre com a piadinha.
Conheci a Eu
e, apesar da minha correria com tiques de cabeça na lua, esse foi, mesmo a sério, o momento alto dos meus tempos mais recentes! A Eu é gira e simpática. E tem um ar meiguinho. E amanhã vejo-a outra vez. E pronto. É isto. Estou um bocado grande feliz com a novidade.
Verdades e assim assim
São necessários dois para descobrir a verdade: um para enunciá-la, o outro para entendê-la.
Khalil Gibran, in Areia e Espuma, Alma azul, p. 16.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Traumas laborais
Tenho dias em que não controlo bem as ganas de espancar o legislador. Hoje é um desses dias. Vou continuar a saga peregrina de refazer o trabalho de semanas só porque tu, oh alminha, te lembraste de nos baralhar o diploma todo. Ah... e já agora... vai para o Pico ou para Porto Santo procurar o Centro Distrital da SS e depois vem-me cá contar a aventura, sim?! Mas volta só quando deres com a porta, tá?! Iluminados!!!
Tic tac
O pânico quando a febre chegou aos 39.4. A birra na toma do Brufen, deitado na banca da cozinha e impedido de levantar a cabeça enquanto não engolisse o xarope. Enfim... já tinha inutilizado dois supositórios (comprova-se: os meus filhos, se estiverem sozinhos com a mãe, livram-se dessa tortura). Os "pára" e "não" e "dá cá" de cada vez que eu tentava pegar no computador. O sossego a ver o Porquinho Fino que dá no Panda. O sorriso maroto que fez depois das três vezes em que gritou "cócó", chegámos à sanita e o facto já estava consumado. A dança dos esquilos, com um eco "dança, dança, anda, anda, dança, dança". O sono. As bolinhas de saliva. A pêpê. Os beijinhos todos lambuzados. Os xis. As escondidas. Meia dúzia de gritadeiras como se o estivesse a espancar... mas era a febre a subir. Os "colo, dá colo". A rosquinha na hora a que a minha mãe chamava "do mormo", ali entre o "nem sei se durma, nem sei se berre". Os suspiros enquanto me fazia suar o braço e dormia encostadinho a mim.
Tic tac... Com a certeza que só se trabalha concentrado enquanto dormem ou o Panda acerta na animação da tarde... mas tic tac... Uma tarde de Kique e estou assim!
terça-feira, 26 de outubro de 2010
...
nos madrigais que me trouxeste
escondidos
pelo silêncio do teu amor
soube do branco dos lírios
que trazias aos molhos
no regaço amedrontado
fiquei quedo
nada bulia
só tu à minha frente
com os olhos cheios de partidas
e os cabelos entrançados
em mil chegadas
Francisco d'Eulália
Verdades e assim assim
A minha pessoa lembra-se de mim mesmo que esteja a muitos quilómetros de distância. E, por exemplo, vem ao blog ver se ainda por aqui ando. É assim, a minha pessoa. Who?! A pessoa. A possível pessoa. A minha possível pessoa. A minha pessoa em abstracto. O tal, vá.
Tomei uma decisão!
Vou deixar de tentar contar os cabelos brancos! São muitos... E isso chega para que eu já nem queira saber mais nada!
Acontece
Não temos conseguido conciliar horários para lhe tirar dúvidas.
No último e-mail, decidiu escrever:
"Eu acredito que os nossos desencontros ainda vão ter um final feliz".
Oi?! Sorry?! Passa-se alguma coisa?!
Coisas que uma pessoa aprende fora de época...
1) Quando eles, à hora do lusco-fusco, nos dizem que têm rissóis em casa, isso é um "fica comigo"!
2) Quando, no fim da noite, ao raiar da madrugada, eles nos dizem que podemos ir tomar o pequeno almoço a casa deles, isso é um "fica comigo"!
Palavra de gajo. Pelos vistos, são dois clássicos. Desculpem lá, ainda não tinha percebido...
Verdades e assim assim
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...
William Shakespeare
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Natal
Dois meses antes do que seria de esperar, hoje houve Natal na minha vida. Com direito a presentes. E, mais importante do que tudo, mimo. A minha C. e a minha P. ofereceram-me esta coisa mais fofiii de todas, que é uma joaninha com funções de calculadora, afia e íman de clips. Tem muito a minha cara. Rendida.
Depois, bem, depois o P. apareceu aqui em casa para me deixar sons de Natal... sabe bem que eu gosto... e uma violeta. Uma violeta, agora que pelo menos uma das minhas se finou, partiu, deixou a flora deste mundo. Amei!
Tive Natal... e soube bem... muito bem. Como sabem sempre os mimos.
Frescas flores, naturais que tais
É sabido o "drama das segundas". Não vale a pena falar nisso agora. Não me queixar é só sinónimo de tentar não ser chata, muito longe de qualquer pacífica aceitação de que se está bem, pois está. Adiante. Há uma jarra cá em casa que normalmente tem flores. Flores frescas, naturais. Salvo nas semanas em que sei que vou andar mais por fora que dentro de casa, tenho nela uma companhia inestimável. Quando opto por mantê-la vazia, só o faço porque, bem é de ver, entre murcharem solitárias numa casa de cortinas corridas e sem som de gente e viverem presas à terra até ser possível, esta, confesso, parece-me a morte mais romântica para uma flor. Mas quando as trago, de companhia, e as pouso em água fresca, às vezes, à noite, antes de dormir, olho para ali, só para confirmar que ainda me rendo à beleza genuína das frescas flores, naturais que tais. Quando era miúda, tinha uma professora de português com o hábito atento de nos deixar, no fim das folhas de teste, mesmo antes do "boa sorte" com três pontos de exclamação, uma frase. Não sei quem era o autor, mas lembro-me bem de uma dessas frases: "Tem sempre alguma coisa de belo diante dos teus olhos, nem que seja uma flor num velho frasco de compota." Ainda hoje, apesar de tudo, continuo a adorá-la e a dar-lhe sentido e força na opção de ter em casa, mesmo que não num velho frasco de compota, frescas flores, naturais que tais.
Constatação
Receber um amigo de pijama e meias até ao joelho é uma prova de amizade e confiança importante! Ajuda ele chegar, sentar-se, recusar um chá porque ainda não são dez da manhã e já bebeu três cafés, começarmos a discutir a fundamentação jurídica do recurso que o consome nos últimos dias e, a meio da conversa, entre um qualquer princípio constitucional e uma teoria rebuscada de insindicabilidade da decisão, ele lembrar-se de perguntar "Ainda hoje não te penteaste, pois não?!"...
domingo, 24 de outubro de 2010
Fazconta que eu era dondoca
É um suponhamos. Não sou. E acho que se fosse até me cansava em pouco tempo. Mas fazconta que era. Aproveitaria muito para ler, para passear, para ouvir música, para fazer massagens, para pintar as unhas sempre que uma pequenina lasca desse de si, para estar com os amigos, para ver montras, para tentar perceber como se cozinha, mas, principalmente, para dormir. DORMIR, minha gente. Essa nobre actividade que já tão bem desenvolvi em nova e que agora parece que me troca as voltas. Dormir é bom. Dormir faz bem. Dormir descansa. Dormir anima. Dormir... ah dormir... Oh saudade. E dormir sestas. No sofá. Ah... coisa mais melhor boa... E à sombra de uma árvore no Verão. E enroscados numa manta fofinha, perto de uma lareira, no Inverno. Oh... ah... d-o-r-m-i-r!!!
Mas não sou dondoca. Tenho de trabalhar. Ganhar a vidinha. E tive de acordar e... pior... tive de me levantar!
Peste
A fazer exames de empreitada desde as dez da noite, temo que este sono e a vontade de mandar berros comecem a prejudicar o imprescindível critério da igualdade. Rabugenta, fico impossível. Portanto, vou dormir. A bem das notas almejadas pelas pessoas.
sábado, 23 de outubro de 2010
Verdades e assim assim
Com a ajuda da Veneza portuguesa, da Gaspea e da Lola Cruz, é com muito gosto que vos digo que já não tenho de ir descalça ao casamento!
Como eu sou meiguinha a introduzir os temas mais duros...
E agora que já sabem tudo da fase em que é tanto o mel que até escorre, vamos lá falar a sério. Hoje estudaremos o divórcio.
El Corte Inglés e Zilian
Só gostei de umas sabrinas Carolina Herrera. Mas não ficavam bem no meu vestido e custavam uma pipa de massa. Portanto... lá para daqui a um tempo pode ser que me passe da cabeça e as compre só porque sim... e porque mais vale um gosto na vida que viver para sempre desgostoso!
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Ser
Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos
Pequena R. pede ajuda ao leitor
Em média, quanto tempo demora o leitor a escrever uma mensagem com quatro palavras?! Quatro palavras de uma média de quatro letras?! Estou a tentar perceber o impacto negativo que um "Gosto mesmo de ti." ou "Sinto a tua falta." ou "Até penso em ti." ou "Sou tótó, pois sou!" pode ter na vida de uma pessoa com a agenda cronometrada. Não me passa pela cabeça, bem é de ver, averiguar um "Gosto mesmo de ti. Sinto a tua falta.". Isso seriam oito palavras e lamechice a mais. Ou então... uma enorme mentira.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Verdades e assim assim
Há uma razão para eu e o G. sermos tão amigos.
Passamos juntos por cada coisa...
Surreal!!!
P.S. Gostei do libanês. Tirando as sobremesas. Essas não consegui. Foi provar e pôr de lado...
Cirque du soleil
Em duas palavras: MUITO BOM!
P.S. Sinal da crise, um Pavilhão Atlântico a meio gás...
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Victor
Amo-te, R.
Victor
Ao que parece, tenho um admirador. Um admirador secreto. Victor, é a ti que me dirijo, directamente e sem rodeios. Se me chamas R., das duas uma, ou lês o blog ou... tcharam... lês o blog. A bela declaração apareceu no vidro de trás do meu carro (se eu soubesse que era deixar o vidro ganhar uma camada de pó de dois centímetros e aí estavam declarações de amor, há muito que tinha começado a poupar os quase vinte euros que os meninos ali da capital do consumo me cobram de tempos a tempos para pôr a máquina a luzir... agora é tarde). Pois bem, Victor, R. não é nome com que eu me apresente por aí, razão pela qual não sobejam muitas dúvidas que és um dos que cá vem de dois em dois minutos. Foffi, não teres aderido ao mau acordo e manteres o c no nome dá-me esperança no futuro e podia, vivesse eu outra fase da vida, convencer-me a voltar a adoptar o lema "não negues à partida o que ainda desconheces". Acontece, meu kiko, que é melhor cortar o mal pela raíz. Peço-te que procures a tua turma e vás ser feliz com qualquer moça pouco dada a indecisões. "Ai que até podes ser absolutamente espectacular, o gajo da vida com que qualquer gaja sensata sonha desde gaiata"?! Podes. Ainda assim... paciência. Posso dizer-te que tenho o coração fraquinho, que a cola ainda estava fresca e já mo fizeram cair em chão de laje outra vez em pouco tempo e portanto isto partiu-se tudo novamente e agora em pedacitos tão pequeninos que alguns devem continuar perdidos debaixo dos móveis ou enfiados nos pontos do almalaguês dos tapetes porque, a bem dizer, ainda nem os recuperei todos para reiniciar a saga das colagens. Portanto, não é bem ser má. É não ser mesmo capaz, entendes?! E tenho a certeza que em pouco tempo te desiludirias. Estou a poupar-te o drama (se é que para ti isso seria drama) de me dizeres "olha, afinal, desculpa lá, mas não quero, não posso, não dá". É que eu sou uma rapariga que para ficar precisa muito de já estar certinha do que quer. E, assim sendo, no dia em que me desse a conhecer mesmo a sério, já estaria pronta para não voltar atrás. Ali a meio caminho entre o "vamos tentar novamente" e o "acho que estou a apaixonar-me", pelo que declarações de "olha, azar, afinal não" me partiriam o coração de um jeito que já não acho bem previsível. Qualquer coisa como reduzi-lo a pó. Se tem de ser sempre arrebatador? Tem... nunca neguei que sou dada à friose aguda e coisas mornas não me dão suficiente alento. Pelo que, Victor del cuore, a R. que te escreve não sou toda eu. Eu sou muito menos gira do que podes imaginar, nem sempre me apetece andar de vestido, esta semana ainda não consegui cinco minutos para pintar as unhas e quando a coisa aperta adio a depilação às vezes uma semana inteira. Além disso, vê lá tu, passam-se meses em que não consigo ler um livro de cabeceira, ou ouvir uma música nova com calma. Pior, nem imaginas como me custa reiterar a afirmação mas... não cozinho patavina, demoro montes de tempo a passar a ferro e assim, sou fanática por limpezas e tenho a tara das esquadrias nas arrumações. Fui abençoada desde cedo pelo dom de meter o pé na argola com uma frequência muito maior que os demais. A título de exemplo, ficas a saber que dou aulas a gente grande mas com as hormonas aos saltos, ainda mais em tempo de latada, e ontem, depois de me chatearem que não sei o quê estava abanar, ai oh professora está a abanar e o tempo a passar e a matéria por dar, saquei da bela frase "nem tudo o que abana cai" que há-de colar-me durante anos a alcunha de tarada. Finalmente, Victor, eu não te conheço. E dou-me mal com isso. Vai na volta e tens uma história de vida que me embrulha o estômago. Sou uma pessoa frágil nessas coisas. E não gosto de vomitar, pelo que é melhor, olha, nem começar. Quanto ao amo-te, fica-te mal. Podes estar a modos que encantado pela ideia (é só uma ideia) que fazes da je, mas amar, amar não amas, porque já te disse que não sou nem metade da tua ideia. Para acabar, desejo-te tudo de bom e, se não me leres, olha, azar. Estamos cá para ver os desenvolvimentos... que desejo ardentemente que não existam. Não estou para aí virada. Vou ali tentar encontrar mais uns bocados para continuar o puzzle do dito que teimam em atirar ao chão e tu, pela tua saúde, e pela minha, vai à tua vida! Não faço isto a pensar em ti. Mas em mim. Como vês, sou uma cabra egoísta.
Espera?!
Como podemos esperar.
Aguardar o que nossas mãos possam reter.
Uma palavra. O olhar cúmplice. Se as coisas
têm já o estado do vento
o que nas ruas fica das vozes ao fim do dia.
Aguardar mais aguardar nada
quanto mais se repete uma palavra
«estou sentado virado para a parede desta casa»
baixo, mais baixo ainda,
«estou sentado virado para a parede desta casa».
Fazer que não haja sucedido o sucedido.
O prazer de sentir chegar as coisas
o riso sob a chuva
o frio que faz. Aqui
como podemos esperar uma noite de lua e vento?
João Miguel Fernandes Jorge, in "Direito de Mentir"
Aguardar o que nossas mãos possam reter.
Uma palavra. O olhar cúmplice. Se as coisas
têm já o estado do vento
o que nas ruas fica das vozes ao fim do dia.
Aguardar mais aguardar nada
quanto mais se repete uma palavra
«estou sentado virado para a parede desta casa»
baixo, mais baixo ainda,
«estou sentado virado para a parede desta casa».
Fazer que não haja sucedido o sucedido.
O prazer de sentir chegar as coisas
o riso sob a chuva
o frio que faz. Aqui
como podemos esperar uma noite de lua e vento?
João Miguel Fernandes Jorge, in "Direito de Mentir"
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Verdades e assim assim
Cortaram a relva em frente ao meu prédio. Cheira a pasto quando se abre a janela. É bom.
O valor do que não é
Há histórias que não são. Não foram. Talvez nunca venham a ser. E, no entanto, olhá-las de fora dá-nos a serenidade de lhes reconhecer um valor incalculável na nossa vida. Uma história que não é, não foi e talvez nunca venha a ser pode, ainda assim, ter feito despertar sentidos que julgávamos irremediavelmente adormecidos, vontades e ânsias novas. Uma história que não é, não foi e talvez nunca venha a ser pode ter na nossa vida o eco das melhores viragens de página, do mais doce recuperar de nós mesmos. Uma história assim pode deixar-nos para sempre gratos pela mera luz de um amanhecer de um dia que não é, não foi e talvez nunca venha a ser. São as histórias em que tudo o que fica sabe a conquista. Conquista da consciência que é para andar em frente, que o passado é para ficar lá atrás. São histórias que não são e, no entanto, serão sempre essenciais na nossa rota dos sentires. São histórias que, não sendo, não tendo sido e talvez nunca vindo a ser, nos fazem acordar com um "valeu a pena" a balançar no peito, com um sorriso a brotar dos lábios e a certezinha de que, não sendo, não tendo sido e talvez nunca vindo a ser, têm um valor que nem dá para medir. As pessoas dessas histórias mostram-nos, só por existirem, que há mais mundo para além do que sempre julgámos ser o Universo todo inteiro. Porque nos dão uma história. Que não é. Que não foi. Que talvez nunca venha a ser. Se um dia a história ganhar a dimensão de ser, então, talvez seja a história melhor da vida. Aquela por que esperámos sempre, sem saber. Se não, então, que não seja. Basta-lhe isso para já ser inesquecível.
Não vos falo da solidão... digo-vos só que estou cansada!
O que há em mim é sobretudo cansaço — Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto em alguém, Essas coisas todas — Essas e o que falta nelas eternamente —; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada — Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... Álvaro de Campos |
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Eu vejo pessoas onde elas não estão
Podia quase jurar que o Manuel de Oliveira passeava hoje à tarde em frente às Letras. Mas se calhar era só alguém parecido. Olha... não... era um caloiro, só que tinha chapéu e era magrinho escanzelado e andava com as costas pouco direitas. Macacos me mordam se não estou a ficar choné.
Também quase podia jurar que ia ser apanhada por um braço e levada para longe quando há pedacito saí das Medicinas. Mas não. Só o carro é que era igual. Estou a ficar choné. Já nem vale a pena contestar. Vou ali dar mais duas horas de aulas e ver se isto melhora. Ou não.
Bora lá!
É só mais uma segunda feira! E a acidez desta laranja que seleccionaste para sobremesa já te está a ambientar à tarde!
Cenas do meu país
O Presidente tem um secretário que é o tipo que mais de metade do partido de ambos gostava que fosse o Presidente!!!
domingo, 17 de outubro de 2010
Apetece-me
dizer duas ou três asneiras. Aliás, mais. Mas assim graves acho que só sei três asneiras. Portanto, vou ali à varanda que não quero deixar o ambiente pesado aqui em casa e pode ser que isto passe!
Help!
O casamento está aí! Pequena R. continua sem encontrar sabrinas de que goste. Ora bem... querer, querer, quer umas básicas, pretas, de preferência escamadas. Sem brilhos, sem folhos, sem laços, sem nada. Pele, que pode chover. Básicas. Pretas. Que depois use no dia-a-dia. Custa?! E redondinhas. Ou, no máximo, frente cortadinha, ballet. Custa?! Pois. Agradecida a quem der dicas!
P.S. Experimentei uns sapatos à Letícia. Demorei uns bons dez minutos para dar os dois passos que separavam o sofá do espelho da loja. Fico espectacular com eles. PARADA! Senti-me como aquelas pessoas que deslumbram... até abrirem a boca! Não sou em condições. Perdão por existir. Não dá.
Gosto de famílias grandes...
Vip Manicure
Do melhor! Muito bom! A verdadeira "seriza no alto da queica"!
Adoro a Ana Bola... mas a Maria Rueff... bem... a Maria Rueff fazia o Zé Manel taxista... e isso diz tudo!
sábado, 16 de outubro de 2010
Se é para poupar
Deixo-vos aqui três dicas... e nem pagam mais por isso.
1) Em algumas faculdades deste país, os assistentes contratados a 100% (muitos deles, até em exclusividade) auferem a remuneração total prevista para a função e dão apenas metade das aulas que deviam. Ou seja, recebem entre 1500 e 1800 euros e dão seis horas de aulas. O horário completo seriam doze horas. Mas dão apenas seis. Porquê?! Porque assim podem candidatar-se a bolsas da FCT!!! Boa? Topam?
2) Quem é que ainda acredita que haverá Metro Mondego?! Importam-se de restituir às pessoas da linha Lousã, pelo menos, a ligação que tinham e de se deixarem de delírios que todos os meses presumo que sorvam dinheiro ao Estado como se nós fossemos ricos?! Não sei... é uma ideia... Pagar pelo que era para ser e já não é e nem está em vias de vir a ficar parece-me uma ode à compreensão lenta e ao despesismo.
3) Quando o governo paga um determinado projecto... era bom que avaliasse se no fim ele foi cumprido. E, não tendo sido, se a justificação é válida (há casos em que o adiamento é perfeitamente justificável, concedo). O que não dá para aturar é pagar-se anos a fio por uma coisa que devia ser feita num ano e que, não, não tem razão para se andar a adiar. Ou melhor, tem, que isto de ganhar dinheiro à boa vida deve ser brutal.
Só mais uma dicazinha, pequenina: já perdi a conta à quantidade de assessores da treta em tudo quanto é Ministério, Secretaria de Estado, Tribunal, Empresa Pública, etc e tal. E sabem... conheço alguns. E não, não são brilhantes. Muitos são até fraquitos. Não levem a mal... mas é a verdade. Pois... verdade, verdadeira... fraquitos! Não é inveja. Juro. Já tive a minha oportunidade. E não a quis. Detesto trabalhar em más equipas!!!
Bichos
Nós... meus amigos... estamos entregues aos bichos. Mas aos bichos maus. Aos bichos inúteis. Não é aos bichos, bichos, que esses, coitadinhos, não têm culpa nenhuma...
E assim se resume o meu estado de espírito actual!
Pai: Então mas ficaste cá hoje para descansar ou para trabalhar?
Eu: Fiquei porque amanhã já vinha e hoje já cá estava e não valia a pena ir e voltar e também porque a mãe fez leite creme com os alunos por causa do dia da alimentação e tinha prometido ir lá fotografar o evento e também porque tinha combinado com o kiko arrastar uns móveis da sala e também porque... bem... vocês andam sempre a queixar-se que quase nunca cá durmo... E porque assim estamos mais tempo perto, vá... Mas avisei que tinha de trabalhar e que a presença não se ia notar assim por aí além...
Pai: O que é isso que estás a estudar?
Eu: É tal e coisa.
Pai: Ah, a nova matéria, aquela que não é bem da tua área.
Eu: Pois.
Pai: Isso trata de quê? Explica o quê?
Eu: Olha que nem sei bem, se queres que te diga...
P.S. Admito... esta resistência não está a ajudar... Mas está difícil...
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Adenda
E andar meia hora a pé por dia, inspirando ar puro; dormir sempre, no mínimo, oito horas por noite; e não stressar... viver em paz!!!
Tem tantas ideias... a minha médica de família! Até comove... a boa vontade da senhora!
Médica de família
Medicação para ver se não volto a ter a diastólica acima dos 10. Ou isso, ou um enfarte... Mix previsível com uma falta de ferro que faz quase chorar as pedras da calçada. Notícia dada de rompante de que a forte e velhinha relação com o comprimidinho dos 21 dias tem de acabar. Nada de meninos/as nos próximos nove meses, ou é certo que os últimos quatro são passados no hospital, de barriga para cima. Que sem stress... porque, de momento, parir, parir, só me vejo a parir uma tese de doutoramento... e... e... E então que não... tenha lá paciência, que mesmo que não continue a loucura dos cinco e me fique pelos três, convém pensar no um entretanto e depois virem em carreira, para podermos ficar todos descansados com métodos outros que permitam rambóias sem medos. A loucura. Vou fazer análises. Parar com a dita. Tomar o comprimidinho novo amigo que me há-de levar para longe estes apertos no peito. E logo se vê o resto... Se não quinar, entretanto. O que vale? Bem, o que vale é que agora posso sempre responder que ando a tratar do coração sem que fique tudo a pensar coisas tolas no minuto a seguir.
Já não era sem tempo!
Parece que foi assinado um protocolo para pôr reclusos a limpar florestas nacionais.
Do que mete medo ao susto - XV
Hoje, no metro, vi uma senhora com uma argola numa unha. Meus amores, não, não era só um brilhante, nem todo um canteiro pintado a tinta da China. Pelos vistos, o que está a dar são pendurezas nas unhas. Unhas enormes (ai credo que mau gosto) e depois um furo num dos cantos exteriores de uma das unhas e... uma argola, um brinco, sei lá... Inventam com cada coisa... Continuo sem perceber: 1) como é que esta gente lava a loiça, com aquilo sempre a tilintar nos copos? (Eu tinha ataques de pânico a cada "tilim - tilim". Os meus copos são lindos e paguei-os eu... não os herdei!); 2) como é que puxam os collants? (A mim, basta-me uma unha mal cortada para abrir uma auto-estrada nas meias...)... Por fim, continuo a achar unhas muito compridas um hino à parolice. Com desenhos e brincos então... pelas almas... p-e-l-a-s-a-l-m-a-s!!!
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Já alguma vez
sentiram saudades do que está para vir?!
É uma sensação do caraças. Uma estranha mistura de impaciência e esperança. Ele há coisas...
Verdades e assim assim
Uma mulher não deve perder noites por um homem. Quando muito, pode perdê-las com ele.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Está-me cá a parecer...
que se um dia tiver uma filha chego à penúria em pouco tempo. E se o pai não me puser travão, é menino para também ver o saldinho sumir-se sem perceber bem como. Fui comprar um presente de vestir para a I. porque vou visitá-la no fim de semana. Ora, pessoas, eu quase pedi um banquinho para assentar arraiais em frente aos vestidos, às saias, aos blusões, ao casacos compridos, às botas, às sabrinas, às fitas de cabelo, aos gorros, às luvas dos 0 aos 3 meses. Ia-me dando uma coisinha má de tanta indecisão. Fosse eu uma tia rica, além de uma rica tia, e tinha trazido um exemplar de quase tudo. A saias, meus amigos, as saias. E os vestidos? As mangas tufadinhas dos casacos, os folhos e entremeios das camisas... o delírio! Optei por um vestido de Inverno, que é qualquer coisa próxima do mais foffi que dá para imaginar e por um conjunto de gorro e luvas. As luvas... Ai as luvas... tão piquinininhas... coisa mais... sei lá como... Se um dia chego a mãe, desgraço-me nas toilettes dos crianços. Para eles, já estou a ver, calções, camisas ao xadrez, sapatilhas e botas mini-mini, gangas pré-lavadas ali por cima dos rabiosques ainda com fralda... um estilinho timberland de betos amigos da natureza. Estou que não me aturam.
Se estou bem?!
Tenho fases, como a lua; fases de ser sozinha, fases de ser só tua.
Cecílias Meireles, adaptado.
Adoro
aquela turma pós laboral. A sério. São divertidos sem serem palhaços. São curiosos com pertinência. São descontraídos sem serem irresponsáveis. São grandes sem lhes assentar a luva da pretensão. E são miúdos sem lhes faltar maturidade. Se voltasse agora à faculdade, queria ter uma turma daquelas. Hoje disse-lhes. Não resisti. Adoro conversar com eles. Precisamente porque o tempo passa em conversas em que, por coincidência, se explica e discute e critica a matéria. Gosto, pronto!
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Verdades e assim assim
"Nunca esperes um ramo de flores de um gajo das ciências."
By Pat, hoje à tarde.
A frase ainda ecoa na minha cabecinha...
Paps
Faz anos. Uma idade com duas vezes o meu algarismo preferido. O paps faz 55. Há jantar. Um bocadinho à pressa porque a filha tem de dar aulas à noite, mas há jantar. Porque o paps não precisa de presentes assim por aí além, mas amua se não tem um bolo com velas no dia mesmo dia dos anos. Cá modernices de deixar para o fim de semana seguinte não são com ele. Até pode conceder em adiar a jantarada alargada, mas com a mamã e as crias, dê lá por onde der, tem de ser no dia. E com um bolo com velas. São coisas... Há bolo. Há velas. E há presente. Uma daquelas caixinhas maravilha em que se descobre estadia e jantar e assim em sítios calminhos e que dão para recarregar as baterias. A caixinha é para duas pessoas, que eu sou uma pessoa romântica, que acha que se estes mimos são bons quando estamos sozinhos, então se estivermos aos pares são ainda melhores!
Lendo o que escreves
Alguém lê o que escreves, triste consolação,
pálida alegria, caindo a tarde sobre as coisas.
A vida perfeita vem do outro lado do mar,
como uma frase que nunca foi dita, amável
claridade que os seus olhos nunca atormentam;
não têm fundo. A vida perfeita é breve.
Cada palavra é um resumo - e, em cada palavra,
quanto deixas de teu?, quanto delas se perde
nas florestas? O silêncio protege-te de ti mesmo,
guarda os dias para os grandes passeios
entre as fronteiras da terra distante, onde a luz
te espera; guarda qualquer coisa nesse espaço
em branco do teu coração. Quantas noites
o que escreveste se perdeu - sem saberes, afinal,
que para ela escrevias? Tentação quando a tua
natureza cede e a vida regressa para que tu fales,
alguma vez falando de amor, quase sem respirar.
Que não esteja nos teus braços, mas que se aproxime,
como o calor da ventania, os passos da areia, a sede
de outra sede igual. Como saberias que o amor existe
longe da sua pele? Se escreves, sobre isso escreves,
e dizes o nome dos planetas, das feridas. Esperas
que venha esse sinal e te chame enquanto a noite
não sabe de que lado está, nem de que lado dorme.
Francisco José Viegas, "Lendo o que escreves", in Se me comovesse o amor, Quasi, p. 15 e 16.
O meu professor de música
Às vezes lembro-me dele. Conheci-o antes de conhecer qualquer outro professor. Ainda não sabia ler, tinha cinco anos acabados de fazer, quando me iniciei nas lides. Nunca fui brilhante naquilo e, tanto eu como ele sempre soubemos que jamais faria carreira por ali ou sequer reconheceria num instrumento o meu hobby da vida. Mas a música, como a dança, cruzam o nosso caminho para nos determinarem sensações, sensibilidades, gostos, enfim. Além disso, desde cedo que nos uniu uma amizade infinita. Um querer bem que o fazia nunca esquecer a almofada no piano nas festas de fim de ano, me fazia escrever-lhe postais no Natal e no aniversário. Uma amizade que justificou que por lá ficasse tantos anos: doze, uma dúzia deles. Mais para ter uma hora de conversa da boa com alguém crescido e que me devolvia, na volta das dúvidas maiores, respostas sempre coerentes. Não nos vemos há anos. Às vezes falamos e, quando menos espero, de tempos a tempos aparece um postal dele na caixa de correio dos meus pais. O meu professor de música é daqueles personagens incontornáveis da minha vida. E há dias em que me lembro dele. E de quando dizia "Aí vem o A., o homem que domina a pantera depois de morta!" ou desvalorizava a nossa falta de confiança nas pequenas grandes conquistas da vida com um "Faz-te uma mulher, já que o teu pai nunca o foi!". Tenho um bocadinho de saudades dele. E daquele sábados à tarde. Do caminho, de bicicleta, com os livros no cesto cor de rosa.
Do que mete medo ao susto - XIV
Há umas duas semanas que, todos os dias, entre aqueles 500 e-mails de spam que o servidor da faculdade não arreda, aparece um convite para um curso de hipnose...
Senhores, não vale a pena. Sou uma medricas do pior. Tenho pânico de não voltar lá da terra do horizonte. Esqueçam lá isso. Vão com a pregação para outra freguesia. Obrigadinha.
Dúvidas
Ele: É muita matéria, não é?
Eu: É. É muita matéria. Porquê?
Ele: Nããã... Nada! Só precisava de perceber por que é que a professora fala sempre como se estivesse em risco de perder o comboio.
Eu: Há aqui alguma dúvida? Ou estão só a conversar porque isto já não vos anima?
Ela: Não... é que nós combinámos: um apanha o início das frases e outro o fim e depois completamos. E agora estávamos os dois a apanhar o início. Ele baralhou-se.
Eu: Mas eu não estou a fazer ditados.
Ela: Ora isso é que é uma pena!!!
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Verdades e assim assim
Não precisamos de ser bons em tudo. Há coisas em que podemos ser só assim assim. Saudável é que até haja coisas em que somos maus. Sou boa em poucas coisas. Quando sou, acho que sou mesmo, mas é raro. E hoje não fui. Nem me parece que venha a ser. Já só faltam 8 segundas feiras do primeiro semestre. E depois um segundo semestre. Está quase a acabar. Estou exausta.
É hoje!
Hoje começam as segundas feiras com sabor a dois dias: aulas das 14h30m às 20h30m de uma coisa e das 21h00m às 22h30m de uma coisa completamente diferente. Não há-de ser nada. Nem me vai apetecer chorar a meio da tarde nem nada. Afinal, é só mais um bocadinho. À noite já poderei falar de matérias giras e interessantes e com exemplos. E casar e descasar e trair e ter filhos de uns e outros e matar gente e morrer e renascer noutra família e tuditudi. A sério... torçam muito por mim hoje à tarde. Isto não está fácil. Sempre achei que só convence quem está convencido e eu... sinceramente... estou longe de estar convencida que sei explicar alguma coisa daquilo. A parte boa? É só às segundas. Fica arrumado. E pronto... sempre são aulas. Mas de certeza que ninguém convenceria a Sô Dona Amália a berrar feliz o "Pisca-pisca" só porque isso também era cantar.
domingo, 10 de outubro de 2010
Era uma cama, por favor!
Tenho de reconhecer que umas férias ou um fim de semana sem trabalho já vinham muito a calhar quando vou almoçar a casa de uns amigos e, enquanto espero o café, sentada no sofá com os demais, adormeço. Assim. Sem mais, nem menos. Adormeço. Encosto a cabecinha para trás, cruzo a perninha, viro-me para um dos braços do sofá, meto as duas mãos, juntinhas, debaixo da cara e... durmo! Quando acordo, uma boa hora e meia depois, estou sozinha, com uma mantinha por cima e à média luz. Ouço foguetes (m-e-d-o) e lembro-me que devem ter ido ver a procissão. Portanto, decido passar pelas brasas só mais um bocadinho. Estou quase, quase a entrar naquela dimensão do "ai onde é que eu estou... ai tão bom... que levezinho que se caminha aqui" quando todos entram na sala. Abro os olhos, tento compor o cabelo, sem grande sucesso, diga-se, e ajeito o vestido. Em coro, descansam-me. Não ressono e não me babei. A bem dizer, talvez a única parte mais deprimente tenha sido quando deixei cair a cabeça e depois a levantei e estava de boca aberta. Era o espanto... o sonho devia ser bom! Surgem teorias de incontestável valia científica, sendo que me detenho na que resume o meu estado ao "afilamento de nariz". Traduzindo, veem-se uns olhos lá ao fundo, não resultou pôr uma sombra que promete abrir o olhar, as maçãs do rosto estão mais pálidas que a cal de uma parede e o nariz parece mais afiadinho. Prova, provada, diz quem perfilha a teoria, que ando a dormir pouco e mal e que sou gaja para andar um tanto cansada. Refaço na minha cabeça a última semana. Reconheço que não foi fácil. Desde um deitar tardíssimo e cedo erguer até uma montanha russa emocional capaz de abalar estruturas de betão, a coisa não foi famosa. Entretanto, com maior nitidez, vejo que, ontem, por exemplo, me levantei às sete, trabalhei até muito depois das duas para acabar uma apresentação, não me lembro do trajecto até à cama, mas sei que não desconsiderei a importância de pôr o despertador para as oito e desde essa hora até ao meio dia e meio estive a tentar mentalizar-me que não, ninguém vai sair ao fim da primeira meia hora de aula. Porque, afinal, a minha maior vocação é ser actriz (psicotécnicos dixit) e eu vou convencê-los que adoooro dar aquela matéria, adoooro estudar aquela matéria, amo de paixão ter de debitar teorias e autores, nem sou muito mais dada a casos da vida nem nada, estou a realizar um sonho. Começa, então, a fase dois do "não te armes em boa, que a vida está cá para te pôr no teu lugar não tarda". Arrepios, espirros, uma temperatura, uma voz mimenta. É gripe, segundo a mãe. O pai, mais pragmático, lembra que quase sempre passo pela fase de ficar afónica. Penso, com a minha cabeça a ferver: sou professora, falo, preciso de som na voz, pá! Recomendações mais que muitas. Que me deite, quentinha. A mim, este estado "deitadinha a baixo" pede muito mais que isso. Bem... também não podia pedir isso que ainda tenho aqui muito que ler até amanhã à tarde. Mas, dizia, não é deitar-me quentinha que me há-de curar. Tudo se conjuga para esse grande cenário de mimo, chá de erva cidreira e maçã cozida. Se estiver mesmo muuuiiito mal, um caldinho de arroz. Mas também não estou às portas da morte. E não sei fazer caldos. Assim sendo, fico-me pelo resto. Já aqui tenho o chá. Na cozinha já cheira a maçã cozida. De tempos a tempos, faço-me mimos no cabelo e digo-me "amanhã já estás melhor, vais ver". Não me dou beijinhos porque já acho um bocado de mais. Mas compunham o cenário, não se negue. Se sou piegas? Também. Mas a sério que hoje nem estou a ser fiteira. Dói-me tudo. Tudo. Dos pés à cabeça.
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