quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tic tac


O pânico quando a febre chegou aos 39.4. A birra na toma do Brufen, deitado na banca da cozinha e impedido de levantar a cabeça enquanto não engolisse o xarope. Enfim... já tinha inutilizado dois supositórios (comprova-se: os meus filhos, se estiverem sozinhos com a mãe, livram-se dessa tortura). Os "pára" e "não" e "dá cá" de cada vez que eu tentava pegar no computador. O sossego a ver o Porquinho Fino que dá no Panda. O sorriso maroto que fez depois das três vezes em que gritou "cócó", chegámos à sanita e o facto já estava consumado. A dança dos esquilos, com um eco "dança, dança, anda, anda, dança, dança". O sono. As bolinhas de saliva. A pêpê. Os beijinhos todos lambuzados. Os xis. As escondidas. Meia dúzia de gritadeiras como se o estivesse a espancar... mas era a febre a subir. Os "colo, dá colo". A rosquinha na hora a que a minha mãe chamava "do mormo", ali entre o "nem sei se durma, nem sei se berre". Os suspiros enquanto me fazia suar o braço e dormia encostadinho a mim.
Tic tac... Com a certeza que só se trabalha concentrado enquanto dormem ou o Panda acerta na animação da tarde... mas tic tac... Uma tarde de Kique e estou assim!

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