sexta-feira, 25 de setembro de 2015

domingo, 20 de setembro de 2015

Estou quase a voltar... quase, quase!

Assim espero. Isto faz-me falta. 

As semanas têm sido um bocado curtas, alguém me tem roubado horas aos dias e eu não tenho conseguido dar conta de todos os recados. Tem este ficado para trás. Tenho-vos poupado a desabafos que depois deixam de fazer sentido, é o que conta. Estou em Itália. Tenho amanhã uma apresentação num congresso mundial e dava-me jeito fazer boa figura. Mais que não seja porque fiz o meu homem saltar da cama às quatro da manhã e já hoje carreguei no lombo uma viagem de avião e três de comboio (Adoro quando os horários dos aviões não me permitem estar nos sítios sem ter de vir com uma carrada de dias de antecedência... ). E pronto, é isto. Quinta feira, se tudo correr como previsto, volto ao burgo e pode ser que depois deste congresso passar eu volte a ter tempo para vos falar da vida e das minhas pertinentes interpretações de tudo e mais alguma coisa. Temos de ser uns para os outros. Amanhã, se não se esquecerem, rezem por mim. Com muita força. Uma hora a palrar em inglês é uma coisa que me deixa tão à vontade como imaginar vestir umas calças 34.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

167

167 currículos enviados em duas semanas. Um título profissional do mais pomposo e um título académico a meses de se tornar de topo (se tudo correr bem...). 167 currículos enviados. Todos os dias cartas, mails e telefonemas. Que aguarde. Que espere. Que me doutore e depois é que é. Que a crise e a puta que pariu isto tudo. 167 currículos enviados. Os dias ocupados a fazer coisas espertas e que metem imensa figura. Cá. E lá fora. 167 currículos enviados. E uma frustração do tamanho do Mundo. Este país não está para pessoas.

Depois vê-se a Grande Reportagem de ontem, na Sic, e fica-se sem pio. Uma pessoa acomoda-se e acha que, enfim, podia ser pior. Ganha 1/4 (sim, leram bem) do que ganhava em 2011 e põe tudo em causa, mas acha que, enfim, podia ser pior. Podia não ter nada. Nem pais. Nem B. Nem amigos. Nem nada. E podia ter nascido na Síria. E obriga-se a ver o copo meio cheio. Mais um bocadinho. Outra semana, outro mês.  

Depois assiste ao debate das legislativas e apetece-lhe mandar gente à merda, dar murros em caras e partir canelas. Mas acha que, enfim, podia ser pior.

Podia. Mas também podia ser melhor, porra. 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O equilíbrio é difícil, mas...

Guia prático para cada um fazer a diferença na ajuda aos refugiados

Pode dar dinheiro, ser voluntário, comprar uma lanterna que vai ajudar um refugiado, ou apenas clicar no sítio certo. É professor de português? Há quem precise de si. Veja a lista e decida.

Já ninguém tem dúvidas, esta é a maior crise humanitária depois da II Guerra Mundial. Milhares de pessoas estão a fugir da guerra e a chegar à Europa. Muitas morrem pelo caminho, muitas nem conseguem sair dos seus países onde correm risco de vida. Serão cada vez mais. E precisam de ajuda. Precisam de ajuda na Europa, precisam de ajuda ao longo do caminho e precisam de ajuda nos países de origem. Aqui fica um guia (que vai sendo atualizado) do que pode fazer para ajudar. Pode ser pouco, pode ser muito. Pode significar oferecer a sua casa, ou apenas clicar no sítio certo. A escolha é de cada um.

Ser voluntário, oferecer a casa, doar bens… e dar aulas

Centro Português para os Refugiados
Há dois centros de acolhimento, um na Bobadela, e outro apenas para crianças, em Lisboa. Nestas duas casas, são sempre necessários alimentos não perecíveis.
Mas é preciso mais. O CPR está constantemente à procura de voluntários que queiram ajudar. Nesta altura precisa especificamente de professores de português, que possam ensinar os refugiados a falar a nossa língua.
Se quiser oferecer a sua casa, ou outra habitação que possa acolher pessoas, também é bem-vindo.
Todas as propostas de ajuda devem ser enviadas para o mail: geral@cpr.pt
Serviço Jesuíta aos Refugiados
Já foi criado um email para centralizar todas as ajudas:par@jrsportugal.pt. Envie a mensagem a explicar como quer e pode ajudar.
Em breve haverá uma conta bancária específica para a ajuda aos refugiados e ainda um número de telefone.
O SRJ procura sempre voluntários.
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
O ACNUR está à procura de estagiários que possam fornecer ajuda no apoio legal aos refugiados, na angariação de fundos e na formação de equipas para tratarem de assuntos externos e questões administrativas.

Faça você mesmo, sem sair do sofá

Vender no Ebay e doar ao mesmo tempo
Costuma usar o Ebay para vender e comprar coisas? Pois bem, este site de compras online tem um “braço voluntário”, o Missionfish, que também agrega os pagamentos através do PayPal. Basta ir aqui e dizer quanto quer doar do dinheiro que conseguiu através da venda de um produto. A percentagem a doar é escolha sua.
Uma lista de bens para refugiados na Amazon
A Amazon criou uma lista de produtos que estão em falta nos campos de refugiados de Calais. Sapatos, lanternas, sacos-cama, aqui está apenas o que os refugiados precisam. Pode escolher o que comprar. Todos os produtos serão entregues em Calais no dia 17 de setembro.

Informe-se e ensine os seus filhos

Saber o que está a acontecer e explicar às crianças que crise é esta também é importante. Por isso, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados criou um documento especial para todos os professores, um kit com informações, jogos, exercícios e um DVD que vai permitir a quem educa trabalhar este tema nas aulas. O documento — Manual do Professor “NÃO SÃO APENAS NÚMEROS”/ Jogo de ferramentas educacional sobre migração e asilo na Europa — pode ser descarregado aqui, e está em português.
Para lhe facilitar o trabalho, pode consultar o pdf aqui mesmo ao lado.

Donativos em dinheiro

UNICEF Portugal
Pode fazer os donativos aqui. A UNICEF explica o que cada euro pode fazer pelas crianças. “Com 7€ por mês , a UNICEF pode fornecer 264 saquetas de PlumpyNut, um alimento terapêutica especial para crianças gravemente mal nutridas; com 60€ por mês , é possível fornecer 2.000 biscoitos de alto teor proteico para crianças mal nutridas em situações de emergência; com 194 € por mês , a UNICEF fornece um kit escola para 40 alunos e um professor.”
Serviço Jesuíta aos Refugiados
Poderá fazer o seu donativo através das seguintes opções:
  • Transferência bancária para o NIB 0036.0071.99100093831.32
    (Montepio)
  • Cheque / vale postal dirigido a: JRS-Portugal Serviço Jesuíta aos Refugiados,
    para a seguinte morada: Rua Rogério de Moura, Lote 59, Alto do Lumiar, 1750-342 Lisboa
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
Pode fazer um donativo, a título único ou ajudar mensalmente. A ONU diz que há quatro milhões de refugiados sírios. Com os donativos que recebeu até agora já conseguiu ajudar mais de duas mil famílias. Algumas estão em campos de refugiados na Jordânia, mas 84% vivem fora dos campos e é preciso dar-lhes assistência. No site da Agência para os Refugiados pode ver quanto custa ajudar uma família durante uma semana ou durante um ano inteiro.
Save The Children
As caras das crianças refugiadas não deixam ninguém indiferente e sabe-se que muitas delas viajam sozinhas, sem os pais. A organização internacional Save The Children existe para cuidar delas e pede donativos. São já dois milhões de crianças a viver em campos de refugiados.
Esta organização não governamental diz que já conseguiu ajudar, dentro da Síria, 275 mil crianças e famílias com comida, água potável, medicamentos e alojamento.
Cruz Vermelha Internacional
Enquanto a Cruz Vermelha Portuguesa não tem uma campanha específica para a crise dos refugiados, pode fazer donativos na Cruz Vermelha Internacional.
Artigo do Observador.
Reconheço que não se possa dizer "As fronteiras estão abertas, venham todos!", que a Europa não tem capacidade para assimilar todos aqueles que fogem dos seus países em busca do European Dream. Sei que os sonhos, porque são sonhos, não têm uma concretização ao alcance de todos e que à grande maioria resta mesmo só sonhar. Estou consciente de tudo isso. Mas nenhum de nós pode ficar indiferente à vala comum em que se transformou o Mediterrâneo. A imagem da criança de três anos a "dar à costa" é só mais uma. Mais pesada, porventura, pela idade da vítima e até pelas memórias que todos temos recentes, de meninos e meninas como aquele, junto ao mar, mas felizes e acompanhados, no Verão que ainda não findou. Acontece que trazer a imagem e dizer que é triste não me pareceu de grande valia. Parto do princípio, que assumo como bom, que quem passa por aqui não me toma por alguém sem coração. Por isso, vir contar-vos do murro no estômago que foi olhar para aquilo seria pouco mais que redundante. A somar a este guia prático, acho mesmo que o Mundo deve pensar numa estratégia concertada para devolver os países desta gente a esta gente... implementar regimes democráticos, ainda que transitoriamente de empréstimo. E, enfim, responder à guerra sem oferecer a outra face de mais inocentes. Sou pela paz, mas é preciso que haja condições para sermos por ela. Se não, a paz é só verbo de encher. E verbo de encher, infelizmente, não salva ninguém. Talvez os nossos donativos nos permitam dormir de consciência mais tranquila mais logo e não resolvam mais nada. Mas enfim... acender, no breu, uma chama pequenina na esperança pode ser muito.