Amo-te, R.
Victor
Ao que parece, tenho um admirador. Um admirador secreto. Victor, é a ti que me dirijo, directamente e sem rodeios. Se me chamas R., das duas uma, ou lês o blog ou... tcharam... lês o blog. A bela declaração apareceu no vidro de trás do meu carro (se eu soubesse que era deixar o vidro ganhar uma camada de pó de dois centímetros e aí estavam declarações de amor, há muito que tinha começado a poupar os quase vinte euros que os meninos ali da capital do consumo me cobram de tempos a tempos para pôr a máquina a luzir... agora é tarde). Pois bem, Victor, R. não é nome com que eu me apresente por aí, razão pela qual não sobejam muitas dúvidas que és um dos que cá vem de dois em dois minutos. Foffi, não teres aderido ao mau acordo e manteres o c no nome dá-me esperança no futuro e podia, vivesse eu outra fase da vida, convencer-me a voltar a adoptar o lema "não negues à partida o que ainda desconheces". Acontece, meu kiko, que é melhor cortar o mal pela raíz. Peço-te que procures a tua turma e vás ser feliz com qualquer moça pouco dada a indecisões. "Ai que até podes ser absolutamente espectacular, o gajo da vida com que qualquer gaja sensata sonha desde gaiata"?! Podes. Ainda assim... paciência. Posso dizer-te que tenho o coração fraquinho, que a cola ainda estava fresca e já mo fizeram cair em chão de laje outra vez em pouco tempo e portanto isto partiu-se tudo novamente e agora em pedacitos tão pequeninos que alguns devem continuar perdidos debaixo dos móveis ou enfiados nos pontos do almalaguês dos tapetes porque, a bem dizer, ainda nem os recuperei todos para reiniciar a saga das colagens. Portanto, não é bem ser má. É não ser mesmo capaz, entendes?! E tenho a certeza que em pouco tempo te desiludirias. Estou a poupar-te o drama (se é que para ti isso seria drama) de me dizeres "olha, afinal, desculpa lá, mas não quero, não posso, não dá". É que eu sou uma rapariga que para ficar precisa muito de já estar certinha do que quer. E, assim sendo, no dia em que me desse a conhecer mesmo a sério, já estaria pronta para não voltar atrás. Ali a meio caminho entre o "vamos tentar novamente" e o "acho que estou a apaixonar-me", pelo que declarações de "olha, azar, afinal não" me partiriam o coração de um jeito que já não acho bem previsível. Qualquer coisa como reduzi-lo a pó. Se tem de ser sempre arrebatador? Tem... nunca neguei que sou dada à friose aguda e coisas mornas não me dão suficiente alento. Pelo que, Victor del cuore, a R. que te escreve não sou toda eu. Eu sou muito menos gira do que podes imaginar, nem sempre me apetece andar de vestido, esta semana ainda não consegui cinco minutos para pintar as unhas e quando a coisa aperta adio a depilação às vezes uma semana inteira. Além disso, vê lá tu, passam-se meses em que não consigo ler um livro de cabeceira, ou ouvir uma música nova com calma. Pior, nem imaginas como me custa reiterar a afirmação mas... não cozinho patavina, demoro montes de tempo a passar a ferro e assim, sou fanática por limpezas e tenho a tara das esquadrias nas arrumações. Fui abençoada desde cedo pelo dom de meter o pé na argola com uma frequência muito maior que os demais. A título de exemplo, ficas a saber que dou aulas a gente grande mas com as hormonas aos saltos, ainda mais em tempo de latada, e ontem, depois de me chatearem que não sei o quê estava abanar, ai oh professora está a abanar e o tempo a passar e a matéria por dar, saquei da bela frase "nem tudo o que abana cai" que há-de colar-me durante anos a alcunha de tarada. Finalmente, Victor, eu não te conheço. E dou-me mal com isso. Vai na volta e tens uma história de vida que me embrulha o estômago. Sou uma pessoa frágil nessas coisas. E não gosto de vomitar, pelo que é melhor, olha, nem começar. Quanto ao amo-te, fica-te mal. Podes estar a modos que encantado pela ideia (é só uma ideia) que fazes da je, mas amar, amar não amas, porque já te disse que não sou nem metade da tua ideia. Para acabar, desejo-te tudo de bom e, se não me leres, olha, azar. Estamos cá para ver os desenvolvimentos... que desejo ardentemente que não existam. Não estou para aí virada. Vou ali tentar encontrar mais uns bocados para continuar o puzzle do dito que teimam em atirar ao chão e tu, pela tua saúde, e pela minha, vai à tua vida! Não faço isto a pensar em ti. Mas em mim. Como vês, sou uma cabra egoísta.
Para corações partidos: desfazer o que ficou direito, em pó. Todo ele em pó. Juntar água e cola em 2/1, adicionando o pó, em leves porções e ir envolvendo. Quando tudo estiver bem misturado, colocar num novo molde.
ResponderEliminarFunciona lindamente :)
Trust me
E Victor: se ainda tivesses deixado uns chocolates, umas flores e uma escapadela "A vida é bela", eu defendia-te.
Oh fogo!! Mas uma declaração de amor sabe sempre bem!
ResponderEliminar(Victor, caso leias este comentário, a R. está a enganar-te... é o dobro de bonita e interessante do que parece no blogue... mas estou com ela... isto de declarações às cegas, é perigoso nos dias que correm!)
Ó vidinha agitada! ;)
ResponderEliminarVocês exigem muito de nós. Já estou a ver o temente Victor, a tremer que nem varas verdes, tentando fazer a sua melhor caligrafia com o indicador direito. E olhem que não é nada fácil escrever numa camada de pó, dar um erro é a morte do artista.
Todavia, numa coisa tenho que estar ao lado delas, caro Victor. Declarações destas são tão eficazes como bilhetinhos na discoteca. E acredita em mim, já por lá passei.
Ah, só mais uma coisa. Vai pela Guilhim, a R.zinha deve estar meio trocada com o sono e julga que hoje é 1 de Abril.