segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Bodas de papel


Um ano cheio de tudo... E hoje, a três, as Bodas de Papel.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Repouso absoluto

E depois das novidades do último post, chego um dia à casa de banho e percebo o que nenhuma grávida quer perceber: estou a perder sangue... Entre o muito desespero e os muitos exames, lá me deixaram sair da maternidade, mas com recomendação clara de repouso absoluto. Trabalho ao computador às meias horas, enquanto não me volta a dor que só passa se estiver deitada do lado esquerdo, como, vou à casa de banho e divido o resto do meu tempo entre a cama e o sofá. Não me deixam fazer coisas tão simples como conduzir, varrer umas folhas que estão caídas na varanda, começar a encaixotar livros, pegar no saco do lixo ou entrar na banheira se estiver sozinha. É uma coisa que cansa. Acreditem que não fazer nada cansa... e muito. Continuo com tudo o que tinha para fazer à espera de ser feito, com a agravante de estar ainda mais atrasado. Depois lembro-me das últimas palavras da médica "O principal, é manter a calma. Isso é fundamental para o bebé." e penso que o resto, à falta de melhor solução, enfim, terá de esperar. Repousemos, pois.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Estou grávida e... vou mudar de casa e...

Pois. Devem perceber agora melhor os silêncios. Tenho dois artigos MESMO importantes para entregar até dia 15. Passei a noite acordada (ouvi o sino de S. José bater as seis da manhã), apesar de deitada desde cedo e a contar carneiros. Tenho perdido tempo precioso a cumprir uma modernice que só quem é docente universitário ou investigador percebe (O ORCID é tão mau como o DeGóis... importam-se de deixar de inventar plataformas em que temos de inserir o curriculum à mão, por items?! Gostava que reconhecessem a minha existência só de vos enviar um curriculum normal e em Word. Está lá tudo. Não me aborreçam!). Entretanto, vou mudar de casa e a minha médica diz para não subir cadeiras ou escadotes nem carregar pesos. Adoro a pertinência da equação. Tenho livros até ao tecto. Tenho tralha  que dava para encher um T6, enfiada neste ovo que é um T1. Ainda tenho mais três semanas de aulas. E os artigos, já disse?! E as mudanças. E um pai que ainda não está bom. E um mano que precisa de motivação constante. E uma mãe cansada. E uns avós que são internados nos HUC à vez. E um tio que só arranja encrencas. E uns amigos que tiveram um segundo semestre de 2016 de merda. E um marido que, bolas, tem de ter muita paciência, mas também precisa de alguma atenção. Gosto dele e tal... E um bebé a crescer aqui dentro e que já mexe, mas gosta muito é quando a mãe se deita e fica sossegadinha a ler para ele ou a ouvir música com ele (já nasce a saber o que é bom, este meu filho). E pronto. É dia 7 de Dezembro, tenho, ao fim de não sei quantos anos, novamente, um pinheiro nórdico, natural, para enfeitar e... ainda o podem encontrar em casa dos meus pais, à espera que eu tenha tempo de o levar para a casa nova (o meu marido tenha tempo, dizia) e para o enfeitar. Mas... lembrei-me agora... tenho os enfeites aqui nesta casa. Talvez devesse começar a empacotar coisas. Mas... já disse que ainda tenho aulas e dois artigos MESMO importantes para escrever até dia 15? E faltam ainda presentes de Natal. Ah... e, já agora, continuo à procura de mais um emprego. Se calhar assim já percebem por que é que ando calada... Venho cá pouco, mas, a sério, para já, não dá para mais. 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Eu não lhes chamaria nuvens...

Eu não lhes chamaria nuvens, mas apenas porque sou uma pessoa do Inverno e a quem as nuvens só trazem boas sensações. Capaz de passar dias inteiros fechada em casa, a ver a chuva a cair lá fora, com uma chávena de chá na mão e uma manta nas pernas, trabalho e descanso melhor no Inverno, nos dias que não reclamam uma algazarra que não me apetece muito, em regra, fazer. Não gosto de praia, não gosto de tomar banho e ficar logo suada de tanto calor, não aprecio especialmente roupas de Verão, não morro de amores por esplanadas, por isso, eu sou uma pessoa do Inverno. Só por isso, notem, é que eu não lhes chamaria nuvens. A maior parte das pessoas, no entanto, é assim que o conhece e, por isso, para facilitar a identificação, vou falar dele como período de nuvens. Negras e densas. Daquelas que, por mais longínquas que fiquem, apagam tudo cá em baixo. Pois bem, não sei como é convosco, mas eu tenho alturas em que parece que só vejo nuvens, que só há nuvens, que teimam em não desarredar com as nuvens, que durmo e acordo e elas só fazem crescer, as nuvens. São alturas em que não há chá que me valha, nem manta nas pernas, nem trabalho e nem descanso, só nuvens. São alturas em que o céu se abate sobre mim e me esmaga como se eu não passasse de uma barata. Tonta. Ando há meses assim. Com umas nuvens do demo a rondar-me, em forma de doença, fogo, desarmonia, impaciência e falta de coisas. Às vezes, pior, com falta de pessoas, mas, felizmente, tem sido mais raro. Não sei como é convosco, mas sempre achei que se gritasse, esperneasse e mandasse um murro na mesa, a coisa melhorava. Não melhorava nunca. Por isso, de há uns tempos para cá, passei a calar as nuvens em mim. A fechar-me, em conchinha, à espera que passem. A fingir-me de morta, para ver se me esquecem e abalam para longe. Dizem que é a melhor estratégia. Aguentar e calar. Aprender, reflectir na aprendizagem, mas calar. Guardar fundo a lição. Não alardear. Estou a fazer como me mandam. As nuvens não passam. Vão devagar. Parecem paradas. Há dias em que olho para cima, ponho as mãos na barriga e só penso: estou a fazer tudo bem, porra... podem ir embora?! Queria paz e sossego. E saúde e os meus. E alegria. E poucas bocas. E que as nuvens abalassem. Queria que só me restasse o Inverno. O meu, do Natal. Para mostrar ao F. como, caramba, isto aqui em baixo vale mesmo a pena. 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Amor é

ir passar uma noite fora, porque tinha de botar faladura bem cedo e bem longe, e receber a seguinte mensagem do meu marido:

"Descasquei duas romãs só para ti. Deixei-as no frigorífico, numa taça com película aderente."

Coisas

Ganhou o Trump! No mesmo dia, assistimos em directo a um episódio do CSI gravado pela RTP. Está tudo virado do avesso. 

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Today


Às vezes, ponho-me a pensar no que faria se fosse americana. Por não gostar particularmente de nenhum, nem lhes reconhecer especial habilidade e/ou competência para o cargo a que se candidatam, não me restaria solução outra se não escolher o mal menor. Não acho que Clinton seja a pessoa certa, mas ter Trump a comandar os destinos da América é coisa para me fazer temer (ainda mais) o futuro. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Voltámos


Voltei. E não vim sozinha. É a notícia do ano, a maravilha da vida a acontecer e a apaziguar as outras coisas que às vezes nos obrigam a pôr em perspectiva o que é isso da vida. Soube que estava grávida no dia 31 de Agosto. Confirmei com três testes. Pus o meu marido louco. De lá para cá, o pequeno F. tem apanhado valentes sustos e eu não tenho conseguido organizar suficientemente a cabeça para escrever seja o que for. Passo por aqui. Tenho uma vontade grande de transformar isto novamente em diário, mas ainda não tinha conseguido. Ontem, foi o B. que me perguntou se não estaria na altura de voltar. E talvez esteja. Porque sobrou vida, apesar dos sustos por que passámos, e isso é o mais importante. Desde a última vez que por aqui passei, despedi-me de um emprego, tive o meu pai internado em estado grave (não está bom, mas está melhor), vi o meu melhor amigo perder tudo, excepto a vida (a dele, a da mulher e a dos filhos) à conta de um filho da puta de um incêndio que abriu telejornais, deixei de comprar uma casa, redefini uma série de prioridades e tomei, com o B., decisões que mudam o nosso futuro mais próximo. Soube sempre, apesar de tudo, em todas as tardes passadas no hospital, em todas as noites de insónia, em todos os serões em busca de soluções, que havia um bebé a caminho e que isso, desse por onde desse, era o mais importante. O pequeno F. está bem e recomenda-se. É um matulão e ainda hoje lhe ouvi o "trote" do coração. Posso quase jurar que se mexeu no sábado, mas dizem que ainda é cedo e pode ser impressão. Visto as mesmas roupas de antes, excepto uma coisa milagrosa que se chama cinta de grávida e que nos dá um conforto danado debaixo da barriguinha. Ainda não engordei, mas temo que esse feito não dure muito mais tempo. Tive quase quatro meses de sono incontrolável e há dias em que tenho tanta moleza que só consigo dar aulas sentada. De enjoos, conto apenas três semanas, mas já me deram bem para o gasto.  Tenho uns pais agarrados à ideia do primeiro neto e embevecidos pela nova fase desta vida em família, um irmão mais mimento que nunca e um marido que, nestes meses de tantos trovões, tem sabido, como mais ninguém, transformar os momentos em que estamos juntos em arco-íris de esperança. É o melhor pai que se pode dar a um filho por nascer e o companheiro que a vida, tão cheia de si, me trouxe a tempo de ser feliz assim. Aconteceram muitas coisas, mas, sobre todas elas, há a vida a crescer aqui dentro e isso, aconteça o que acontecer, há-de ser sempre o que fica, no fim dos dias, para sempre. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Pode piorar!

Na televisão, agora, está a dar a casa dos segredos. Pelos vistos, há uma nova casa dos segredos. Há homens de fato e gravata e senhoras de vestido de cabedal a discutir a imbecilidade de quem gosta da casa... enquanto vêem a casa!

Vou mandá-lo contra uma parede!

Voltamos à saga. Haverá, prometo, sempre coisas. Isto está à pinha de fenómenos. Estou aqui sentada desde as onze horas da manhã. São quatro e meia da tarde. Trouxe almoço. Comi aqui. Por isso, desde as onze, levantei-me apenas para fazer chichi e ir à biblioteca digitalizar uma coisa que não demorou mais de meia hora. Há um telefone que ainda não parou de tocar. E quando digo não parou, é não parou. Nunca foi atendido. E nunca desligaram, do lado de lá. Está alguém desde as onze da manhã, pelo menos, a ligar para aqui. Ou então o telefone está avariado e ninguém o cala. Tornou-se um barulho de fundo, que se junta ao programa do Goucha de manhã e ao da Fátima Lopes à tarde (sim, a sala dos professores tem uma televisão... ligada na TVI). Não há comando, nem conseguimos entrar na cabine onde está o telefone. Não posso calar a televisão, nem destruir o telefone. Está aqui uma colega que diz que o telefone nos enlouquece. Para evitar enlouquecer, fala enquanto escreve. Sabem aquelas pessoas que não conseguem ler em silêncio, para dentro? Esta colega é assim! O que me eleva os níveis de stress para patamares estratosféricos.  Eu não me queixo. Não vale a pena. Beberico a minha água. Como uma bolacha de água e sal. Preparo aulas. Actualizo as mil plataformas em que nos mandam pôr o curriculum e tento avançar com artigos pendentes. Tirando isso, abro a boca e sonho com a minha cama. Às segundas feiras, sou violentamente arrancada da minha cama e dos braços do meu rapaz. É um trauma que só supero aos fins de semana. É complicado. Espero ao menos ficar rica com o que me vão pagar. Era o mínimo. Mas, vai na volta, se calhar nem isso!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Sou uma fraquinha

Acordei às seis da manhã. Fintei o despertador e levantei-me cinco minutos depois. Estava escuro como breu em Coimbra. Tomei um banho, vesti-me, tomei o pequeno almoço, pincelei a cara e saí. Apanhei uma puta de uma fila ao chegar ao Porto. Tinha esperança de poder adiar a saída de Coimbra um quarto de hora, mas estou a ver é que tenho de a acelerar. Apesar de tudo, cheguei a tempo, até porque não chovia e não houve acidentes. Dei duas horas de aulas. Trabalhei. Podia ter dormido uma sesta no carro, mas tive medo de ser apanhada por algum aluno e nunca mais conseguir mandar-lhes um berro. São do primeiro ano. Chamam-me "Stôra", que é uma coisa que me tira do sério. Tenho uma aula para dar até às nove e meia. Mais papéis para assinar no fim. Devo chegar a casa lá para as onze. Tenho frio, que é uma coisa que se apodera de mim quando tenho sono. Estou cheia de frio. Tenho um casaco vestido e estou toda arrepiada. Aqui anda tudo de manga curta, portanto, eu não tenho frio... eu tenho sono... aquele sono imenso que me dá frio e rabugice. Uma pessoa tem de trabalhar e ganhar a vida, há quem esteja muito pior, mas eu, que vim cá dar três horas de aulas, das 9h00m às 11h00m e das 20h30m às 21h30m, acho isto tudo um bocado surreal. Trouxe trabalho, mas dou-me mal em open spaces em que só há mulheres a falar das modas. Devia ter escrito mais um bocado da anotação ao Código Civil. Só consegui enervar-me. Estou cheia de sono, já disse? Estive aqui nove horas e meia à espera para dar uma aula. A 11 alunos. Comecei hoje e já não me apetece brincar mais. Tenho muito que fazer em casa. Doutorei-me. Era suposto reconhecerem que agora as minhas noites precisam de ser bem dormidas. Está tudo tolo! Mesmo eu! A prostituição intelectual é do caracinhas!

Pequena R. sugere ao leitor

Spaghetti Notte
Porque sim. Sem mais. À confiança.

Carlos, o Alex.

Não tinha nada que esperar o que quer que seja do homem, mas a verdade é que esperava outra coisa. Esperava silêncio. Tenho-o por inteligente. Sempre acreditei na sua competência. E isso bastava-me. Agora, deu-me demasiada informação. Mostrou-me um certo complexo de inferioridade por ter sido o "Saloio do Mação". Da imagem que tinha feito dele, esperava que a alcunha o orgulhasse. Sucede que esses orgulhos são visíveis no que se cala. Repristinar à toa uma coisa assim soa a bacoco. Pode ter-lhe apetecido dar uma chapada de luva branca a alguém, mas este tipo de frase faz-me logo pensar numa luva puída, muito gasta, é certo que honesta, mas acima de tudo incomodada pela sua origem, muito menos boa do que esforçadinha. E os esforçadinhos armados em coitadinhos enervam-me. Deu-me pena. Ser filha de porqueiro, ter estudado, viajado e crescido muito pelo que ele é, fez-me enxergar com outros olhos, mais serenos, essa coisa do que é a nossa história. Custa-me um bocado quem a nega. Fico sempre com a sensação que se embadalhocam tanto mais quanto mais de mão passam na história, numa tentativa, tão tola, tão tola, de, aos seus olhos, parecerem melhores. Como se isso se medisse por aí. Depois, bem, depois descambou e lembrou-se de "piadar" convicto de uma inocência que um homem como ele não pode ter. À mulher de César não basta ser séria, é preciso parecer séria. Dávamos todos de barato que tem contas para pagar, que trabalha aos sábados (quem não trabalhar, que levante a mão) e que não tem amigos perdulários. Não era preciso aquele número. Deviam ter-lhe ensinado que vale mais cair em graça do que ser engraçado. Pior, nem sequer foi engraçado. Esperava outra coisa. Tanto tempo depois, tantos episódios passados, escusava de ter-se tornado numa personagem de revista. Está a um telefonema de fazer férias na ilha da Caras, é a sensação que dá. E não lhe cai bem. Tenho pena. Esperava outra coisa. Esperava que se mantivesse mudo e quedo. Era isso.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Manuela Maria


Fiquei toda contente quando percebi que seria com ela, a peça do sábado passado. Tenho uma implicação grande com a Eunice Muñoz e uma admiração ainda maior pela Manuela. Basta olhar para o cartaz em que aparecem lado a lado para perceber porquê, para que se veja que tipo de interpretação prefiro. Foi um deleite para os sentidos. Depois de já ter chorado a rir no Politeama e bebido lágrimas baixinho com histórias tão densas com a de uma Piaf no mesmo sítio, encontrei, no sábado, muito provavelmente, uma das melhores produções do Filipe La Féria. No ano passado tinha conseguido desiludir-me com uma coisa meio circense no Casino Estoril e eu ia de pé atrás. Vim de lá rendida novamente ao teatro e, cada vez mais, à Manuela Maria. 

Palácio

No Chiado. Lindo de morrer. A respirar Lisboa. Com uns petiscos de babar e uma limonada fresquinha. É a cidade a chamar por mim, outra vez. Adoro a luz de Lisboa. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

No Dia Mundial do Cão


Tufão... um amor de quatro patas!

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Independentemente de se gostar ou não do Pedro... é isto*!

A grande pessoa aumenta as outras. 
Expande-as. Porque não tem medo de quem é grande. O grande adora os grandes. O pequeno com a mania que é grande teme de morte os grandes. Ataca-os; acusa-os de, afinal, não serem grandes nenhuns. O grande de trazer por casa quer ser o único grande do pedaço. E é por isso que não passa de um minorcazinho. 
Ser grande é sobretudo isto: ajudar todos os que estão à volta a serem grandes também. Com inteligência, com carácter, com sonho, com uma dose bem grande de loucura e de sensibilidade. E com um egocentrismo particular: a felicidade dos grandes é também a felicidade de todos os que vê passarem, aos poucos, a ser grandes. Só os grandes crescem. A grande pessoa aumenta o mundo. Aprende. 
_________________
Pedro Chagas Freitas, in "Prometo Perder"


*É isto, diria a minha C.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Pequena R. sugere ao leitor


Bronze. Praia da Costa Nova.
Provem a sopa de peixe.
De nada!

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Casas onde pequena R. adoraria viver




Esta, que também é bem gira.

Pequena R. sugere ao leitor


La Vara. Ambiente descontraído. Hamburgueres do melhor que há (o de salmão com wasabi... ai o de salmão com wasabi...). Batatas fritas caseiras. E um bolo de chocolate de fazer pecar um Santo. 

Demagogicamente falando

Não vejo grande diferença entre as afirmações da Ministra Constança Urbano de Sousa de pôr os incendiários a pagar os estragos e a ira do meu avô quando garante que isto só lá vai quando os atarmos a um pinheiro, os regarmos com gasolina e lhes chegarmos um fósforo aceso. 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Voltei ao trabalho!



Ou terei de apresentar o Doutor Wilson a alguém.


Mimos de um marido que perde a cabeça



Ça m'énerve #1

Confundirem "vêm" com "vêem"!

Casas onde pequena R. adoraria viver*






Esta. É só a mais bonita de sempre.

*Copiando, descaradamente, a Cocó.

Gosto de

água fresquinha, de usar aliança, de ter a depilação bem feita, da Zara Home, de pintar as unhas, de letras bonitas, de cortinas de linho, de sabonetes de magnólia, de lenços compridos, de vestidos fluídos, de cestas de verga, de joelhos bronzeados, do Ludovico Einaudi, de carros de cinco portas, de aventais escuros, de chapéus de palha, de lençóis branquinhos, da lua cheia, de camas de baloiço, de cor de rosa, de cintos castanhos, de fazer conchinha, de pérolas, de gente que abraça, dos Capelinhos, da Apple, de livros de história, de exposições de arte, de filmes de rir, de mãos macias, de ver pais a brincar com filhos, de barrigas de grávida, de sushi, de presépios, de viajar, de bicicletas antigas, de moinhos de vento, da garamond, de sapatos rasos, de ter o B. de férias, de dormir a sesta, de papel de seda, de rebuçados de mentol, de puxadores de porcelana, de cabides de madeira, de soalho claro, de flores naturais, de relógios redondos, de casacos compridos, do Papalagui, de forros às flores, de desenhar cubos enquanto falo ao telefone, de pendurezas nas portas dos armários, de novelas curtas, do amor de irmãos, de fotografias, de legos, de jogar às cartas, de dormir até tarde, do relento, do que está por vir, da vida a somar-se, de coisas mimentas, de sopa de peixe, de carteiras moles, de cerejas e figos, de copos de pé, de terraços espaçosos, de andar a pé, de ir ao teatro, de borrachas miolo de pão, de descobrir Botero, de dicionários de latim - português, da língua italiana, de frio, de saber o Pi, de lengalengas, de legumes salteados, de Dezembro, do Nat King Cole, de óculos de sol, do que leva caril, da Tiger, de laços no cabelo, de quem diz "Obrigada", de dar boas notas, de estrelas cadentes, do preto e do branco, do número 5, de casais de velhotes, de sofás confortáveis, do Principezinho, de folhas em branco e de ter as contas em dia.

Sucesso

Sou muito exigente comigo. Tenho por hábito sê-lo em tudo. Busco, incessantemente, a perfeição nas arrumações das gavetas, nas juntas de azulejo que esfrego, nos panos que passo nas carteiras nas mudanças da estação, nos vincos das calças dos fatos do meu marido, na maneira como desenformo os bolos, na esquadria dos tapetes de casa, na dobra do lençol, no tamanho das flores frescas dos casos, nas pilhas ordenadas dos livros à espera de serem lidos, nos sublinhados dos artigos que já conheço, nos bicos dos lápis afiados, nas dobras das toalhas limpas da casa de banho, na disposição dos colares que pendurei numa parede, nos frascos de champô e condicionador que exibo ao fundo da nossa banheira, na maneira como espalho o creme nas pernas, no corte das cutículas, no risco ao meio, enfim. Por isso, não ter a nota máxima numa coisa como o doutoramento deu-me a sensação de ter feito uma cadeira com dez. E, pior, de merecer pouco os muitos mimos e parabéns que ainda me chegam. Passou mais de um mês e continuo a ter pesadelos com aquele dia. O pior da minha vida até hoje. Ponho-me tanto em causa desde esse dia que sinto que aquela tarde me arruinou boa parte da auto estima. É certo que está feito. É certo que, não tenho tido nota máxima, também não me fiquei por uma passagem à rasca. É certo que o que mais há para aí é quem tenha menos. É certo que o fiz aos 34 anos e há muito quem o faça aos 50. Mas eu não quero saber dos outros. Quero saber de mim. Do que eu podia, ou melhor, devia ter feito melhor. Como se nunca me tivesse permitido ser menos do que a melhor em quase tudo o que me meto. Se é certo que continuo a achar que o melhor é a normalidade, que os despiques assim levados a este extremo prejudicam mais que ajudam, a verdade é que eu não concorro com ninguém, mas me habituei a superar-me a mim mesma. Não está a ser fácil. Está até, digo-vos, a ser um bocado difícil. Falhar é uma coisa do caracinhas.

domingo, 7 de agosto de 2016

Contemplatio

Entre nada e coisa nenhuma. Sossego.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Férias

4 de Agosto. Final da manhã. Doutorei-me há quase um mês. Desde isso, corrigi mais de cem exames, fiz mais de cem provas orais e acabei um artigo (aos fins de semana). 4 de Agosto. Final da manhã. Estou sentada na sala de Revistas da minha Faculdade. Tenho em frente o meu marido. Saímos de casa para a Olga a poder limpar à vontade. Eu estou a ver se acabo outro artigo (custa-me faltar aos compromissos) e ele está a tratar de processos urgentes. 4 de Agosto. Final da manhã. Ainda nunca dormimos até tarde. Ainda nunca ficámos sem nada para fazer. Fizemos um piquenique, mas, para isso, na noite anterior deitei-me às três da manhã e levantei-me às sete. 4 de Agosto. Final da manhã. Doutorei-me há quase um mês. Ainda não tive férias. Estou exausta. E pergunto: isto tudo, afinal, serve para quê?!

sexta-feira, 29 de julho de 2016

.

Tenho pena da miséria moral em que nos afundamos por inércia.

Falo disto... mas, principalmente, das reacções a isto:

UCOIMBRA ALCANÇA 1º LUGAR NO RANKING DAS PIORES CONDIÇÕES CONTRATUAIS
A desfaçatez, a falta de sentido e o completo despudor guiaram a mão do Reitor da Universidade de Coimbra para um despacho publicado recentemente, no qual a contratação de convidados é baseada em 20 horas letivas/semanais. Conforma-se o leilão por ver quem viola mais alto o Estatuto da Carreira do Docente Universitário (ECDU). O desrespeito pela lei e pelos princípios mais básicos demonstram cada vez mais a falta de vergonha de dirigentes como estes. O ministério faz de conta que não tem qualquer papel de intervenção na tutela das instituições deixando “o mercado funcionar”. As carreiras e vencimentos parecem não existir, como se estivéssemos num quadro de completa desregulação. Num governo apoiado por uma maioria de esquerda é obra!
Há propostas de contratação que já foram feitas ao abrigo deste despacho, que incluem a contratação com vencimento cortado pela metade para lecionar o dobro. Do que temos conhecimento, a primeira resposta à exploração foi um não, porque, obviamente, quem tem qualidade e dignidade não se sujeita a este tipo de contratos.
Pensarão os colegas que haverá sempre alguém que irá aceitar, mas isso diz cada vez muito sobre o sistema que temos, baseado numa orientação que assenta em sobreviver e explorar. A degradação e a desvalorização surgem em par no ensino superior, lugar que deveria privilegiar a qualificação e a valorização. O sinal que é dado pela universidade é de que os seus docentes valem pouco, o que é um sinal sobre o futuro da sua formação.
A Universidade de Coimbra alcança assim o extraordinário 1º lugar do ranking de quem contrata em piores condições. Um feito que deve encher de orgulho o colega João Gabriel. A competição era assinalável, com as ações dos colegas Ana Costa Freire (Universidade de Évora – que anteriormente ocupava a 1ª posição deste ranking), Luís Antero Reto (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa) e Sebastião Feyo de Azevedo (Universidade do Porto). A arte de bem prejudicar os colegas com vínculos mais frágeis obriga a atributos extraordinários na falta de sentido, desvalorização social da universidade, despudor, intriga e tentativa de incentivar os colegas a pactuar com a exploração, aptidões só ao alcance de uns poucos. Os Conselhos Gerais devem também estar orgulhosos da atuação destes reitores. Mal podemos esperar pelo discurso de reconhecimento.
Entretanto, iremos dar sequência em tribunal com a interposição de litigância total sobre esta matéria.

domingo, 17 de julho de 2016

Volto em breve

mas hoje não podia deixar de vos dizer que é mesmo verdade que o que se ouve por aí...


terça-feira, 31 de maio de 2016

O estigma do comprimido

Não desapareci. Estou só a ver se me aguento em pé até ao dia das provas de doutoramento e se, pelo caminho, ainda me mantenho suficientemente funcional para dar aulas, falar em conferências e escrever artigos. Bem podem dizer-me que não é preciso isto, que vai correr bem, que já passa, que é um grande alívio, que Agosto está logo ali. Eu é que sei o que é voltar a ter ataques de pânico, mãos que não obedecem, uma cabeça que teima em percorrer caminhos densos e escuros de cenários de horror. Eu é que sei o que foi passar quase três semanas sem dormir uma noite decentemente e ter de, ao 34 anos, vergar o orgulho perante uma médica e dizer "Eu não consigo sozinha!". Acuso agora, muito provavelmente, o que foi o processo de realização desta tese: tão apressado, tão alheado, tão cheio de tantas outras preocupações muito maiores. Sinto agora nas palpitações todas que teimam em não deixar-me posta em sossego um momento, a inquietação maior de saber que o trabalho me saiu escorrendo pelos dedos, enquanto, muitas vezes, olhava para o lado ou a minha cabeça já se passeava por aqueles caminho densos e escuros. Não é falta de confiança no que está feito. É uma sensação que só faz crescer todos os dias e que me grita de dentro para fora "E se não chega?!". Volto quando for capaz.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

terça-feira, 3 de maio de 2016

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Da sorte


E do trabalho que ela dá, caramba!

Mantenho-me muda e queda, à espera que passe. Que passe o dia e se vão as noites povoadas de pesadelos. Há um que me atormenta particularmente e que descreve os Capelos como um palco de um teatro, com muitas pessoas (algumas bastante más) a assistir à peça. Sei mal o papel porque me esqueço muito e depressa das coisas. Não há ponto e eu que me desemerde, que é mesmo assim. Suo em bica que me dou mal com os bafos do estio e nos meus olhos bailam imagens bonitas de sandálias e vestidos de linho. Isso e gente de sorriso, não de tromba de metro apontada a mim. Digo-vos ainda que o palco da cena, lá no meu pesadelo companhia, é de tábuas fracas, intermitentes e cheias de bicho. Se erramos, deslizam-nos os pés de uma cadeira meio coxa, como gelatina em garfos, para os bocados sem tábuas. E uma pessoa não dá parte de apoucada de orgulhos, pelo que passa o resto do tempo com a força toda posta nos joelhos, a latejar, fingindo que a triste cadeira perneta é pouso de entronização. Caem-me aos pés as dores de pernas e de costas e sobe-me até uma picada pelo pescoço acima até chegar rente ao olho direito que treme e me desfoca tudo. Falo de cor e mal. Gaguejo como se houvesse prometido a voz ao Diabo e aquilo não mais tem fim. É, aos meus olhos fechados do sono pesado, mas também a estes abertos de pânico, uma prova de resistência física e emocional que não perdoa meninos. Sinto-me uma caganeta de cão zarolho e coxo almejando ser confundida com trufa. Estou de rastos. Em pé. Que é como, fiquem a saber, custa mais, porra. 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Do pulso na vida

Às vezes, ele pergunta-me quando poderemos fazer só o que nos apetecer, ir só onde nos der vontade de estar, ver só quem nos fizer bem, falar só com quem gostamos, jantar só rodeados de amigos, sair de casa só porque nos dá na gana. Fico a olhar para ele a vagar e escolho meticulosamente as palavras. É mais por mim do que por ele que nos debatemos a tempos com fretes. A minha profissão, o meio em que me movo, as pessoas com as quais o meu caminho se cruza potenciam mais esta espécie de falta de liberdade que às vezes nos aborrece. Escolho as palavras para lhe dizer que não sei bem, que houve um tempo em que achei que isto lá ia pela idade, pelo estatuto que eu achava que a idade dava e que nos permitia mandar às urtigas o que nos apetecesse. Quanto mais cresço, mais sinto que a resposta peca por ingenuidade. Das grandes. Haverá sempre alguém a quem deva estar presente, a quem não possa dizer que não, a quem tenha de dar conversa. Por mais que, nesse dia, em concreto nesse, logo nesse, mais me fizesse sentido era ficar em casa. Não sei, meu querido, quando seremos donos de todo o nosso tempo. Resta-nos a felicidade de sermos livres no pensamento e de, onde quer quer estejamos, podermos estar a mandar às urtigas, sorrindo, quem nos apoquenta.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Eu, "desequilibrada", me confesso

Apanhei uma gripe danada. Para além de me tornar uma inesgotável fonte de espirros e ranho, tinha febre de 39,4 e que não baixava de 38,9. Durava-me a saga há três dias, com dores no corpo que me deitavam abaixo, quando tomei Ilvico. Baixou-me a febre. Mas caí para o lado. Comecei a ver tudo branco, senti o chão fugir-me, disse que ia desmaiar e desmaiei. Cumpri a promessa, no fundo! Fiz exames durante horas e puseram-me uma máscara a ver se começava a respirar melhor. Vim para casa e fiquei de molho uma semana. Não conseguia andar a direito e sentia-me dentro de uma montanha russa que teimava em não parar. Ia contra as coisas e pus-me negra nas pernas não tardou muito. Fui ao otorrino. Tenho um defeito num ouvido que se agravou pela infecção da gripe e pela febre. Deu-me umas coisas para tomar 15 dias. Estou fina. E de volta.

Verdades e assim assim

Também acho que a Joana Vasconcelos não percebeu bem o que lhe pediram...

terça-feira, 15 de março de 2016

Há coisas que me levam ao vómito

Uma delas é pensar que Lula veio dizer que aceita ser ministro, passando, dessa maneira, a gozar de imunidade.

Para onde caminhamos todos, cambada?! Como seguramos bem altas as palas, pessoas... Como nos escorre a vergonha pelas pernas abaixo enquanto permanecemos sentados, oh humanos... Que Estados são estes? Que democracia alcançámos? Que justiça resiste? 

Estou em estado de choque!

sexta-feira, 11 de março de 2016

Da Universidade... Ou do que (já não) resta dela

Hoje, a partir das 14h, farei parte de um júri de provas mestrado. A seu tempo se percebeu que talvez não se justificassem as provas de quase três horas de que ainda fui vítima há uns não muito distantes sete anos. E então, concedeu-se, podiam ser marcadas mais provas num só dia, ou até, numa só tarde. Ocorre que a burocratização do ensino e a mania (que me fere a vista diariamente) de fazer de toda a gente mestre levou a esta coisa fantástica de eu hoje ter marcadas sete provas de mestrado numa tarde.  A minha faculdade fecha portas às 20h, o que significa que, no máximo, podemos dar a cada aluno a dignidade de uma prova de 45 minutos. Sobram-nos outros 45 que, dividindo por sete, permite uma discussão e fundamentação de nota de 6 minutos e 4 segundos por prova. Não contabilizo, nestes meus números redondos, esse imprevisto a que todo o custo se procurará obviar de, por exemplo, um dos elementos do júri precisar de fazer chichi, notem bem. Em orais de melhoria de nota demora-se, com muita normalidade, 45 minutos ou mais. Entende-se que é preciso calma a debater as coisas, que não estamos a virar frangos, que há que perceber se a pessoa pensa, raciocina, "dá o salto", ou se apenas decorou e é uma enorme fonte de frases feitas que nunca, porém, chegou a entender bem. Hoje à tarde, eu terei de fazer mais omoletes, mas com menos ovos. Não vai de lá sair ninguém com penal feito que é coisa que, a bem dizer, deve ter-se por dada e garantida - penal, aliás, mais que feito, deve estar bem sabido, que a pessoa afinal meteu-se por esses mesmos caminhos à procura de um grau académico acima. Vão de lá sair mestres. E, contudo, reparem, eu não posso demorar-me mais que 45 minutos com cada um. Espero que me respondam à primeira à não mais que meia dúzia de inquietações que lhes levo, em esforço verdadeiramente estúpido e por certo pouco frutífero de, com três penadas, perceber logo se pensam ou só debitam. Este, assim, tal qual vos conto, é o estado da Universidade. Não é só da minha e isso dá-me ainda mais pena. Porque, de tão banalizados que foram os atropelos ao que é ser-se académico, torna-se cada dia mais difícil permanecer, ser para lá dos papéis e dos prazos, garantir que os mestres que eu ajudarei a fazer não me envergonharão já amanhã. Há dias em que ser professora universitária se distancia muito pouco de ser caixa de supermercado, a passar produtos pela máquina, de ser vendedora da Remax, a trabalhar por objectivos, de ser empreiteira de chave na mão em tempos de chuva, a fazer à pressa para cumprir prazos. Há dias em que eu tenho mesmo pena de fazer parte deste sistema. E em que, com franqueza, só me apetece mudar de vida e voltar a trabalhar numa Universidade a sério. Assim as houvesse...

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A pseudo-chiqueza é uma coisa que me revolta os fígados

Faz-me sempre lembrar a história da nada e criada no Portugal profundo que jura a pés juntos não saber o que são piolhos. É do mais piroso que há, esta gente.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Um sítio tão bom para se ir... e estar


Conheci há tempos este sítio. A Pousada de Belmonte fica, literalmente, no meio de nenhures. É um daqueles lugares em que se ouve o silêncio, que é uma coisa que faz muita falta de vez em quando. Pode dar-se um passeio pela serra, respirar o ar puro da terra e recolher a uma leitura sossegada se nos apetecer. Come-se ma-ra-vi-lho-sa-men-te! Mesmo. É um paraíso na terra. Perdido. Como os paraísos. Sem muita gente. Tal e qual como se quer. É uma paz. 

Sobre o cartaz

Usaram o argumento do cartaz, comigo, numa aula sobre relações familiares duradouras com crianças, há cerca de uma semana. Talvez a criatura fosse do BE. Não altura, não percebi. Não o disse por piada. Deu-me o exemplo, como se falasse sério. Passei por cima, relembrando-lhe que só discutia a coisa na base do jurídico. Depois, esta semana, o cartaz. Quanto a ele, de resto, só lamento. Mas só lamento mesmo. Não me ocorre ocupar-me mais com isso. Não foi feliz. Não teve piada. De qualquer modo, acho que não merecia tanto alarido. Aliás, o alarido cumpre, na minha opinião, metade do que pretendiam com aquilo. Não dou para o peditório. Não os levo suficientemente a sério para isso. E não me ofende a fé quem quer. Têm uma missão: ser fracturantes, sobre tudo, sobre todos, custe o que custar. Há alturas em que se perdem. Estar sempre a inventar temas fracturantes deve cansar. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

The X-Files

É de nós, cá de casa, ou o episódio de ontem virou um tudo-nada à esquerda?! 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Aos senhores da Meo

Depois de quase os ter insultado por telefone, sinto-me na obrigação de cá vir alertar o Mundo (pelo menos, o Mundo que ainda me lê). Pois bem, liguei-lhes há uma semana porque, basicamente, estávamos sem televisão e continuávamos a largar notas de cinquenta euros todos os meses como se as achássemos debaixo das pedras da rua. Informei, com a calma possível, que não estava fidelizada e que, por via disso, os queria fora da minha casa e da minha vida. Depois de uma hora ao telefone e um chorrilho de facilidades, vim com um serviço mais barato que o da concorrência e com mais canais e megas e boxes e o raio. Estava contente, embora desconfiada. Com esta gente, ver para crer. E então esperei as quarenta e oito horas pelo contacto e pus-me, comprovada a maneira estóica como me ignoravam, a ligar para lá nas horas vagas (poucas) e enquanto estava em casa a fazer coisas que não exigissem que a música dos homens se calasse (enquanto arrumava alguma coisa, via e respondia a mails, punha e tirava a mesa, enfim...). Passei dois dias pendurada no telefone sem que me atendessem. Hoje, veio cá "O técnico". Para mim, "O técnico" é uma pessoa que nos resolve a vida. Supunha. Mas não. "O técnico" passou cá a manhã, estoirou-me com três horas de trabalho porque precisava constantemente de informações e, embora me tenha devolvido a televisão, deixou-me com o mesmo serviço, tal e qual, que tinha antes: sem nova box, sem mais canais, etc. Segundo "O técnico", porém, com a chuva os serviços cobre podem sofrer avarias e, por isso, o melhor é migrar para fibra. Liguei para a Meo (sim, eu sou uma pessoa que parece desocupada) e fiquei mais umas duas horas a discutir com uma criatura que me ouviu da pá virada porque me diz que não há Meo Fibra no prédio enquanto eu lhe soletro o número de serviço que, diante dos meus olhos, vejo ligado para uma carrada de vizinhos (do prédio, entenda-se). "O técnico" diz que não os entende, mas, na realidade, eu não preciso de os entender a eles, eu preciso é que eles me entendam e me atendam a mim. Quanto à bendita segunda box, aquela que na semana passada demorava 48 horas a ser instalada, continua a caminho, certamente a pé, porque ainda cá não chegou. Liguei novamente para a Meo (reparem que o número para uma coisa não é igual ao número para as outras coisas, o que nos obriga a tirar um curso em linhas de atendimento automático) e informaram-me que talvez cá venham hoje, mas não garantem. Puxei pela memória e invoquei o argumento mais verosímil da histórias dos argumentos "Mas está, por acaso, a querer dizer-me que eu hoje TIREI O DIA para nada?! Acha que o meu PATRÃO vai aceitar que eu aqui esteja à vossa espera toda a semana?!" Sinto que o comovi, mas a verdade é que ainda cá não puseram os pés. Mudo, não mudo?!... Eis a questão. 

De noiva


Tudo, pelo Miguel Ribeiro Fernandes, o mais especial dos fotógrafos.

B., de branco!



O vestido era solto e sem enfeites. O mais simples que algum dia pude ver. O véu era todo festa e maravilha. Apliquei-lhe o presente que o meu pai ofereceu à minha mãe nas bodas de pérola e, com os brincos, eram as únicas jóias que levava. Tirei o anel de noivado depois desta fotografia. Less is more. 

Levaram para casa um pinheirinho


 de que nos devem, de quando em vez, enviar fotografias, até ao dia em que for ele o pinheiro de Natal de casa de cada um dos nossos amigos e familiares. Uma árvore. O tempo a somar-se.

A sala



Pormaiores

O ramo


Amores perfeitos!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

7

O blog fez 7 (sete) anos há dois dias. Passou para a segunda, parece-me. Sabe ler letras gordas e escrever frases completas. Está um crescido.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Casámos há um mês


(Arroz, pétalas e papelinhos de cores... Coimbra, 12 de Dezembro de 2015)

e neste mês mudou muito pouca coisa, embora tenha mudado quase tudo. É verdade que adormecemos agora sempre ao mesmo tempo e muitas vezes de mãos dadas, que acordamos lado a lado todas as manhãs, que ainda nunca jantámos longe um do outro, que já tivemos direito a um domingo inteiro de pijama, em casinha, que nunca mais nos separámos das nossas alianças e que passámos a ser marido e mulher. De resto, não mudou nada. E é essa serenidade dada pelo que o tempo a dois oferece que permite a paz de alma em que me encontro. Estou casada há um mês. Sinto que passou a correr. Não foi um mês idealizado, por isso, vinha sem grandes ideias. Acreditava que seria bom, mas foi muito melhor que isso. O tempo que levo desta vida tem o sabor melhor de todos que é o da naturalidade, da normalidade, do caminho que se faz, seguro, caminhando, sem pressa, nem vagar, ao seu ritmo. Estar com o B. continua a ser uma coisa maravilhosa porque não me exige esforço nenhum. Nem por agradar, nem por me adaptar. Estou onde pertenço, como se nunca tivesse sido de outra maneira. E, talvez por isso, o casamento me esteja a saber tão bem. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sobre a minha relação com a cozinha

Embora, nesta casa, seja o homem o verdadeiro Chef, parece-me da mais elementar justiça que, tendo ele de fazer 180 quilómetros diários, pelo menos nos primeiros tempos, sem dias de folga que não os do fim de semana, eu me ocupe das arrumações e do jantar. Muito por isso, contra todas as expectativas, sou neste momento uma frequentadora assídua dos sites de receitas normais, daquelas que um calhau com olhos pode reproduzir medianamente. Hoje andei pelo da Pescanova. É pena, porque na realidade sou boa é a doces, mas estou a tentar cumprir um mínimo de dieta e casei com uma pessoa que se pica com insulina. Mas vamos ver. Ou melhor, provar. Mais logo. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Ainda de 2015, com amor, as coisas boas

- namorei muito;
- fui pedida em casamento;
- dei aulas noutra casa que não a minha;
- vi a Bethânia ao vivo;
- passei alguns fins de semana fora;
- vi uma raposa do Ártico;
- voltei a Itália;
- voltei a São Miguel;
- participei novamente num congresso mundial;
- botei muita faladura;
- fui convidada para escrever um artigo importante;
- fiz 34 anos;
- recebi uns brincos maravilhosos, que usei para me casar;
- fui muito ao sushi;
- vi o Pai Natal no dia do meu aniversário;
- li muito;
- andei mais do que de costume;
- passei a noite de Natal com o B.;
- estive no Círculo Polar Ártico;
- celebrei os 95 anos do meu avô;
- conheci Estocolmo, a Lapónia Finlandesa e Helsínquia;
- voltei ao yoga;
- revi a minha Gio;
- vi um urso polar;
- casei;
- vi uma coruja das neves;
- encontrei a mantilha com que sonhava;
- aprendi a conduzir carros automáticos;
- tive uma entrevista de emprego que correu mesmo muito, muito bem;
- usei lentes de contacto;
- recebi uma Bimba e Lola e uma Carolina Herrera linda de morrer;
- comprei carradas de sabrinas;
- ganhei a minha primeira Victorinox;
- vi renas;
- mandei fazer uns sapatos de sonho para casar;
- jantei muito com os amigos;
- tive os meus por pertinho;
- ouvi a médica dizer que o B. estava fora de perigo.

O bolo



Nunca quis um bolo de pastelaria. Pensei sempre numa coisa com um ar mais tosco, que fosse caseira, que se assumisse como caseira, mas que se impusesse pela delicadeza, pela simplicidade e pela originalidade. Como a flor do casamento era o amor perfeito (o meu bouquet foi de amores perfeitos e vivás, apenas) e como sabia que os amores perfeitos eram flores comestíveis, procurei muito e encontrei quem mos vendesse cristalizados, um a um, num trabalho manual, qual filigrana, que torna cada flor uma obra de arte. Ponderei muito bem, porque isso encarecia estupidamente os meus gastos, mas achei que valia o investimento. Optei por pedir a duas amigas que tratassem do bolo. A S. é uma doceira de mão cheia. Por isso, pedi-lhe que pusesse o melhor do mundo no bolo mais simples de todos: um pão de ló. Acabou por fazer pão de ló, com um nadinha de pó de amêndoa, recheado com ovos moles. Para a decoração do bolo, não podia pedir a mais ninguém. Tinha de ser a minha I., que faz tudo com umas mãos de fada e aceitou o desafio na primeira hora. Treinaram muito, apanharam alguns sustos, mas o bolo estava lindo de morrer. A cobertura escolhida foi um butter cream muito leve e o topo de bolo, esse, tinha-o debaixo de olho há muito - Promise, da Willow Tree. Não é por ter sido o meu, mas nunca vi um bolo de casamento tão bonito. A fotografia é amadora e não lhe faz justiça. Além disso, estava muito, muito, muito bom. A determinada altura, aumentei a fasquia e lembrei-me de como seria especial que o bolo fosse todo feito com ovos caseiros. E assim foi. Foram 320. A família, os amigos, as mães dos alunos da minha mãe, as clientes do meu pai... toda a gente arranjou ovos. Tornou o bolo ainda mais único. Perfeito!

No mês antes de me casar

aconteceram muitas coisas que testaram a nossa paciência, a nossa força e a nossa fé. No dia 12 de Dezembro, porém, nem choveu. Foi um dia lindo de inverno, tal e qual como eu mais gosto. Acordei cedo, vesti-me com muita calma, pentearam-me, maquilharam-me, arranjaram-me de noiva. Almocei uma gelatina e sentia o meu coração tão em paz quando casei que me esqueci de tudo e só fui feliz. Podia muito bem ter sido um dia a meio caminho, mas não foi. Apesar dos muitos pesares, e do maior de todos, de não termos lá todas as pessoas que gostávamos de ter, fomos, os dois, felizes. O B. acabou a noite a cantar e a rir. E olhem que o B. sorri muito mas não ri por aí além. Foi um dia mesmo bom. 

Antes disso, e como incentivo a quem passe pelo mesmo:
- quatro semanas antes, destruíram os nossos dois carros...
- dentro do carro tínhamos os pratos para o bolo de casamento, mandados fazer com medidas certinhas e que tinham mesmo de ser assim...
- a oficina entregou-nos o carro do B. alegadamente consertado, mas com menos um parafuso (!)
- a minha modista teve uma travadinha e um dia achou que não me conseguia empastar duas costuras da frente do vestido (!)
- eu parti um dente (a dois dias de casar... com o bruxismo levado ao rubro pelos nervos)...
- a namorada do meu irmão foi internada (na antevéspera de casarmos)...
- partiram a tampa da gasolina do carro que me levaria à igreja (na véspera do casamento).

mas, como me dizia a L., no fim, corre tudo bem.
Foi isto.