sábado, 31 de janeiro de 2009

Para acabar Janeiro, fui pescar ao meu passado


Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.

Cesário Verde

João Marcos

... não sei porquê, mas também me lembrei do João Marcos. Onde andará ele?
O João Marcos fez-me esquecer o primeiro amor e cometer algumas loucuras. O João Marcos fazia mestrado na minha faculdade enquanto eu andava no 3.º ano, mas éramos do mesmo grupo. O João Marcos era giro que se fartava. Foi com o João Marcos que fui a última vez a Conímbriga. O João Marcos ia comigo às noites de fado do Santa Cruz. O João Marcos ensinou-me a gostar de Djavan. O João Marcos foi-se embora. E não voltou. E nunca mais nos vimos. E às vezes tenho saudades do João Marcos. Ou então, talvez não. Talvez só do tempo em que gastava noites a comer brigadeiros e a tentar aprender a sambar numa cave da Rua Figueira da Foz. O João Marcos não é um personagem. Existiu. Mas um dia, puff, saiu da minha vida. E não doeu. Ou doeu só um bocadinho. Mas quase nada. Deixou só coisas boas. Só boas memórias. Falhou o beijo numa dada noite, mas mesmo assim nunca deixou de ser perfeito. Como os que, puff, vão e não deixam ferida. Mas que só podiam, puff, ir.

Fui pescar ao meu passado

Acabei de me lembrar de quando me despedia com:
"Love you me too :)"

É oficial!


Quarta-feira vou matar saudades disto :)

E por vezes

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se e(n)volam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

Fim do mês


No último dia do mês. Do mês que quebrou todas as rectas. Do mês que em frente construiu muitas paredes. Do mês que fez só crescer em tamanho na medida da força para matar os anos. Do mês do início. E de quando acabou. Do mês depois do mês a seguir aos meses calados. Do mês depois do mês de enamorados. Do mês do dia 6 que matou mais um bocadinho de mim. Do mês do dia 9 que cuspiu no abandonado último riso sério. Do mês das fugas. Do mês das curvas. Do mês das reviravoltas estomacais ao vómito. Do mês de cair. Do mês de não levantar. Do mês mais longo dos últimos meses, a vontade de acertar na janela. Quando, de uma vez para sempre, chegar o mês de bater com a porta.

Estado actual


Exames: carradas, urgente; relatos: socorro, mais que urgente; artigo lex: para breve, com um livro de bibliografia decidido, socorro; artigo cuidado: diz-que tem de ser, nem sequer imagino o título; OPA/Florença: pois, eu querer, quero, mas vediamo; CAP: aguardo horário; PET: inscrição quase operacional; OA: diz que o fax não funciona; orais: sem imaginação; vigilâncias: salvem-me do auditório; paps: se eu soubesse para que lado me hei-de virar, eu até ia tentar fazer mais; contas: sumam-se; casas: decadentes ou a significarem dívidas até à terceira idade; tese: dormente; dopo di quella: ???
Diz que até sou organizada. Se não fosse era, neste momento, a versão do monstro das bolachas, mas com compulsão por folhinhas de papel macio, com letrinhas pequeninas.

Do amor e de como uma gaja pode ficar enervada!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ai, por favor...

Tenho para mim que um dia me caso com um Edgar. Ou um Amílcar. Ou um Gabriel. Tenho para mim que a minha quota de tipos com nomes cujas únicas vogais são o "o" e o "u" se esgotou. Tenho para mim que é um sinal dos céus... e que só falta vir dizer-me que o apelido é S.!

Vícios


Uma história como a nossa é como o vício de roer as unhas.


Sabes bem que só estás a perder tempo em que podias usar um verniz que te deixasse ainda mais gira, mas és incapaz de resistir.

Lugar dos afectos

Porque sou uma apaixonada, uma romântica, uma kika amante de cor-de-rosa, estrelinhas e nuvens. Porque um lugar de afectos seria a minha casa de sonho. E um espaço assim tem tudo a ver com princesas. Porque li em pequena "Sobrei da história dos meus pais". Porque ainda hoje acredito que há amor no acto de fazer os laços dos atacadores de quem se quer bem. Visitem www.lugardosafectos.pt

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Se

houver a ousadia de me enviarem mais um mail que seja com sugestões para o próximo dia 14 de Fevereiro, fica o Mundo avisado que eu não respondo por mim!

Seguindo a onda do "eu já"

Eu já visitei três continentes.
Eu já vivi noutro país.
Eu já torci um pé a andar descalça.
Eu já torci um pé mais de 20 vezes.
Eu já tive vontade de morrer.
Eu já pensei que nunca mais.
Eu já me arrependi.
Eu já julguei mal.
Eu já quis ser juíza.
Eu já pensei que era desta.
Eu já andei de helicóptero.
Eu já andei de barco.
Eu já gastei três ordenados num vestido.
Eu já adormeci a chorar.
Eu já acordei a chorar.
Eu já quis emigrar.
Eu já quis cometer loucuras.
Eu já cometi pelo menos uma loucura.
Eu já pensei nela e não me arrependi.
Eu já passei noites em claro.
Eu já soube fazer malha.
Eu já escrevi para um jornal.
Eu já fui delegada de turma.
Eu já gritei com uma amiga.
Eu já perdi um amor.
Eu já perdi uma amiga.
Eu já perdi uns avós.
Eu já sonhei casar.
Eu já tive outro blog.
Eu já fui mal educada.
Eu já fiz tudo por uma amiga.
Eu já gostei do S. Valentim.
Eu já acabei um curso.
Eu já passei uma noite de S. Valentim em Peruggia e dormi com o meu melhor amigo (e só dormimos, mesmo).
Eu já deixei cair uma lágrima nas cataratas de Niagara.
Eu já atirei uma moeda na Fontana dei Trevi.
Eu já fui a Roma e não vi o Papa.
Eu já cuspi sangue.
Eu já fiquei sem voz.
Eu já disse "Não" a um homem que não aceita "Nãos".
Eu já tive pena de mim.
Eu já disse coisas que hoje não diria.
Eu já quis voltar atrás.
Eu já quis apagar momentos.
Eu já apaguei momentos que agora gostava de não ter apagado.
Eu já fui lancetada sem anestesia.
Eu já tive medo dos ladrões.
Eu já quis ser mãe.
Eu já fui mais feliz.
Eu já guardei um segredo.
Eu já atirei pedras a um autocarro.
Eu já tomei banho de rio.
Eu já tomei banho de mangueira.
Eu já tive piolhos.
Eu já fiz colecção de perfumes.
Eu já pintei.
Eu já toquei piano.
Eu já falei latim.
Eu já me armei aos cágados.
Eu já vi muito gente armada aos cágados.
Eu já tive mais dinheiro no bolso.
Eu já fui ao cinema sozinha.
Eu já fui ao teatro sozinha.
Eu já fui a um concerto sozinha.
Eu já fui de férias sozinha.
Eu já almocei e jantei sozinha.
Eu já fiz alergia a quase tudo.
Eu já fui advogada de um clube de futebol.
Eu já entrei numa prisão.
Eu já escrevi uma tese (não sei é se está grande coisa).
Eu já recebi um (dois) voto de louvor.
Eu já não percebi a minha letra.
Eu já chorei de saudades de uma rua.
Eu já sorri só de ver a lua.
Eu já eternizei um aperto de mão.
Eu já fiz massagens todos os meses.
Eu já tenho 5 afilhados.
Eu já quis fugir.
Eu já fugi.
Eu já voltei.
Eu já me correspondi 19 anos com uma pessoa sem nunca a ter visto.
Eu já quis muito uma coisa e não a obtive.
Eu já acreditei que nada é impossível.
Eu já ouvi muitas vezes que afinal há muitas coisas impossíveis.
Eu já pensei muito na vida.
Eu já achei mais perguntas.
Eu já estou cansada de já e afinal ainda nada.
"Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe por provar o contrário."
Albert Einstein

Senhores

temei as sonsas deste mundo...

Pelas almas

NÃO ME FALEM EM S. VALENTIM! NÃO ME FALEM EM S. VALENTIM! NÃO ME FALEM EM S. VALENTIM!
Chamem-me ranhosa, invejosa, tinhosa... MAS... NÃO ME FALEM EM S. VALENTIM!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cacos




Nada





que os cale...






aos cacos.

Transparências

Todos nós, ou pelo menos muitos de nós, ou... pelo menos eu, temos certa a capacidade de escurecer, de fintar a transparência e com ela a nós mesmos. Todos nós, ou pelo menos eu, temos uma vontade grande de nos transformarmos em pessoas melhores e a perfeita consciência que ser transparente é meio caminho andado para isso. Sobretudo se, lá no fundo, não nos considerarmos tão fracos seres humanos que não possam ser vistos à transparência. E então passamos por fases na vida em que escolhemos aperfeiçoar a arte de sermos melhores e de nos mostrarmos assim melhores aos outros. E um dia começamos a acreditar que afinal somos mesmo transparentes e não há volta a dar. Quem nos conheça bem saberá interpretar-nos pelo andar ou pelo tom com que dissermos "bom dia". Por isso, quando, noutro dia da nossa vida, parecer que dávamos tudo para não sermos assim tão transparentes, começamos um processo inverso de experimentar feições de cera. E à custa de muito tentarmos, às vezes conseguimos mesmo embrutecer a nossa transparência. E se formos determinados, um dia seremos capazes de fingir tão bem que até a nós parecerá obvio o estado todo ao contrário do que sentimos cá dentro. Acontece, porém, que ninguém remedeia um passo destes sem marcas. Ninguém passa imune pelos dias de vestir a pele com cheiro a mofo. Ninguém que um dia foi claro como a luz e suave como o amanhecer, passa incólume por um anoitecer tão brusco. Ninguém, ou pelo menos eu, deixa de ser o que conquistou a pulso. Mesmo que a clara ilusão não tenha nunca passado disso, quem passa por ela sabe bem que transformações opera. Por isso é que podemos até sorrir; podemos até dar uma sonora gargalhada; podemos até trabalhar; podemos até comer; podemos até ir à bica; podemos até dançar; podemos até retoiçar; podemos até parecer que vivemos; mas a cada passo há um som de chocalho que nos lembra que cá dentro há cacos. Quando nos virem bem, não acreditem sempre no que os olhos veem. Porque ser crescido é ser assim meio torto na transparência. É cantar para esconder os sons chocalhentos que os cacos todos juntos cantam em nós. É equilibrar o que se partiu e fingir que está tudo bem. Mesmo que para isso se morda o lábio e quando virarem costas caia tudo outra vez. E os cacos chocalhem. E não haja cola que os cole. Nem nada que os cale.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

?

O que é que se diz a alguém que nos escreve: "Serve o presente para dizer que vivo os dias mais tristes da minha vida, com a morte da minha mãe."?!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Wishlist

Mandar fulanos à merda e pedir educadamente a sicranos e beltranos que os acompanhassem.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Brincadeirinha :)


... que a pessoa ainda está em processo de reflexão e amadurecimento da decisão de não chorar para não ficar com os olhos vermelhos e não gritar para não ficar afónica e não deixar de viver porque isso deve atrasar muito o trabalho.
A pessoa ainda insiste na super cola 3 e os cacos ainda teimam em descolar-se de vez em quando.
A pessoa ainda adormece com dores de alma e acorda a contragosto.
A pessoa ainda tem de engolir em seco para ser uma kika pessoa sem se aniquilar mais uma vez como pessoa para ser apenas a mais kika de todas.
A pessoa ainda não está muito à vontade nos encontros imediatos.
A pessoa ainda abre o telemóvel de vez em quando à espera de ver o visor piscar.
A pessoa ainda está a pingar do balde de água fria que lhe caiu em cima.
Mas daqui a nada é verão e pode ser que seque tudo!

Outro apelo!



Ora é prestar atenção e enviar candidatura!
Aqui vai ilustração do que se pretende...

Apelo!


Comerciantes deste país, ou ao menos de Coimbra:
É com o coração em prantos que me dirijo a V.ªs Ex.ªs, certa da melhor atenção com a dor da pessoa. Importam-se de me poupar a montras com alusões semelhantes à supra conseguida ao dia de S. coisinho?! Importam?!
Causa grande transtorno, é? Pois... temos pena! Mas se não querem ser acusados de autoria moral de um determinado homicídio em série, agradeço que me travem os instintos desde já.
Obrigadinha! Eu sabia que podia contar convosco!
Saúde aí para casa, então!

D'uns relatos de coisa e tal

que vejo diz ao luz uma fundo combóio é que um.
Estou a ficar doida!

Freeport

O (diz que Eng.) Sócrates vai fazer uma declaração ao país. Aceitam-se apostas, sendo que as opções recaem sobre: 1) uma cabala; 2) um grande equívoco; 3) um reflexo da contestação dos professores, já que o tio gosta muito da docente do filho mais novo; 4) oops... não sei bem, mas penso eu de que seja, em virtude da conjuntura, a conformação eticamente radicada no pressuposto da governação que opera nos trâmites da coisa; 5) a concretização das piores suspeitas de que Bin Laden teria Portugal na mira; 6) uma manifestação inqualificável dos pequenos comerciantes das baixas do país, que são contra as grandes superfícies.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Novas

Estou viva!
Darei notícias quando acabar as orais... lá para 2514!
Ah... já agora, que vem a calhar... não chorei quando foste eleito, mas esta de mandares encerrar Guantánamo rendeu-te um "Yes, we can" aqui no blog da pessoa, oh Obama!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Irra!

Ainda falta quase um mês e eu já não posso ouvir falar em S. Valentim!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Shiu!

Há silêncios que custam tanto a fazer que a cada momento deles é um grito que se cala, um choro que se engole e uma mão que se segura. Há silêncios que custam tanto a fazer que se um dia deixarem de nos custar nós já vamos estar diferentes. Há silêncios que dizem tudo. Mas este não diz nada, porque nem sei bem o que dizer. Há silêncios que estavam para não ser, mas não dá para falar sozinha.

Para que conste

"Esquecer uma mulher inteligente custa um número incalculável de mulheres estúpidas."

António Lobo Antunes

Um dia



Daqui: http://magnoliaviva.blogspot.com

sábado, 17 de janeiro de 2009

Wishlist


Fazer a escolha certa!

Eu amo

a lua,
os meus amigos,
amores-perfeitos,
italiano,
a noite,
o amanhecer,
viajar,
dormir,
túlipas brancas,
massas,
sofás,
chá,
alegrias,
estrelas,
cheiro de terra molhada,
abraços,
sorrisos,
silêncio,
mãos dadas,
o meu anjo-da-guarda,
ler,
café,
escrever,
ficar a olhar para nada,
conversar,
cinema,
teatro,
conduzir,
kikos,
Coimbra,
cor-de-rosa,
minuins,
branco,
preto,
música,
dar,
receber,
fotografia,
o Francisco,
Itália,
brincos,
a minha mãe e o meu pai,
inspirar e expirar profundamente,
anjos,
sapatos,
o Natal,
princesas,
dar aulas,
pijamas quentes,
banhos longos,
chocolate,
ouvir dizer que saio à minha avó Rosa,
camas lavadas,
desenhos animados,
ovos moles,
escrever a lápis,
-te,
as tis,
amoras,
relógios,
carteiras,
os meus afilhados,
estar sozinha de vez em quando,
mapas,
massagens,
os meus sobrinhos do coração,
que me toquem no cabelo,
aprender,
sonhar.

O caso da menina que mudou de nome

Há equívocos que podem ser perigosos se os alimentarmos devidamente. Este caso não passou, ao longo dos últimos anos, disso mesmo - uma sucessão de equívocos muito bem alicerçados. Apesar de tudo, é possível, agora que se descortina um ponto final na história, opinar sobre ela com a frieza que a distância, o tempo e um conhecimento de causa que não é nulo nos permitem. A questão é mal definida e, consequentemente, defendida, se nela depositarmos calores desprovidos da justiça de pesar os interesses em confronto. Claro que não há só um lado da história. Por mais visível que um dos lados de uma história se torne, não pode cegar-nos e bastar-nos. Haverá, sabe-se lá onde, um lado outro para ser ouvido e, postos assim nos pratos da balança, esses lados hão-de indicar-nos para que lado penderá uma justiça com todos os olhos abertos. Amar incondicionalmente exige a capacidade de respeitar a diferença, de conceber o outro na sua essência sem querer aniquilar a sua capacidade de querer. Também as crianças querem. E quando não, então cabe aos adultos operar um juízo de prognose e agir mais de acordo com aquilo que elas em consciência quereriam que com aquilo que eles querem. Fazer o melhor por um filho não é confundível com fazer o melhor por nós com o nosso filho. Não me atrevo a contestar o desvelo que acreditaram ter despendido ao longo dos últimos anos com uma filha do coração. Não me cabe esse papel. Não caberá a ninguém. Amar é um acto que não se ensina. Apesar disso, a verdade é que não podem restar dúvidas quanto ao modo torto de conduzir uma vida alheia que nos cai nos braços mas não é nossa. A vontade, o querer, a realização de cada um, e até a forma de amar o outro, têm de encontrar equilíbrio na vontade, no querer, na realização do outro, e na sua forma de amar. Amar um filho desejado e tido exige-nos apenas isso, amá-lo. Não é importante nada mais que isso. Não há qualquer acerto em fazê-lo coisa própria nossa. Porque o filho que vem de mim é já dele mesmo no momento em que respira e enfrenta o Mundo pela primeira vez. Amar o filho que outro não quis amar dá-me a liberdade de o amar e de o trazer ao peito, mas não mo transfere em propriedade. Ele resistiu ao desamor de uns pais... não o obriguemos a ter de resistir ao nosso amor de sufoco. Amar um filho que não é nosso de maneira nenhuma é o acto maior de amar. É amar o outro na sua expressão mais absoluta de entrega. Amar os filhos dos outros e deixá-los lá. Por muito amor que lhe possamos dar, substraí-lo de outro amor não tem preço. O acto de amar não pode exigir que se exclua outro amante. Eu amo se souber amar a par de todos os que já te amam. Se, para te amar, precisar de atear fogo nos teus amores, o meu amor não tem espaço. Roubou o espaço dos outros. Não é sequer desculpa um sentimento mais ou menos nobre de auxílio que nos inunde. Porque ajudar não é tirar. Ajudar é acrescentar. E é deixar partir na hora certa. Se eu encontrar o teu filho na rua e ele me parecer o mais abandonado dos filhos, ainda assim eu não poderei trazê-lo para minha casa e apagar-te da vida dele. Sabes porquê? Porque não me terá sido avisado fazê-lo sem antes averiguar se o atiraste fora e lhe negaste o teu amor, ou se te perdeste dele e só isso. Porque há curvas em que nos perdemos uns dos outros. E isso não significa que tenhamos dado corridas para fugirmos do que ficou para trás. Ninguém garante que ao virar da curva tu não estejas mais aflito à minha espera do que eu à tua procura. Amar é coisa difícil de dosear. Mas quer-me parecer que andará no bom caminho se permitir que me ames sem reservas. Se ao amar-te te fizer sentir livre. Porque se tu não és livre, tu não és teu. E se tu não és teu, tu és nada. E se tu és nada, eu não te amo. Porque é difícil amar nada. Ou quase impossível.

Dói-me

saber de amores em que é praxe calar com comentários sobre o tempo porque não vale a pena insistir.

Maleita

Estou melhorzinha... Mais uns chazinhos e estarei como nova!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Wishlist

Outra vez, não!

Sorry... foi uma recaída! Shame on me! Eu não vou alimentar mais esta história. Aliás, só de falar em alimentação, eu já tenho vómitos... e depois de associar isso a esta história, bem... é meio caminho andado para me dar uma ceninha que aponte para o bad, bad, bad. Recaídas, quem as não tem?! E uma gaja doente, tenho para mim que recai mais facilmente! Sorry! Já passou. Vou adoptar a técnica de não pensar, porque me baralho, não ouvir, porque me baralho, não falar, porque estou baralhada. É o pensamento a chegar e eu a assobiar. Zzzt, sai daqui. Tou nem aí... Tou nem aí...

É isto? É? Responde! É?

Não queiras gostar de mim
Sem que eu te peça,
Nem me dês nada que ao fim
Eu não mereça
Vê se me deitas depois
Culpas no rosto
Eu sou sincer(o)
Porque não quero
Dar-te um desgosto.

De quem eu gosto
nem às paredes confesso
E nem aposto
Que não gosto de ninguém
Podes rogar
Podes chorar
Podes sorrir também
De quem eu gosto
Nem às paredes confesso.

Quem sabe se te esqueci
Ou se te quero
Quem sabe até se é por ti
que eu tanto espero.
Se gosto ou não afinal
Isso é comigo,
Mesmo que penses
Que me convences
Nada te digo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

L'abitudine



Este som povoa a minha memória sonhada desde há muito tempo. Não me lembro de quando não a povoava. Não é a música mais bonita do mundo, nem uma letra só de felicidade, mas soa-me a anteautobiografia. Num sonho recorrente, a minha vida começa a mudar assim... numa multidão repleta de dois, em que tudo se altera. Este som é o som da vida que eu ainda não tive. Este som diz tudo de mim. Esta é a minha música. E já achei que podia ser de outros... o que diz bem de quanto os quis no meu depois... Agora, não sei...

Nó!





Porque quanto mais eu penso, mais baralhada eu fico!

Aiii...

Hoje tenho o mundo na barriga. E não é que esteja grávida. É tanta a má disposição que acho que nas últimas doze horas já bebi mais chá do que um inglês normal bebe num mês...
Peninha de mim... quem tem?!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

British R.!

Há muitos anos atrás (bem... há, deixem cá ver, 11 anos atrás), os meus pais enfiaram-me num aviãozinho com duas amiguinhas e bora lá para Cambridge que inglês é a língua do futuro. Era Verão, um caliente Julho em Portugal, e eu cheguei ao destino e gastei logo metade das economias em roupinha quente que o briol não se aguentava. Tive aventuras inimagináveis por aquelas bandas. Para aí ao terceiro dia fui experimentar o meu fashion cartão de débito, que era uma novidade, e a máquina fez o favor de mo engolir. Entrei no Banco lá do sítio e, lavada em lágrimas, só consegui verbalizar "Your machine ate my credit card. Bad machine!"... Desde então que tenho um pavor grande daquelas matulonas mastercard... é um trauma adolescente. Comi comida que, nhac, valha-me Deus... mas a fome é negra... E, à vinda, tive a feliz ideia de me sentir um bocadinho sem ar no avião e perguntar onde é que se abria a janela :) Enfim... Mas o tempo lá foi uma lição grande para a vida. Fiz uma amiga que dura até hoje. Que veio do país dela até cá para me dar um beijinho de parabéns no dia da minha festa de curso... Apaixonei-me loucamente por um tipo com sobrenome italiano... Aprendi a estar longe dos papás e a desenrascar-me sozinha. Fui a festas e noitadas. Vi a lua à beira rio, a falar inglês com uma chinesa com quem troquei correspondência muito tempo, e com os dois tipos de sobrenome italiano que desencantámos lá no grupo. Fiquei fã do teacher, que ainda há bem poucos anos me enviava postais de aniversário que começavam por "My dear"... Fui ao botânico mais bonito que vi até hoje. Vi quadros de pintores à séria e fui para a bibilioteca do museu deles treinar o past continuous. Quando regressei, tinha apanhado o bichinho do laró. A verdade é que quem me der um bom laró me tem por bem. Ao contrário da maioria das pessoas, no entanto, eu não vou à bola com larós de praia e águas cristalinas, ou de neve e sku. Eu vou à bola com larós que metam monumentos, que metam calcorrear ruas velhas e avenidas novas, que me permitam espreitar a fumaça dos cafés e sentir o cheiro das beatas das tertúlias. Eu vou muito mais à bola com larós onde conheça e aprenda, seja possível o fascínio da descoberta da cultura, da arte, da tradição. A minha viagem a Cambridge ensinou-me isso, fez-me descobrir-me enquanto viajante. Depois dela, já fiz outras, algumas..., mas aquela foi sem dúvida uma grande viagem. Não foi a primeira, mas foi a primeira em que fui alone. O inglês foi sendo muito negligenciado, até ao ponto de conseguir apontar para frases ao melhor estilo "Do you parle english"... Era preciso agir... Rápido! Vivi, enquanto estudante, quatro anos ao lado do British Council cá do Burgo, mas a minha vida de caloira e pós isso entendeu sempre que quando acabasse o curso havia tempo para me dedicar a tarefas mais imponentes como estudar por conta própria. Voltei agora. Volvidos 11 anos sobre a minha viagem, 5 depois de ter abandonado a casa ao lado da escolinha. E isso foi, nos últimos tempos, a melhor decisão da minha vida. Não que lá ande a aprender muito, que não ando... mas aquela turma faz-me bem... Um bem... insuperável em qualquer aprendizagem... Um bem genuíno, de me deixar livre, leve e solta, esquecida dos problemas do dia. É uma turma catita, muito diversificada, com gente dos 16 aos 66... e vai daí e... simplesmente espectacular! Já marquei saídas, programinhos e jantaradas, prática que me vale a alcunha de "falas de mais". Quase que até se ia dando um romance, não fosse o tipo apresentar-se com um próprio N. e um apelido S., o que, para mim, é uma conjugação que não permite chegar longe... Ia sendo isso, mas já foi muita coisa. E o que mais é, o que nunca deixa de ser, é umas horas bem passadas ao fim de dois dias da semana. Hoje é um... e eu tenho de ir. No resto, é ir levando. E, às vezes, voltar atrás e recuperar o que se perdeu. Como o inglês. E... so much more! Maybe!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Lua

Trabalho diariamente, horas a fio, sentada a uma secretária em frente a uma janela. Atrás de mim e ao meu lado, há livros, fotocópias, papéis e coisas... mas à minha frente há uma lua nova todas as noites. Durante o dia, vejo os cumes dos pinheiros e ouço o roçar das folhas de eucalipto. Durante a noite, ouço só o silêncio e o compasso da minha respiração à espera da lua. Porque chega. Quase todas as noites, diferente sempre. Hoje, não é tão cheia nem tão clara como a de ontem. Vejo-a, da minha janela, entrecortada por um ramo de pinheiro antigo... Está envolta numa névoa. Mais ou menos como eu. Quase dormente. Há algum tempo aprendi a esperá-la como presença mágica na hora mais mágica dos dias. Foi mais ou menos por alturas de começar a chorar por apreciar as estrelas, por contemplar as montanhas do caminho, por descobrir o alinhamento das videiras. Foi mais ou menos por alturas da descoberta de uma paz gigante encontrada no acto de sentir que o dia já nasceu e eu ainda resisto. Foi mais ou menos por alturas de começar a acreditar que viver pode ser apaziguado nas horas de ver em vez de olhar. Foi mais ou menos por alturas de começar a ser assim e de tentar aprender a fazer disso uma coisa suportável.

Ai, por favor...

"No caso que nos é controvertido..."?! (Não resisti :()

Siiim!!!

Siiim... ainda tenho casos práticos para corrigir... Mas uma gaja não é de ferro! Bem... vou ali fazer de Dra. mais um bocadinho e daqui a nada já pode ser que tenha tempo para vos escrever sobre a minha turma de inglês!!! O próximo post está anunciado. Se não for outro :)

Ooops!!!

Kique: Parabéns por um mês e um dia! Beijo repenicado da tia!!!

É de mim

ou para algumas pessoas as saudades são uma coisa que dá e passa?! Definitivamente, devo ser eu quem tem facilidade em me agarrar... É que me mói os nervos cada hora de desabituação e no resto... um silêncio que arrefece. Deve ser de mim, porque às horas tantas já tinha dado para um remember... Nada contra. A desintoxicação também se faz de sucessivos processos de desconstrução de heróis. Mas que dar e passar é coisa de gente pouco agarrada... lá isso não é de mim, é do senso-comum!

Nicas à parte...

PARABÉNS, CR7!!!

Portugal é Lisboa

... porque "se cai um poste na capital isso abre os noticiários e se cair a Cabra isso pode ser que saia nas Beiras"!

E ontem dei-me mais uma vez conta de que é mesmo assim. Em contexto profissional (que eu às vezes também consigo ser uma pessoa válida) de cada vez que perguntei ao grupo à minha frente se tinha este ou aquele problema, esforçando-me por encontrar os relatados pelos homónimos do resto do país, só consegui ouvir "Ai, isso não é um problema para nós. Pois, nós lá em Lisboa não."... Bolas! Simpáticos, que eram, pois eram... mas... importam-se de não nos mostrar assim a evidência de que Portugal é Lisboa?!

Milagre

Assiste-se, em cima da minha mesa, ao milagre da multiplicação dos casos práticos...
Diz que isto deve passar até amanhã... e que depois já começo a ter mais tempo para organizar ideias... E vai daí... e não sei se isso é lá muito boa notícia!

domingo, 11 de janeiro de 2009

Dizem que amanhã já é segunda

e que eu não dei por não ter sido semana!

Perdida

Haja piedade... e alguém me interne! Eu tenho 103 casos práticos para corrigir e acabo de dar por mim a ouvir uma música de auto-ajuda! Começas bem, 2009!!!

Ai se eu pudesse...


... eu nunca de lá descia!

Um mundo de mentirosos

Nunca como agora quis tanto viver num Mundo de mentirosos, saber disso e ter a certeza que só devo mesmo é confiar em mim. Porque acredito em tudo ao contrário. Porque acredito no que quero e isso é o pior castigo para quem quer o impossível.

Verdades e assim-assim

Hoje vomito verdade. Doeu a engolir. Mas engoli. Bem me pareceu que aquilo me faria mal. Meu dito, meu feito. Vomito verdade. Vomito-a toda, mas muitas vezes. E quanto mais a vomito, mais a sinto cá dentro. E por mais que a vomite ela não me sai de mim. Vomito a verdade que não quis tomar. A contragosto, as verdades caem pior. Vomito-a. Mas nada.

Princesa


Pudesse eu trazê-los para sempre em mim... e sair com eles a sentir o Mundo. Não ter de os despir. Guardá-los sem ameaças. Pudesse eu fazer o Mundo virar-se do avesso só um bocadinho. Pudesse eu ter chegado a tempo. Pudesse eu não ter querido pô-los, para não me custar tanto tirá-los. Pudesse eu deitar-me fora atirando-os pela janela. Que não posso. E só faço minguar-me para que cresça a vontade de os guardar. Longe.

Pensar faz mal


Há dias em que pensar é do pior que se pode fazer!

O resto é pouco, o resto é pouco, o resto é pouco...



Que se quebrem nas palavras as horas ocas delas.
Porque sim.
E o que basta é ver a lua.
E tu também.
E o resto é pouco...
se...
sei lá...
se virmos bem.
Digo.

Procuro

o que me atire de mim para fora!

5

11/1/2009
11/1/2+0+0+9(11)
1+1+1+1+1
5

Porque se continuo a achar que vai ser mais do mesmo, temo que me dê uma coisinha má!

Again!

Eu tive um blog. Há algum tempo que eu tinha um blog. Matei o blog porque lhe morreu a razão. E vai daí e diz que não. E então voltei um bocadinho atrás e fiz-lhe respiração boca a boca. E nada. E ora raispartissimi que eu quero o blog outra vez. Porque se calhar, até talvez, me fosse bom tê-lo agora, de vez. E cá está. Agora mesmo meu, sem segredos porque sem razões. Aos que vinham ler-me dantes... oh, para esses está tudo dito. Clarinho como a água! Aos de agora, em frente. Lá de quando eu por aqui passava, soa um vento frio, que há-de passar. Nem é ventania. Um vento lento, como o tempo. E diz que não. O que importa, mesmo, mesmo, é que volto a passar. O resto, o tempo há-de ditar. E agora sou mesmo eu. E só isso já diz tudo da razão do que morreu.