sábado, 17 de outubro de 2009

Soneto de Mal Amar

Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.

Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'

2 comentários:

  1. Está bonita a imagem de abertura, de Outono!
    Perto de minha casa há um Mar assim!

    Um bom fim-de-semana!
    O que importa é ser feliz.
    Mal-me-quer... bem-me-quer... mal-me-quer... bem-me-quer...

    ;)

    Eu

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  2. Pois é, Eu :)
    Este mar é da minha praia. Mas acho que não é a tua. Começa por M., tem quatro letras e termina com A.
    Um beijinho e bom fim de semana!

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