sábado, 10 de outubro de 2009

Ideal

Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas languidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...

Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortaes entre ruinas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
D'um corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...

Antero de Quental, in "Sonetos"

4 comentários:

  1. A essa visão, chama-se a tal... Que muita gente, erroneamente, julga ser a perfeição, mas que é apenas a pessoa perfeitamente imperfeita que se encaixa em nós! :)

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  2. Tenho que dar razão ao (esperem só um bocadinho, estou a tentar escrever-lhe o nome sem me enganar e sem por nenhum c a mais como fiz no Shre(c)k)Phyxsius (ufa, espera lá, deixa confirmar se está bem...)... É exactamente tal como ele diz... Era como dizia o grande Agostinho da Silva... as pessoas têm qualidades, às más qualidades chamamos defeitos... estou incontrolável hoje...

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  3. As pessoas costumam esquecer-se é do x :p

    E para acrescentar mais qualquer coisa, nem todos os defeitos são defeitos, nem as qualidades qualidades. Depende de quem as vê...

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