terça-feira, 13 de outubro de 2009

Seca-te

Flor do vento

É do cair da folha. Adoeceu.
Dá-lhe chá e um cobertor.
Não o visites. Melhor que não.
Era um princípio.
Não. Não vires costas.
Deixa-o ganhar corpo.
Já lhe passa.
Não o visites.
Tens tempo no seu meio ou fim.
É um princípio.
Nasceu pequeno.
Não o visitem.
Rezem por ele.
E esperem.
Vai ter meio e fim.
Vai.
Seca-te.
Vai.
Vais ver que vai.
Seca-te.
Vai.

2 comentários:

  1. "SONETO ANTIGO

    Responder a perguntas não respondo.
    Perguntas impossíveis não pergunto.
    Só do que sei de mim aos outros conto:
    de mim, atravessada pelo mundo.

    Toda a minha experiência, o meu estudo,
    sou eu mesma que, em solidão paciente,
    recolho do que em mim observo e escuto
    muda lição, que ninguém mais entende.

    O que sou vale mais do que o meu canto.
    Apenas em linguagem vou dizendo
    caminhos invisíveis por onde ando.

    Tudo é secreto e de remoto exemplo.
    Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
    E todos somos pura flor de vento."

    Cecília Meireles

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  2. Podes entender sem perguntar. E sei que nem tu poderias responder-me. Mais ou menos braços fartos em silêncio e uma voz meiguinha a jurar-me que vai passar. É isso.

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