sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A lata

A lata é uma coisa que, com conta, peso e medida, até pode ser gira de se ver e boa de aturar. Acontece, porém, que a lata nunca vem em dose certa. Normalmente, vem em força. Não gostas? Então levas com mais, que é para aprenderes a gostar! Quem me conhece sabe, no entanto, que esta estratégia comigo não vinga. Se não gosto, insistirem só vai acelerar o processo até que eu odeie. Pois bem, a lata que para o caso interessa personifica esse grande ditado de que "muito ajuda quem não atrapalha"! Valorizo todas as ajudas. Todas. Desde que se traduzam em ganho ou, pelo menos, em tentativa séria de ser útil. Quando, para aí com 5 anos, decidi que havia de começar a aprender a fazer a cama, ouvi a minha mãe dizer que "o trabalho dos meninos é pouco, mas quem o despreza é louco" e, portanto, sempre valorizei quem se atravessou para me tornar os trabalhos mais leves, mesmo que só com um sorriso e um "tu consegues, eu sei"! Ora bem... se há uma equipa que funciona mal porque só é uma equipa no papel e dois mouros trabalham e o outro elemento se dedica a jogar farmville (ai, como eu abomino este jogo mesmo sem nunca o ter jogado) e se os dois mouros matam a cabeça por, com a diplomacia possível, verem o outro elemento a ir, com as perninhas a bulir, o que é que é preciso dizer mais?! Que não, não temos saudades?! Que, pois, queremos trabalhar sozinhos porque ao menos sabemos com o que contamos?! Que teorias da conspiração não são o nosso forte porque... tcharam... nós trabalhamos?! Que não é um bate pé por protagonismo porque, por nós, até pode virar ministra, desde que nos desampare a loja?! Que ainda não mandámos ninguém à merda porque todos os dias dizemos um ao outro "vamos ter só mais um bocadinho de paciência"?! Não sabemos. Mas pronto... do que nós não estávamos à espera era de mais uma manifestação de latose em dose máxima. Que, vejam bem, nos deixa a nós, os mouros, com problemas de consciência do tipo "será que estamos a ser maus?". Cansa-me, a lata. Cansa-me tanto. Tira-me força e energia. Consome-me brilho. E não, não me digam que é para cagar no assunto e deixar andar para o lado que soprar o vento. Porque já não tenho pachorra para engolir sapos desse tamanho.

Sem comentários:

Enviar um comentário