sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Facebook

Se eu podia ter um facebook? Podia, mas não era a mesma coisa!

Ainda recupero, a muito custo, dos três breves contactos que tive com o animal. Primeiro, não me enviaram as fotos de um casamento, que eu pedira desesperadamente (levei um vestido tão bonito, que merecia ter uma foto) porque... estavam no facebook. Pois... é como não me levarem ao Concerto de Natal do CAE porque há um, espectacular, na Broadway. É para o lado que eu durmo melhor. Depois, em reuniões em que me consumia para não chorar do princípio ao fim, tinha ao lado uma alminha cujas preocupações de maior incidiam em alimentar ovelhas e plantar nabos. E eu passava as viagens de volta a casa a fazer-lhe resumos do que se tinha tratado na reunião, porque o nosso companheiro entendia que era melhor ficar calado ou a qualquer momento podia sair-lhe um berro, virado para trás, a dizer "Estudasses!". Por fim, o indispensável convite de alguém que eu nunca na vida vi. No hi5 já havia disto, mas eu achei que a prática só era bem vista por adolescentes em fase de clearasil. Afinal... olha... parece que não! A lógica de convidar para amigo do facebook uma pessoa que nunca se viu assemelha-se, na minha hierarquia de fracassos emocionais, a tropeçar só para ver se o gajo mais que bom que vai à nossa frente nos ampara e... dar com a nariz no chão! Ou seja... está votada ao fracasso... salvo raríssimas excepções. No caso dos gajos bons porque, via de regra, vão ao telefone com alguma esperta que os viu antes de nós, não lhes dando a abébia de andarem a fazer caridade com quem cai porque não sabe pôr um pé à frente do outro. No caso do facebook porque, coisa cada vez mais rara, há gente que só aceita ser amigo virtual de quem... já é amigo real. E é chegada a hora de tentar desmontar esse grande argumento de quem, perante o supra exposto, remata o assunto com um "mas tu tens um blog". Pois. Contra factos, não há argumentos. Embora, lá está, este facto não tenha nada a ver com os argumentos que hei-de elencar de seguida. É que, neste blog, sabe quem eu sou exactamente quem eu quis que soubesse. Ou seja, aqueles a quem eu disse que ele existia ou aqueles que, a determinada altura, e porque o contacto virtual já me permitia conhecer um bocadinho, mereceram o benefício da dúvida de me virem a conhecer a mimzinha em pessoa. E nesses, meus amores, não estão todos os bichos caretas desta vida que, vá-se lá perceber onde é que foram buscar essa ideia, se podem julgar meus amigos. Simplesmente porque não passam de meus colegas, meus conhecidos ou meus "olá, bom dia" desta vida. É que esses, lamento, não quero que saibam quando vou de férias. Menos ainda para onde. Não quero que topem quando o trabalho me corre tão mal que atirar-me ao Mondego ganha contornos de catarse apetecível. Não quero que leiam se estou apaixonada que até me falta o ar ou tão deprimida que sou capaz de ser subjugada pela caganeta do cão zarolho e coxo. Mais. Um blog é feito de insinuações quando não queremos dizer tudo. E, via de regra, não andamos a toque de caixa a responder a quem acha que o melhor exercício de combate ao alzheimer é decifrar as vidas alheias. Além disto tudo, há aquilo que mais me irrita: as teorias, as fábulas, as manigâncias facebookianas. São elas que me dão pele de galinha. E eu detesto galinhas. As interpretações mais balofas às fotos dos amigos, os comentários mais insinuantes, as conversas de chacha em que mais valia meterem no estado "a tentar engatar a primeira coisa que mexa". E ainda... as fotos com poses próprias de placards numa fraca imitação do Moulin Rouge. Algumas, tão, mas tão explícitas que, no meu caso, se justificariam apenas em revelações feitas em casa e para deixar ao mais que tudo numa fase em que lhe andasse a faltar a... digamos... vocação para as actividades lúdicas. Ora uma pessoa, nestas redes sociais, está de mãos e pés atados (nada de teorias sadomaso, ok?!), mais ou menos como nos trabalhos de grupo. Não pode responder só por si. Jurar que não tem nada a ver com aquilo. Porque... já dizia o meu professor de latim "o que está escrito, lê-se". Se nunca terei um facebook? Não sei. Pode acontecer que até venha a apetecer-me. Mas, por enquanto, só de pensar que certas e determinadas pessoas podiam, só porque sim, dirigir-me a palavra e conceber opiniões sobre o meu dia depois do outro... já perco a vontade.

14 comentários:

  1. Mas permite-me que acrescente um dado importantíssimo que te esqueceste de ponderar:

    É que no Facebook podes controlar exactamente que lê, o que lê e como lê... enquanto qualquer bicho careta que escreva "passei mesmo" no google encontra o teu blog logo em 2º lugar.

    No facebook de poderes definir que alguém desconhecido não pode ver nada teu além do nome (e a foto de perfil, vá) só tem a informação que lá publicares... as pessoas só mostram o que querem lá!

    Não estou a defender o facebook, de maneira nenhuma, que esse não é o meu partido. Mas tinha de te alertar para, se é essa a razão de teres um blog e evitares o facebook, então estás enganada porque até o teu pior inimigo pode encontrar o teu blog mesmo sem saber que existe um...

    Ah pois é... aposto que não tinhas visto esta pequena brecha de segurança. ;-P

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  2. Eu não tenho inimigos!

    Mas aqui, pelo menos, não tenho que aceitar que todos os comentadores são meus amigos. Eles sabem disso. Embora, vê lá tu a sorte, pelo blog, até agora, só me chegaram contactos de gente que até dá gosto saber que existe e do facebook, mesmo sem ter um, já conto três clic offs!

    E eu sei que não estás a defender o facebook. Não me farias uma coisa dessas :p

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  3. Acho mesmo que estás a ver o filme com a fita montada ao contrário...

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  4. Pode acontecer...
    Prometo que se um dia a endireitar te conto, está bem?!

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  5. Bem eu confesso que subscrevo inteiramente as considerações da nossa R. Maria quanto ao facebook. Primeiro acuso-me imediatamente também eu não tenho facebook, que por vezes me sinto um ser de outro planeta, mas que esta é uma opção que assumo! Confesso que esta semana fiquei feliz. Numa sala com 5 amigos três deles não tinham perfil no facebook. Para mim ser amigo é estar disponível para a chamada que nos fazem, é estar disponível para ir tomar um café, para ouvir os problemas do outro olhos nos olhos, e assim sucessivamente. Não percebo o conceito de amigo de facebook, assim como não percebo a necessidade que as pessoas têm de expor a intimidade da sua vida privada como fazem. É certo que nem todos o fazem mas a maioria venhamos e convenhamos.... E mais engraçado é reparar quando terceiros expõe a tua privacidade! Eu não tenho facebook, eu não quero ter fotografias minhas no facebook, logo fico um pouco irritada quando lá aparece uma fotografia minha com comentários absolutamente privados!!! Mas mais... não fazer parte dessa rede facebookiana tem uma outra grande vantagem: por norma estou imune (aliás não chegam mesmo ao meu conhecimentro) às intrigas e teias que se constroem nesse ambiente virtual. É ridiculo ver amigos a aborrecerem-se devido aos comentários no facebook! Assim como é ridiculo chegar a uma reunião de trabalho pela manhã e ouvir alguém queixar-se que está sonolento porque se teve que levantar às 4 da manhã para dar de comer ao bichinho virtual... por amor de Deus adoptem animais de carne e osso que há aos milhares abandonados e que certamente vos irão dar muito mais amor e carinho que esses animais virtuais! Podia continuar a enumerar razões para não ter facebook mas não o vou fazer pois já me alonguei muito mais do que aquilo que pretendia. Mas se quiserem......

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  6. Só dizer que nesse grupo de cinco amigos, dos três que não tinham facebook uma era eu :)

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  7. Só para dizer que estas preocupações com as relações humanas da actualidade nada têm a ver com facebooks, farmvilles, blogs ou salas de chat...

    Tudo, tudo tudo vem da condição humana... só isso, mais nada!

    Os bons amigos serão sempre bons amigos, quer tenham internet ou não. As boas pessoas serão sempre boas pessoas, quer tenham internet ou não!

    Sempre discordei daquele ditado em que se diz que a ocasião é que faz o ladrão...

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  8. Bem, assim como disse o RR o facebook não é esse bicho mau que mta gente acha, como tudo na net é algo que se pode gerir. Neste momento é só a rede social mais utilizada de tdo o mundo, e inclui-se a utilização a nível profissional. O facebook passa mto além de fotografias, comentários, quintas, bichinhos e coisas tipo hi5. Acreditem... eu compreendo quem não tem, n critico só acho que é tdo uma questão de perceber a essência dessa rede!!!

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  9. São as pessoas, só as pessoas!

    Não culpem as ferramentas...

    "Não é por existir cocaína que eu tenho um pó esquisito no bigode!"
    :)

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  10. Kikis,

    a sério, eu também percebo o vosso ponto de vista. Mesmo. Mas, por enquanto, na minha balança facebookiana, pesam mais os contras que os prós. Só isso :)

    Beijinhos e xis

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  11. Bem meus caros era possível gastar aqui argumentos até ficarmos exaustos... não vale a pena (até porque eu tenho de ir acabar um raio de um trabalho para ir ver os U2 amanhã :)). Uma vez que é tudo gente conhecida proponho um adiar de troca de argumentos e combinamos um belo de um lanche no Moinho Velho (doces) ou no parque verde mondego (gelados) ou na almedina (scones) em formato presencial todos na mesma mesa como é bem mais giro. Alinham?

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  12. Por mim, está marcado. Se não for para falar, como diz o outro, sempre é para conviver :)
    Beijinhos a tutti

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  13. aceito o convite e prometo não encher-vos de boas razões para utilizar o facebook... ah dona R. que eu saiba já tens de gostar do facebook um bocadinho, teve utilidade, lembraste???

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  14. Eu não sei se as meninas já repararam, mas, com a subtileza que só os homens sabem ter, parece que estamos a levar tampa do RR :)

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