quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Dia de...

Diz que ontem foi o dia dos solteiros.
E eu digo que ora ainda bem que só me avisam hoje.
Acho, basicamente, dispensável! É mais ou menos como o dia dos corações que piscam e dos peluches com tabuletas a dizer "I love you". Assemelha-se muito ao execrável dia da gaja. Eu não preciso que me arranjem um dia, obrigadinha. E também não ando por aí a assolhar o estado civil em jantaradas histéricas. E não me estou a ver render a quem se lembre de só dizer que me ama um dia por ano. Sou um bocado arreliadora, quase pedante, neste particular. Relembro que há dois anos torci um pé enquanto saía do escritório, na Rua da Sofia, estafada de um julgamento, com pressa de banhinho quente, e tropecei num maluco que não via nada à frente do nariz atento o tamanho da farfalhuda coroa (aquilo não era um ramo) de rosas vermelhas. Eu ia desmaiando no ano passado quando fui à florista comprar umas flores para uma doente e tive de esperar meia hora porque o marmanjo antes de mim queria que a senhora florista pintalgasse as flores todas do ramo para a sua mais-que-tudo com um spray dourado. Quanto ao dia da gaja, acho um bocadinho inqualificáveis aquelas jantaradas de mulheres sempre atracadas a gajos e que soltam a franga uma única vez no ano. Sou, lá está, também nisto, um tanto dada à independência. Kiko da minha vida, se me estás a ouvir, atenta, por favor. Nós estaremos unidos num só coração e eu só estarei contigo se te amar como a mim e se souber que sou capaz de dar a vida para ver-te feliz. Mas eu tenho amigas e amigos de antes de te conhecer. E tu também terás. Eu tenho rituais. E tu também terás. Por isso, nós não precisamos de ser siameses. Eu posso querer um programinha de meninas e deixar-te a trabalhar, mas prometo que volto arrepiadinha de saudades. E vou achar estranho que ostracizes os compinchas de agora para te amarfanhares a mim 24 horas por dia. Ide... Estamos cá para o reencontro depois! Quanto ao dia dos solteiros, nunca tal me tinha passado pela cabeça, pelo que ainda não pensei bem sobre o que posso esmiúçar sobre ele. Mas já me está a fazer uma certa alergia desde que soube que existia. Acho que é isto!

Clic off

Roer a corda!

Natal

Recebi a colecção de postais de natal dos artistas com a boca e o pé. A minha mãe fez maçãs assadas para o lanche de ontem. À noite fui ao aniversário de uma amiga que está com uma barriga linda de grávida de felicidade. Começo a sentir o bafo de Dezembro a aproximar-se... Eu amo o Natal. Não é bem a noite, nem o dia,... é a ideia!
P.S. Pode ser essa a explicação para ter antecipado quase um mês a data de chegar ao Mundo...
Alguém percebeu quem é que foi ontem à mesa no braço de ferro entre o Primeiro e o Presidente?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tempo

Há mais ou menos um ano, eu criei um blog. Estava a tentar fechar um ciclo profissional adiado em demasia. Houve muitos dias em que achei que ele nunca teria fim. Senti, até, uma ou outra tarde, estar na altura de aceitar que melhor seria desistir. A par disso, uma história por resolver acumulava-se em constrangimentos que me sugavam a energia. Parei para pensar, sentar-me e desatar de vez esse nó quando a C. me disse, a olhar-me nos olhos tão fundo como só os grandes amigos têm capacidade de fazer, que achava que eu nunca saíria daquele impasse. E nunca o faria por... solidariedade. Porque me tinha reconstruído, passo a passo, à semelhança da história que eu queria desbravar. Nesse dia, eu decidi que era preciso pôr ordem na casa. E fui por partes. Concluí cada uma delas com a tensão própria dos grandes passos da vida. Se profissionalmente respirei de alívio e me revi num misto de felicidade e vergonha por tê-la adiado, emocionalmente era preciso gerir as coisas com outra calma. Muitas dúvidas se emaranharam ao longo de muitos meses. Acreditei no meu final feliz contra as certezas de quase toda a gente e convenci os mais cépticos de que era possível. Comigo, seria possível. Redundantemente, fui delineando planos B. Mas nunca me dediquei a eles com suficiente afinco para os relembrar agora. No mais fundo da minha alma nunca residiu nenhuma dúvida. Eu sabia que ia acontecer. Até ao dia em que senti que a energia me tinha sido sugada de vez. Que não vivia há muito tempo. Que permanecia no Mundo para estar à espera. Até ao dia em que senti falta do que eu tinha a certeza que merecia que lá estivesse e descobri que não, não estava. Não foi uma dor de alma. Foi uma passagem pelo purgatório. Tirou-me a razão e a vontade de sentir. Perder a vontade de sentir é começar a morrer. E eu não quis dar início a essa caminhada. Não quis. Postas assim as coisas, a nu, agora, percebo que não quis. Pela primeira vez, não quis uma coisa diferente de não desistir. Eu sabia que, neste caso, não me chegaria virar a página. Era preciso rasgar a página. Não tinha controlado a imaginação, fértil que só ela, e havia decisões quanto à disposição de quadros, números de filhos, bilhetes de supermercado, abraços à traição e coisas próprias dos amores para toda a vida. Só que este não ia ser um amor para toda a vida. Este blog, tendo acompanhado os ires e vires de cada episódio, relata a história tal qual ela aconteceu. Das indisfarçadas esperanças aos mais dolorosos momentos de caos. Demorei muito tempo a acreditar que ia passar. Cheguei a estar certa de morrer disto ou, pelo menos, com isto. Mas o tempo, o tempo vem-me dizendo que há mais vida lá para a frente. E que a imaginação pode sonhar coisas diferentes que me saibam a perfeitas. O tempo tem-me provado que há outras ausências que podem custar-me muito, esperas que me inquitem. O tempo está a provar-me que não morri, porque se eu tivesse morrido não sentia nada. E já vou sentindo alguma coisa. O tempo. Um blog é isso. Um registo do tempo. Por isso, este começou revelado só a quem conheceu o anterior. Mas foi abrindo as portas a mais gente. Escolhi a dedo os alvos da revelação e nunca até hoje pus em causa que cá vem exactamente quem eu quero que cá venha. E o tempo trouxe mais gente. E eu continuei a sentir que cá vinha exactamente quem me fazia falta. E fui percebendo que é tudo, mesmo, uma questão de tempo.

Eu recebi um selo :)


Recebi um presente. Quem me conhece sabe que há coisas que me deixam muito feliz e que uma delas é receber presentes fora de época... Portanto, Guilhim, estás no bom caminho para seres chamada de kika :)

Recebi um selo, ou melhor, o blog recebeu um selo. Foi a Guilhim que mo deu. Ela está no http://ver-de-agua.blogspot.com/

Nunca tal me acontecera, pelo que as regras destas coisas são novidade para mim. Mas pronto... já publiquei o nome do blog que se lembrou de mim e a imagem do selinho. Não vou escolher blog nenhum para continuar com a cadeia e, portanto, não tenho a quem avisar. Não escolho, porque os meus blogs maneiros estão ali no cantinho do "Está-se tão bem aqui". São todos insubstituíveis (uns mais que outros, certo..., mas, ainda assim, todos insubstituíveis) e merecem todos ser visitados e comentados. E... acho que está tudo cumprido :)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O mistério da carteira feminina

A minha carteira é, nas minhas próprias palavras, uma arma de arremesso.
A saber, porque trago SEMPRE:
Carteira (com documentos, cartões de lojas à carrada, algumas moedas e poucas notas), óculos de sol (ou de ver, se andar com os de sol na cara), spray de limpar os óculos, lenços de papel, três telemóveis, um bloco, uma caneta, uma bandolete, um elástico de cabelo, dois ganchos, um baton de cieiro, um baton de brilho, comprimidos para dores de cabeça, dores de dentes, dores menstruais, sintomas de gripe e ansiedades a despropósito, pensos higiénicos, diários e rápidos, um mini kit de costura (linhas, uma agulha, um botão suplente e um alfinete), uma base e um espelho, um terço, o buda da sabedoria e uma pulseira da sorte, uma pen, a minha Red Moleskine (agenda), as chaves do carro, as chaves de casa, as chaves do Centro, as chaves do OPA e a imprescindível chave do cacifo.
No Inverno acrescento umas luvas, um chapéu, umas meias opacas pretas e um creme de mãos.
É fácil perceber que ir a casamentos me obriga a levar uma carteira que se mostra e outra que fica no carro, para as eventualidades.
E também começa a fazer sentido aquela vez em que fui parar ao hospital com uma crise de coluna.
P.S. Este post foi inspirado nos comentários a um outro post, num outro blog...

Hoje

Saí de casa cedo porque tinha orais para fazer. Depois de ter andado uns 5 km caiu-me uma forra da parte de baixo do carro. Voltei a medo com aquilo quase a fazer faísca. Mudei de carro. E fui à minha vida. Destilei algum veneno. Mas eu não era assim. Abrir os olhos faz-nos piores. Estava sol. Muito calor. Sinto-me tão mal com este calor insuportável. Tentei formalizar a inscrição no Doutoramento mas pareceu-me que havia parido a galega para aqueles lados. Desisti. Conversei com amigos. Estive com eles. Olhei-os nos olhos. Em poucas coisas me empenho mais do que em ser amiga dos meus amigos. Falhar nisso é uma ferida que não me quero abrir. Podia voltar a casa. Tinha trabalho por aqui à minha espera. Saí a Porta Férrea. Estava pensativa. A entrar, calmamente, uma doutoranda que defenderia hoje a tese, grávida. Uma barriga indisfarçável. Parei. Olhei para trás. Um homem, pareceu-me o marido, pediu-lhe que parasse em frente à Porta Férrea "para um retrato". E aquele retrato será, à primeira vista, a mais fiel reprodução da mulher que eu quero ser. Fiquei, sem vergonha, a olhá-los e a vê-los. Passou muita gente nesse momento. Só vi um tipo de polo castanho, mas sei que passou muita gente. Respirei fundo e avancei para o carro. Pensei naquela imagem muitos minutos. Continuava a estar muito calor. O carro em que fui hoje não tem ar condicionado. Abri as duas janelas da frente e cuspi cabelo. Pensei. Ver por fora é pouco; é quase nada. Há casos assim. Gente que parece ter tudo e a quem, afinal, falta o essencial. Quando vemos, não ficamos a saber da missa metade. É isso. De repente, começou a chover. Limpei uma vez o vidro e depois deixei-o encher-se de gotas gordinhas. Tive pena de as rasgar, mas já não estava a ver bem. Limpei o vidro outra vez. E vi o arco-íris. Eu não via o arco-íris há muito tempo. Mesmo nos dias em que ultimamente me dizem que apareceu, eu nunca pude vê-lo. Hoje, vi-o. Tão bem. E então, repesquei um pensamento e fui feliz a decidir os meus essenciais. Um dia, se os concretizar, posso sempre dizer que tive um cúmplice. Porque hoje eu vi o arco-íris. Eu quero muito ser feliz. Ser feliz nos momentos de balanço. Quero saber que, postas as crises num prato da balança, há sorrisos e mimos a chamá-la à razão. Eu quero que me encontrem e não me deixem fugir. E quero que isso seja o meu momento de maior sorte. Porque se um dia eu puder, por exemplo, defender uma tese de doutoramento gravidérrima, não vou esquecer-me de pedir a quem me tiver achado para não me deixar fugir, porque estava na hora de me fazer feliz, que me tire um retrato.

domingo, 27 de setembro de 2009

Mac

Mudo para um Mac, ou não mudo para um Mac, eis a questão?!
O menino da Fnac explicou-me tudo tão explicadinho... poverino... meia hora de discurso... No fim, os meus dramas resumiam-se a "mas então e não me arranja mesmo maneira de por as aplicações em português?" e "eu sou uma menina e acho que 2 kg é capaz de ser muito para trazer na pasta" e "não tem um assim com estas qualidades mas em cor de rosa?" e "o meu baralha-se muito porque eu mando-o fazer muitas coisas ao mesmo tempo... acha que este aguenta?". Ele teve paciência. Muita. No fim eu disse-lhe que ia pensar melhor. Ele disse que já só tinha aquele. Eu fiz um olhar muito "guarda-mo lá só um bocadinho" e escrevinhei o nome do kiko na berlinda. É o Mac qualquer coisa (não percebo a letra) 2.26 (13.3). Queria mais pequenino... Mas o menino disse-me que o que se ganha em autonomia perde-se em performance... e eu, nesta idade, ligo muito à performance. Vim pensar. Gostava tanto que fosse cor de rosa...
Não lhe mordi, mas acho que ela ficou na mesma com raiva!

Nacional

Alguém me explica por que razão é que o Benfica andou a inventar contratações de estrangeiros capazes de se meterem com a Orsi Fehér se tinha à mão de semear o Jorge Jesus?!

Ah pois...

Hoje vou a um evento onde vou encontrar uma criatura que não me apetecia muito ver. Haja descanso pelo menos aos fins de semana. Mas vou... e, se ela me chatear muito, mordo-lhe!

sábado, 26 de setembro de 2009

Eu vou!

Eu vou. Mais por ser um direito do que por se tratar de um dever. Os deveres, às vezes, consigo transgredi-los. É tentarem-me... Os direitos, esses, são meus e só meus e ai de quem mos cobice. Mas vou. E acho que te ficava bem ir também :)

Confissões de uma mulher de (quase) 30

Já não acho impossível.
Já nem acho difícil.
Acho que é uma questão de tempo.
O tempo, esse fiel amigo,
há-de provar-nos que,
afinal,
tu só viste antes de mim que
a felicidade não era por aí.
Já não acho impossível.
Já nem acho difícil.
Acho que é uma questão
de tempo.

O Segredo é Amar


O segredo é amar. Amar a Vida
com tudo o que há de bom e mau em nós.
Amar a hora breve e apetecida,
ouvir os sons em cada voz
e ver todos os céus em cada olhar.

Amar por mil razões e sem razão.
Amar, só por amar,
com os nervos, o sangue, o coração.
Viver em cada instante a eternidade
e ver, na própria sombra, claridade.

...

Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"

P.S. E acreditar!

Forreta

Sabes que uma pessoa é muito forreta, mas muito forreta, mas muito forreta mesmo, quando descobres que ela só entra nos cafés para poder ler o jornal!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mistérios

Eu não sei por que é que sempre que eu passo na escola da minha mãe há um aluno que me pergunta se ainda há lugar nas prisões de crianças e se eu acho que por se arranhar um colega até ele ficar a deitar sangue se pode ir lá parar!!!

Também há lá dos que acreditam que eu comunico com inspectores que fazem fichas mais difíceis para quem se porta mal...

Entretanto, hoje apareci de bicicleta, fato de treino, sapatilhas e rabo de cavalo e a nova funcionária anunciou-me como "Uma moça que deve vir vender enciclopédias".

Há algo de muito estranho em mim... e eu preciso de descobrir o que é...
Podem deixar de me falar, ou mesmo optar por me chamar nomes menos bonitos, mas eu tenho de confessar que ontem fui tirar uma fotografia à montra da loja da minha editora.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Verdades e assim-assim

Ana Jorge é um bocado má a ler!

Constatação

Eu sei que uma pessoa me perturba mais do que podia quando ouço sair da minha própria boca "Eu quero deixar claro que, se X entrar, eu saio.".

Provas de fogo - private

Muitas como as de hoje e daqui a nada já nem as sinto!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Estou que nem posso

A tese apareceu nas novidades jurídicas da Editora... logo na primeira página...


... Aiiiii, que peneirenta me sinto!...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Devagar. Vamos indo. Não está mal.

Se me ficaste com alguma coisa, foi com uma certa facilidade na inspiração. Terá sido, por certo, pelo agastado tempo em que dei mimos ao por conceber. Nascituro imaginário, fruto só de uma vontade. Sabes que, noto agora cada vez mais nitidamente, não me parecia afagar um morto. Por isso é que insistia. Mas podias, lá está, ter-me dito a tempo que afinal não existia. Não morre ninguém. Só deixa de nascer.
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Daqui: http://icanread.tumblr.com/

Clic off

Asneiredo a despropósito.
E é quando uma pessoa pensa que já só tem de engolir sapos que aparecem estas alminhas a provar que ainda não engolimos os elefantes todos.

C. e Eu

Tenho saudades da C. e da Eu. E, não, isto não podia esperar mais tempo. Porque tenho mesmo. Porque por aqui também se encontram pessoas importantes para o nosso depois. Porque, vá-se lá saber a razão, acho que, sem as conhecer, passaram a fazer-me falta.

Nota breve ao post anterior

As meninas da minha geração, provavelmente, serão as únicas a conhecer a Camilla Milla. Tenho a minha, com passaporte e tudo. Era, ou não fosse minha, cor de rosa. E foi muito desejada. Posteriormente, amada e apaparicada. A Camilla Milla não era uma boneca, era uma amiga.

Camilla Milla

Era uma vez um tempo. Camila não reconhecia as manhas desse tempo, mas sabia bem que elas existiam. Tinha perdido alguns amigos, embora estivessem todos bem. Estar longe é, nestas coisas dos abraços e palavras afinadas pelo acerto de um momento, uma maneira de não estar. Com os amigos, é assim. O tempo, este novo, tinha levado alguns para lugares a que se chega por estradas mais facilmente do que por olhares. Não lhe foi fácil aceitar o desígnio, mas muitas coisas diferentes em que pensar ao mesmo tempo roubaram-lhe a disponibilidade mental para se formatar uma nova tentativa. Mais uma. Trouxera-lhe, esse presente, a ternura de novas piscadelas de olhos e trejeitos de lábios. Reconhecia nestes um espaço grato na parte nobre do coração. Mas não era preciso arrancar ninguém dum espaço feito para crescer. O tempo, contudo, não lhe sobrava nesses projectos de se amansar na culpa de não estar. E, no entanto, era tão presente o preJustificar completamentesente que lhe chegava. Os amigos, mais ou menos como os vícios, podem bem acumular-se. Os amores, às vezes, também se acomodam em fratrias. As memórias, porque escarro de maus dias e pintura de horas boas, cabem-lhe e assentam-lhe. Mas o tempo, o de Camila, camelo, tinha feito das suas. Passaporte de viagens sem partida. Caminho ermo de pessoas. O tempo, às vezes, Camila, o teu também, camelo, leva-nos para longe até de quem está ao nosso lado. Outras vezes, traz-nos, junto com a distância, a vontade de ficar, ou de partir, só de jeito de não largar.

Há uma nova estação a começar...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Descobri o único sítio onde me entendem por estes dias...
Fui à farmácia. Pedi umas pastilhinhas docinhas (já que estou doente... é aproveitar) para a tosse, que, ai infeliz, tinha de ir mostrar provas e aquilo é empreitada que puxa pela voz.
E, então, calma e solidariamente, a doutora trouxe-me umas pastilhas. Daquelas que parecem rebuçados. E não tentou, nem por um minuto, convencer-me a embarcar em tomas várias de tamiflu, acompanhadas só de sorna e uns dias de molho!
Ainda há farmacêuticos como deve ser!
P.S. Já a minha empregada, embora diga que não lhe metem aflição nenhuma estes ataques de tosse, teve o meu quarto a arejar o dia todo!

domingo, 20 de setembro de 2009

Clic off

Convidar-me para a tourada!
Faltam 3 meses para uma grande data...


"... sejas pobre ou rico,
Tenhas bom ou mau humor,
Tu não és nada
sem amor..."

Piaf, pela voz de Sónia Lisboa

Agendamentos imperdíveis

La Traviata, de G. Verdi, pela Orquestra e Ópera Nacional da Moldávia, no dia 24 de Outubro, no TAGV.

O Quebra Nozes, de Tchaikovsky e Petipa, pelo Moscow Classical Ballet, no dia 22 de Novembro, no TAGV (ou no dia 29, no CAE).

P.S. Corro um certo risco de, mais uma vez, ir a estas coisas sozinha ou com alguém que só vai mesmo para me fazer o jeito... mas enfim...

Piaf

Não foi bom... foi inesquecível!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Coisas que não têm praticamente nada a ver... ou talvez tenham tido tudo...

Descobri que a mulher do Bob Marley se chamava Rita no dia em que, pela primeira vez em dois anos, vi uma matrícula ZS e não desatei a gritar "Zinto tantas Saudades"!

São Pedro,

não, não teve piada! Tenta não repetir, tão cedo, a gracinha!
Estou com febre e não paro de tossir. Obrigadinha por me teres deixado neste estado.
P.S. Não, não deve ser gripe daquela da primeira letra do abecedário!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Kikas

Eu tenho uma afilhada de seis anos (eu tenho afilhados para quase todas as idades, lembram-se?). É a kika minuin de quem já falei. A kika minuin entrou na escola dos grandes e ontem tinha de trabalhos de casa duas linhas de grafismos. Hoje telefonou-me para contar que se deitou tão de noite que os pontos estavam quase juntos (eram 11 da noite, segundo tradução oficial da mãe) e que não aguenta e não sabe se vai passar para a segunda classe.

Pessoínhas examinadas

A algumas, só me apetece bater-lhes... mas muito...
Noutros casos, gostava de ser mosca para os ouvir gritar aquele "yes" de quem cumpriu um dever bem cumprido...

Sábado


Eu vou!

Loira ou morena

Eu era loira. Muito quitoso depois, eu era meio-loira. Muitos anos mais adiante, eu continuava meio-loira. Mas apeteceu-me virar um tudo-nada-mais-para-o-loiro. E fiz madeixas. Anos.
Ora, mudanças de atitude exigem radicalismos estéticos. Há um mês, virei morena. Tal qualzinha sou. Mas... parece que uns certos intrusos me andam a povoar de neve tão aperaltada cabeleira.
Irritei-me com eles. Até me conquistarem. Dane-se!
A minha cabeleireira acha que estou outra vez a precisar de férias, fala comigo devagarinho e olha-me com alguma inquietação!

Clic off

Não conhecer outras flores além das rosas vermelhas.

P.S. Não gosto... Perdão por existir, mas não me animam :)

Eu

não estou muito boazinha. Deu-me para corrigir exames ao som do "Oceano Pacífico"...

Caloira

Entrei há 10 anos na faculdade. Tinha 17 anos e algumas conquistas para fazer. Desesperei em filas que agora me parecem mais pequenas. Cantei canções que já não se ouvem: "A ponte de Santa Clara tem 100 metros de largura....; ... e a melhor malta é a malta de Direito; Comprem, comprem, as meias da marca Baiona...". Há dez anos, conheci a Xana. Há dez anos, entrei na Capela de São Miguel sem ser como menina das alianças. Há dez anos, entrei numa casa onde vivi durante quatro anos e onde fiz amigos para a vida. Há dez anos, lembro-me bem, questionei-me se não devia ter ido, efectivamente, para Letras. E achei que não. Há dez anos, como acontece nos primeiros acordes de uma nova música, era tudo novo e abundante em certezas de "Agora é que é". Há dez anos ainda não tínhamos auditório. Há dez anos, ainda se estacionava no Largo da Via Latina. Há dez anos, os dois cedros lá de casa estavam mais bem tratados. Há dez anos ainda havia archeiros e eu achava, também por isso, que era uma privilegiada por estudar num sítio assim. Há dez anos, mais coisa ou menos, descobri alguns dos meus sítios preferidos: o bar de Arquitectura, o Quebra - costas e a varanda do Gil Vicente. Há dez anos, caramba, já foi há dez anos!

Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sometimes

Às vezes, sinto muita falta de certas coisas... mas depois lembro-me de outras e isso passa-me!

Clic off

Pensar que a Florbela Espanca era a minha professora da primária e o Antero de Quental o homem da loja onde eu ia comprar gomas.

MAD

Nos dias em que fico a trabalhar em casa, eu vejo um bocadinho de Goucha à hora de almoço (Quando andava na Faculdade, chegava a ver a Fátima Lopes para tentar endrominar o estudo nas vésperas das frequências!). Eu até simpatizo com o Goucha e a Cristina. E eles levam ao programa, de quando em vez, o Quintino. O Quintino, segundo me contaram, dá conselhos naquelas páginas cor de rosa da Maria (eu nunca vi... estou a vendê-la como a comprei!). O Quintino dedicou a sua prosa de hoje às MAD - Mulheres que Amam Demais. Ora, para o Quintino, a maturidade depende da capacidade de sermos os melhores companheiros de nós mesmos. E ninguém ama suficientemente bem enquanto não for capaz de estar sozinho. Porque só quando pudermos estar sozinhos é que seremos capazes de estar com outra pessoa.
Pois bem, Quintino do meu coração, eu até era menina para acreditar nisto até há uns tempos atrás. Esforcei-me anos a fio por desenvolver uma rica parceria comigo mesma e rendi-me à felicidade dos momentos de introspecção e silêncio que vivi comigo cada vez mais frequentemente. Eu, Quintino, carino, sentia-me preparada, mais que finalmente, para estar com outra pessoa. Não quis arriscar meninos nestas coisas e, como sempre, comprometi-me a estar atenta, mais que a procurar. E apaixonei-me. Irremediavelmente.
Porém, Quintino, a coisa não deu certo. E sabes, meu kiko, o moço parece-me o melhor exemplar de quem está muito bem consigo mesmo.
Por isso, tretas, amigo. Nós amamos saudavelmente quando amarmos tudo. Quando, sendo a melhor companhia de nós mesmos, estivermos dispostos a ser a melhor companhia de outra pessoa. Quando, vá-se lá saber porquê, nos parecer que tem mais sentido juntos que separados. Tudo, my dear, com muito coração e um tudo nada de razão. Se depois a coisa não correr como esperado, inevitalmente, havemos de penar como gente grande. Mas quem disse que viver era fácil?!
Daqui: http://vi.sualize.us/tag/wisdom/ (via Ver(de) Água)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Clic off inadiável

Não se oferecer para ir do lado de fora do passeio e não me deixar entrar à frente. (Li o "Guia da Rapariga de Hoje" quando tinha 14 anos e tento ainda hoje pô-lo em prática. Deixei cair a regra de nunca andar com um homem que me deixasse ir do lado do corrimão porque, como me mando facilmente por escadas abaixo, acho nisto mais sensato ser precavida do que lady.)

Wishlist


Pelos fracos e (c)o(m)primidos!

Depois de MFL ter dito que Sócrates é como o menino que mata o pai e a mãe para depois vir queixar-se que é órfão, Judite de Sousa diz que acha que ele emprenha pelos ouvidos.
Eu também não vou à bola com o senhor, nem que ele me pague o bilhete. Mas a minha parcela de alma de advogada de defesa, que nunca esmorece, pede-me que apele à moderação, numa de, sei lá, não bater mais no ceguinho.

Clic off

- Não conseguir conduzir com uma só mão. Já dizia a Xana... (É uma provocação para ver se começas a comentar-me. Lá seres juíza não tem nada a ver :)).

Também sei ser um pedacito reles.

Há uma coisa que sempre adorei fazer e, modéstia à parte, sempre fiz muito bem: praxar caloiras de saltos, que vão para a faculdade como se aquilo fosse uma festa. Hoje, quando entrei na Porta Férrea, senti mais uma vez uma certa pena por já ter feito o rasganço. É que talvez ainda passasse por quartanista e pudesse dar-lhes um pequeno ensino.

domingo, 13 de setembro de 2009

Ora então

vamos lá ganhar coragem... que é já amanhã que se trazem os exames de recurso para corrigir. Queridos alunos, pré-juristas do meu coração, espero que não tenham dito muitas asneiras. Fico um bocadinho enervada com elas. E tenho rezado muito para que se tenham dedicado a ler, nem que tenham sido sacos de farinha, para treinarem o português, criarem uma maior empatia com ele e não tentarem assassiná-lo tão frequentemente.
Obrigadinha.
A professora gosta muito de vocês, tá?!
Daqui: http://icanread.tumblr.com/

Verdades e assim-assim

Ando com tanta vontade de correr atrás da felicidade que até tenho medo de me espetar contra alguma coisa!

Pessoas

É independente. Corre riscos. Pode partir sozinha para qualquer lado. Ela tem amigos homens. E dá-lhes abraços e beijinhos. Ela também tem amigas mulheres. E também lhes dá abraços e beijinhos. Ela pode chorar noites inteiras e aparecer sorridente para uma reunião da manhã. Ela pensa. E tenta existir. Ela lê, escreve, ouve música, vai ao cinema e pela-se por uma boa peça de teatro. Ela tem manias e é dada a algumas tescarias. Ela pode deprimir se não conseguir comprar uns sapatos, mas faz selecção de roupa para enviar para África. Ela não dá gorjeta, mas paga o lanche aos miúdos que lhe peçam esmola. Ela gosta de se ver de saltos, mas dá-lhe mais jeito andar de chinelos quando está em casa. Ela acorda algumas vezes triste e só ata o cabelo. Às vezes, acorda feliz e marca hora na cabeleireira. Ela consegue falar caro com o chefe e fazer castelos de areia na praia. Ela stressa com vernizes lascados, mas pode andar com as unhas por pintar. Ela vai ao spa, mas às vezes só limpa a casa. Ela faz doces elaborados e gosta, mas também cede ao cansaço e às refeições de combate que são as taças de cereais. Ela gosta de decoração, de coisas clean, mas é incapaz de se desfazer do banco que o avô lhe deu quando era pequena. Ela lava, uma vez por ano, a roupa das bonecas que apanham mais pó, porque gostava que as filhas as tivessem num quarto de brinquedos. Ela cai muitas vezes, torce pés e esmurra joelhos. Até hoje, tem-se levantado. Ela tenta melhorar. Ela é um bocadinho emancipada. Ela também pode ser muito insegura. Ela tenta suportar os nãos da vida e preocupa-se em não se amargar com eles. Pelo contrário. Ela sonha muito. Às vezes, acordada. Ela canta enquanto conduz. Ela é uma princesa dos nossos dias. Tudo, ah, tudo, para se recolher em formato de concha quando lhe parece que... que, se calhar, não vai dar certo. E acredita com muita força, para ver se dá. E, às vezes, paciência. Até lhe sobrar um fio secreto de uma esperança nascida bem dentro do peito de que há coisas que não nos acontecem... para nos poderem acontecer outras melhores!

Sou um bocadinho tia disto...

Lei 103/2009, de 11 de Setembro

Não fosse dar-se o caso de meia dúzia de iluminados, um bocado limitados em matéria jurídica, terem decidido dar um ar de sua graça à última da hora, isto até estava, modéstia à parte, uma lei muito bem feitinha.

Caridade


Alguém explique à miúda que, calada, pode ser que não abale tanto a figura.

É que era uma caridade!

Arrivo

As minhas costas apitam. São mesmo elas. Porque ala com o cinto, fora o relógio, adeus tudinho. Uma camisola de algodão. Oops... ai, se calhar apita o fecho do soutien. Tentativa francófona de explicar que sou pessoa que costuma usar interiores. Mas não. As minhas costas é que apitam. Juntar a isto escalas de quarto de hora, corridas entre terminais como se fosse a concurso com o Carlos Lopes e insultos ditados para dentro na hora de dar o apagão ao ecrã que informa sobre a porta.
Tem calma, R. Maria. Tu és uma pessoa ponderada. Tu sabes que não te vai acontecer nada. Tu podes jurar que não andas a traficar plantas secas entre os rins e o baço e és menina para explicar às mal-encaradas que apitas porque o homem do detector está mortinho para te ver a passar novamente.
Chegámos bem, pois foi... e isso é que conta. Consegnamos um Panda branco que nos havia de guardar os medos pelas terras ermas da Toscana. Bora lá para o sítio, que por hoje chega de emoções. Olha... é esta saída. E agora, esquerda ou direita? G., não sei, meu bom rapaz. E és tu que levas o carro. No fundo, eu descarto-me de qualquer responsabilidade. Embora aponte para a esquerda. Eu também. Oh cum caraças que estamos a voltar para trás e não dá para inverter (vamos agora considerar, porém, que ao segundo dia já tudo será permitido naquelas estradas... não falhando a bela da multa por pagar, nem nada). Janta numa piazza de Firenze. Noite piccola a espreitar a Ponte Vechio.

Dormia-se bem, naquela cama. Mas pouco. Ai que medo. Ligo a tv e, de dois em dois minutos, perguntam se não quero ver um filme para adultos. Não, senhores, que sou moça recatada. Fora de casa, mas de cabeça assente, que me recomendaram juizinho.
Os maiorais lá do sítio rendidos ao calção e à havaiana, trocadinhos com os nomes resumidos a R. e Max e Tea... que parece que fomos todos da mesma sala na pré. E eu a abanar a cabeça. Olha o tempo que a gente perdia se isto se fizesse lá no nosso auditório. Ainda agora íamos na introdução dos títulos do professor doutor, distinto, magnânimo e espectacular...
Ar rufia com a entrada da pessoa. Mais nova, junto com os demais dois cá da nação, mas a mais nova ainda assim, pareceu-me arrancar suspiros de pena acompanhados de teorias sobre o que pode tamanha piquena saber de criancinhas!
Viagens a muitos lugares não esquecidos. Reconhecimento de novos caminhos. Comeu-se bem. Provou-se a amizade tamanha de quem cede a uma triste que não arrisca para lá do sumo de laranja espremido da fruta.
(Sou perita em abandalhar o glamour. Imagino o tipo rendido a como ela é tão... ai sei lá... Ora vamos lá marcar um queijos e vinhos e pode ser que venha de salto agulha e maquilhagem provocante. Trim. A porta a abrir. Sorriso largo, do baixo do metro e cinquenta e pouco, sapatinho de rés do chão, carinha lavada e hidratada com o único creme que não faz alergia. No auge da loucura, vá... um baton de brilho, que o homem merece. E depois, é não esmorecer. Era tirar-lhe o casaco. Qual tiras!? Em Agosto, durmo de meias! Se me tiras o casaco, perdes hipóteses! Ora então escolhi este tinto frutado, cor de não sei quê e da casta não sei das quantas, vais adorar. Pois, mas para mim era um sumo de laranja natural, espremido da fruta. Não é natural de sem gelo, é mesmo natural da laranja. Se não tiveres, não faz mal, bebo água. Queijos? Gosto pouco. Mas se tiveres pão, manteiga e um micro-ondas já me desenrasco. Para rematar, qualquer coisa como "nadar, nadar, até nado, mas não gosto da parte funda das piscinas. E não mergulho, porque imagino que vou bater com a cabeça". Tentativas seguidas de me por a andar já a passarem-me pela cabeça, com tendência para me culpabilizar por não ter treinado qualquer coisa sobre os vinhos da região ou ter arranjado uma gripe para suportar o queijo da serra sem o arredar discretamente. E, nisto, nada. Ora, então, vou andando. Não vou tirar mais tempo à criatura. Já se viu que não está é com imaginação para a tirada. E, nisto, fica. E pronto... levava-me ao altar. Que na Toscana estávamos entre amigos e já me custou não acompanhar o G. nas demoradas escolhas de cada acessório de comida. Mas ele é meu amigo, gosta de mim e... pronto... não tem de me gramar todos os dias. Já uma coisa assim para os sete dias da semana, escapadinhas ao Douro ou viagens ao estrangeiro, com tendência para soltar a franga noite dentro à beira mar ou no cimo de uma montanha com suspiros regados a flutes, só mesmo com amor é que resiste assente em palavrinhas kikas e festinhas de cabelo enquanto, um pedacito aproveitadora, questiono se não dá para me trazer um chazinho de camomila e uma mantinha, que me estão a começar a dar dores nos tornozelos.)
Enterrou-se e desenterrou-se gente. Falou-se de tudo. Somos, indiscutivelmente, uns palradores de marca. Mais uma vez, um jeitaço nestas coisas de ter um amigo gajo. Porque põe logo as coisas preto no branco e aponta logo os dois caminhos possíveis. E não fala mansinho. Diz mesmo que isto da vida é coisa para se viver só com quem merece muito. Tudo escrutinadinho. Que também sou, modéstia à parte, menina para dar um arzinho da minha graça quando chega a hora do consultório sentimental.
O stress, o horror, o macarrónico inglês treinado exaustivamente com expressões tão complexas como "water" e "please". Estreiazíssima internacional. E pronto. Não fiquei traumatizada. Mas apetece-me mais experimentar noutra língua.
Por falar em língua, desenferrujadinha que a trago na mais bela do mundo, o italiano. Ma come! E doppo... troppo...

Comprinhas à Firenze, logo na rua giusto vicina à Ponte Vechio. E tuditudi e mais dois presentes de natal. (Sim, C. e P., os vossos vieram de lá!) Loja dada à finesse, com uma dona que não sabia mais o que me havia de fazer. E eu... dada à boa vida. E o G. a opinar sobre cores e tamanhos e feitios e se dá com tudo e se não desmaia na pele e pronto... um verdadeiro assessor de compras!
Fotos à carrada. G. de passo em passo a gritar "vou tirar-te uma de costas para pores no blog". E, portanto, em grande parte, do que há registo é da parte de mim que apita! E viagens um tanto loucas. E muitos quilómetros em poucas horas. E pendura exemplar. E um jantar de gala a que chegámos atrasados. (Mas, à custa de me ter ido desculpar com a organização, tive de ouvir o G. choramingar a sua sorte por se fazer acompanhar de uma croma! Custava-me chegar atrasada, alapar e assobiar, só isso!)
Entretanto, insultos de queque para baixo. Porque os brincos chocalham, porque a carteira é cor de rosa, porque estava numa de me chatear.
Aventuras:
1) "Ai então vem de Portugal. Ah, que interessante. Vai falar em inglês, certo? Sim, é a língua da conferência. Ai ainda bem, que não sei falar e nem sequer percebo espanhol!" (vezes dois... sim... isto foi-me dito duas vezes)
2) Entornei uma chávena de café por cima, nada mais nada menos, que de uma juíza de carreira australiana que era assim tipo das mais importantes figuras lá do evento.
3) Passei uma viagem de elevador, do 5.º andar ao 0, com um inglês a elogiar o meu verniz dos pés!

E mais? Há gente com muita pinta por aquelas bandas. Mas... descoberta que ficará para todo o sempre: uma mulher, por mais elegante que se apresente, perde toda a sua beleza se se tiver esquecido de hidratar os pés, maxime, os calcanhares. Ficam a parecer, tipo, de Aquiles!
E voltar a casa. E muita vontade de umas quantas coisas. Ideias para o doutoramento. Tema em esboço...
À chegada, depois do acagaçamento de mais uma viagem de avião em que apertamos tanto as mãos que ficamos sem circulação sanguínea até aos cotovelos, um sinal. E foi vê-lo acender. E sorrir. E ficar por aí. Porque a vida, ah pois é, é para ser vivida só com quem vale muito a pena. Sobretudo, naquela parte de viver os sete dias da semana, os meses todos, os anos até nos finarmos. Sobretudo, naqueles momentos em que não deve ser preciso dizer nada com a boca, ocupada com outras vidas (a maluca). Sobretudo, quando for para dizer "Amo-te" bastas vezes!

sábado, 5 de setembro de 2009

Amiguinhos,
finalmente desvenda-se o mistério (têm andado com insónias para descobrir a solução, certo?) e fica a saber-se que a je vai uma semaninha até Florença. Mais especificamente, até ao Prato, que é como quem diz até uma terra perdida no meio da Toscana, com castelos e palácios e prados a perder de vista e um rio e massas e gente que fala italiano (até me emociono quando penso nisto!). A je sou eu. Ou melhor, io sono la je! Parto pela fresquinha, faço uma pequena escala a Parigi... o de França, esse mesmo... e prossigo até Firenze, numa tentativa certamente bem sucedida de meter um bocadinho de nojo. Fico por lá uma semana, numa conferência internacional que, por sorte, há-de acabar com o sol ainda alto todos os dias, a tempo de io laurear um tudo nada a pevide junto com o meu parceiro de fobia a aviões. Depois, lá por volta de quinta-feira, havemos de tentar convencer aquela gente que temos alguma coisa para lhes ensinar e, atendendo ao macarrónico inglês em que proferiremos a apresentação, seremos aplaudidos de pé, sobrando o medo que continuemos a falar por mais tempo. Já pertinho do fine settimana lá de adiante, retornamos in dietro e voltamos à Santa Terra, que nos há-de acolher com os louros que calham aos que se metem nisto. Com sorte, e algum jeito, ainda trazemos uns ímans para os frigoríficos dos amigos e chefes, justificando assim a aposta que fizeram em nós. E tentaremos ser felizes, arrastando mais esta memória do que podia ser. Mas parece que não se arranja disto sempre. Ora, então parece que é isto. Fiquem benzinho e façam muitas compras. Corre por aí o boato que o que vai estar na moda este natal é oferecer uma linda tese de mestrado que saiu ontem. É de penal, um tema que qualquer cidadão que se preze deve saber introduzir nas mais familiares conversas de café. Fala de sexualidade, mas não arrasa com ninguém, porque nem cita nomes, nem os da reforma (vá, só um ou outro). É linda, elegante, com um porte de princesa, num tom da moda. Portanto, (des)larguem lá as bijuterias, as velas, os chocolatinhos, os cd's e os trapinhos e rendam-se a dar disto aos amigos. Obrigadinha e até para a semana!

Dolorosa criatura, a própria :)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Pequena introdução para uma grande boa notícia

Fica a faltar-me ter um filho e plantar uma árvore que vingue!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Do que mete medo ao susto - VII

Eu tenho um colega, daqueles colegas de faculdade, que permanece colega de faculdade, que usa fato desde a tarde do dia em que, pela manhã, soube que era licenciado em direito, que deve passar mais horas a pentear-se que eu, que deixa rasto de perfume no corredor, que nunca repete uma gravata, que quer parecer pai dos da sua idade, que no outro dia estava a falar comigo, pediu-me licença, atendeu o telemóvel, e disse "tô, môrzito".

Ai, oh pá...


...o homem tá possuído!
P.S. Eu sei que ela, nesta foto, também parece possuída. Mas ela, se calhar, só parece. Já ele...

De surdos

- Ora então e isto seria no montante y, para aquisição, para habitação permanente, certo?
- Exactamente.
- Ora disse-me que tem apenas 27 anos, certo?
- Sim.
- Ora então falta a profissão, rendimentos auferidos...
- Sou jurista. Os rendimentos, na sua maioria, advêm de uma bolsa como investigadora.
- Ah. Investigadora?
- Tal como lhe disse.
- E mais?
- Bem... mais nada. Começo um doutoramento no próximo mês. Acho que é isso. O que faço, é isso.
- Pois. Está na moda. Às vezes leio que está na moda ser investigador.
- Pois, não sei. Não escolhi a profissão de acordo com a moda.
- Pronto... olhe, então... eu vou fazer-lhe aqui esta simulação. É uma coisa que... pronto... enfim... serve mesmo só para ficar com uma ideia. Ora então...
(silêncio)
(Mais silêncio)
- Desculpe, posso tentar incluir uns rendimentos superiores. Faz teses e publica artigos, não é?
- Tese, por acaso, está para sair.
- Ah, pronto... Então vamos pôr aqui o valor x. 000.000.000.000,00. Sei lá, de prémios.
- Sim... pode ser. Prometo continuar religiosamente a jogar no Euromilhões.

Foi assim, de surdos, a nossa conversa.

Óóóóólhááá pista fresquinha


Ora estou ainda com vestígios da passada e já me surge nova erupção. Desta feita na dobra do bracinho, ali nas traseiras do cotovelo. E vocês perguntam: "Ah... então porquê?" E eu sou obrigada a responder, cantarolando: "Olhem, porque... porque... porque sim...".

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sou amiguinha a dar pistas...

Prato é uma comuna italiana da região da Toscana, província de Prato, com cerca de 170.388 habitantes. Estende-se por uma área de 97 km2, tendo uma densidade populacional de 1757 hab/km2. Faz fronteira com Agliana (PT), Calenzano (FI), Campi Bisenzio (FI), Carmignano, Montemurlo, Poggio a Caiano, Quarrata (PT), Vaiano (PO).

Maroscas

Se eu disser que ando a trocar sms com a minha Federica e a minha Sonia vocês começam a desconfiar de alguma coisa?!

Regras básicas de sobrevivência

1- Não atender o telefone ao fim de semana.
É uma regra. Como todas as regras, admite excepções. Mas só as muito excepcionais. Levou tempo a adoptar. Custou-me anos de desequilíbrio auricular e desarmonia interior. Levou-me brilho de muitos projectos. Até ler um livro chamado "O movimento slow". Se houve regra que adoptei, foi esta. Meia regra, vá. Porque eu não atender o telefone ao fim de semana não quer dizer que eu não trabalhe nesse período. Eu posso trabalhar arduamente durante aquelas 48 horas, fazer semi-directas e chegar a ter olheiras até ao umbigo. Mas sem atender o telefone. Porque eu preciso de ter um tempo em que só ponho em ordem o que já está, em que só como que despacho serviço, ou, simplesmente, em que desligo. E quando eu digo que não atendo, eu não atendo mesmo. Não é que eu não atenda ao A, ou ao B, ou ao C. Eu, simplesmente, não quero atender. Pode ser?! Fazem a gentileza?! Têm todos os outros cinco dias para me falar. Naqueles dois, por favor. As excepções acontecem quando há uma actividade laboral também ela excepcional num determinado fim de semana. Ou, lá está, nos telefonemas que são puro e duro prazer. Lazer traduzido em orelhinhas a fumegar. Falinhas mansas de vozinhas que chegam bem perto do coração. Amigos entrados dentro da minha vida sem espaço a ses. Antigos ou recentes, mas intensos no "ai que se está tão bem aqui". Não podem ser conhecidos. Não basta que sejam colegas. Ai de mim se me chegasse para isto serem chefias. Não vale a pena amuarem. É uma regra. É a minha regra. Para o bem e para o mal, eu levo disto atrás. E, se não for para respeitar, estou sempre a tempo de dizer "então, lamento, mas é nada. Porque tudo, tudo, pessoa, está fora de questão." Já não vou a tempo de mudar o Mundo, mas está para vir ao Mundo quem, nisto, me faça mudar a mim! Mudo, sempre! Só não muda quem não vive! Mas tento mudar só no que vale a pena!

Verdades e assim-assim

Acabo de fazer a minha lista de presentes de Natal.

Private


Sou versátil. Não sei é se me orgulho muito disso.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

24 de Julho


Hoje passei na "Para sempre Avenida 24 de Julho" e olhei para o "Edifício valha-me Deus". Doeu-me a barriga. Mesmo a sério. Mas também pode ser dos doces!

Actualização permanente

Precisei comprar um presente na loja dos presentes de casamento de há tempos. A funcionária é a mesma. Cheguei disfarçada. Até pintei o cabelo. Pus o primeiro pé no terreno minado e respirei de alívio pelo silêncio. Pus o segundo e foi vê-la erguer-se por detrás do balcão para me mostrar a fruteira nova com tons de rosa e a jarra com um desenho abstracto. Ambas a minha cara. Recebeu a encomenda e pensou: "isto vai para a lista daquela menina".
Pensei desfazer-lhe o castelo, mas fiquei-me por tentar trocar de príncipe.

Prontuário alérgico

Perguntam os ilustres leitores do blog, ou seja, a meia dúzia de amigos que não gostavam de me ver esmorecer na iniciativa, para que raio criei eu a nova "rubrica" "prontuário alérgico". Perguntem lá! Pronto... eu respondo. Kikos amores da vida, pois que quando parece que a vossa R. já domina tudo quanto é matéria a que pode eventualmente, num dia mais irritadiço, fazer alergia, eis que a lista dos seus potenciais inimigos aumenta. Sem que nada, repito, nada, o fizesse prever, ele é ver a vossa R. com uma urticária danada e borbulhas de água nos sítios mais inimagináveis. Lembram-se que a pessoa foi a Londres, não lembram? E que deu largas à imaginação em matéria de compras, certo? E que ali para os lados do Covent Garden a criatura já em tempos se havia perdido? E que por lá andam pintores de rua mas também uns artesãos de tudo? Ora, a pessoa adquiriu, dentre o vasto leque de quinquilharia que lhe chocalhou à consciência, uma rica pulseirinha. Muito catita, com uns ladrilhos e florinhas incrustadas ao melhor género princesa... Linda. Usei-a umas três vezes. A última das quais, ontem. Hoje tenho o braço com a pulseira desenhada em formato de inchaço e vermelhões. Pondero uma redoma!

Beijo

Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!

Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!

Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!

Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!

*

Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!

Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!

Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!

Guardo segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois...

*

Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!

Três é a conta
Certinho, e justa...
Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
Três!

Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
Três.

As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são... quantas?
Três!

João de Deus, in 'Campo de Flores'

Dolorosa criatura - o prelo


A obra da pessoa (coisa mai linda do mundo das publicações jurídicas) já aparece no site da kika Editora com a indicação "no prelo" :)