sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pequena R. e o mico

Está sempre a acontecer-me. Hoje foi nas bombas de gasolina. Na fila de espera. A pessoa olha para trás, dá de caras comigo, faz-me uma festa, sai da fila, vem direitinha a mim, agarra-me nos ombros, dá-me dois beijos, pergunta-me sobre coisas da minha vida, fala, fala, fala, ri, ri, ri... e eu... não sei quem é. Ou melhor, sei que já vi aquela cara, mas não consigo situá-la em lado nenhum por onde passei. Pergunto se está tudo bem, respondo e sorrio. Não pergunto por família porque não sei se tem família, nem pelo trabalho porque não sei se tem trabalho, nem pelo tempo, porque não sei se não é de outra cidade e não está só de passagem. Hoje foi assim. Acenei, ri e... puxei pela cabeça. E nada. Depois a pessoa disse que estava a fazer um internamento compulsivo e que estava a correr bem e eu fiz a piada básica de que o internado é que não devia achar o mesmo. E no meio de toda a informação, ACHO que lá consegui, tirando umas pelas outras, no fim da conversa, ficar com ideia de onde a conheço. Juntei as seguintes pistas: Porto, concurso não aberto e agregação. Tenho para mim que isto deve chegar para saber que foi minha aluna e que voltámos a encontrar-nos no Porto, num determinado curso de Preparação para um concurso que não abriu e que levou muita gente a adiar um sonho para prosseguir com uma outra carreira, da qual consta uma fase de agregação. Lá, fazem-se internamentos compulsivos. Bate tudo certo. A pessoa era simpática. Tive pena da minha figura. Mas é o mico diário a que não posso furtar-me. E é isto.

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