sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Há dias assim

No TAGV, em Coimbra, bem assim como nas demais Universidades Públicas Portuguesas, ao meio dia em ponto, em uníssono, disse-se "Basta!". Corremos o risco (sério, iminente) de fechar portas, de não haver maneira de continuarmos, de suspendermos a actividade, como se a actividade de uma universidade pudesse ser suspensa. Enquanto trocava impressões com amigos e colegas, lembrei-me do aluno que me procurou no início da semana. Foi um aluno destacado na pauta não só na minha cadeira, mas em todas até agora. Está no último ano. É bolseiro e... está sem bolsa. Por imperativos burocráticos absurdos, está sem bolsa. Tem sido recambiado de serviço para serviço, pago taxas e selos e... continua sem bolsa. Mexi-me... mas continuo a achar que também eu estou a ser recambiada de serviço em serviço... e que o meu aluno continuará sem bolsa.  Não há primeira aula em que não faça um discurso de metro sobre a importância de partilharem apontamentos com os colegas que não podem ir às aulas porque, por exemplo, têm de trabalhar para pagar propinas. No TAGV e por aí fora disse-se "Basta!". Foi, apesar de tudo, um "Basta!" geral e abstracto e não há o que chegue a ouvirem-se as histórias particulares, as minudências de cada "Basta!" individualmente urgente. Que desalento. Uma pessoa não quer baixar os braços, que não quer. Mas custa. Custa ver tanta urgência por cumprir. Hoje é notícia, do país do lado, a terceira morte decorrente de acções de despejo. E pergunto-me quantas mais serão necessárias?! Sou a pessoa mais crítica que conheço à ideia de que a casa é um direito constitucional e que o Estado tem de o garantir (ouvi esta no outro dia). Dá-me ganas de gritar quando vejo quem não faz nada porque não quer sentado em mesas de cafés a reclamar casas. Mas isto... isto vai contra tudo o que se evoluiu na redefinição das prioridades de tutela do direito. Urge que se reponha a pessoa no lugar que merece, que se desterre o resto para um plano secundário que não desprestigia as Nações... bem pelo contrário.  Valha-me a Mercedes para banda sonora. 

3 comentários:

  1. Esperemos que este Basta que hoje foi dito sirva para alguma coisa!

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  2. Também espero que o Basta hoje afirmado seja convicto e permita alterar o rumo dos acontecimentos ... de todos os que estávamos no TAGV, dos que já não conseguiram entrar e dos que não puderam ir ... porque Basta mesmo!

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    1. Agora é esperar para ver... Mas, honestamente, não sei se é desta...

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