Sempre achei que as histórias mais bonitas são aquelas em que as pessoas crescem juntas, amadurecem juntas, descobrem o mundo e se descobrem juntas. Histórias que começam lá muito atrás, na infância ou nos primeiros acordes da adolescência. Talvez fruto das histórias que conheci primeiro, a dos meus pais e da minha avó R. e do meu avô D.. Depois, mais crescida, angustiava-me não ter começado uma história dessa maneira, não terem vingado as que despertaram, ter-me passado o tempo de deixar nascer uma história dessas mais bonitas. E aquilo, não doendo, deixava pena. Conheço ainda outra história assim, uma história em que quase tudo se fez pela primeira vez já junto. E a admiração pela amena certeza conjugada com a perspicácia de manter viva a chama, seja lá isso o que for, fazia-me, simultaneamente, redescobrir aquela velha sensação de "saber a pouco" quando as histórias começavam de outra maneira. Pior, por perceber que a minha, a começar, seria, necessariamente, por imperativos evidentes, de outra maneira. Até que uma história dessas deu lugar a um vazio imenso no lugar do coração e no tempo da vida de uma das minhas melhores amigas. A minha memória romântica das coisas perfeitas que não devem deixar-se escapar foi o impulso de que precisei para, na véspera do casamento dela com alguém a quem a vida a tinha apresentado quando tudo parecia irremediavelmente perdido, lhe perguntar se tinha a certeza. Mais. Para lhe dizer que, não tendo, eu ficaria do lado dela se desistisse. Não desistiu. E provou-me, pela primeira vez, nesse dia e em todos os outros depois desse até hoje, que não há maneiras certas de começar a nossa história mais bonita.
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