segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mano minuin

Vinte anos. 
Não há palavras. Ainda me cheira a bebé, ainda me parece todo mais quentinho e de pele mais mimosa que toda a outra gente do mundo. O mano minuin continua a deixar que lhe faça muitos mimos no cabelo e lhe dê beijinhos repenicados e incessantes nas bochechas e nas mãos. Dá os melhores abraços do mundo e eu não percebo bem porquê. Achava que os dele eram os melhores abraços do mundo quando os bracitos pequeninos ficavam só à volta do meu pescoço e o corpo inteiro não o fazia ser maior que pouco mais de meio metro. E continuo a achar que os abraços dele são os melhores do mundo, agora que tem uns trinta centímetros a mais que eu e com os braços me leva toda para juntinho dele, enquanto garante, uma e outra vez, que não é mito, que gosta mesmo de mim. O mano tem umas pestanas tão longas que dorme como com janelas corridas pela cara toda abaixo. Põe as duas mãos debaixo do rosto e já ressona um bocadinho. Acorda cheio de ser meloso e é essa a hora do dia em que, apanhado distraído, mais conseguimos que nos fique ali a respirar juntinho e a fazer confidências, uma qualquer reminiscência do bebé que já não é. Tem ataques de mau feitio, bate mal de quando em vez e padece do enorme defeito de lhe custar a admitir que não tem razão. Acho que se chama ser teimoso. Mas é capaz dos gestos inusitados mais comoventes, como não dormir para ajudar o pai, ir com a mãe à missa porque lhe custa conduzir ou continuar, vinte anos volvidos, a não ter outra qualquer palavra para se dirigir a mim que não seja mana. Não podia a vida ter-me dado felicidade mais suprema que a de ouvir, anos a fio, assim se permita que seja para sempre, a palavra tão preciosa mana dita pela minha pessoa preferida de todo o mundo. E é isto. Está de parabéns, o mano.

3 comentários:

  1. Lindo! :)
    Parabéns pela data em que entraram uns na vida dos outros e se tornaram imensamente mais ricos!

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  2. Bonitas palavras. Parabéns pela data e por tudo o resto :) Um beijinho R.

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