quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Arte da Alegria, pp. 526-527

"Agora percebo, aprendi muitas coisas na vida, mas nunca a prevenir o amor... Pode-se prevenir a inteligência dos outros, os acontecimentos históricos, até o destino - admito, até o destino - mas nunca o amor! E se... não me dizia, como podia eu saber que a indiferença que julgava sentir por aquele homem, a distracção... mais não eram do que tentativas de fuga daquele compromisso misterioso que sempre incute receio...
Mas agora que descobrimos, se quiseres, podemos seguir caminho juntos por algum tempo. Há muitos anos que estou sozinho, e andar pelo mundo sozinho cansa. Queres vir comigo?
E foi assim que a vida, com um gesto simples... me ofereceu o presente mais bonito que uma mente infantil alguma vez podia imaginar. E daquele homem... descobri dia após dia, ano após ano uma riqueza de experiências e de conhecimentos que só um corpo adulto pode ter. Com ele aprendi a arte, que ainda desconhecia, de entrar e sair da... terra, de a esquecer pontualmente, viajando por continentes e oceanos diferentes... Para não falar das nossas tardes e noites. Quem me dera poder detê-las! O estarmos sozinhos, mãos nas mãos, olhos nos olhos, a contar um ao outro impressões, intuições, palavras. Não, não se pode comunicar a ninguém esta alegria cheia de excitação vital de desafiar o tempo a dois, de se ser companheiros a dilatá-lo, vivendo-o o mais intensamente possível..."

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