O silêncio é, definitivamente, das melhores coisas que pode haver. Também pode ser das piores, mas essa sua faceta está mais batida. Do que vos falo é de como o silêncio pode ser a melhor companhia de uma pessoa. Acredito que nem todos apreciem o som do nada, mas... paciência. Falo do som do nada interrompido por uma onda que rebenta, um vento norte e um preguiçar muito lento de quem não está para nada. Dias desse apetecer são dias bem diferentes dos dias de pensar na vida. Quando me ponho a pensar na vida, normalmente fico em casa, sozinha, sentada no chão ou no sofá, com as pernas à chinês. E depois falo alto, para ouvir as minhas próprias conclusões e ver se assim, faladas, repetidas, audíveis, fazem sentido. Às vezes, chego a escrever, a decompor em tópicos os must dos dias, meses ou anos vindouros. E, nos balanços, choro muito e rio muito. Mas sozinha. E em casa. Sossegada. Houve noites em que decidi dançar e dancei. Outras em que decidi acabar com a embalagem de gelado do congelador e... acabei (quando me empenho numa tarefa, sou assim!). Lembro-me de já me ter enroscado numa manta, à varanda, com um café forte e quente a fumegar de uma chávena e um cd de instrumental a soar. As letras não me deixam pensar na vida. Distraio-me. Tenho pena, mas acontece. Isto tudo... para pensar na vida. Coisa toda muito diversa de querer silêncio. Nada mais que isso. Pensar na vida faz barulho. Ideias a buzinarem e a ultrapassarem-se umas às outras dentro da cabeça. O silêncio não se dá com essas andanças. Quer-se só. Numa calmaria que só dá gozo a meia dúzia. E a mim... que há dias em que não há nadinha melhor que não pensar em nada.
Hoje fui à praia. Sim, tenho pontos e não ando ainda fresca e fofa. Mas o médico deixou. Meia hora para chegar ao chapéu, posição variável entre deitada e sentada e a perna bem tapadinha, para proteger do sol. Um factor 50 em toda eu. Gracinha de trocar o chapéu da cabeça por um lenço e logo umas audazes manchinhas rosadas no delicado nariz. Portanto, resto do dia com R. em versão portadora de sombra... a olhar para o mar... e para o céu. E caladinha. Só assim, sem pensar em nada. Com um livro no colo, que, ora lia, ora me servia de almofada (é grande, diga-se). Caladinha. Sem pensar. Só a ouvir os sons do mundo e a coá-los com o meu silêncio.
Como te compreendo... ;) muito mesmo.
ResponderEliminarby the way, essa foto não é para os lados da figueira da foz pois não?
Sabes... passei por aqui outra vez, desta feita, Eu!
ResponderEliminarSempre que vejo essa foto e me lembro do teu silêncio tenho vontade de te recomendar isto: http://www.myspace.com/mitsuyoshimatsuda
é uma espécie de música de silêncios, embora a música que gosto mais não está aí nem encontro online (se quiseres posso enviar...). Gosto de ouvir quando quero silêncio dentro de mim... fecho os olhos e sinto-me adormecer!
Contudo a probabilidade de gostares é pequena... fica o risco!
R.,
ResponderEliminarBy the way... um pedacito mais para norte :)
Gostava muito que me dissesses o porquê do "Eu"... Não te bastava ser Rambaldini? :)
Entretanto... és fraquinho em probabilidades... Não conhecia a "música dos silêncios" e adorei. É mesmo isto :)
Obrigada!