sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ao António Feio*

De que me rio eu?... Eu rio horas e horas
só para me esquecer, para me não sentir.
Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras;
passo a vida febril inquietantemente a rir.

Eu rio porque tenho medo, um terror vago
de me sentir a sós e de me interrogar;
rio para não ouvir a voz do mau presságio
nem a das coisas mudas a chorar.

Rio para não ouvir a voz que grita dentro de mim
o mistério de tudo o que me cerca
e a dor de não saber porque vivo assim.

António Patrício


* Porque o vi, o aplaudi, me ri muito com ele e me apaixonei pelo humor descomplexado com que desenhava cada pinta de cada i da história deste país... muito antes do seu pâncreas o ter tornado herói. Só por isso.

Sem comentários:

Enviar um comentário