terça-feira, 31 de março de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
Poema do amigo aprendiz
Quero ser o teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Fernando Pessoa
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Fernando Pessoa
domingo, 29 de março de 2009
sábado, 28 de março de 2009
Já agora
Tendo uma tese para defender, aconselho-vos a P., a J. e o Z.!
A primeira deve ter percebido a minha cara de pânico e não me regateou sorrisos e piscadelas de olho, mais ou menos como que a dizer "estamos nisto juntas, minha kika candidata". A asa foi tão querida desde a primeira hora, tão atenta, com um olhar tão posto em mim nas frames em que mais precisei que me olhassem nos olhos para continuar, que está no top das preferências. Ele, igual a si próprio, acabou a chamar-me menina!
A primeira deve ter percebido a minha cara de pânico e não me regateou sorrisos e piscadelas de olho, mais ou menos como que a dizer "estamos nisto juntas, minha kika candidata". A asa foi tão querida desde a primeira hora, tão atenta, com um olhar tão posto em mim nas frames em que mais precisei que me olhassem nos olhos para continuar, que está no top das preferências. Ele, igual a si próprio, acabou a chamar-me menina!
Mestre
Parece que sou mestre. E parece que sou muito boa :)
Começamos por desejar, do mais fundo da nossa alma, que alguém nos tire dali. Mas há um momento, não sei dizer bem qual, em que passamos a estar inteiros naquele papel, a assumi-lo, a tomar-lhe as rédeas a gosto. Há um momento, esse que não sei dizer bem qual, em que começamos a respirar, depois de um ou dois suspiros a desamparar o medo. Daí em diante, somos protagonistas e ninguém nos rouba a vontade dos aplausos. Quando a peça finda, é verdade que nos assaltam novamente muitas dúvidas, mas não se perde nunca mais a vontade de receber os aplausos. São dúvidas diferentes. Já não queremos que nos tirem dali. Queremos ficar até ao fim. Ver, para crer! E quando nos chamam sorrateiramente e nos vão dando às pinguinhas as boas notícias, tecidas de muitos adjectivos e a cheirarem a umas quantas flores, quase nos sentimos em casa! Ontem foi assim. E foi o péssimo e o óptimo no mesmo dia. Ontem senti-a como um filho, pelo menos nas dores do parto. Mas não nego que já não há costura que nos possa ferir diante da imensidão de alívio e alegria que parimos.
Apesar de tudo, disse-o na véspera, não é ser ou não mestre que me deixa mais feliz, embora acredite que estaria hoje menos contente se não tivesse vivido o dia de ontem. Mas o que conta é quem lá esteve, mesmo lá não estando. Quem me arrecadou nas teias de uma amizade que me deixa quebrada e nunca duvida que vai correr bem. Por isso, o dia de ontem foi perfeito por acabar com amigos. Daqueles eleitos para melhores e que existem para concretizar sonhos: porque tive uma festa surpresa, porque tive um magnífico ramo de túlipas brancas, porque tive outro todo feito de atenção e primavera, porque me ri e chorei.
Sou inteira porque tenho gente assim! Nos amigos não me sinto nunca finita!
P.S. E recebi os brincos de sonho!
Começamos por desejar, do mais fundo da nossa alma, que alguém nos tire dali. Mas há um momento, não sei dizer bem qual, em que passamos a estar inteiros naquele papel, a assumi-lo, a tomar-lhe as rédeas a gosto. Há um momento, esse que não sei dizer bem qual, em que começamos a respirar, depois de um ou dois suspiros a desamparar o medo. Daí em diante, somos protagonistas e ninguém nos rouba a vontade dos aplausos. Quando a peça finda, é verdade que nos assaltam novamente muitas dúvidas, mas não se perde nunca mais a vontade de receber os aplausos. São dúvidas diferentes. Já não queremos que nos tirem dali. Queremos ficar até ao fim. Ver, para crer! E quando nos chamam sorrateiramente e nos vão dando às pinguinhas as boas notícias, tecidas de muitos adjectivos e a cheirarem a umas quantas flores, quase nos sentimos em casa! Ontem foi assim. E foi o péssimo e o óptimo no mesmo dia. Ontem senti-a como um filho, pelo menos nas dores do parto. Mas não nego que já não há costura que nos possa ferir diante da imensidão de alívio e alegria que parimos.
Apesar de tudo, disse-o na véspera, não é ser ou não mestre que me deixa mais feliz, embora acredite que estaria hoje menos contente se não tivesse vivido o dia de ontem. Mas o que conta é quem lá esteve, mesmo lá não estando. Quem me arrecadou nas teias de uma amizade que me deixa quebrada e nunca duvida que vai correr bem. Por isso, o dia de ontem foi perfeito por acabar com amigos. Daqueles eleitos para melhores e que existem para concretizar sonhos: porque tive uma festa surpresa, porque tive um magnífico ramo de túlipas brancas, porque tive outro todo feito de atenção e primavera, porque me ri e chorei.
Sou inteira porque tenho gente assim! Nos amigos não me sinto nunca finita!
P.S. E recebi os brincos de sonho!
sexta-feira, 27 de março de 2009
Em cena
quinta-feira, 26 de março de 2009
Teorias
Segundo a minha mãe, eu amanhã preciso de almoçar uma refeição normal para "oxigenar o cérebro"!
quarta-feira, 25 de março de 2009
Há esperança!
"O PCP entregou hoje na Assembleia da República um projecto de resolução que recomenda ao Governo que o Salário Mínimo Nacional (SMN) atinja os 600 euros em Janeiro de 2013".
in: http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/505273
Há esperança que, lá para os 50 anos, eu consiga viver sem o confortável complemento de salário dos papás!
Há esperança que esta minha geração, a geração dos 500 euros, um dia consiga comprar casa.
Há esperança que o pessoal da minha idade um dia possa sair de casa antes dos 30.
Há esperança que a malta um dia até possa perder a cabeça e, sei lá, comprar um computador sem ser a prestações.
Há esperança para tudo. Mas a minha maior esperança é mesmo que os papás nunca deixem de poder completar-nos o salário, que se vai todo em combustível e livros. Há esperança. Pois há, então não há?!
in: http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/505273
Há esperança que, lá para os 50 anos, eu consiga viver sem o confortável complemento de salário dos papás!
Há esperança que esta minha geração, a geração dos 500 euros, um dia consiga comprar casa.
Há esperança que o pessoal da minha idade um dia possa sair de casa antes dos 30.
Há esperança que a malta um dia até possa perder a cabeça e, sei lá, comprar um computador sem ser a prestações.
Há esperança para tudo. Mas a minha maior esperança é mesmo que os papás nunca deixem de poder completar-nos o salário, que se vai todo em combustível e livros. Há esperança. Pois há, então não há?!
Como é que se diz a alguém
que dá um erro um bocadinho chato, "tipo" confundir informar com enformar, se essa pessoa é assim uma sumidade?!
Como?!
Como?!
terça-feira, 24 de março de 2009
Verdades e assim-assim
Verdade: Escrever num blog não é sinónimo de perder tempo, porque às vezes é até muito terapêutico!
Já agora
Não é por nada, mas alguém reparou na mudança de imagem de apresentação da minha seguidora P.P.?
Quem não te conhecer que te compre :)
Quem não te conhecer que te compre :)
Segredo
Vou contar-vos um segredo. Não estou assim muuuiiitooo nervosa! Descobri isso há pedacito. Eu... ai que emoção... eu... eu... kikos, eu ainda não roí nadinha as unhas!!!
Cenas da vida doméstica
Cenário: R. e a mãe a almoçar, enquanto na TV passa o programa Fátima e se canta uma música pimba.
Mãe: Tu é que tens dias em que gostas destas músicas, não é?
R.: Pois, acho que sou estranha. Tanto gosto de Mozart como de Quim Barreiros.
Mãe: Não és nada. Há horas para tudo. São umas músicas que ficam no ouvido. Não tem mal nenhum gostares de te divertir a ouvi-las...
(O almoço continua. O cantor acaba a sua interpretação e a Merche decide ir entrevistar as piquenas bailarinas.)
Merche: Então tu, como te chamas e que idade tens?
Y: Chamo-me Y e tenho 15 anos.
Merche: E tu?
X: Eu sou a X e tenho 14 anos.
(Mãe da R. estupefacta)
Mãe: Olha lá, isto é em directo?
R.: Acho que sim.
Mãe: Ai, ai, ai... então mas esta gente não tem escola?!
Mãe: Tu é que tens dias em que gostas destas músicas, não é?
R.: Pois, acho que sou estranha. Tanto gosto de Mozart como de Quim Barreiros.
Mãe: Não és nada. Há horas para tudo. São umas músicas que ficam no ouvido. Não tem mal nenhum gostares de te divertir a ouvi-las...
(O almoço continua. O cantor acaba a sua interpretação e a Merche decide ir entrevistar as piquenas bailarinas.)
Merche: Então tu, como te chamas e que idade tens?
Y: Chamo-me Y e tenho 15 anos.
Merche: E tu?
X: Eu sou a X e tenho 14 anos.
(Mãe da R. estupefacta)
Mãe: Olha lá, isto é em directo?
R.: Acho que sim.
Mãe: Ai, ai, ai... então mas esta gente não tem escola?!
segunda-feira, 23 de março de 2009
Atraiçoa-me este meu pensamento para se pôr a magicar se devo cumprimentá-los de pé e sentar-me para a apresentação da coisa, se devo cumprimentá-los de pé e manter-me de pé na apresentação da coisa ou se cedo ao tremelique que se anuncia para as minhas perninhas e faço aquelas figurinhas todas sentada! Isto são raciocínios de um tal preciosismo que é uma coisa parva! Nem sei se não é melhor pesquisar doutrina divergente sobre a questão! Alguém legisle sobre este assunto!
Cábulas
Fiz uma piquena tabela-cábula das intervenções atípicas do MP na matéria da criatura... É que, tendo sido eu a pari-la, não estava bem a ver o que queria dizer naquele ponto 3. A cabrinha ganhou vida própria e agora diverte-se a gozar com a minha cara! Dou por mim a ter de me reler para ver se me entendo. Digam lá se não é de espancar a criatura, de apelar aos conhecimentos civilistas e pôr em marcha a deserdação.
Dormir?
Para que conste, troquei a literatura anunciada por um alprazolam inteirinho. Apesar disso, contabilizei-as, foram sete vezes a acordar com vontade de espancar o Mundo. Caía para o lado de tontinha que estava, mas voltava a sonhar com a bendita sala 8, cheiinha de gente que não me respeita as vontades e decide aparecer à última hora. E a Senhora continuou, nos sonhos desta noite, a insultar-me do pior que pode haver, fechando com chave de ouro, a dizer "vá para casa"! Nos entretantos, tal como já relatei aos mais próximos, ouviam-se os fantásticos assobios e risinhos histéricos; a minha lágrima traiçoeira era assoada de milésima de segundo em milésima de segundo; as caras mais amigas só encolhiam os ombros e atestavam a impotência para me te tirarem dali. Esta noite, contudo, acrescentei ao sonho umas buzinas como há nas festas de crianças... toda a gente a apitar na maldita buzina e depois saía aquela língua de papel e só se lia "Hi, ca ganda burra!". Para completar, houve uma alma que decidiu animar-me (não sei bem quem foi, mas devia ser amiga) e então deu-me uma árvore, porque já não arranjou flores!!! Valeu-me o archeiro mais novito, que me tirou os bancos de trás do carro para eu trazer a árvore! Cereja no topíssimo do bolo, até o meu J. vem ter comigo e destrói o mito: "Eu sempre achei que a professora não percebia puto disto!". Até o meu J., o meu fã incondicional desde os primeiros exames!!! Como vêem, vivo num dilema permanente: dormir ou não dormir, eis a questão!?
Vou dormir
e achei que mereciam saber que, ainda assim, levo aqui umas coisinhas de "espaço livre de direito" para chamar o sono...
domingo, 22 de março de 2009
Estou
uma pilha de nervos!
Até o número de um artigo tenho mal!
Só me apetece dizer asneiras. Começar no a e acabar no z a desfiar asneiras e a inventar asneiras!
Eu quero cá sexta-feira à noite! Quero! Por favor, por favor, por favor... Alguém me leve para sexta-feira à noite! Pleeeaseee!!!
Até o número de um artigo tenho mal!
Só me apetece dizer asneiras. Começar no a e acabar no z a desfiar asneiras e a inventar asneiras!
Eu quero cá sexta-feira à noite! Quero! Por favor, por favor, por favor... Alguém me leve para sexta-feira à noite! Pleeeaseee!!!
Anseios
Daqui: http://icanread.tumblr.com
Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!
Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!...
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Antes que Seja Tarde
Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"
sábado, 21 de março de 2009
Artistas - me too
Diga-se, em abono da verdade, no entanto, que também já baixou algumas vezes a artista em mim:
- desenhei o meu vestido de formatura (cujo desenho foi escrupulosamente cumprido);
- idealizei o meu anel de curso, que passei a molde de plasticina (feitinho de encomenda e uniquissimo!!!);
- passei uma tarde a coser botões de várias cores numa reles saia de ganga;
- no último Inverno, expliquei ao sapateiro como queria que ele me reciclasse umas botas.
Por isso, tenho para mim que era capaz de dar uma boa sugestão para o cinto... Acho que vou arriscar um sms só com a dica "Entrançado do tecido de dentro e da renda de fora :)".
Pode ser que cole!
- desenhei o meu vestido de formatura (cujo desenho foi escrupulosamente cumprido);
- idealizei o meu anel de curso, que passei a molde de plasticina (feitinho de encomenda e uniquissimo!!!);
- passei uma tarde a coser botões de várias cores numa reles saia de ganga;
- no último Inverno, expliquei ao sapateiro como queria que ele me reciclasse umas botas.
Por isso, tenho para mim que era capaz de dar uma boa sugestão para o cinto... Acho que vou arriscar um sms só com a dica "Entrançado do tecido de dentro e da renda de fora :)".
Pode ser que cole!
Artistas
Há ocasiões que merecem uma roupa especial: o dia do casamento, do baptizado de um filho, o baile de gala da faculdade, das bodas de ouro com o Kiko amor da vida... enfim! Cabem nessas ocasiões alguns casamentos de amigos! O da N. será uma ocasião especial. Merecia uma roupa especial.
Quando a ocasião merece uma roupa assim, única e pensada todinha para o dia, conto com a ajuda da modista. É arte em vias de extinção. Uma pessoa pela-se por encontrar "a tal". Quando a acha, conserva-a a todo o custo e decide anuir com todo e qualquer desvario, "não vá a senhora não chegar para as minhas encomendas".
Hoje fui à modista, fazer a primeira prova do vestido para o casamento da N. Alfinete daqui, puxão dali, franzido, renda, cetim, corte, costura, debruo... Eu caladinha, como na missa. É melhor assim, já a conheço. Estava a baixar nela a artista. Atrevi-me a sussurar "Então e o cinto?" e desconcentrou-se. Caiu em si, voltou ao atelier e resmungou "Não sei. O cinto não sei. Tenho de me inspirar para ele!". E eu "Pois, entendo. Talvez...". E abruptamente interrompida, levei com um "Então a segunda prova fica para sábado à mesma hora. Até lá hei-de ter pensado em mais coisas giras. Deixe tudo ao meu critério que é melhor. Não gosto de trabalhar condicionada."
E... mai nada!
É deixar a artista trabalhar.
Quando a ocasião merece uma roupa assim, única e pensada todinha para o dia, conto com a ajuda da modista. É arte em vias de extinção. Uma pessoa pela-se por encontrar "a tal". Quando a acha, conserva-a a todo o custo e decide anuir com todo e qualquer desvario, "não vá a senhora não chegar para as minhas encomendas".
Hoje fui à modista, fazer a primeira prova do vestido para o casamento da N. Alfinete daqui, puxão dali, franzido, renda, cetim, corte, costura, debruo... Eu caladinha, como na missa. É melhor assim, já a conheço. Estava a baixar nela a artista. Atrevi-me a sussurar "Então e o cinto?" e desconcentrou-se. Caiu em si, voltou ao atelier e resmungou "Não sei. O cinto não sei. Tenho de me inspirar para ele!". E eu "Pois, entendo. Talvez...". E abruptamente interrompida, levei com um "Então a segunda prova fica para sábado à mesma hora. Até lá hei-de ter pensado em mais coisas giras. Deixe tudo ao meu critério que é melhor. Não gosto de trabalhar condicionada."
E... mai nada!
É deixar a artista trabalhar.
Para grandes males, grandes remédios!
Não sosseguei a vontade de provar as sumarentas laranjas.
Não me ralei até encontrar-lhe as últimas gotinhas. Sorvi-as, deliciada.
Depois...
Amassei a água e o sabonete líquido à exaustão. Até ficar com as mãos vermelhas.
E...
Abençoei o meu milagroso creme de mãos!
É feito à base de ginkgo biloba e frangipanni...
E é o melhor de todos!
Não me ralei até encontrar-lhe as últimas gotinhas. Sorvi-as, deliciada.
Depois...
Amassei a água e o sabonete líquido à exaustão. Até ficar com as mãos vermelhas.
E...
Abençoei o meu milagroso creme de mãos!
É feito à base de ginkgo biloba e frangipanni...
E é o melhor de todos!
sexta-feira, 20 de março de 2009
Defesa 1
Acabo de defender a minha tese, todinha, perante um shampoo, um amaciador e um gel de banho.
Acho que correu bem... mas só porque não deram grande luta!
P.S. Levantei a voz ao Shampoo... porque me ardeu nos olhos.
Acho que correu bem... mas só porque não deram grande luta!
P.S. Levantei a voz ao Shampoo... porque me ardeu nos olhos.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Tic-tac
Há um infantário com um projecto chamado "Um Mundo de cores" e que faz festas temáticas de um país da Europa por mês. Hoje foi o dia de Itália. A Maria, que é a menina-boneca que anda a conhecer o "Mundo de cores", escreveu uma carta de Itália. Li-a hoje, com a emoção de ser uma Maria por um dia. Ser uma Maria é ser uma das vossas. Recebi uma camisola. Vestia-a cedinho e no amor nunca a despirei. À frente, tem um desenho comigo e com uma kika minuin afilhada que anda lá no infantário. Atrás... diz assim: "gosto muito, muito de ti". Hoje falámos de Itália. E de sonhos. E de pares de namorados que querem ir a Veneza quando forem grandes. Hoje tivemos papás a chegar a meio da tarde e a participar no jogo das cadeiras. Hoje vi brilhos de diamante em olhinhos ávidos de papá. Hoje recebi mais festinhas no cabelo do que nos últimos dez anos. Hoje houve uma fila de kikissimis para se despedirem de mim com os melhores xis que sabem dar e os beijos mais lambareiros. Hoje pediram-me, mais uma vez, noutro lugar, para ficar. E mais uma vez, hoje, houve um lugar a guardar um bocadinho de mim. Há sítios onde ficamos e donde, ainda assim, tornamos maiores. Hoje estive, fiquei e vim de um lugar assim. Hoje, pela primeira vez tão a sério, houve um tic-tac em mim. A fazer tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. No coração, a fazer tic-tac. Tem piada!
Pai
O meu pai tem defeitos. Fica escrito.
Mas... não se deita sem nos dar um beijo na testa. Não sai de casa sem nos pedir que nos portemos bem. O meu pai oferece-me flores se estou doente e leva o Kiko à pesca. O meu pai só aprendeu a ter-me fora de casa quando eu saí mesmo. Quando voltei, passados cinco anos, há cinco anos, ofereceram-me um colar de muitas voltas e escreveram um bilhete que dizia "Para que voltes sempre". O meu pai traz-me chá quente se fico a trabalhar até tarde. Se for até muito tarde, a meio da noite traz-me bolachas. O meu pai repara se vestimos uma roupa nova ou temos o cabelo diferente. E diz sempre que estamos giras. Se estiver de pijama e por pentear, também diz que sou a mais gira que ele conhece em versão solteira, porque em versão casada é a minha mãe. O Kiko é sempre o filho melhor do mundo. O meu pai tem orgulho nas mais pequenas conquistas dos filhos. Ficou sempre babado nas festas da música, nas provas de dança, com as fichas das notas, com o elogio mais discreto de um amigo. Quando desanimo com a vida, o meu pai diz sempre que o melhor está para vir. O meu pai liga muitas vezes durante o dia só para dizer "Olá, então onde andas? Está tudo bem?" O meu pai é um bocadinho anafado. Quando faz dieta, fica muito infeliz. E só a faz quando os médicos dizem que ou faz ou morre. Mas fica tão infeliz que aprendi a dizer-lhe que só precisa de fazer dieta por ser mesmo para não morrer, porque por mim quanto mais pai melhor e se ele emagrece, sobra-me menos pai, o que é uma ralação! O meu pai ia levar-me e buscar-me quando eu tinha orais na faculdade. E no caminho falava-me de quando era miúdo para eu me distrair. Vi-lhe uma lágrima nos olhos quando adormecemos todos e o Kiko chegou atrasado à primeira prova global da vida. O meu pai ainda hoje acha piada às viagens que fazemos todos só a pôr o paleio em dia, mas agora pede para eu conduzir. Às vezes, adormece. O meu pai gosta de quando falha a luz porque nesses serões não há nada que nos distraia e normalmente cantamos (Graças a Deus, não temos vizinhos!). O meu pai aflige-se se ficamos doentes e já o vi chorar por isso. Já o vi chorar por outras coisas. Por isso, é um homem que chora!
Tem defeitos,é certo, mas não o trocaria por nenhum outro!
É meu. Só o partilho com o Kiko porque o Kiko é a minha pessoa preferida.
Por isso, é nosso!
Mas... não se deita sem nos dar um beijo na testa. Não sai de casa sem nos pedir que nos portemos bem. O meu pai oferece-me flores se estou doente e leva o Kiko à pesca. O meu pai só aprendeu a ter-me fora de casa quando eu saí mesmo. Quando voltei, passados cinco anos, há cinco anos, ofereceram-me um colar de muitas voltas e escreveram um bilhete que dizia "Para que voltes sempre". O meu pai traz-me chá quente se fico a trabalhar até tarde. Se for até muito tarde, a meio da noite traz-me bolachas. O meu pai repara se vestimos uma roupa nova ou temos o cabelo diferente. E diz sempre que estamos giras. Se estiver de pijama e por pentear, também diz que sou a mais gira que ele conhece em versão solteira, porque em versão casada é a minha mãe. O Kiko é sempre o filho melhor do mundo. O meu pai tem orgulho nas mais pequenas conquistas dos filhos. Ficou sempre babado nas festas da música, nas provas de dança, com as fichas das notas, com o elogio mais discreto de um amigo. Quando desanimo com a vida, o meu pai diz sempre que o melhor está para vir. O meu pai liga muitas vezes durante o dia só para dizer "Olá, então onde andas? Está tudo bem?" O meu pai é um bocadinho anafado. Quando faz dieta, fica muito infeliz. E só a faz quando os médicos dizem que ou faz ou morre. Mas fica tão infeliz que aprendi a dizer-lhe que só precisa de fazer dieta por ser mesmo para não morrer, porque por mim quanto mais pai melhor e se ele emagrece, sobra-me menos pai, o que é uma ralação! O meu pai ia levar-me e buscar-me quando eu tinha orais na faculdade. E no caminho falava-me de quando era miúdo para eu me distrair. Vi-lhe uma lágrima nos olhos quando adormecemos todos e o Kiko chegou atrasado à primeira prova global da vida. O meu pai ainda hoje acha piada às viagens que fazemos todos só a pôr o paleio em dia, mas agora pede para eu conduzir. Às vezes, adormece. O meu pai gosta de quando falha a luz porque nesses serões não há nada que nos distraia e normalmente cantamos (Graças a Deus, não temos vizinhos!). O meu pai aflige-se se ficamos doentes e já o vi chorar por isso. Já o vi chorar por outras coisas. Por isso, é um homem que chora!
Tem defeitos,é certo, mas não o trocaria por nenhum outro!
É meu. Só o partilho com o Kiko porque o Kiko é a minha pessoa preferida.
Por isso, é nosso!
Da lata e do AMOR
"E de um anel, mesmo de lata, tirar razão para uma luz de mim inteirinha."
Abri o blog com esta frase. Entretanto, decidi guardá-la.
Reponho-a hoje, noutro lado, porque extravasou a história do anel de lata.
Há algum tempo atrás, certa moça, irremediavelmente apaixonada, deu por si, ao som de uma canção de amor, a modelar um clip. Destacou-o calmamente do trabalho que a prendia ao Mundo e partiu. Com o fim da melodia, surgiu um anel feito do clip. Pô-lo calmamente no anelar e ficou só a olhá-lo, maravilhada. Aposto que se lhe tivessem perguntado no que pensava naquela hora, teria dito, pausadamente, sem desviar o olhar, "em nada". No fundo, havia já muito tempo que não pensava em nada. Contentava-se em sonhar. Sonhava sempre mais alto e desatava todos os nós do que pensava, sonhando. Hoje, olhando para trás, e conhecendo-a medianamente, peguei no clip arredondado e verbalizei-lhes: "sonhava, naquela hora, a felicidade sem tamanho que um anel assim de lata lhe traria. Bastava que o modelassem as certeiras mãos e delas brilhasse, com o clip, a confirmação do que é realmente precioso, num singelo "Amo-te!"".
Abri o blog com esta frase. Entretanto, decidi guardá-la.
Reponho-a hoje, noutro lado, porque extravasou a história do anel de lata.
Há algum tempo atrás, certa moça, irremediavelmente apaixonada, deu por si, ao som de uma canção de amor, a modelar um clip. Destacou-o calmamente do trabalho que a prendia ao Mundo e partiu. Com o fim da melodia, surgiu um anel feito do clip. Pô-lo calmamente no anelar e ficou só a olhá-lo, maravilhada. Aposto que se lhe tivessem perguntado no que pensava naquela hora, teria dito, pausadamente, sem desviar o olhar, "em nada". No fundo, havia já muito tempo que não pensava em nada. Contentava-se em sonhar. Sonhava sempre mais alto e desatava todos os nós do que pensava, sonhando. Hoje, olhando para trás, e conhecendo-a medianamente, peguei no clip arredondado e verbalizei-lhes: "sonhava, naquela hora, a felicidade sem tamanho que um anel assim de lata lhe traria. Bastava que o modelassem as certeiras mãos e delas brilhasse, com o clip, a confirmação do que é realmente precioso, num singelo "Amo-te!"".
terça-feira, 17 de março de 2009
Nada
Hoje, enquanto estudava, percebi mais uma vez o imenso nada que sei. Quando estudo, fico assim. Absorvida pela ignorância. Não fico propriamente triste. Fico alerta. Fico... certa da finitude. Olho notas de rodapé tão imensas, todas feitas de obras tantas... e caio em mim. Não vale a pena penar. Nunca saberás tudo disto. Nunca saberás muito disto. Nunca saberás suficiente disto. Se viveres longos anos, pode ser que um dia chegues a saber quase nada disto. Depois, sim, escureço. Porque a decisão de escolher do que se quer um dia tentar saber quase nada é demasiado importante para eu já a ter tomado. Tão menina, ainda. Tão impreparada, ainda. Tão à espera, ainda. Escureço. Penso que de literatura, de teatro, de cinema, de biologia, de astronomia, de culinária, de geografia, de filosofia, de tanta coisa gostava de alimentar secretamente a esperança de um dia poder saber quase nada. Mas tenho a certeza que longos anos que viva há todo um quase que me faltará em tudo. E no fim, só se souber nem que seja menos de quase nada de alguma coisa é que poderá ter valido a pena. Não estou triste. Estou só... finita!
Entretanto...
... sim... já estou a ler a tese.
E...
...
...
se nas primeiras vinte páginas acho que a escrita está tão macarrónica que se justifica cortar os pulsos...
...
...
daí para a frente estou a conseguir normalizar a respiração.
Até ver!
E...
...
...
se nas primeiras vinte páginas acho que a escrita está tão macarrónica que se justifica cortar os pulsos...
...
...
daí para a frente estou a conseguir normalizar a respiração.
Até ver!
HUC
Ontem passei o fim da tarde e o início da noite nos HUC. O kiko minuin cá de casa fez um traumatismo nasal enquanto batalhava por mais uma meta no salto em altura seguido de cambalhota para trás. O kiko minuin cá de casa saiu do colégio com um saco de gelo no nariz. Chegou à consulta aberta cá do Burgo e lá limitaram-se a... medir a tensão à minha mãe, que desmaiou quando viu a linda cara do seu rico filhinho feita em nódoas negras e sangue ressequido a acompanhar a curvatura de um nariz um tanto estranho... Depois ligaram-me. Segui para lá com a minha empregada... que é uma pessoa que cumpre escrupulosamente os limites de velocidade e... por isso, nunca passámos dos 50. Ainda estive prestes a arriscar um "E se me deixasse levar o carro?", mas ela ia tão entretida a fazer piadas com medo que também me desse a mim um piri-paque, que decidi respeitar a solenidade que o momento exigia. Chegada ao destino, pego no kiko e sigo para os HUC. Antes, recomendo à diligente condutora que não deixe a minha mãe sozinha. Chegamos aos HUC e vamos para as urgências com uma carta com prescrição "cirurgia maxilo-facial". Chegamos lá e demoramos uns bons dez minutos a responder ao inquérito preliminar, tendo ficado devassada toda a vida do petiz e da ilustre acompanhante. Furtei-me a revelar o número de soutien, mas paguei caro o descaramento: "O rapaz entra sozinho." "Entra o quê? Seu cara de mal amado e mais mal ainda outras coisas? O rapaz entra comigo que o rapaz é menor." "É a lei, minha senhora." "A lei, mas qual lei?" "A lei do hospital." "Pois, mas olhe, não é a lei da nação. Por isso o rapaz entra comigo." Manápula no bracinho arrepiado da menina. Menina a entrar em processo de construção de fúria. Mãozinha da menina a erguer-se. Joelhinho da menina a ver a hora do golpe fatal. Nã... tu és uma lady, R. Maria. "Kiko minuin, vais entrar e dizer ao médico que a mana está cá fora, que és menor e que se não se importar deve vir cá fora dizer a este SECURITA que a mana pode entrar". Kiko a partir em direcção aos corredores. Macas a arrastarem-se. Kiko a dizer "Oh mana, não te enerves. O nariz está um bocadinho torto mas isto é cartilagem, deve ir ao sítio". Cá fora, no sítio de espera dos acompanhantes fora da lei (do hospital), nem uma cadeirinha de espera. Gente a gemer de aflição. Macas a passar. O rapagão sabedor e cumpridor das leis (do hospital) encostado à ombreira da porta feito pau de vassoura. Uns vinte minutos de angústia depois, uma voz tremelique: "A acompanhante do Kiko minuin do nariz em farelo que entre". Pus todo o meu melhor ar de pedante e passei feito cão por vinha vindimada pelo SECURITA. "Olhe, o Kiko se calhar tem de levar uma tala. Mas vai primeiro ao otorrino e depois logo se vê". Sala de espera. Uma mulher em pranto cai e nada. Levanta-se o petiz, com uma mão no nariz, e eu. E juntos, com apenas mais uma senhora, lá levantamos a caída. O petiz de mão no nariz foi o primeiro a acudir. Bendita educação. Que orgulho!!! Foi quase uma hora ali a penar. Pulseira amarela. O nariz amarfanhado. Um maço de lenços encharcados em sangue. Uma menina doutora e um menino doutor a mostrarem todo o bronzeado retinto às Maldivas um ao outro e a quem doer que espere. Cambada! E depois lá vamos à nossa vida. Senhor otorrino com muita pressa para jantar. Pinça no nariz do puto. "Ai que obstrução e inflamação." "Olhe, desculpe lá, mas o nariz está torto." "Está torto, mas passa!" Seis medicamentos diferentes, que nunca se sabe quando não é nestas coisas que se cativa um gajo para a propaganda médica... Então e... Então e tem alta. Ah, tá! "Oh mana, tenho de levar justificação." Meia volta à ré e vá de entrar outra vez no antro das urgências, nhac, para obter o ansiado papelinho. De caras com... o SECURITA. Munida de toda a minha ancestral sabedoria da arte de ser estúpida, colhida em elevados momentos de glória de alguns grandes mestres que acompanho na vida, só lhe reviro os olhos, franzo a testa e sussuro um: "NÃO SE ATREVA!". Calou-se! Do alto do meu magnânimo metro e cinquenta e sete, com umas sapatilhas de lantejoulas prateadas, pus o SECURITA no sítio. Senti-me poderosa a valer. "É fila única", espirra o projecto de mandão de dentro da secretaria. Oh rapaz, devias ter visto a ceninha que fiz ali ao teu amigo SECURITA para ver se não aprendias já a mandar um berro que só por si unificasse as filas! Comprovativo. Taxa. Viagem de regresso. Chegados ao Burgo, que não me arrisco a correr capelinhas farmacêuticas em Coimbra, vá de encontrar a de serviço. Entro. Deixo o petiz no carro, reclinadinho no banco do pendura. Com a minha receita tudo operacional. Com a do meu colega de chegada à farmácia é que não: "Ai não se percebe bem e tal, mas se calhar é isto" e um bom par de minutos naquilo. Ora rais partissimi que fazer-me de má duas vezes no mesmo dia é muita fruta para uma kika como eu: "Olhe, desculpe lá, mas na minha mui modesta opinião é melhor nestas coisas não irmos lá por processos adivinhatórios. E se ligassem ao médico?!" "Ah, pois... olhe... então é melhor amanhã ligar ao doutor e ele logo lhe confirma, não vá a gente dar alguma coisa trocada, como diz ali a senhora." Pagar. Chegar a casa. Mãe ainda em recobro. Pai chega atrás de nós, contactados que estavam já todos os amigos e amigos de amigos e amigos de amigos de amigos médicos... e... piri-paque também! "Oh homem, calma. Senta-te aqui." "Ai que eu não posso ver assim o meu filho. Ai, oh filho, ai que tu não tinhas assim o nariz." "Calma. Vamos ter calma. Eu sei que está torto. Mas vou marcar consulta no particular. Agora, a esta hora é que já não dá." Ah, tá! Todos três em lamúria. Olho-os e digo: "Amanhã já trato disso." Em coro: "Não!!! Vai trabalhar. Vai ler a tese!"
...
...
"Mas como? Se eu sou a única que ainda não desmaiou?"
Risos acompanhados de uma nervosa lágrima nos cantos dos olhos.
"Vá... leitinho quente, banhinho, chichi, caminha os três!"
Aiii... Vidas!
...
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"Mas como? Se eu sou a única que ainda não desmaiou?"
Risos acompanhados de uma nervosa lágrima nos cantos dos olhos.
"Vá... leitinho quente, banhinho, chichi, caminha os três!"
Aiii... Vidas!
segunda-feira, 16 de março de 2009
Sem mais
Pensei passar-lhe ao lado. Mas não merecia.
É um artigo. Do Público. E desperta consciências.
Porque eu também acho que pode acontecer a qualquer um. Como matar. Como, depois, só desejar morrer.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1369385&idCanal=62
É um artigo. Do Público. E desperta consciências.
Porque eu também acho que pode acontecer a qualquer um. Como matar. Como, depois, só desejar morrer.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1369385&idCanal=62
Os meus aromas
Terra molhada,
cama lavada,
magnólia,
pão quente,
lareira acesa,
mar no inverno,
café fresco,
bolo no forno.
cama lavada,
magnólia,
pão quente,
lareira acesa,
mar no inverno,
café fresco,
bolo no forno.
domingo, 15 de março de 2009
Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei porquê.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
E se fossem aqui?
http://www.miniportale.com/Miniportal/date
Tem piada ter descoberto que:
- Na última encarnação terrena nasci no território da Tailândia, por volta do ano 400.
- Era pessoa para gostar de saber tudo ao pormenor e tinha um enorme fascínio pelos livros. Apesar disso, o meu talento natural era para...
...
...
o teatro!
- Que a lição que a minha vida passada me deu para esta é de que existe um vínculo invisível entre o mundo material e o mundo espiritual e que eu devo procurar, encontrar e usar essa ponte mágica!
E esta, hein?!
Se não vos der exactamente a mesma lenga-lenga, sou tipa para até achar piada a esta brincadeira.
P.S. Já me esquecia... mas pelos vistos fui gajo lá na outra vida...
Tem piada ter descoberto que:
- Na última encarnação terrena nasci no território da Tailândia, por volta do ano 400.
- Era pessoa para gostar de saber tudo ao pormenor e tinha um enorme fascínio pelos livros. Apesar disso, o meu talento natural era para...
...
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o teatro!
- Que a lição que a minha vida passada me deu para esta é de que existe um vínculo invisível entre o mundo material e o mundo espiritual e que eu devo procurar, encontrar e usar essa ponte mágica!
E esta, hein?!
Se não vos der exactamente a mesma lenga-lenga, sou tipa para até achar piada a esta brincadeira.
P.S. Já me esquecia... mas pelos vistos fui gajo lá na outra vida...
sábado, 14 de março de 2009
Eu tento...
... juro que tento!
Abri a tese e comecei a ler.
Até agora: uma frase sem ponto final, uma palavra repetida e
...
...
...
UMA GRALHA NO NOME DA ARGUENTE!
Tirem-me deste filme!
Abri a tese e comecei a ler.
Até agora: uma frase sem ponto final, uma palavra repetida e
...
...
...
UMA GRALHA NO NOME DA ARGUENTE!
Tirem-me deste filme!
sexta-feira, 13 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
Private joke
Adoro ter-te... LONGE!
A criaturinha mais bem educada e com maior sentido de ética que eu conheço deu sinal de vida!
Grrrrr!
(Isto é ironia... Deu para perceber, certo?)
Pontos assentes:
Eu detesto quem não está nem deixa estar.
Eu detesto quem promete e falha.
Eu detesto quem gosta de passar a perna.
Eu detesto quem se arma em vítima.
E, mais ainda, quem se arma ao pingarelho comigo ou com os meus amigos.
Grrrrr!
(Isto é ironia... Deu para perceber, certo?)
Pontos assentes:
Eu detesto quem não está nem deixa estar.
Eu detesto quem promete e falha.
Eu detesto quem gosta de passar a perna.
Eu detesto quem se arma em vítima.
E, mais ainda, quem se arma ao pingarelho comigo ou com os meus amigos.
Aula de inglês
Professor: Têm de escolher, de toda essa lista, só algumas coisas que levariam para o deserto. Atenção, não se esqueçam que não vão sozinhos, mas sim com o vosso colega do lado.
Eu: Levamos chocolate?
Ele: Acho que sim.
Eu: Levamos botas?
Ele: Pois.
Eu: Levamos calças?
Ele: Um par para cada um chega. Não vais querer andar a mudar de roupa no deserto.
Eu: Podemos levar estas t-shirts?
Ele: Mas para que raio queres tu 5 t-shirts?
Eu: Estamos lá 3 dias. Podemos suar.
Ele: Pronto, leva lá a roupa toda que te apetecer. Daqui a pouco não temos espaço para mais nada porque tu vais lembrar-te de levar um fim-de-semana com coisas para a manicure.
Eu: Não. Olha, vá... levamos água. Se calhar não dá é para levar copos...
Ele: Pois, copos não deve dar!!! Hello! Olha, e levamos um saco cama!
Professor: Chega! Não podem alterar a vossa lista e só podem acrescentar-lhe mais duas coisas.
Eu: Meias de dormir e pasta de dentes.
Ele: Para que é que tu queres as meias, rapariga?
Eu: Eu não consigo dormir sem meias.
Ele: Pronto, leva lá as meias. Eu abdico dos fósforos. Fazemos fogo como os primitivos. Há prioridades: se a menina não dorme sem meias...
Eu: Obrigada.
Professor: Desculpem, mas vocês são o único par que só leva um saco cama...
Turma: Risos.
Ele: E conseguirmos levar um é uma sorte.
Eu: Mas levamos pasta de dentes.
Professor: Estou muito mais descansado!
Eu: Levamos chocolate?
Ele: Acho que sim.
Eu: Levamos botas?
Ele: Pois.
Eu: Levamos calças?
Ele: Um par para cada um chega. Não vais querer andar a mudar de roupa no deserto.
Eu: Podemos levar estas t-shirts?
Ele: Mas para que raio queres tu 5 t-shirts?
Eu: Estamos lá 3 dias. Podemos suar.
Ele: Pronto, leva lá a roupa toda que te apetecer. Daqui a pouco não temos espaço para mais nada porque tu vais lembrar-te de levar um fim-de-semana com coisas para a manicure.
Eu: Não. Olha, vá... levamos água. Se calhar não dá é para levar copos...
Ele: Pois, copos não deve dar!!! Hello! Olha, e levamos um saco cama!
Professor: Chega! Não podem alterar a vossa lista e só podem acrescentar-lhe mais duas coisas.
Eu: Meias de dormir e pasta de dentes.
Ele: Para que é que tu queres as meias, rapariga?
Eu: Eu não consigo dormir sem meias.
Ele: Pronto, leva lá as meias. Eu abdico dos fósforos. Fazemos fogo como os primitivos. Há prioridades: se a menina não dorme sem meias...
Eu: Obrigada.
Professor: Desculpem, mas vocês são o único par que só leva um saco cama...
Turma: Risos.
Ele: E conseguirmos levar um é uma sorte.
Eu: Mas levamos pasta de dentes.
Professor: Estou muito mais descansado!
quarta-feira, 11 de março de 2009
É tempo!
CRÓNICA DE UM ESPECTÁCULO ANUNCIADO (Cortesia do ido poraquipasseieu)
Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 (17.45)
Júri
Em 22 anos de escolinha (entrei com 5 e vou fazer 27), houve uma única vez em que desisti de um exame... mais propriamente, de uma oral. Quarto ano de faculdade, verão de 2003 e eu na sala A da vetusta. Desisti porque não havia em mim forças para perceber o que estava mal e a razão para aquela cara tão feia virada a mim... Desisti e chorei todo o santo caminho até casa... mais por ter desistido do que por não ter subido à cadeira. Preparei-me a preceito para fazer nova oral de melhoria (sim... eu tinha passado na escrita) à linda matéria. E Setembro recebeu-me de braços abertos, confiante num júri louro da sala 7. Estava com um pé na porta quando da sala 8 sai a cara feia de Julho e me diz que a minha oral será feita por ela. E foi. E eu tive mini ataques de pânico sucessivos... um a cada dois segundos, durante a meia hora que durou a provação. No fim, subi dois valores, para uma nota mediana. Acreditei que era um bocadinho limitada naquela matéria. Muito triste, que eu fiquei. Gostava tanto daquelas coisas. Lá para o fim do curso, decidi-me a fazer o estágio e no fim da primeira parte deste havia um exame à matéria da cara feia. Fiz o exame certa da minha limitação genética para a compreensão daqueles problemas e... tive 18. Depois disso, mantive-me a trabalhar muito e a estudar muito o que circunda a matéria da cara feia, mas sem nunca lhe tocar directamente. Estou a uma semana de entregar tese em matéria próxima dela, mas inabalável no tique de não me meter em alhadas. E hoje soube que o meu júri de defesa (ou de agressão?) é constituído... pela cara feia. Eu não merecia esta provação. Juro, juro que não merecia!
Sábado, 22 de Novembro de 2008 (20.06)
Presentes de Natal
Eu adoro compras de natal... perco-me em cada escolha, analiso cada pormenor do objecto escolhido, faço ponderações de toda a minúcia à compatibilidade do presente e do contemplado...
Por esta altura do ano, normalmente já teria todos os presentes comprados e os dias que faltam seriam ocupados a fazer calmamente embrulhos e a escrever pequenas etiquetas personalizadas... Os meus serões de Dezembro costumam ser assim quentinhos, à lareira, e muito coloridos, entre fitas e papelinhos. Este ano, por causa da bendita tese, o natal é um sonho adiado, desesperadamente adiado... A lista dentro da agenda não tem ainda apontamentos, não há setinhas, nem asteriscos, nem nada. Mas hoje saí de casa por duas horas e... fui comprar sete presentes. Sete. E vão... sete! Fui a uma loja que gosta do natal como eu, que é feita de anjos e caixinhas e vidrinhos e luzes e flores e bombons e arte antiga e linhas modernas. Uma loja de mistura, como o natal. Uma loja para todos os gostos. Uma loja cheia, toda feita de pequenos detalhes. E... vão sete. Depois de entregar a tese hei-de dedicar-me a isto e ser mais feliz. Neste natal, aliás, quero ser mais feliz. Sinto que não serei uma pessoa mais feliz por ter acabado esta tarefa, mas não posso deixar de pensar que talvez fosse uma pessoa menos contente se não a terminasse. É um presente de natal que me dou. Dou sempre um a mim. Este natal, quero dar-me algum tempo, alguma paz, algum sossego, algum bem-estar a que a sensação de dever cumprido só pode ajudar. Aos outros, bem... a esses quero dar o que no momento exacto da hora perfeita me parecer a mais brilhante escolha.
Faltam 33 dias para o natal!
E já vão 7!
(23.59)
O cúmulo
... não sei bem de quê é estarem a tentar encerrar mais um capítulo da bendita obra, já a sonhar com o paraíso que deve ser uma pessoa ter fins de tarde e fins de semana, e a vossa mãe sair-se com esta pérola: "Ora entregas até dia 2, ora defendes lá para Maio, ora... olha... em Setembro já podes inscrever-te em doutoramento!"...
Mas mais cúmulo ainda é vocês rirem-se de nervoso perante o delírio da senhora e ela acrescentar num ar grave: "Não espero outra coisa. Aliás... nem tu!"...
E é nessa hora que vocês deixam de ter dúvidas... de facto era impossível serem normais se lidam desde o berço com gente com uma pancada tão forte!
Mãe: deixa-me só dormir duas ou três noites a oito horas e depois sentamo-nos e eu vou tentar explicar-te que isto não é propriamente o sonho de vida de uma gaja de 26 (27) anos! Ah... e aquela parte do "Ai que bom seria um dia fazer carreira académica"(?)... Esquece... Nunca prevariquei na adolescência, posso mandar papaias destas na idade adulta... Não me leves a sério!
Domingo, 23 de Novembro de 2008 (15.17)
Curriculum
Com a "coisa" tem de seguir também o nosso curriculum... Depois de feito e impresso, pedi à leitora de serviço (a mãe) para ver se faltam vírgulas ou sobram aspas. Ora, tendo eu deixado o respectivo em cima da mesa da sala, ouço o pai à hora de almoço: "Estive a ler o teu curriculum. Olha que já fizeste uma carrada de coisas."...
É por estas e por outras que eu acho que eles pensam que quando eu saio de casa é para ir às compras e que as passagens pela faculdade são mais para pôr bicas em dia do que para vergar a mola...
(19.42)
Alterações de humor
Por hoje já me passou a fase de achar que isto vai acabar bem...
Aliás, estou firme e hirta como uma barra de ferro, parada na casa que diz "volte 10 casas atrás ou desista de uma vez que é o melhor que faz"!
Estou no auge... do desespero...
Bem... e mais não sei... da última vez também achei que era o auge e afinal não era...
Eu não aguento mais isto... a sério... Não estou a brincar... eu não aguento mesmo mais isto...
Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008 (13.51)
18/11
Uma tensão arterial a 18/11 é capaz de ser um sinal para acalmar...
Não sei... é um "suponhamos"...
Terça-feira, 25 de Novembro de 2008 (16.42)
Estranha forma de vida
Será isto, não uma forma de vida, mas uma forma de morte?
Sinto-me lerda...
Meia tonta, nem seguro bem a cabeça...
Escrevo automaticamente sem perceber se estou a melhorar ou a tornar a coisa mais embrulhada do que já está...
Enfim...
Se sábado sentir um bocadinho da sensação de dever cumprido, pode ser que isto me passe.
Se não, deixem-me só sossegada. Calada.
Não estou para nada...
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008 (0.31)
Adequação social
Vou para a cama chamar o sono a ler sobre adequação social das condutas...
Se conhecerem mais alguém que a dois dias de entregar a tese ainda ande a ler as obras da arguente, por favor avisem-me...
Estou a começar a achar que isto não é bem normal :(
(13.28)
Mãos frias
Se é verdade que a mãos frias correspondem amores todos os dias, ora eu devia estar a arfar de tanta aventura ramboieira...
Pois que não estou...
Ora se A e B resultam em C, e eu tenho A, mas não me está a acontecer C... tenho para mim que A pode ser combinado com outras coisas sem ser B... tipo D, E, ou até F! Certo?!
Não perceberam, pois não?! Temo que aconteça o mesmo ao meu júri quando eu aplicar a brilhante teoria ao direito penal... Temo... Mas pronto... pode ser só um perigo de perigo... e no fim não haver dano nenhum!
E com esta me fico...
Agora desembrulhem os neurónios!
(13.38)
Wishlist
Arrumar
os últimos
4 anos
assim...
numa estante
...
e ficar só
a olhar para eles!
Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008 (9.38)
Para que conste
1) Amanhã ponho "isto" a fotocopiar e encadernar para estar tudo operacional na terça feira, último dia de entrega na escolinha;
2) Amanhã vou tentar comprar uns presentes de natal;
3) Amanhã quero ver se me deito mais cedinho e domingo quero ver se acordo mais tardinho;
...
Sábado, 29 de Novembro de 2008 (0.07)
Just to say
...
...
...
i finished :)
(18.15)
A tese!
Depois do "finished" de ontem... tive de me levantar às 6.30 para alterar um parágrafo da tese!
Apesar de tudo... está feita!
Todos me perguntam porque não me rio... todos dizem que não pareço feliz...
Sinceramente... não me apetece rir... e não sei se estou feliz...
Nem sei se estou aliviada...
Tenho um medo grande de que aquilo não seja nada do que esperam de mim... nada do que talvez eu pudesse ter feito...
A vida vai-nos ensinando que há coisas que não mudam... e eu aprendo essa lição quase todos os dias...
Sinceramente, não a sinto como um filho...
Sinceramente, não a amo...
Sinceramente, espero que isto mude e que um dia me aperceba que fiz o melhor que podia, porque sou assim... porque deixo tudo para a última... porque me perco... porque não sou bem talhada para este tipo de trabalhos...
Enfim... sinceramente...
Não se sente nada...
Eu só sinto que não sinto nada...
Só isso...
Mas pode ser que isto mude!
Sinceramente, espero que sim!
Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008 (17.45)
Júri
Em 22 anos de escolinha (entrei com 5 e vou fazer 27), houve uma única vez em que desisti de um exame... mais propriamente, de uma oral. Quarto ano de faculdade, verão de 2003 e eu na sala A da vetusta. Desisti porque não havia em mim forças para perceber o que estava mal e a razão para aquela cara tão feia virada a mim... Desisti e chorei todo o santo caminho até casa... mais por ter desistido do que por não ter subido à cadeira. Preparei-me a preceito para fazer nova oral de melhoria (sim... eu tinha passado na escrita) à linda matéria. E Setembro recebeu-me de braços abertos, confiante num júri louro da sala 7. Estava com um pé na porta quando da sala 8 sai a cara feia de Julho e me diz que a minha oral será feita por ela. E foi. E eu tive mini ataques de pânico sucessivos... um a cada dois segundos, durante a meia hora que durou a provação. No fim, subi dois valores, para uma nota mediana. Acreditei que era um bocadinho limitada naquela matéria. Muito triste, que eu fiquei. Gostava tanto daquelas coisas. Lá para o fim do curso, decidi-me a fazer o estágio e no fim da primeira parte deste havia um exame à matéria da cara feia. Fiz o exame certa da minha limitação genética para a compreensão daqueles problemas e... tive 18. Depois disso, mantive-me a trabalhar muito e a estudar muito o que circunda a matéria da cara feia, mas sem nunca lhe tocar directamente. Estou a uma semana de entregar tese em matéria próxima dela, mas inabalável no tique de não me meter em alhadas. E hoje soube que o meu júri de defesa (ou de agressão?) é constituído... pela cara feia. Eu não merecia esta provação. Juro, juro que não merecia!
Sábado, 22 de Novembro de 2008 (20.06)
Presentes de Natal
Eu adoro compras de natal... perco-me em cada escolha, analiso cada pormenor do objecto escolhido, faço ponderações de toda a minúcia à compatibilidade do presente e do contemplado...
Por esta altura do ano, normalmente já teria todos os presentes comprados e os dias que faltam seriam ocupados a fazer calmamente embrulhos e a escrever pequenas etiquetas personalizadas... Os meus serões de Dezembro costumam ser assim quentinhos, à lareira, e muito coloridos, entre fitas e papelinhos. Este ano, por causa da bendita tese, o natal é um sonho adiado, desesperadamente adiado... A lista dentro da agenda não tem ainda apontamentos, não há setinhas, nem asteriscos, nem nada. Mas hoje saí de casa por duas horas e... fui comprar sete presentes. Sete. E vão... sete! Fui a uma loja que gosta do natal como eu, que é feita de anjos e caixinhas e vidrinhos e luzes e flores e bombons e arte antiga e linhas modernas. Uma loja de mistura, como o natal. Uma loja para todos os gostos. Uma loja cheia, toda feita de pequenos detalhes. E... vão sete. Depois de entregar a tese hei-de dedicar-me a isto e ser mais feliz. Neste natal, aliás, quero ser mais feliz. Sinto que não serei uma pessoa mais feliz por ter acabado esta tarefa, mas não posso deixar de pensar que talvez fosse uma pessoa menos contente se não a terminasse. É um presente de natal que me dou. Dou sempre um a mim. Este natal, quero dar-me algum tempo, alguma paz, algum sossego, algum bem-estar a que a sensação de dever cumprido só pode ajudar. Aos outros, bem... a esses quero dar o que no momento exacto da hora perfeita me parecer a mais brilhante escolha.
Faltam 33 dias para o natal!
E já vão 7!
(23.59)
O cúmulo
... não sei bem de quê é estarem a tentar encerrar mais um capítulo da bendita obra, já a sonhar com o paraíso que deve ser uma pessoa ter fins de tarde e fins de semana, e a vossa mãe sair-se com esta pérola: "Ora entregas até dia 2, ora defendes lá para Maio, ora... olha... em Setembro já podes inscrever-te em doutoramento!"...
Mas mais cúmulo ainda é vocês rirem-se de nervoso perante o delírio da senhora e ela acrescentar num ar grave: "Não espero outra coisa. Aliás... nem tu!"...
E é nessa hora que vocês deixam de ter dúvidas... de facto era impossível serem normais se lidam desde o berço com gente com uma pancada tão forte!
Mãe: deixa-me só dormir duas ou três noites a oito horas e depois sentamo-nos e eu vou tentar explicar-te que isto não é propriamente o sonho de vida de uma gaja de 26 (27) anos! Ah... e aquela parte do "Ai que bom seria um dia fazer carreira académica"(?)... Esquece... Nunca prevariquei na adolescência, posso mandar papaias destas na idade adulta... Não me leves a sério!
Domingo, 23 de Novembro de 2008 (15.17)
Curriculum
Com a "coisa" tem de seguir também o nosso curriculum... Depois de feito e impresso, pedi à leitora de serviço (a mãe) para ver se faltam vírgulas ou sobram aspas. Ora, tendo eu deixado o respectivo em cima da mesa da sala, ouço o pai à hora de almoço: "Estive a ler o teu curriculum. Olha que já fizeste uma carrada de coisas."...
É por estas e por outras que eu acho que eles pensam que quando eu saio de casa é para ir às compras e que as passagens pela faculdade são mais para pôr bicas em dia do que para vergar a mola...
(19.42)
Alterações de humor
Por hoje já me passou a fase de achar que isto vai acabar bem...
Aliás, estou firme e hirta como uma barra de ferro, parada na casa que diz "volte 10 casas atrás ou desista de uma vez que é o melhor que faz"!
Estou no auge... do desespero...
Bem... e mais não sei... da última vez também achei que era o auge e afinal não era...
Eu não aguento mais isto... a sério... Não estou a brincar... eu não aguento mesmo mais isto...
Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008 (13.51)
18/11
Uma tensão arterial a 18/11 é capaz de ser um sinal para acalmar...
Não sei... é um "suponhamos"...
Terça-feira, 25 de Novembro de 2008 (16.42)
Estranha forma de vida
Será isto, não uma forma de vida, mas uma forma de morte?
Sinto-me lerda...
Meia tonta, nem seguro bem a cabeça...
Escrevo automaticamente sem perceber se estou a melhorar ou a tornar a coisa mais embrulhada do que já está...
Enfim...
Se sábado sentir um bocadinho da sensação de dever cumprido, pode ser que isto me passe.
Se não, deixem-me só sossegada. Calada.
Não estou para nada...
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008 (0.31)
Adequação social
Vou para a cama chamar o sono a ler sobre adequação social das condutas...
Se conhecerem mais alguém que a dois dias de entregar a tese ainda ande a ler as obras da arguente, por favor avisem-me...
Estou a começar a achar que isto não é bem normal :(
(13.28)
Mãos frias
Se é verdade que a mãos frias correspondem amores todos os dias, ora eu devia estar a arfar de tanta aventura ramboieira...
Pois que não estou...
Ora se A e B resultam em C, e eu tenho A, mas não me está a acontecer C... tenho para mim que A pode ser combinado com outras coisas sem ser B... tipo D, E, ou até F! Certo?!
Não perceberam, pois não?! Temo que aconteça o mesmo ao meu júri quando eu aplicar a brilhante teoria ao direito penal... Temo... Mas pronto... pode ser só um perigo de perigo... e no fim não haver dano nenhum!
E com esta me fico...
Agora desembrulhem os neurónios!
(13.38)
Wishlist
Arrumar
os últimos
4 anos
assim...
numa estante
...
e ficar só
a olhar para eles!
Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008 (9.38)
Para que conste
1) Amanhã ponho "isto" a fotocopiar e encadernar para estar tudo operacional na terça feira, último dia de entrega na escolinha;
2) Amanhã vou tentar comprar uns presentes de natal;
3) Amanhã quero ver se me deito mais cedinho e domingo quero ver se acordo mais tardinho;
...
Sábado, 29 de Novembro de 2008 (0.07)
Just to say
...
...
...
i finished :)
(18.15)
A tese!
Depois do "finished" de ontem... tive de me levantar às 6.30 para alterar um parágrafo da tese!
Apesar de tudo... está feita!
Todos me perguntam porque não me rio... todos dizem que não pareço feliz...
Sinceramente... não me apetece rir... e não sei se estou feliz...
Nem sei se estou aliviada...
Tenho um medo grande de que aquilo não seja nada do que esperam de mim... nada do que talvez eu pudesse ter feito...
A vida vai-nos ensinando que há coisas que não mudam... e eu aprendo essa lição quase todos os dias...
Sinceramente, não a sinto como um filho...
Sinceramente, não a amo...
Sinceramente, espero que isto mude e que um dia me aperceba que fiz o melhor que podia, porque sou assim... porque deixo tudo para a última... porque me perco... porque não sou bem talhada para este tipo de trabalhos...
Enfim... sinceramente...
Não se sente nada...
Eu só sinto que não sinto nada...
Só isso...
Mas pode ser que isto mude!
Sinceramente, espero que sim!
terça-feira, 10 de março de 2009
É agora!
ADVOGADOS COBRAM 700 EUROS PARA ANULAR MULTAS
Chamam-lhes "safa-multas", mas eles não gostam. Os polícias acusam-nos de fazerem tudo para atrasar os processos, mas eles negam. A questão principal, dizem os juristas, é assegurar que todos têm defesa. A clientela não pára de aumentar. http://aeiou.expresso.pt/advogados_cobram_700_euros_para_anular_multas=f502113
Ããããã...
Dá para cobrar retroactivos?!
É que se der, meus muitos amigos safos, eu não compro os brincos... eu compro a Pedra Dura :)
Chamam-lhes "safa-multas", mas eles não gostam. Os polícias acusam-nos de fazerem tudo para atrasar os processos, mas eles negam. A questão principal, dizem os juristas, é assegurar que todos têm defesa. A clientela não pára de aumentar. http://aeiou.expresso.pt/advogados_cobram_700_euros_para_anular_multas=f502113
Ããããã...
Dá para cobrar retroactivos?!
É que se der, meus muitos amigos safos, eu não compro os brincos... eu compro a Pedra Dura :)
Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Pablo Neruda
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Pablo Neruda
Senhores dos astros, entendei-vos!!!
Um:
“Eu digo que se alguém não faz, sempre, tudo aquilo que pode e até mais do que pode, é exactamente como se não fizesse absolutamente nada.” Podemos sempre fazer um pouco mais. Será que é porque estamos sempre à espera que alguém dê o primeiro passo?
Outro:
Controle as emoções.
“Eu digo que se alguém não faz, sempre, tudo aquilo que pode e até mais do que pode, é exactamente como se não fizesse absolutamente nada.” Podemos sempre fazer um pouco mais. Será que é porque estamos sempre à espera que alguém dê o primeiro passo?
Outro:
Controle as emoções.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Já sou tia outra vez... e outra vez!
Ontem... nasceram os gémeos sobrinhos da R. Ontem... nasceram o Luís e o Gabriel!
O Luís e o Gabriel são sobrinhos da R. por parte do coração. São filhos de dois amigos da R., tão grandes que são como irmãos. O Luís e o Gabriel foram desejados desde muito antes de nascerem... e de serem concebidos. E a tia já os queria tão bem como agora desde esse tempo em que eram só sonho de pessoa. O Luís e o Gabriel nasceram ontem, mais ou menos ao meio dia e meio... e a tia soube pouco depois, quando recebeu a confirmação do paps. A mams tinha adiantado, por volta das seis da manhã, que a tia estava para ser tia... A tia ainda não tinha dito nada porque ainda não tinha falado com a mams e só depois disso é que queria vir aqui explodir. Agora já pode! SOU TIA!!! E OUTRA VEZ TIA!!!
Eu já sou tia da mana dos gémeos e serei tia de quantos mais manos os gémeos tiverem, mas quem sabe a história de cor sabe bem do gosto mais doce de todos os gostos que se sente de terem nascido estes gémeos. Porque estes gémeos são a prova mais acabada de que nada é impossível!
O Luís é mais matulão e pelos vistos tem ar de rufia. O Gabriel é uma boa alma, tenho para mim que o mais recente nenuco da mana!!! São os três, mais os papás, uma família daquelas à séria, que devemos apreciar bem a ver se aprendemos alguma coisa. Porque é tudo feito de amor ali... e dá gosto ver que é assim.
A tia conhece aquela história de há muito. De quando o pai pediu a mãe em casamento na serenata do 5.º ano, sentados na Via Latina. A tia e mais uns quantos pensaram que talvez fosse delírio de quem não arredava pé das escadas desde as sete da matina. Mas não era. A tia conhece aquela história desde quando soube, pela primeira vez, que ia ser tia. A tia conhece recantos daquela história desde quando teve a sorte de aqueles dois a incluírem na família do coração e a deixarem ser tia dos filhos deles.
A tia é uma babada. A tia nem sabe bem o que escrever mais. Só tem de dizer que é Vossa fã! E que as tias também servem para ser mais uma voz a pedir para serem tão felizes como o tudo que é possível no ser feliz!
Parabéns papás!
A tia está eufórica!
Avós de baixo
Os meus avós de baixo não eram meus avós. Eram dois velhotes, muito mais velhotes que os meus verdadeiros avós, que viviam abaixo da casa dos avós em casa dos quais vivi até aos 9 anos. Eu nunca andei no Jardim (o que justifica as sérias dificuldades em concretizar o i). Fiquei sempre em casa, criada primeiro pela mãe, que interrompeu os estudos, e depois por muitos avós e tis. Tinha a Mã, que vivia em frente da casa dos meus avós e me dava iogurtes enquanto me explicava que o senhor que apresentava as notícias era muito bom homem... até cumprimentava sempre as pessoas à entrada e à saída do telejornal!!! Tinha o Neco, que andava sempre muito sujo mas gostava de me dar boleias de bicicleta. O Neco limpava o nariz às mangas, mas parava na fonte se fosse preciso limpar-me o nariz a mim. Tinha a Cecília, que me prendia o cabelo de lado com camélias e me chamava guapa. Tinha muitos Tis... tinha o Ti Nuno, que era dono do Moinho e fazia visitas guiadas aos catraios, o Ti Ribeiro, que vendia ouro e me dava aneis de prata... E tinha os meus avós de baixo. Os meus avós de baixo foram mais meus avós que qualquer dos meus avós. Não por mais nada se não por não terem nada mais em que se empenhar se não em serem meus avós. Os meus avós de baixo tinham uma casa em que o chão chiava e um quarto em que cheirava a perfume de maçãs, porque havia encostadinha à janela uma macieira sempre carregada. Os meus avós de baixo tinham uma casa da eira, de dois andares... um luxo. O andar de cima transformou-se em casa de brincar quando assumiram ser meus avós de baixo. Tinha móveis pequeninos, que o meu avô me fez... mais perfeitos que os de qualquer casa de Barbie. Os meus avós de baixo não escolheram ser meus avós. Eu escolhi-os e devo ter insistido até não me resistirem. Talvez tenha sido aí que me convenci valer a pena vencer os que resistem. Porque a eles também teria sido mais fácil levar a vida sem sobressaltos. Mas eu gostava tanto deles que seria uma pena não lhes ter mostrado. Acho sempre uma pena não podermos mostrar o que gostamos. Porque, às vezes, é só disso que o outro precisa, mas nem sabe! Pequenina, a minha mãe diz que ia lá mostrar cada vez que tinha uma roupa nova (vaidosa!!!) e quando lá chegava dizia que só me faltavam uns brincos a condizer. Então a minha avó tirava-me as minhas pequeninas argolas e pendurava nelas, uma de cada lado, flores brincos de princesa. E eu ia pela rua, já com a mania de abanar as pendurezas das orelhas. Eu devo ter insistido mesmo muito com eles para me guardarem no coração. Porque de vez em quando ia lá e perguntava se me podiam fazer arroz, porque eu não podia contar a ninguém, para ninguém ficar triste, mas o arroz da minha avó de baixo era o melhor arroz do Mundo (ainda hoje me lembro do cheiro. Infelizmente, há muitos anos que deixei de lhe poder sentir o sabor). Eu devo ter sido mesmo impaciente até me terem transformado em mais um motivo para sorrirem. Porque eu roubei uma caneca de casa e levei-a para lá para lhes dizer que queria um espaço para mim naquela casa. E pus a minha caneca entre as canecas dos meus avós de baixo. Os meus avós de baixo foram, até hoje, das melhores pessoas que conheci na vida. Quando deixaram de me resistir, passaram a organizar a sua vida por mim. Dormiam a sesta à mesma hora que eu e, dia sim, dia não, comiam arroz ao almoço. A pouco e pouco, os meus avós e os meus pais foram assumindo que os meus avós de baixo seriam o meu jardim de infância. Não me ensinaram a fazer i. Mas ensinaram-me a cantiga de quando cai um dente, a aproveitar o que cai em chão limpo, com um sopro e um beijinho, e ensinaram-me a ser pessoa. Um dia, cheguei a casa deles e o meu avô disse que tinha um presente para mim. Estava embrulhado em jornal. E era um banco pequenino. Exactamente como os que ele tinha feito para ele e para a minha avó, mas em pequeno. Em casa dos meus avós de baixo, plantei coisas e subi a árvores. Podei as hortenses e fui buscar água à bomba. Em casa dos meus avós de baixo, aprendi que não se deve tirar os espinhos às rosas, porque são mais ou menos como as borbulhas das pessoas: temos de gostar delas mesmo assim. Em casa dos meus avós de baixo aprendi orações e anedotas. Em casa dos meus avós de baixo havia chás de velhotes, em que se comiam caixas de sortido. No verão, comíamos camarinhas (nunca mais comi camarinhas!). Eu era uma menina da aldeia, mas com muitas coisas de menina da cidade. Todas as semanas ia à cidade. Desde muito novinha que ia ao cinema. E vesti Benetton provavelmente desde o berço, porque com duas tranças e aquelas cores todas eu ficava, no dizer dos meus pais, uma fofa! Então, tinha barbies e nenucos, barriguitas e legos. Mas para casa dos meus avós de baixo eu raramente levava essas coisas. Contentava-me a brincar com o tempo deles. E foi aí que aprendi a pôr feijões a dormir. E foi aí que descobri das melhores ternuras de psicologia infantil... porque no inverno o meu avô ia buscar um lenço da mão e cobria os feijões. Porque é preciso agasalhar os bebés quando está frio... dar-lhe beijos se ficam doentes. E não os deixar sozinhos porque podem acordar e desatar a chorar. E as pessoas crescidas devem fazer tudo para os pequeninos não chorarem. Só se fôr de alegria é que não.
Um dia, o meu avô foi parar ao hospital. E morreu. Não quero falar mais disso.
Continuei com a minha avó e fiz-lhe festas tardes inteiras. Comecei a saber pôr a mesa e ia mais cedo só para me enroscar nas pernas dela enquanto nos fazia arroz. Arrumámos o banco do avô no quarto com perfume a maçã e continuámos a fazer chás e cevadas com os outros velhotes. E eu continuei a ser a sua princesa. Tornei-me sobrinha das filhas dela e das netas e bisnetas dela. Recebia serenatas de amor porque elas estavam no Brasil. E quando vinham, fazíamos excursões em multidão. Mas depois elas iam e eu ficava a fazer festas à minha avó. E, quando soube ler, li-lhe a oração do anjo da guarda e ela chorou. E quando ela ficou doente e tiveram de a levar para o Brasil, também chorou. E eu, tanto. E um dia, quando ficou tão doente que parecia que talvez fosse morrer, telefonou-me. E quando melhorou fez cá uma viagem. E sentada cada uma no seu velho banco, fez as partilhas que o coração mandou. E deu-me o banco. E as três canecas. E o tacho do arroz. E o crucifixo da sala. E um lenço de mão. Morreu no dia do meu último cortejo de Queima. Ela, a quem absolvi mil vezes do esturro de qualquer coisa e condenei a pentear-me tardes inteiras. E puseram a casa à venda. E os meus pais compraram. E um dia, quem sabe, não faço dela outra vez a minha casa. Agora cede ao tempo. Mas seriam borbulhas da alma ver alguém arrasá-la um dia.
Um dia, o meu avô foi parar ao hospital. E morreu. Não quero falar mais disso.
Continuei com a minha avó e fiz-lhe festas tardes inteiras. Comecei a saber pôr a mesa e ia mais cedo só para me enroscar nas pernas dela enquanto nos fazia arroz. Arrumámos o banco do avô no quarto com perfume a maçã e continuámos a fazer chás e cevadas com os outros velhotes. E eu continuei a ser a sua princesa. Tornei-me sobrinha das filhas dela e das netas e bisnetas dela. Recebia serenatas de amor porque elas estavam no Brasil. E quando vinham, fazíamos excursões em multidão. Mas depois elas iam e eu ficava a fazer festas à minha avó. E, quando soube ler, li-lhe a oração do anjo da guarda e ela chorou. E quando ela ficou doente e tiveram de a levar para o Brasil, também chorou. E eu, tanto. E um dia, quando ficou tão doente que parecia que talvez fosse morrer, telefonou-me. E quando melhorou fez cá uma viagem. E sentada cada uma no seu velho banco, fez as partilhas que o coração mandou. E deu-me o banco. E as três canecas. E o tacho do arroz. E o crucifixo da sala. E um lenço de mão. Morreu no dia do meu último cortejo de Queima. Ela, a quem absolvi mil vezes do esturro de qualquer coisa e condenei a pentear-me tardes inteiras. E puseram a casa à venda. E os meus pais compraram. E um dia, quem sabe, não faço dela outra vez a minha casa. Agora cede ao tempo. Mas seriam borbulhas da alma ver alguém arrasá-la um dia.
domingo, 8 de março de 2009
sábado, 7 de março de 2009
Queime-se
a R. com ferro quente
...
que foi levar os kikis ao British e fez-se acompanhar de umas fotocópias da Rivista Italiana di Diritto e Procedura Penale para ler durante aquelas três horas de espera
...
mas decidiu ir ver sapatos!
Ela não merece viver, a tipa*.
*Nota: Todos estes posts sobre o estado da arte de ser gaja e inteligente são dedicados às pessoínhas que vêm insistindo que eu estou com tão boa cara que parece que nem fiz uma tese e tenho de a defender; que é impossível andar cansada. Acham o quê? Que a comprei feita? Por encomenda na loja chinesa da Baixa! Vão todos a um sítio que eu cá sei! E fiquem-se com mais uma dica de gaja do mais gaja que há!
...
que foi levar os kikis ao British e fez-se acompanhar de umas fotocópias da Rivista Italiana di Diritto e Procedura Penale para ler durante aquelas três horas de espera
...
mas decidiu ir ver sapatos!
Ela não merece viver, a tipa*.
*Nota: Todos estes posts sobre o estado da arte de ser gaja e inteligente são dedicados às pessoínhas que vêm insistindo que eu estou com tão boa cara que parece que nem fiz uma tese e tenho de a defender; que é impossível andar cansada. Acham o quê? Que a comprei feita? Por encomenda na loja chinesa da Baixa! Vão todos a um sítio que eu cá sei! E fiquem-se com mais uma dica de gaja do mais gaja que há!
Sono dos justos atrapalhados
Tenho de começar a preparar a defesa por algum lado!
Já tenho roupa!
...
Se isto não é denunciar-me como fútil e trapaceira que tenta convencer a malta que também sabe de direito, não sei o que será! Ah... sorry... já não vivemos naquele tempo em que uma mulher tem de optar por ser gira ou ser inteligente, que não dá para levar com as duas qualidades juntas.
Ou se apresenta como a verdadeira gaja e essa quer-se gira. Lá isso de ser inteligente é para as que não tiveram oportunidade de ser mais nada. Porque gaja que é gaja só pensa em trapos e sapatos e bugigangas... tipo brincos. Gaja que é gaja acha que a Almedina é um cabeleireiro. Gaja que é gaja entroniza a Pedra Dura como loja de eleição (se for uma gaja com menos bom gosto, fica-se pelas concorrentes fatelas da dita). Gaja que é gaja não gasta dinheiro em livros, salvo aqueles que dão dicas para prender gajos.
Ou então apresenta-se como uma mulher de cultura e então tem de usar óculos (oops... eu uso, mas é só porque as lentes me metem impressão nos olhos e acho sempre que numa hora de aflição não teria tempo de as pôr!!!) Mulher que é mulher veste a primeira coisa que lhe aparecer: são tudo fatos, só variam a cor. Mulher que é mulher lê em estrangeiro e passa mal se vê a capa da Ana mais atrevida. Mulher que é mulher usa canetas de marca para assinar os documentos (ok... já me safei... Assino os exames dos alunos com uma caneta com um peixe palhaço que o meu irmão me trouxe do Oceanário!). Mulher que é mulher usa umas pérolas a servir de brincos e aneis discretos. Mulher que é mulher não acha piada a Swatch... salvo para a praia.
Mas nós já não vivemos neste tempo separatista. Já o mundo teve a sorte de conhecer gajas-mulher do melhor que há. E os mais atentos já as descobriram.
Por isso é que eu fiquei um bocadinho ainda mais apaixonada naquele dia em que ouvi: "Este é o presente para a R. intelectual e este é o presente para a R. fútil."*
*Isto já me passa!
...
Se isto não é denunciar-me como fútil e trapaceira que tenta convencer a malta que também sabe de direito, não sei o que será! Ah... sorry... já não vivemos naquele tempo em que uma mulher tem de optar por ser gira ou ser inteligente, que não dá para levar com as duas qualidades juntas.
Ou se apresenta como a verdadeira gaja e essa quer-se gira. Lá isso de ser inteligente é para as que não tiveram oportunidade de ser mais nada. Porque gaja que é gaja só pensa em trapos e sapatos e bugigangas... tipo brincos. Gaja que é gaja acha que a Almedina é um cabeleireiro. Gaja que é gaja entroniza a Pedra Dura como loja de eleição (se for uma gaja com menos bom gosto, fica-se pelas concorrentes fatelas da dita). Gaja que é gaja não gasta dinheiro em livros, salvo aqueles que dão dicas para prender gajos.
Ou então apresenta-se como uma mulher de cultura e então tem de usar óculos (oops... eu uso, mas é só porque as lentes me metem impressão nos olhos e acho sempre que numa hora de aflição não teria tempo de as pôr!!!) Mulher que é mulher veste a primeira coisa que lhe aparecer: são tudo fatos, só variam a cor. Mulher que é mulher lê em estrangeiro e passa mal se vê a capa da Ana mais atrevida. Mulher que é mulher usa canetas de marca para assinar os documentos (ok... já me safei... Assino os exames dos alunos com uma caneta com um peixe palhaço que o meu irmão me trouxe do Oceanário!). Mulher que é mulher usa umas pérolas a servir de brincos e aneis discretos. Mulher que é mulher não acha piada a Swatch... salvo para a praia.
Mas nós já não vivemos neste tempo separatista. Já o mundo teve a sorte de conhecer gajas-mulher do melhor que há. E os mais atentos já as descobriram.
Por isso é que eu fiquei um bocadinho ainda mais apaixonada naquele dia em que ouvi: "Este é o presente para a R. intelectual e este é o presente para a R. fútil."*
*Isto já me passa!
sexta-feira, 6 de março de 2009
Estou apaixonada
E um dia eu apaixono-me por uns brincos. Mas a nossa relação fica posta em crise logo à nascença. Só deixando de comer uma semana é que a nossa união não afectaria o meu orçamento. E então, quase em lágrimas, despedi-me deles. E as malvadas das meninas da Pedra Dura ainda disseram: "Ai tem mesmo bom gosto. Pois são caros, mas já viu os pormenores? Olhe, fazemos a reserva por 48 horas para pensar." E eu gritei que não, que não podem pressionar-me assim. Porque eu sou uma rapariga classe média e preciso poupar. E elas olharam-me bem dentro dos olhos e despiram-me a alma com um acutilante: "Se quer enganar-se a achar que vai conseguir esquecê-los!..." E eu saí amuada. Certa que não seriam uns brincos a abalar-me. Mas são. Porque eu sou dada a tudo quanto é pendureza para as orelhas. E aqueles são lindos. São umas argolas, têm flores e cristais de todas as cores que o Verão convoca e um pássaro a voar. Eu sei que dito assim parece piroso, mas não é. Só há uns! E são tão lindos! Por isso, eu deixo aqui um apelo: por favor não os comprem, para eles esperarem por mim até aos saldos. E nesse dia o nosso amor vencerá e partiremos juntos por aí fora. Porque esta noite sonhei com eles. E por isso tenho para mim que é uma relação para durar. Aquilo bateu-me forte! Aguentem-se na loja, kikos. Mostrem a quem vos experimentar que só ficam bem em mim! We can!
Eu tenho pena!
Em meados de Setembro de 1987, tinha eu 5 anos, saí um dia de manhã de casa e fui para a escola. Fui com os meninos mais velhos, porque ainda era pequenina para ir sozinha. Mas já sabia o caminho, porque a escola era pertinho. Se chovesse, o meu avô ia lá levar-me. Mas não choveu. E então eu fui com os meninos. Levava a mochila mais gira que vi até hoje. Umas semanas antes tinha ido com a mamã e o papá à Românica e eles tinham dito que eu podia escolher tudo o quisesse. Escolhi tudo cor de rosa. Lápis, canetas, borracha, cadernos, papel de encadernar, estojo, mochila, chapéu de chuva, capa de chuva (sim... já havia disto! Na 3.ª classe tive uma verde alface tãããooo gira!)... A mochila, ainda a guardo. Era de pano, cor de rosa forte, e tinha a aplicação de uma menina, feita de trapos e lã, com duas tranças... Eu também tinha duas tranças.
Nesse dia, conheci aquela que viria a ser conhecida como a "familia cupuleta", porque foi assim que escrevi "família completa" por cima do coração com as caras de todos os meninos e que ofereci à professora, no Natal. Conheci a Lili, o Ricardo, o Altino, o Rui e muitos outros meninos, mas estes eram os da primeira classe. O Rui era mais velho que nós, mas era mais pequeno. E já andava há muito tempo na escola e ainda não sabia ler. E aquilo fez-me muita confusão. Para aí à terceira semana, pedi à professora para ficar ao lado do Rui, ser a sua colega de carteira. E a professora deixou. E a partir daí o Rui nunca mais precisou de escrever com lápis da escola, nem em papel da escola, nem pintar com marcadores dos colegas. Porque quando eu ia às compras pedia o material a dobrar, que era para o Rui também ter as coisas dele. Porque uma coisa é a gente emprestar, mas depois quando vamos para casa precisamos de ter as nossas coisas, não é mamã? É. Vá, leva então isto ao Rui. Mas para ele se calhar levamos azul, não achas? Pois, é melhor.
O Rui é anão. E tem um atraso mental. O Rui nunca aprendeu a ler. Mas... o Rui fará sempre parte da minha "familia cupuleta". O Rui é filho do Quim e da Luísa. Eles têm uma carroça e vivem de vender velas. E quando eu preciso de velas, daquelas em copo vermelho, eu vou sempre comprar a eles. Mas eles só têm dessas. Não vendem aromáticas! O Rui andava na APPACDM quando eu andava no liceu e entrava primeiro no autocarrro e guardou-me o lugar durante aqueles três anos. Porque eu nunca tive medo do Rui. O Rui tem um carro daqueles para que não é preciso carta e quando eu venho em sentido contrário, pára e levanta-me o braço. Nem que isso obrigue uma fila de carros a esperar que eu passe!
Quando eu cheguei a casa depois do primeiro dia de escolinha, tinha uns grafismos em forma de onda para fazer. E quando o meu primo Pedro, companheiro de todas as aventuras, veio ter comigo a casa, eu disse-lhe assim: "Sabes que tu és mais pequeno que eu. E que agora a nossa vida é diferente. Porque agora eu ando na escola e só posso brincar depois de fazer os trabalhos. Mas isto são só umas ondas. Até ver é fácil. Se esperares um bocadito e fizeres silêncio, eu acabo rápido e já vamos brincar." (Só quebrei esta preciosa regra uma vez, numas férias da Páscoa. Depois de duas semanas em casa, no domingo à noite os meus pais estavam para sair para ir ao cinema com um casal amigo e eu lembrei-me que não tinha feito os trabalhos. E foi ver aqueles quatro a fazer carreiras de letras a ver se ainda apanhavam a sessão. E eu de dedo em riste a dizer que tinham de fazer mais mal feito ou a professora desconfiava!!!)
E ele esperou. Como fizemos sempre um com o outro. Esperámos. Porque não fazíamos nada sozinhos. Porque se eu chorava enquanto me faziam as tranças, ele dizia: "Tem de ficar bem apertadinho para não se desmanchar. E não chores porque ficas tão linda." O meu primo já casou. E quando os pais tentaram procurar fotos de pequeno para o vídeo do casamento, tiveram alguma dificuldade em encontrar delas em que eu não estivesse. O meu primo Pedro tinha um gato, que era o Apolo, e que namorava com a minha gata, que era a Micha Cláudia.
Quando o meu primo Pedro foi para a primeira classe, eu já era profissional em ondas e até já tinha ultrapassado a grande dificuldade que foi saber fazer o i, porque era estranho ir e vir pelo mesmo caminho! Então fazíamos os trabalhos juntos. E a minha mãe depois corrigia-os, quando vinha da escolinha dela.
Nunca ninguém nos fez os trabalhos. Podiam explicar-nos, que explicavam, mas não faziam. Uma vez, numa ficha de matemática, havia um problema de compra de um frigorífico em prestações e eu à hora de almoço pedi ajuda ao meu avô. Mas ele não fez o problema. Explicou-me a situação. Até fingimos que o senhor queria era um fogão!
Por isso é que eu acho um bocadinho triste a necessidade de criar um site que faça os trabalhos aos meninos: faismesdevoirs.com Porque isso significa que os meninos não vão ter quem lhes diga que a conta se faz igualzinha se for um fogão. E os meninos não vão ter de aprender a esperar uns pelos outros. E, se calhar, qualquer dia não vão saber fazer ondas. E isso dá jeito para treinar fazer o mar.
Eu tenho pena de quem não tem pessoas. Tem só profissonais à sua volta. Eu tenho pena de quem não tem quem lhe explique que o segredo de um i perfeito é ir e vir pelo mesmo caminho. Eu tenho pena que os Ruis de hoje vão para escolas só de Ruis. E que os outros percam a oportunidade de os conhecer. Porque sim, são os outros que perdem. Nunca vão ter ninguém que pare o trânsito só para lhes levantar a mão. Nunca vão ter quem lhes reserve as velas em alturas de maior saída. Nunca vão ter quem diga que lhes empresta a carroça se casarem, porque as charretes devem ser muito caras. Nunca! E eu tenho pena.
Eu tenho pena que os meninos hoje não briquem na rua, nem tomem banhos de rio. Eu tenho pena que muitos não possam ter Michas Cláudias. Eu tenho pena. Eu tenho pena que as mochilas com meninas de tranças pareçam nada ao pé dos Magalhães. Eu tenho pena que não pareça importante os papás e as mamãs irem uma manhã inteira para a Românica, só para se escolher tudo muito bem escolhido. Eu tenho pena. Eu tenho pena que as meninas já sejam pouco meninas mesmo quando são meninas. E quase nenhuma use duas tranças. Eu tenho pena. Eu tenho pena que a maioria dos primos morem longe. E dos amigos também. E que as actividades tenham horário. Porque o bom é mudar de planos a meio da corrida de bicicleta. Eu tenho pena que já ninguém procure tesouros. Eu tenho pena que já ninguém tenha muitos mais avós que os seus avós e passe por casa deles à procura de línguas de gato. Eu tenho pena que já ninguém ache piada a pôr feijões a dormir. E que, pior ainda, não tenham ninguém que lhes explique que os feijões pretos podem namorar com os brancos, ou com os vermelhos. Os velhos com os novos. Os secos com os verdes. Porque o que importa é os feijões gostarem uns dos outros. Eu tenho mesmo pena. Porque acho difícil ser feliz assim.
Nesse dia, conheci aquela que viria a ser conhecida como a "familia cupuleta", porque foi assim que escrevi "família completa" por cima do coração com as caras de todos os meninos e que ofereci à professora, no Natal. Conheci a Lili, o Ricardo, o Altino, o Rui e muitos outros meninos, mas estes eram os da primeira classe. O Rui era mais velho que nós, mas era mais pequeno. E já andava há muito tempo na escola e ainda não sabia ler. E aquilo fez-me muita confusão. Para aí à terceira semana, pedi à professora para ficar ao lado do Rui, ser a sua colega de carteira. E a professora deixou. E a partir daí o Rui nunca mais precisou de escrever com lápis da escola, nem em papel da escola, nem pintar com marcadores dos colegas. Porque quando eu ia às compras pedia o material a dobrar, que era para o Rui também ter as coisas dele. Porque uma coisa é a gente emprestar, mas depois quando vamos para casa precisamos de ter as nossas coisas, não é mamã? É. Vá, leva então isto ao Rui. Mas para ele se calhar levamos azul, não achas? Pois, é melhor.
O Rui é anão. E tem um atraso mental. O Rui nunca aprendeu a ler. Mas... o Rui fará sempre parte da minha "familia cupuleta". O Rui é filho do Quim e da Luísa. Eles têm uma carroça e vivem de vender velas. E quando eu preciso de velas, daquelas em copo vermelho, eu vou sempre comprar a eles. Mas eles só têm dessas. Não vendem aromáticas! O Rui andava na APPACDM quando eu andava no liceu e entrava primeiro no autocarrro e guardou-me o lugar durante aqueles três anos. Porque eu nunca tive medo do Rui. O Rui tem um carro daqueles para que não é preciso carta e quando eu venho em sentido contrário, pára e levanta-me o braço. Nem que isso obrigue uma fila de carros a esperar que eu passe!
Quando eu cheguei a casa depois do primeiro dia de escolinha, tinha uns grafismos em forma de onda para fazer. E quando o meu primo Pedro, companheiro de todas as aventuras, veio ter comigo a casa, eu disse-lhe assim: "Sabes que tu és mais pequeno que eu. E que agora a nossa vida é diferente. Porque agora eu ando na escola e só posso brincar depois de fazer os trabalhos. Mas isto são só umas ondas. Até ver é fácil. Se esperares um bocadito e fizeres silêncio, eu acabo rápido e já vamos brincar." (Só quebrei esta preciosa regra uma vez, numas férias da Páscoa. Depois de duas semanas em casa, no domingo à noite os meus pais estavam para sair para ir ao cinema com um casal amigo e eu lembrei-me que não tinha feito os trabalhos. E foi ver aqueles quatro a fazer carreiras de letras a ver se ainda apanhavam a sessão. E eu de dedo em riste a dizer que tinham de fazer mais mal feito ou a professora desconfiava!!!)
E ele esperou. Como fizemos sempre um com o outro. Esperámos. Porque não fazíamos nada sozinhos. Porque se eu chorava enquanto me faziam as tranças, ele dizia: "Tem de ficar bem apertadinho para não se desmanchar. E não chores porque ficas tão linda." O meu primo já casou. E quando os pais tentaram procurar fotos de pequeno para o vídeo do casamento, tiveram alguma dificuldade em encontrar delas em que eu não estivesse. O meu primo Pedro tinha um gato, que era o Apolo, e que namorava com a minha gata, que era a Micha Cláudia.
Quando o meu primo Pedro foi para a primeira classe, eu já era profissional em ondas e até já tinha ultrapassado a grande dificuldade que foi saber fazer o i, porque era estranho ir e vir pelo mesmo caminho! Então fazíamos os trabalhos juntos. E a minha mãe depois corrigia-os, quando vinha da escolinha dela.
Nunca ninguém nos fez os trabalhos. Podiam explicar-nos, que explicavam, mas não faziam. Uma vez, numa ficha de matemática, havia um problema de compra de um frigorífico em prestações e eu à hora de almoço pedi ajuda ao meu avô. Mas ele não fez o problema. Explicou-me a situação. Até fingimos que o senhor queria era um fogão!
Por isso é que eu acho um bocadinho triste a necessidade de criar um site que faça os trabalhos aos meninos: faismesdevoirs.com Porque isso significa que os meninos não vão ter quem lhes diga que a conta se faz igualzinha se for um fogão. E os meninos não vão ter de aprender a esperar uns pelos outros. E, se calhar, qualquer dia não vão saber fazer ondas. E isso dá jeito para treinar fazer o mar.
Eu tenho pena de quem não tem pessoas. Tem só profissonais à sua volta. Eu tenho pena de quem não tem quem lhe explique que o segredo de um i perfeito é ir e vir pelo mesmo caminho. Eu tenho pena que os Ruis de hoje vão para escolas só de Ruis. E que os outros percam a oportunidade de os conhecer. Porque sim, são os outros que perdem. Nunca vão ter ninguém que pare o trânsito só para lhes levantar a mão. Nunca vão ter quem lhes reserve as velas em alturas de maior saída. Nunca vão ter quem diga que lhes empresta a carroça se casarem, porque as charretes devem ser muito caras. Nunca! E eu tenho pena.
Eu tenho pena que os meninos hoje não briquem na rua, nem tomem banhos de rio. Eu tenho pena que muitos não possam ter Michas Cláudias. Eu tenho pena. Eu tenho pena que as mochilas com meninas de tranças pareçam nada ao pé dos Magalhães. Eu tenho pena que não pareça importante os papás e as mamãs irem uma manhã inteira para a Românica, só para se escolher tudo muito bem escolhido. Eu tenho pena. Eu tenho pena que as meninas já sejam pouco meninas mesmo quando são meninas. E quase nenhuma use duas tranças. Eu tenho pena. Eu tenho pena que a maioria dos primos morem longe. E dos amigos também. E que as actividades tenham horário. Porque o bom é mudar de planos a meio da corrida de bicicleta. Eu tenho pena que já ninguém procure tesouros. Eu tenho pena que já ninguém tenha muitos mais avós que os seus avós e passe por casa deles à procura de línguas de gato. Eu tenho pena que já ninguém ache piada a pôr feijões a dormir. E que, pior ainda, não tenham ninguém que lhes explique que os feijões pretos podem namorar com os brancos, ou com os vermelhos. Os velhos com os novos. Os secos com os verdes. Porque o que importa é os feijões gostarem uns dos outros. Eu tenho mesmo pena. Porque acho difícil ser feliz assim.
quinta-feira, 5 de março de 2009
A senhora do juri... outra vez!
E se estiveres para sair da faculdade, mesmo fartinho do dia, pronto para ir para casa trabalhar com um aquecedor aos pés... e te der a vontade de fazer chichi?!
Vais à casa de banho!
Pois... isso também eu pensei... Mas acho que vou começar a evitar esse pensamento. Com jeitinho tu chegas a casa, miúda!
É que atravessar o corredor da dita cuja expõe-te aos maiores perigos.
...
...
...
Hoje encontrei outra vez a senhora do juri.
Mas ainda não morri!
Ou melhor, eu já estive hoje à tarde naquele corredor em que só se vê uma luz branca e se sente a alma a sair do corpo...
...
Foi quando a senhora decidiu falar em ratificação e convenção e cibercrime. E toda a minha cabeça foi luz forte. E foi um cheiro a queimado ali no corredor que meteu dó. E só faltou deixar de saber falar... porque a dada altura eu era gaja para dizer que a convenção é um prato típico da Rússia, acompanhado, habitualmente, de um copo de cibercrime.
...
A custo, senti-me entrar novamente no meu corpo. E acho que, em princípio, sobrevivi!
Agora... que estes sustos não me fazem bem à saúde, lá isso não fazem! Muito menos à capilar!
Aaaaaiiiii!!!
Vais à casa de banho!
Pois... isso também eu pensei... Mas acho que vou começar a evitar esse pensamento. Com jeitinho tu chegas a casa, miúda!
É que atravessar o corredor da dita cuja expõe-te aos maiores perigos.
...
...
...
Hoje encontrei outra vez a senhora do juri.
Mas ainda não morri!
Ou melhor, eu já estive hoje à tarde naquele corredor em que só se vê uma luz branca e se sente a alma a sair do corpo...
...
Foi quando a senhora decidiu falar em ratificação e convenção e cibercrime. E toda a minha cabeça foi luz forte. E foi um cheiro a queimado ali no corredor que meteu dó. E só faltou deixar de saber falar... porque a dada altura eu era gaja para dizer que a convenção é um prato típico da Rússia, acompanhado, habitualmente, de um copo de cibercrime.
...
A custo, senti-me entrar novamente no meu corpo. E acho que, em princípio, sobrevivi!
Agora... que estes sustos não me fazem bem à saúde, lá isso não fazem! Muito menos à capilar!
Aaaaaiiiii!!!
Será mesmo?! Mesmo?!
27/3/2009
=
(2+7)+3+(2+0+0+9)
=
9+3+11
=
1) 12(1+2)+11(1+1)
=
3+2
=
5*
2) 12+11
=
23 (2+3)
=
5*
=
(2+7)+3+(2+0+0+9)
=
9+3+11
=
1) 12(1+2)+11(1+1)
=
3+2
=
5*
2) 12+11
=
23 (2+3)
=
5*
quarta-feira, 4 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
Dos amigos dos meus amigos
- O que me fez? Nada mais que mal a um amigo!
- Ah!!! Mas é que lhe tens mesmo um pó! Parece que te fez alguma coisa!
- E fez: mal a um amigo meu!
- Não! És seca. Quase intratável. Pensei que te tivesse feito alguma a ti.
- Ora vamos lá ver. E fez. Porque os amigos dos meus amigos, meus amigos são. E os inimigos dos meus amigos, das duas uma: ou são inimigos pacíficos e só têm de arcar com a minha ligeira antipatia; ou são inimigos declarados e dos que se esforçam por dar cabo da vida aos meus amigos e então aí ganham uma inimiga, que sou eu. Porque pelos amigos eu tiro a roupa do corpo. E pelos amigos dos meus amigos eu rebuscarei maneiras de não lhes faltar o trapo. Mas o que só faz tramar o meu amigo é pessoa para levar com uma molha num dia de chuva em que vá no passeio e eu passe de carro. É pessoa para receber um não amarelado se me pedir batatinhas. É pessoa para começar a achar que lhe tenho osga... e revelar aí que pelo menos é esperto(a). É pessoa para entrar na minha lista negra. E talvez nunca de lá sair. Salvo, claro está, ganhe juízo e se torne só num inimigo de trazer por casa e que não parte um prato. Aí sim, pode ser que tenha a oportunidade de morrer feliz por realizar o sonho de me ver esboçar-lhe um sorriso!!!
- Ah. Ok, já percebi!
- Ah!!! Mas é que lhe tens mesmo um pó! Parece que te fez alguma coisa!
- E fez: mal a um amigo meu!
- Não! És seca. Quase intratável. Pensei que te tivesse feito alguma a ti.
- Ora vamos lá ver. E fez. Porque os amigos dos meus amigos, meus amigos são. E os inimigos dos meus amigos, das duas uma: ou são inimigos pacíficos e só têm de arcar com a minha ligeira antipatia; ou são inimigos declarados e dos que se esforçam por dar cabo da vida aos meus amigos e então aí ganham uma inimiga, que sou eu. Porque pelos amigos eu tiro a roupa do corpo. E pelos amigos dos meus amigos eu rebuscarei maneiras de não lhes faltar o trapo. Mas o que só faz tramar o meu amigo é pessoa para levar com uma molha num dia de chuva em que vá no passeio e eu passe de carro. É pessoa para receber um não amarelado se me pedir batatinhas. É pessoa para começar a achar que lhe tenho osga... e revelar aí que pelo menos é esperto(a). É pessoa para entrar na minha lista negra. E talvez nunca de lá sair. Salvo, claro está, ganhe juízo e se torne só num inimigo de trazer por casa e que não parte um prato. Aí sim, pode ser que tenha a oportunidade de morrer feliz por realizar o sonho de me ver esboçar-lhe um sorriso!!!
- Ah. Ok, já percebi!
Não me faz bem esta lonjura. Nem o amanhecer de outros sinais. Sabes que há espaços escancarados? E portas sem ferragens? Sabes que o martelo amolece às vezes? Sabes que não se entranhou ainda a falta? Sabes o esquema de toca e foge? Sabes que era agora tempo novo? E podia. Sabes que há cabeças menos duras que a tua? E que crescem ânsias de abano? Sabes que nos guardo? E que escorro suor desse trabalho braçal? Sabes que tem cheiro a chá? Sabes que há luz branca ainda acesa? Sabes das carreiras de mudança? E do trabalho que isso dá? Arejar é preciso. E eu sempre gostei do cheiro a tinta. É isso... Podíamos entrar em obras!
ããããã...
A Relação do Porto obrigou uma juíza de Ovar a aceitar um requerimento que devolvera por ter sido apresentado em papel verde e passou uma reprimenda à magistrada, anulando a multa de €192 aplicada à requerente.
"Num tempo em que toda a opinião pública critica a morosidade da justiça, melhor teria andado a meretíssima juíza em ter reparado a decisão recorrida" dado que o texto é "perfeitamente legível", refere o acórdão a que hoje a agência Lusa teve acesso.
No despacho que foi objecto do recurso, a magistrada de Ovar determinou o desentranhamento e devolução à signatária do requerimento, por ter sido apresentado em folhas de papel verde forte, "não observando a exigência legal de ser apresentado em folhas brancas ou de cor pálida".
A juíza determinou ainda a condenação da requerente nas custas do incidente: duas unidades de conta, ou seja, €192, de acordo com a tabela em vigor para o triénio 2007/2009.
Após a abolição do papel selado, em 1986, passou a ser obrigatório o uso de papel azul de 25 linhas nos requerimentos, admitindo-se mais tarde a opção por papel branco.
Já em 1999, um decreto veio estabelecer o uso nos requerimentos, petições ou recursos, de folhas de papel normalizadas, brancas ou de cores pálidas.
O decreto salvaguarda, contudo, que não pode recusar-se qualquer documento com fundamento na inadequação dos suportes em que estão escritos, "desde que não fique prejudicada a sua legibilidade", sublinharam os juízes-desembargadores do Porto.
"Não interessa, assim, que a cor do papel em questão seja incluída no elenco ou panóplia (...) das cores pálidas ou das cores fortes, sendo antes decisivo para a sorte do recurso a questão da legibilidade ou não do texto impresso no papel em questão", sublinha o acórdão.
E, "independentemente do gosto cromático, sempre discutível", o certo é que o texto "é perfeitamente legível" e "perfeitamente fotocopiável e digitalizável", concluiu o tribunal de recurso.
Daqui: http://aeiou.expresso.pt/tribunal_da_relacao_desautoriza_juiza=f500575
Ora bem:
Ratio legis?! Não? OK!
ããããã...
Interpretação restritiva?! Não? OK!
ããããã...
Bom-senso?! Não? OK!
ããããã...
Já sei... passa por esta, mas vamos tratar de pedir a actualização das definições cromáticas da lei?! Assim serve? Ops... isto se calhar não tem efeitos retroactivos...
Calma...
Nós vamos encontrar uma solução...
Hummm...
Podemos... ir lá pelo tino?!
Serve!!!
Ai que alegria!!!
P.S. Mas a culpa não é tua! É de quem não te avisou que não se deve estudar por apontamentos manhosos.
"Num tempo em que toda a opinião pública critica a morosidade da justiça, melhor teria andado a meretíssima juíza em ter reparado a decisão recorrida" dado que o texto é "perfeitamente legível", refere o acórdão a que hoje a agência Lusa teve acesso.
No despacho que foi objecto do recurso, a magistrada de Ovar determinou o desentranhamento e devolução à signatária do requerimento, por ter sido apresentado em folhas de papel verde forte, "não observando a exigência legal de ser apresentado em folhas brancas ou de cor pálida".
A juíza determinou ainda a condenação da requerente nas custas do incidente: duas unidades de conta, ou seja, €192, de acordo com a tabela em vigor para o triénio 2007/2009.
Após a abolição do papel selado, em 1986, passou a ser obrigatório o uso de papel azul de 25 linhas nos requerimentos, admitindo-se mais tarde a opção por papel branco.
Já em 1999, um decreto veio estabelecer o uso nos requerimentos, petições ou recursos, de folhas de papel normalizadas, brancas ou de cores pálidas.
O decreto salvaguarda, contudo, que não pode recusar-se qualquer documento com fundamento na inadequação dos suportes em que estão escritos, "desde que não fique prejudicada a sua legibilidade", sublinharam os juízes-desembargadores do Porto.
"Não interessa, assim, que a cor do papel em questão seja incluída no elenco ou panóplia (...) das cores pálidas ou das cores fortes, sendo antes decisivo para a sorte do recurso a questão da legibilidade ou não do texto impresso no papel em questão", sublinha o acórdão.
E, "independentemente do gosto cromático, sempre discutível", o certo é que o texto "é perfeitamente legível" e "perfeitamente fotocopiável e digitalizável", concluiu o tribunal de recurso.
Daqui: http://aeiou.expresso.pt/tribunal_da_relacao_desautoriza_juiza=f500575
Ora bem:
Ratio legis?! Não? OK!
ããããã...
Interpretação restritiva?! Não? OK!
ããããã...
Bom-senso?! Não? OK!
ããããã...
Já sei... passa por esta, mas vamos tratar de pedir a actualização das definições cromáticas da lei?! Assim serve? Ops... isto se calhar não tem efeitos retroactivos...
Calma...
Nós vamos encontrar uma solução...
Hummm...
Podemos... ir lá pelo tino?!
Serve!!!
Ai que alegria!!!
P.S. Mas a culpa não é tua! É de quem não te avisou que não se deve estudar por apontamentos manhosos.
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