Tem gosto de vertigem. Seca a boca. Acelera o batimento cardíaco. Às vezes, suspende-o. Pendura-o numa nuvem ou numa linha fugidia do horizonte. Aconchega a alma e prescinde das apresentações. Sorrateira, entra sem pedir licença e abanca. É cor quente em espaço de abandono ou com cheiro a tinta de restauro. Admite as primeiras negações fugazes, porque sabe da conquista certa em pouco tempo. A paixão, seja lá isso o que for, é caleidoscópio virado para o mundo, é piano de cauda, é cheiro de mar e terra molhada, é viagem. Apesar dos pesares todos que às vezes a arredam, gosto de estar apaixonada. Acordo mais bem disposta, sonho mais, suspiro mais longa e profundamente, inspiro até formar no peito um campo de ar livre. Estar apaixonada projecta-me para diante, amacia-me as dúvidas. Estar apaixonada reclama de mim atenções que os dias sem ela ignoram. Há, no tempo de estar apaixonado, uma dimensão nova, como uma audácia e perspicácia inventivas de bem estar. E, no entanto, um dia, isso acaba. Não assim de repente. Vai cedendo, como vigas que sustentam o peso de uma casa em ruínas. A bolha esvasia devagar. O balão deixa de voar. É mudo o alento. Não é sequer uma fase triste. É apenas um choque de realidade, um banho de mundo a sério. Não é um drama. É um desfecho insípido.
Não há melhor sensaçao no mundo! Sem duvida!
ResponderEliminarGrande texto, R.,...Maior suspiro ( o meu, por esse estado de "apaixonada"...).
ResponderEliminarBj.
C(EN)
Suspiro porque está apaixonada (?! Sim, sim, sim...)
ResponderEliminarOU
Suspiro por um dia vir a estar apaixonada (?! Sem pressa... lá há-de chegar o tempo :))
Sou curiooosa :)
Beijinhos, minha querida*