Venho-me perguntando o sentido de muitas coisas. E descobrindo que... não existe.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Cenas
Enquanto estou aqui sentada à espera (desesperada, já!) do meu ortopedista, tenho tempo de desabafar o que, estou em crer, é o principal motivo para estar com uma neura sem tamanho. Hoje foi dia de orais. 12. Acabei há bocado. Desde manhã naquilo. E... não passei ninguém. Sabem o que é ninguém?! É mesmo ninguém. Assustador. Estou em estado de choque. A meio, pensei "eh pá, o defeito tem de ser meu" e fui-me impondo baixar a fasquia, à procura da luz, descomplicando as perguntas, reduzindo as questões a sucintos "distinga isto daquilo" ou a suplicantes "diga-me o que sabe sobre o assunto xyz". E nada. Até que, em selecção rasteira de complexidade, me ouço perguntar pelas fontes do direito. E o silêncio. E então uma a uma. E o silêncio. E eu "então aquela fonte que associamos às decisões judiciais, não se lembra?! Ju... Ju... Juuuuu...". E, do lado de lá, um convicto "jurídica!". "Tenho mesmo de pedir-lhe que volte cá. Lamento." E comecei a pensar que não quero ser cabra... mas também não posso fingir que sou surda!
Verdades e assim assim
Às vezes, não penso. Ultimamente, tem-me acontecido com uma frequência assustadora. Hoje, superei-me. Não penso. Sinto e aí vou eu. Depois, cada vez de forma mais consciente, páro, ponho o meio neurónio menos afectado a funcionar, bato metaforicamente com a cabeça nas paredes e pergunto-me, com cara de má: "Mas tu não aprendes, rapariga?". Inevitavelmente, só me ofereço silêncio em resposta. Um silêncio que fala. E que me diz: "Assim não vais lá. Asneira, pequena R., grande asneira!". Sou, sentimentalmente falando, do mais apoucado que há. Dá dó.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Do que mete medo ao susto - XVIII
Não comento o acidente do Angélico. Não o conheço, nunca o vi. Não sou sua fã. Mas nem é por isso. Não comento porque não comento os outros, os que todos os dias acontecem. Não comento porque conduzir equivale, entre nós, a entrar num tiroteio sem colete à prova de bala. E porque, pior que isso, há coisas que não se entendem. Como esta. Há coisas estúpidas. Eu não sei se é destino. Não sei. Só sei que acontecem e nos deixam a pensar que, se calhar, podiam ter sido evitadas. Mas é só se calhar.
Cabelo
Cortei o cabelo. Um corte a sério. Nada de tirar umas pontas e já está. Não. Cortei mesmo. É verão, o calor é insuportável, toda a gente sabe que odeio este tempo. Sem visita dia sim dia não ao cabeleireiro, o meu cabelo é o verdadeiro mar de caracóis e caracoletas. Volume extra. Fios por todo o lado. Um suplício. Vai daí, com o corte, sempre a coisa fica mais composta. Despenteada por despenteada, sempre há menos volume de despenteio e um pescoço a tomar algum ar. Mas sou moça dada a cabelos longos. Portanto, desde sábado, hoje já é a segunda vez que vou esticar o cabelo. Duh, dirão. Pois. Sou uma alma inconformada. Por tira teimas, arrisquei no supra sumo do burgo. Foi bem, foi bem. O menino fez tudo certinho, pois fez. O preço, não sendo barato, também não é escandaloso. Está esticadinho, ar lambido impecável, pois está. Mas... gostei mais das meninas de há pouco mais de uma semana. Gostei, pronto, manias. Amanhã volto aos caracóis. Hoje, ainda não me apeteceu. Vou trabalhar, que a vida não é (só) isto.
domingo, 26 de junho de 2011
Pequena R. na capital
Ao jantar, numa mesa à minha frente:
Empregado e duas senhoras a tentarem, sem sucesso, entender-se.
Duas senhoras a apontarem para uma salada que ia a passar num tabuleiro.
Empregado, a entrar em transe:
- Oh váláber... Parla italiano, habla espanhol?
Uma das senhoras:
- Italiano.
Empregado:
- Ora bem... É salada de verdure. Verdure, capito?!
Ahahahahahahahahah :)
Empregado e duas senhoras a tentarem, sem sucesso, entender-se.
Duas senhoras a apontarem para uma salada que ia a passar num tabuleiro.
Empregado, a entrar em transe:
- Oh váláber... Parla italiano, habla espanhol?
Uma das senhoras:
- Italiano.
Empregado:
- Ora bem... É salada de verdure. Verdure, capito?!
Ahahahahahahahahah :)
sábado, 25 de junho de 2011
Vou ali
ao teatro, matar saudades dos tempos em que também fiz revista. Vou ali chorar a rir e já volto. Sim, é verdade, sou uma revisteira de primeira apanha. Gosto muito de teatro. Revista é teatro. É um género popular, está bem, mas então e nós não somos todos um bocadinho populares?! Gosto, é o que conta para o caso.
Pequena R. informa o leitor
O vermelho ferrari, o coral e o laranja estiveram na moda no ano passado. Minhas queridas, é verdade. No ano passado. Este ano, as tendências da estação são os rosas, todos os rosas, e o amarelo e o azul. É isto. Gostámos todas muito da moda de ter as unhas da cor da barra de morango dos perna de pau, mas a moda passou. Se o ferrari é sempre um clássico (venham os argumentos que vierem, está para as unhas tal qual como um vestido preto para o corpo), o resto dos vermelhos são para arrumar até um ano destes, sim. Rosas, minha gente. Rosas. Para as mais ousadas, amarelos e azuis. Portanto, rosas, muitos rosas.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Verdades e assim assim
Volto a pernoitar na capital no início da próxima semana. Não deve dar para grandes avarias. É só uma noite (Uffa, dever, a quanto obrigas!), mas já dá para ver as modas e matar saudades de uma das minhas pessoas. Sou uma mulher contentinha.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Juro que vi água nos teus olhos
Juro que vi água nos teus olhos
nem sequer foi só uma vez
Juro que vi água nos teus olhos
nem sequer era pouca
Juro que vi água nos teus olhos
Juro
Vi água nos teus olhos
Um sem fim de pesar
na menina dos teus olhos
Juro
Vi água nos teus olhos
Nadavas de bruços
a esconder a água
que eu vi
Na menina dos teus olhos
Eu
P. R.
Negócios
Há cerca de três meses, através de uma colega, fiquei a conhecer o trabalho de uma artesã/habilidosa que tem ponto de venda online. Encantei-me pelo que fazia e decidi encomendar umas quantas coisas para os aniversários que estavam para vir. No total, o valor da minha encomenda ronda os 60 euros, o que, não sendo uma fortuna, é qualquer coisa. No primeiro dia, cumpri escrupulosamente as indicações que a senhora me deu. Aguardei o prazo estipulado por ela. No seu termo, nada. Nem encomenda, nem justificação, nem pedido de desculpas, nada. Insisti. Novo prazo. Sem pedido de desculpas. Tenho mais que fazer, vou deixando andar. Cansa-me a beleza chatear-me com as pessoas. As batalhas eram outras e difíceis. Novo termo de prazo. Nada. Nem encomenda, nem justificação, nem pedido de desculpas, nada. Perguntei, já num tom mais "decida-se!". Muitas desculpas e a vida e tréutéutéu pardais ao ninho. Novo prazo. No seu termo, nada. Daí até hoje, mais cinco novos prazos. No seu termo, do lado de lá, nada. E eu a insistir, como se o que a senhora faz fosse a última coca-cola do deserto. Há 9 dias, manda-me um link do facebook, da sua página, para consultar a primeira coisa que tinha feito da minha encomenda. Espero que goste e mimimi. Eu fui ver. Está muito bem. Não é isso que está em causa. Perguntei pelo resto e prazo, definitivo. 9 dias depois, nada. Ora, hoje, aqui sentada no sofá de casa, rodeada de papéis por todos os lados, ocupo-me, desde há umas duas horas, de uma reclamação com articulado e tudo à Optimus. Já ando destreinada das lides da advocacia, mas isto impunha-se. Vai daí, no intervalo, cega de fúria e dor de cabeça com a argumentação remelosa dos gajos da operadora móvel, pensei para comigo "Ora, pequena R., nem é tarde, nem é cedo. Vamos tirar a tarde para deixar de ser palonça". Fui novamente ao facebook da loja. Montes de coisas novas nos últimos dias. Passei-me. E, quando me passo, geralmente, ou choro (hoje não me apetece) ou sai disto:
...,
passaram cerca de três meses desde o meu contacto.
Foram sucessivos os adiamentos da entrega.
Desde o meu último e-mail, passaram 9 dias sem resposta.
Sei bem que se trata de um negócio informal e que é preciso condescendência com prazos. Mas, neste momento, confesso-lhe, acho um abuso. E sinto, o que é mais grave, que não está sequer a respeitar-me como cliente (ainda que informal).
Diga-me apenas, por favor, se e quando, em definitivo, enviará a encomenda.
Todas as datas em que eu queria ter entregue uma das suas criações já passaram.
Consultei hoje, mais uma vez, o seu facebook e percebo que tem actualizado as coisas disponíveis, pelo que tenho, obrigatoriamente, de concluir que não prioriza encomendas. E, ou as pessoas desistem à primeira, ou, como eu, insistem semanas, meses a fio, como se estivessem a pedir-lhe um favor.
Acontece que, mesmo neste último caso, há um dia em que as pessoas se cansam. Hoje foi o meu dia.
Agradeço-lhe resposta tão breve quanto possível.
Cumprimentos,
R.
terça-feira, 21 de junho de 2011
Poema corrido da tarde
Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: «Fui eu?» Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Pequena R. sugere ao leitor
No táxi
Hoje, na corrida a partir de Campanhã, o taxista decidiu contar-me a vida. Isso e como eu faria tão bem em ficar no Porto esta semana, menina. Só cautelas com a carteira, sempre no bolso da frente, menina, porque anda aí uma ladroagem que é vê-la pelas costas e já fostes, menina. Mas à frente não, menina. Só se a menina estiver com uma grande ramada, menina. Mas isto, menina, com a sua licença, menina, com a bruta até tiram as calças a uma pessoa e ela não dá por ela, menina. É ter é juízo, menina. Mas divertir-se. Sei lá, com malta amiga, menina. E só começar a pular mais pró fim, menina, que a descer todos os Santos ajudam, mas a subir é que é lixado, menina, que parece que temos a palma dos pés toda pisada, menina, não sei se já lhe aconteceu. Bem, chegámos menina.
Fartei-me de rir sozinha quando cheguei ao destino...
A notícia do ano!
O meu Bruno Marco-Polo vai casar. O convite é a coisa mais gira que já vi. O telefonema dava para chorar três dias de felicidade, mas não podia demorar muito. Em Setembro, rumo a Madrid. Adoro esta história. O meu Bruno Marco-Polo dá a volta ao Mundo por amor. Literalmente. De hoje a uma semana parte para o Cambodja. Não é por ser meu amigo, mas este tipo é imperdível. E merece ser feliz. Tanto. Tudo. Sempre.
domingo, 19 de junho de 2011
Disfarço bem, é o que é!
Quando ontem um ilustre académico, maravilhado com a OCC, chegou ao pé de mim, me pegou nas duas mãos e me disse "Minha querida, é também por sua causa que acredito muito nesta geração de 30 anos. Mozart. Belíssimo. Excelente escolha, minha querida. Às vezes pergunto-me por que razão não estão aqui mais jovens e, sobretudo, mais jovens mesmo. Nem quero pensar nisso. Não suportaria imaginar que o que apreciam é o Quim Barreiros.", eu fiz um leve aceno de cabeça e disse baixinho "Fico muito grata. Ainda bem que gostou.", mas a verdade é que passei o resto da noite a cantarolar mentalmente músicas do Quim. E contente, o dramático, pelos vistos, é que contente.
O mito
Quarta feira, se tudo correr bem, haverá jantar surpresa para o avô. 91 anos. E para a tia mais nova. 34 anos. Quarta feira, assim que me despachar, tenho de seguir para um lugar à beira mar (detesto fazer praia lá... mas pertenço à família que mais a-d-o-r-a um dos pratos típicos lá do sítio). Quarta feira, não interessa porquê (mas pronto, tem a ver com o vídeo em que o meu cabelo ganhou vida própria), eu não vou conseguir sair de Coimbra cedo. A malta apoquentou-se. Vai daí, a pérola, sequência de mito, da minha avó: "Ai filha, não venhas sozinha. É tão boa maré para se dar mais um nome à lista da família chegadinha. Como é que é? Ai, como é que é?" (ar de: eu sei tão bem, mas agora não me lembro)
Do meu Santo António preferido
Gosto de cá ter tios de muitas bandas do mundo. Gosto de estar em casa da avó. Da algazarra. Da hora depois de almoço a que mais de metade das pessoas dormem uma sesta. Gosto dos miúdos a correr no quintal. Gosto de ir ver o Cruzeiro enfeitado. Gosto da procissão de lá, mais do que de quase todas as outras. Gosto dos vizinhos, do café da terra e do arraial. Gosto de saber que, apesar de tudo, quem importa muito continua a estar presente.
Coisas
Vou almoçar a casa da avó Rosa e levo computador para trabalhar.
Neste momento, toda eu hiperventilo!
OCC
Acho que nunca aqui falei dela. A OCC é uma Orquestra de excelência e que nem sempre tem visto adequadamente reconhecido o seu mérito. Tenho assistido a alguns concertos na sua casa e por aí, avulsos, e, uma vez por ano, desde há 4 anos, em Junho, pertenço ao grupo restrito que os vê reinventarem-se com programas cada vez mais fabulosos na Quinta. Hoje, a OCC não foi boa, não foi sequer muito boa. Hoje, foi brilhante. Absolutamente brilhante. Se não tivesse sido, não escreveria aqui sobre ela, acreditem. Por variadíssimos motivos, desde a discrição própria que é devida ao evento em que a ouvimos à discrição ainda maior que tem de presidir a este tipo de posts aqui no estaminé. Mas não consigo ficar caladinha. Porque foi mesmo muito bom. Deu vontade de pedir para repetirem tudo muitas vezes. E eu tinha de vos dizer que, se um dia puderem, ganharão muito em conhecer a OCC.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Das pessoas
Ontem, eu e o G. fizemos a festa, lançámos os foguetes e apanhámos as canas. É que ontem chegou a conclusão de uma história que conhecemos demasiado bem. Há dois anos que lhe seguimos os passos todos, mesmo os que pareciam insignificantes. E a nossa convicção, a cada folha de relatório mais forte, de que o caminho não era por ali, deu lugar a muitas reuniões, a muitos pareceres, a muitos emails trocados, a muitos telefonemas, a muitas viagens. Da última vez, abrimos o jogo. Era o tudo ou nada. O projecto estava prestes a acabar e tínhamos ambos o peito cheio de inquietação por deixar aquela pessoa pequenina assim, entregue ao depois vê-se, porque tudo se lembrou de ter feelings. Um por um desmontámos cada argumento fantasioso da história do "e se" e demos o corpinho ao manifesto construindo uma nova versão da história só com factos. Factos, minha gente. Acabei irritada e com o G., debaixo da mesa, a apertar-me o braço, numa de "tem lá calma". Lembro-me só da frase "O risco faz parte da vida. Arrisquem. Façam alguma coisa. Não deixem a criança nesse limbo mais sete anos. Por favor.". Ontem, já sem contarmos com ela, chegou a conclusão da história. Há, numa pequena aldeia piscatória deste Portugal, um pai que tem o filho consigo desde há umas semanas e que, como durante anos prometera, está a cuidar dele como se espera que um bom pai o faça. Não há só maus pais, há mães que deviam ter de pedir licença para dar à luz... na certeza porém de que não seriam autorizadas. Ontem, dizia-me o G., com os olhos brilhantes e quase cheios de lágrimas, o nosso trabalho fez todo o sentido. E se o projecto em que nos envolvemos acabar na semana que vem, já não faz mal. Ninguém no futuro governo é obrigado a saber o que fizemos. Nem mesmo muitos dos nossos colegas ou superiores se aperceberam do que durante estes anos andámos a fazer. Mas nós, e algumas pessoas, como as que assinavam a carta de ontem, sabemos que as maiores conquistas às vezes não se veem. São aquelas que mudam a vida das pessoas para melhor sem frenesim. E foi isso que nós fizemos. Juro que se vos disser que ontem ficámos mais orgulhosos de nós do que talvez em qualquer um dos dias de um feito académico, não estarei a exagerar. E é por isso que eu sei, mesmo que mais ninguém saiba, que há coisas que faço bem e que esta, definitivamente, foi uma delas.
E levava-me ao altar #18
"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinh(o), não vou. Não tem como remar sozinh(o), eu ficaria girando em torno de mim mesm(o). Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre (vernizes, protectores solares factor 50 + e moda). Aprendo a (fazer massagens), se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo só pra atravessar o mundo pra te ver todo(s os dias). Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.Re-amar.
Amar."
Caio Fernando de Abreu, adaptado, lido aqui.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Verdades e assim assim
Ser filha de professora é saber que sempre que conto à minha mãe uma coisa boa que me acontece na profissão, ela diz: "Isso é um + na caderneta, filha!".
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Ai, ai, ai... ai... ai (queixo caído)
A minha alma está parvinha de todo.
Doméstica procura-se... ou não
Cada vez que eu me ponho nesta luta contra o pó e a roupa suja, penso: tenho de contratar alguém. Depois, passadas umas horas, quando acabo, penso: ninguém fará isto melhor que eu. Aguenta, pequena R.
Sim, eu sou uma niquenta da pior espécie, tenho a mania das limpezas, gosto de lençóis impecavelmente passados a ferro, de louças de casa de banho a brilhar, de chão de madeira sem riscos, de varandas sem folhas secas, de louça arrumada nos sítios, de roupa dobrada e arrumada por cores nas gavetas, de sapatos limpos e dentro de caixas, de carteiras dentro de sacos de pano, de vidros sem dedadas, de cozinhas desinfectadas, enfim. Gosto da sensação de casa limpa, arrumada, cheirosa. ADORO. Adoro sentar-me no sofá e começar a trabalhar com esta sensação de dever cumprido. Mas o tempo que levo nisto, todas as semanas, sempre bem mais que uma manhã, é tempo em que não estou a fazer outras coisas. E não é que eu não goste de fazer isto. Eu gosto. É que eu gosto. E sou boa. Não é para me gabar, mas sou mesmo boa. Dou seguramente dez a zero a muita gente que ganha a vida a limpar casas. Acontece que isto não é a minha profissão. E eu tenho um sem número de coisas para fazer e parei tudo para me pôr a limpar. E dirão: então, limpavas para a semana. Acontece que eu não consigo. Eu não me concentro . Até arritmias me apanham na curva quando o pó começa a acumular-se, o cesto da roupa suja está cheio ou as flores da varanda murcham de sede. Sou bem filhinha de mãe, nestas coisas. Só que ela, com 4 pessoas em casa (agora 3) a sujar roupa, uma casa com três andares fora anexos e alpendres e um jardim do tamanho de umas quantas piscinas, teve de se render. Fica doente quando a F. parte alguma coisa e, pior ainda, queima uma peça de roupa. Não se zanga, mas fica muito triste. Em vindo o tempo quentinho, deita mãos à obra nos canteiros e antes de cada novo ano lectivo convoca-me inapelavelmente para a dita barrela geral em que os homens da casa dizem que parecemos possuídas. O meu pai jura que é mania, porque até lavamos roupa lavada. Não percebe que coisas dentro de gavetas ganham manchas. Portanto, eu sou uma alma indecisa, na dúvida. Não sei se me renda, se vá deixando andar. Depois soma-se outra coisa: a confiança na pessoa a quem se dá a chave de casa. A F. está em casa dos meus pais há mais de 20 anos. Viu-nos crescer. É como se fosse da família. Agora eu, aqui perdida na cidade, sem conhecer ninguém há mais que meia dúzia de anos, sou lá capaz de dar assim carta branca para que me dobrem as cuecas ou me façam a cama?! Estou numa indecisão. Penso que procuro uma boa doméstica... mas depois penso melhor e acho que... ainda não.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Se não tens cão...
Reparei há pouco que uma fila indiana de formigas se dirigia, ávida, para a bancada da cozinha. Lá em cima repousavam, calmamente, o bule do chá de gengibre e o frasco dos biscoitos de laranja. Topei-lhes logo as intenções. Quem nada é peixe. Não era ao bule que pensavam fazer a folha. Vai daí, pus-me a pesquisar na gaveta de "cenas várias que podem eventualmente um dia dar jeito" e não encontrei nada que pudesse por fim à perseguição. Logo abaixo, o spray desinfectante que uso no lava louça - Cif antibacteriano. Nem era tarde, nem era cedo. Como diria o Ricardo, "sulfatei-as todas". Já limpei os vestígios de crime que abundavam no chão. Os biscoitos são meus. Fim.
The tree of life
À terceira é de vez. Já adiámos, já nos esquecemos. Hoje, daqui a pouco, se tudo correr bem, vamos. Estou em pulgas.
Actualização porque sim
Acho que fui atendida pela Daniela na Zara Home.
Percebi que as pessoas podem surpreender-me pela positiva quando eu menos esperar. E que duvidar disso faz de mim alguém que não gosto muito de ser, mesmo que seja só por uns bocadinhos.
Mudei o meu tema de doutoramento e vou finalmente estudar aquela coisa de que gosto mesmo muito. Sobrevivi à conversa que me permitiu fazer isto, mas não consegui evitar duas lágrimas em público.
Emocionei-me na Missa de Acção de Graças do colégio do mano, em que ele estava como finalista.
Aprendi que a cor mais bonita não é cor, é brilho. É o brilho dos olhos de quem nos olha, feliz por nos ter encontrado e mantido na sua vida.
Aprendi que sem crises não se fazem vencedores.
Vi um dos mais duros e também por isso melhores filmes a que alguma vez assisti: Iris. Marcou-me profundamente. O filme e o que aconteceu para lá do filme.
Vi-te chorar pela primeira vez e foi avassalador.
Disse a uma pessoa que ela não sabia abraçar.
A Guiné Bissau proibiu a mutilação genital feminina.
Acabei um livro do Saramago e comecei um do João Tordo.
Comprei um casaco de bordado inglês, uma écharpe às bolinhas, o novo verniz Morning Rose da Chanel, uma carteira da Nice Things e AS sandálias da Ras.
Recusei um convite profissional que gostava de ter podido aceitar, mas quem muitos burros toca algum deixa para trás.
Disse não a uma imposição profissional e senti um alívio indescritível à custa disso.
Recebi uma proposta que não vou deixar escapar. Lá para Setembro conversamos.
Comprei um manjerico cá para casa.
Reservei chapéu junto ao mar, na minha praia, para a primeira semana de Agosto.
Ando a recompor-me.
terça-feira, 7 de junho de 2011
A devida palavrinha
Porque se foram somando, nesta menos de meia dúzia de dias, os mails, as sms e os telefonemas, é devida uma palavrinha. Nunca achei que se o blog é meu faço o que me apetece e ninguém tem nada com isso quem dá explicações é tótó. Não. Tanto assim que gosto das devidas palavrinhas quando os bloggers que acompanho se ausentam. Vá lá o povo entender isto, que só quem anda nestas coisas sente, os seguidores de um blog não se tornam nossos amigos, que não, nem lhes conhecemos o nome a sério as mais das vezes, mas são fontes inesgotáveis, basta quererem, de alento nos dias maus, parecem torcer para que a nossa vida dê certo e é raro o drama em que não nos passem, virtualmente, a mão pela cabeça com sussurros de vai passar, não te apoquentes. Alguns tornam-se, por isso, à distância, pessoas importantes para nós. Pois bem, esta é a minha devida palavrinha. Não há razão para se preocuparem. Fechei para balanço aqui e na vida. Consta amiúde que venho ostentando má cara, olhar cheio de desnorte e uma inquietante irritação na voz. Não me droguei, pelo que a explicação não passará por uma grandessíssima ressaca. Não. Cheguei a um espaço da vida em que nunca tinha estado, nem quando estava para acabar a faculdade e adoeci com alguma gravidade, nem de cada uma das vezes em que uma das minhas duas pessoas ascendentes esteve à beirinha de ir para não voltar. Foram horas profundamente amargas, que não quero repetir nunca mais, mas não me senti assim. Não é só cansaço físico, nem psíquico. Não é. Já deixou ambos para trás. Os tempos, desde o dia 5 de Dezembro, e não vale a pena expor aqui porque, têm sido um fardo duro de carregar. Tem-se levado. Continuar-se-á a levar. E é por isso que não há pensamentos de desisto ou dou em tola a pairarem na cabecinha de pequena R. Mas somem a isso uma semana absolutamente devastadora em termos profissionais. Uma daquelas semanas em que, na sexta feira, me senti ao ponto de desatar a berrar e a mandar tudo à merda, silenciando essa vontade e engolindo litradas de lágrimas enquanto pensava eh pá... esqueçam-se que eu existo. Desmaiem todos 15 minutos para ver se me desamparam a loja um bocadinho. Não faço mais que muita gente, mas ando a fazer mais do que a minha pessoa aguenta. E é essa a bitola para que tenho de olhar. Não se ignore uma troca de palavras bem agrestes com alguém de quem se esperava só um abraço apertadinho e silêncio. É que era isso. Um abraço apertadinho e silêncio. Mai nada. Mas não. Não foi capaz. Tudo junto, deu numa onda de tédio de tudo. De deixai-me ir. De, por amor às pessoas, descansar das pessoas. Fui votar. Não estou contente porque o PSD ganhou. Também não estou triste porque o PS perdeu. Com a licença das palavras, parece-me muito que mudam as moscas, mas o chiqueiro é o mesmo. E cada vez me desacredito mais nessa coisa de mudar o mundo. Cansei-me. Talvez, de facto, volte um dia destes. Aliás, espero muito que me apeteça. Por agora, não. Pus na agenda comprar umas sandálias da ras e nem isso me apetece, portanto... imaginem. Tenho até ao fim do mês prazos para cumprir, um dos quais acaba no dia 27 e pode definir a minha vida nos próximos 3 anos, pelo menos. Sim, tem a ver com o doutoramento. E com aquela coisa de só admitir estudar meses a fio uma coisa que me faça minimamente feliz. Tenho várias fontes intransponíveis de mau humor. Não gostava de lhes associar mais esta. Para tanto, há um pai de sapos para engolir vivo e a estrebuchar, mais uma conversa esmagadora para enfrentar. Não sei como, nem quando, mas terá de acontecer. Estou mais do que cansada. E não gostava que me guardassem com palavras ocas ou cheias de nuvens. Também é por isso que não volto agora. Mas talvez volte um dia destes. Obrigada a todos.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Sou um puff
Sinto-me como um puff. Sabem? Um puff? Um daqueles puffs cheios de esferovite. Sinto-me assim. Quando penso que me deram tanto trabalho, mas tanto, tanto trabalho que já não consigo engolir nem mais uma bolinha de esferovite, os maus chegam e pisam-me, sentam-se, fazem "MOCHE à R.!", atiram-se com força, à balda, para cima de mim. E, como acontece nos puffs, arranjam lugar para mais uma sacada de esferovite, ou melhor, para mais uma cagada em três actos daquelas que nos tiram o sono, nos salpicam a cara de olheiras medonhas e, de retorno, nos dão à escolha: pontapé ou coice. Sinto-me um puff. Esmagada. Sempre pronta a ser atestadinha de mais qualquer coisa que não interesse ao Menino Jesus. Sinto-me um puff e não é bonito, não senhor.
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