sábado, 5 de janeiro de 2013

Da certeza à dúvida vão três dias

Já tive a certeza que eras tu. Contra tudo. Contra todos. Contra as dúvidas. Contra as evidências. Fechava os olhos, calava-me para dentro e adivinhava: eras tu. Já tive a certeza que não eras tu. Contra o que queria. Contra o que sonhava. Contra o que me dizias, fazendo, que sempre disseste muito mais fazendo que falando. Fechava os olhos, engolia litros de água salgada invisível e assegurava-me: não eras tu. Já tive a certeza que eras tu longe de ti. Há meses fora de nós. Há demasiado tempo sem te dizer nada e sem que me fizesses nada. Fechava os olhos e só adormecia exausta de me enxergar na repetição constante de que, bolas, eras tu. Já tive a certeza que não eras tu juntinho de ti. O coração mais manso que de costume, tu repleto de afazeres para comigo e eu a decalcar-me na alma a certeza infinita que não eras tu. Agora não sei. Nem eu me calo, nem tu deixas de me fazer certezas de seres tu. Juntas-te mais e mais vezes. Muito mais. Muito mais vezes. Não te arredias e vais-me fazendo apequenar a mudez. Quando te encho de palavras, baixas os olhos e evitas fazer-me a certeza absoluta. Mas não vais. Juntas-te é mais. Juras que é verdade. E eu não sei se és tu, se não és. Sei apenas que quando te juntas, assim muito, esse mais quase tudo, podia o mundo acabar-se que o meu ruía inteirinho para dentro de "nós", todo a cantar e a rir.

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