quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Destilemos

veneno.

Se não fosse absolutamente apaixonada pelo que faço (menos teses, isso não gosto, tem de ser, mas angustio-me só de pensar no assunto; e corrigir exames, blhac), prescindia de alimento para alma e dedicava-me a ficar rica sem grande mérito, ou pelo menos sem outro que ao chico espertismo se juntasse. Dedicava-me à política uns tempos. Assim, fácil assim. Ia lá, ganhava uns trocos e uma agenda cheia de conects e depois ia viver dos rendimentos a ler coisas giras, a passear por capitais do Mundo e a assistir aos espectáculos todos que me dessem no génio. Ainda haverá gente informada do que é isso de interesse público. Rara. E longe de onde se serve o público. Ironicamente. Por isso, ia, sorrateira, matreira, toda sorrisos e caciquismos, fazia o esforço e engolia a dignidade por uns tempos e virava política de algibeira. Não lhes é exigida qualquer especial qualidade, podem dizer o que querem e lhes apetece e ainda lhes sobra tempo, não dão bons exemplos, não são de bem. Ia lá uns tempos, amealhava para amanhã e vinha-me embora, toda empenhada em rezas e cumprimento de injunções até ao fim da vida que me curassem do vírus que trouxesse. Mas ia. Que se eu não fosse absolutamente apaixonada pelo que faço, errante num país sem luz, era menina para também me deslumbrar e querer virar poderosa em pouco tempo. É uma tristeza. A sério. Alguém vá dar educação àquela gente.

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