terça-feira, 22 de março de 2011

As empreitadas

Há algumas de que gosto muito. Como esta, de ler criticamente e propor correcções à tese de doutoramento de uma pessoa querida. Começar a vislumbrar a silhueta do trabalho final, repor as energias e convicção tantas vezes abaladas ao ponto de quase se desistir. Não é o melhor do mundo e arredores, no meio de tudo o que há para fazer, encontrar tempo de qualidade e disponibilidade intelectual sóbria para dar início a uma empreitada assim. Só o facto de ser o futuro de um grande amigo a marca de água que se desenha nas centenas de páginas escritas, que hão-de inevitavelmente sair-nos das mãos todas cortadas e cosidas a vermelho com as correcções do word, é que pode transformar a tarefa numa coisa boa de se viver. Há coisas que, em regra, não se pedem, porque não se fazem. São precisamente as mesmas que nunca se negam às pessoas mais importantes. Vamos na primeira centena de páginas e já posso sentir o aperto do xii quentinho que os Capelos lá para Setembro acolherão. Só porque sim. E porque me dá para acreditar mais um pedacito que um dia destes também consigo parir um filho deste tamanho.

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