Pequena R. do vosso coração tossiu toda a santa noite, qual sinfonia capaz de levar um vizinho ao suicídio. Por volta das oito horas, pequena R. já não se segurava deitadinha e decidiu que o melhor era um banho assim tão quente que lhe chegasse aos pulmões e os calasse pelo menos dez minutos. Pôs a água a correr e comeu metade de uma papaia. Ficou de molho um tantão de tempo, até parecer uma pele vermelha, e pareceu-lhe que tanta inalação de vapores lhe haviam de ter lavado até a alma. Estava ainda pequena R. embrulhada numa toalha quando lhe ligam para dizer que, vejam lá vocês bem, devia estar daí a pouco mais de uma hora nuns ditos estúdios de TV. Os exames psicotécnicos que pequena R. fez à entrada do liceu bem lhe disseram que se dava a relações promíscuas com as câmaras, mas pequena R. logo nessa altura fez pouco caso da façanha e investiu em coisas de um tudo-nada mais de seca. Pois bem, cada um tem um destino e o de pequena R. correu muito até chegar a hoje. Pequena R. está quase sem voz, dizem-lhe que é para falar, mas depois tinha de ser e tinha de ser ou o programa ficava cocho de uma perna e... pequena R., coração de manteiga mais conhecido de todo o reino, lá disse que sim. Dizem que pequena R. tem de pôr um rouge na face, mas as suas grandes preocupações incidiram em limpar convenientemente o nariz. Lá arrumou pequena R. os jeans e a camisola que já tinha tirado do armário, mais as sapatilhas do corcodilo, e lá teve pequena R. de procurar a indumentária mais senhora e menos amarrotada que por cá andava. Pequena R. saiu e chegou aos estúdios a tempo, estacionou no seu parque privado depois de quase deixar cair duas lágrimas para o segurança, porque estava a ver que tinha de ir estacionar a casa e fazer tudo a pé. Pequena R. preferiu a orelha esquerda para o auricular, porque não desconsidera o médico da medicina do trabalho, que já lhe disse que ouve pior da direita. Depois puseram-lhe um microfone, que volta meia volta captou os espirros e tossidelas mais inevitáveis. E então pequena R. entrou no ar. E teve logo de corrigir o querido apresentador, que se baralhou, coitadito, no nome de pequena R., e depois prosseguiu, olhando alternadamente para a câmara e para o monitor, o que parece ter dado o efeito de pequena R. se ter picado na veia pouco antes de entrar em estúdio. A meio, o auricular calou-se e pequena R. teve de gritar que não ouvia nada. O que vale é que não lhe focaram a câmara na dita hora e pequena R. não teve de arcar com mais essa vergonha. Depois, pequena R. falou mais um bocadinho, tendo, contudo, ficado com uma fila de afirmações entaladas na garganta, mas não houve tempo para mais. Pequena R. não é famosa, que não é. O máximo que tinha feito tinham sido textos para o Jornal da terra. Agora, pequena R. apareceu na TV e parece que os senhores até gostaram muito. Já ligaram a pequena R. e já lhe agradeceram tanto. Pequena R., pelo seu lado, pensa que não foi bem feita para programas em directo e, salvo melhor opinião, é mesmo melhor a trabalhar sem câmaras à volta. Pequena R. já teve esta aventura e já voltou para casa e agora vai trabalhar porque disse para todo o Portugal que entregava uns ditos relatórios e uns anunciados projectos até ao final deste mês!
Ah!...
ResponderEliminarE eu que perdi a oprtunidade de, finalmente, (Re)confortar" a curiosiddae da "imagem"...
Bj.
C.(EN)
Querida C.,
ResponderEliminarvamos, finalmente, marcar um encontro de blogger e amigos?! Também eu tenho muita curiosidade da imagem :)
Beijinhos*
Aceito o repto, com gosto.
ResponderEliminar( A demora na resposta foi só por causa do "tempo, esse escultor", que ás vezes nos rapta, indelevelmente e não nos deixa a nós, esculpir "a gosto").
Bj.
C(EN)