quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mas eu não tive culpa!


Deixei a luz a um lado e numa beira
da cama em desalinho me sentei,
sombrio, mudo, os olhos imóveis
cravados na parede.
Que tempo estive assim? Não sei; ao deixar-me
a horrível embriaguez da dor
já expirava a luz, e na varanda
ria o sol.


Não sei tão-pouco em tão terríveis horas

em que pensava ou que passou por mim;

recordo só que chorei e blasfemei

e que naquela noite envelheci.


Gustavo Adolfo Bécquer

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