terça-feira, 11 de setembro de 2012

Tudo para vos ver felizes #1

De cada vez que olho para esta fotografia, lembro-me que acabou por descobrir-se que estas duas pessoas nunca se tinham visto na vida antes deste momento e não mais voltaram a encontrar-se depois dele. Garantem ambos que não trocaram uma única palavra. A euforia pelo fim da última grande guerra deu lugar ao beijo. E as palavras... não foram precisas. Sempre que me demoro a pensar na história real da fotografia, lembro-me ainda de uma das cenas finais do filme Notting Hill, em que o amigo mais desastrado de Will, inebriado pelo final feliz do par romântico da história, agarra com ambas as mãos a desconhecida que está ao seu lado e lhe dá um beijo. E não me fico por aqui. Como em quase tudo o que me diz alguma coisa, tenho momentos de revisitação emocional desta fotografia. A tempos, lembro-me dela. Hoje, situo-a naquele patamar das explicações que não se dão, sobre as coisas mais mágicas que nos acontecem na vida, aparentemente banais, sem fundações para serem mais que coisa nenhuma, mas que se nos imprimem na pele e na alma por tempo demais, às vezes, por um tempo sem fim. Como se mais palavras ou encontros pudessem ditar alternativas mais genuínas à saborosa epifania do momento breve que passou. Não deve passar de ilusão. Porque não há nada para crescer nesse sonho de olhos abertos. Quando muito, falta-nos só desbravar-lhe a dimensão. Tão grande. Inexplicável. Como esta imagem acidental nos dizer tanto sem que aqueles desconhecidos tenham algum dia sido mais que isso.

E sim, falo da fotografia, mas também de mim, da minha vida e de muitas coisas. Era inevitável.

8 comentários:

  1. Fantástico o texto...e a imagem mais ainda...também gosto muito!

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  2. Eles foram identificados e voltaram a encontrar-se ao fim de mais de 50 anos. Mas eram estranhos, só isso. E naquele dia do beijo imortalizado pela fotografia ele até estava num encontro com outra mulher. Não deixa de ser também uma história demasiado triste, a de como as aparências iludem.

    http://starcasm.net/archives/171448

    Tinha lido isto algures mas agora não encontro o artigo original. E sim, hoje estou bué deprimente. sorry!

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    1. Não sabia que tinham voltado a encontrar-se.

      É triste, se pensarmos mesmo que as aparências iludem. É feliz, se dermos ao momento a dimensão de uma coisa bonita que lhes terá marcado a vida para sempre.

      Não gosto nada é de saber que ele estava num encontro com outra mulher... :P

      Beijinhos, querida*

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    2. Tb vi o mesmo que a raquel. Esta foto demontra que as aprencias iludem.

      Nunca acredites em nada que de dizem e apenas 50% daquilo que ves.

      erva doce

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  3. O que acho engraçado nas fotografias sem enquadramento de texto é que cada um pode imaginar a história que quiser, sem que isso colida com o que lá aparece. Fiz a sugestão por achar que ias escrever algo interessante e ao mesmo tempo relacionar a foto com a tua vida (já sei, mania que te conheço lol). Tal como a Raquel Úria, também já tinha lido a história do novo encontro e as peripécias à volta do encontro original, mas mesmo assim não consigo deixar de ver alguma magia sempre que olho para a foto.
    Beijinhos

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    1. Só tenho duas coisas para te dizer:

      1) Tens a mania que me conheces.
      2) Beijinhos?! B-e-i-j-i-n-h-o-s?! Ahahahahahahahahah :)

      So perfect ;p

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  4. Todos lemos ou ouvimos a história. Eu fui mais longe e ouvi os testemunhos dos próprios no youtube. Muito mais fidedigno que qualquer fantasia pintada pelos media ;)
    De resto, eh pá, sair de uma guerra, ir pela rua e esbarrar com uma esbelta enfermeira e dar um belo kiss à Clark Gable nos anos 40? Acho do melhor. Aliás, acho que se o meu marido deixasse de descontar, de um dia para o outro, metade do ordenado dele para impostos, beijava o primeiro caramelo que me aparecesse à frente na rua (belhac!!) eheh

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