Momento alto da madrugada: matar uma mosca. Não era uma mosca qualquer, era a mosca que decidiu partilhar casa comigo desde domingo. Uma única mosca, que me perseguia para onde quer que eu fosse. Pensei, em vão, que me seguisse até à varanda e que aí podia despedir-me dela com um "goodbye Maria Ivone". Não. Quando ia à rua ou à varanda, ela pousava em qualquer lado e esperava que eu voltasse a casa para me atormentar. Para quem não sabe, quando estou a trabalhar, sobretudo quando estou a ler, qualquer barulho me atormenta. O barulho de uma mosca ou de uma melga fazem o meu desespero. Mas enfim, fomos convivendo. Era apenas uma mosca, não um batalhão delas, pelo que nem me passou pela cabeça comprar Mafu. Acontece, meus amores, que a referida mosca devia sofrer de insónias. Toda a santa noite um zzz que me atormentava como se houvesse picaretas a destruir a casa do lado. Eu dormia e acordava com aquele zzz. Eu desesperava com aquele zzz, até que a estúpida decide emaranhar-se nos caracóis do meu cabelo. Entrei em transe! Primeiro momento em que me apercebo que um homem faz muita falta numa casa. Teria sido o momento perfeito para me declarar, sem verbos, mas com acções, todo o seu amor. "Por mim, por favor, levanta-te e vai matar aquela mosca!" Mas a pessoa mora alone. Portanto, eram umas cinco da manhã e eu andava levantada, de chinelo na mão, a rogar-lhe pragas e a correr atrás dela. Até que a estúpida decide pousar no tecto. E é neste momento que eu penso pela segunda vez que um homem me dava cá um certo jeito. Se fosse alto, com um pulinho e o chinelo havia de lhe tratar da saúde, se fosse baixo, pelo menos não haveria de ter vertigens como eu, que quase rezei um terço completo enquanto subia para cima da cama para tentar caçar a desgraçada. Ela estava a divertir-se. Eu cuspia fúria. Até que a p%#& pousou numa parede do hall e eu, sorrateira, lhe mandei com o meu chinelo na tola. Jazia já a parva no chão enquanto eu esfregava os vestígios do crime na minha parede, com um bocadinho de algodão e água. Depois, calmamente, peguei nela com um bocadinho de papel, deitei-a na sanita e puxei o autoclismo. Voltei para a cama. E pensei pela terceira vez que um homem faz muita falta numa casa. Estava agitada. Teria adormecido melhor e mais depressa com festinhas, beijinhos e expressões como "Deixa lá, ela era má!".
:)
ResponderEliminarObrigado por mais uma visita!
Tens de comprar uma daquelas raquetes eléctricas que se vendem nos chineses... aquilo é "tzzzt" e já vais ver que um homem não faz falta nenhuma!
Embora realize que matar bichezas voadoras ao domicilio possa ser um negócio emergente...
;p
Então e as "festinhas, beijinhos e expressões como "Deixa lá, ela era má!""? Disso não se compra no chinês, tenho a certezinha :)
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