A minha praia é uma e mais nenhuma. Já tentei, a sério que sim, gostar ao menos um bocadinho de outras, mas nem as águas quentes, nem os mares de sonho, nem as areias douradas, nem os espaços de paraíso, nem as auras de chiqueza me substituem a minha praia. A minha praia é minha desde quando eu tinha meio ano. Nunca deixou de ser. Nos anos em que não tive férias (fazer teses dá-nos para isso), houve pelo menos um dia em que fui à minha praia. E olhem que eu não amo praia. Aliás, se bem se lembram, eu faço alergia ao sol... Portanto, praia e eu, ademais olhando a esta cor entre o pálido doente e o lula mal passada, são coisas que não combinam assim por aí além... Mas a minha praia é muito mais que o sítio onde estendo uma toalha, tento ganhar cor, durmo umas sestas, passeio com o mar a bater-me nos pés e leio como em mais nenhuma outra altura do ano. Porque isso, bem, isso eu posso fazer em qualquer outra praia. Acontece que a minha praia tem um bar da praia onde me tratam pelo diminutivo, onde o dono, com idade para ser meu avô, se lembra que escolhia os Epás pela cor da chiclet (só gostava de cor de rosa...)... Na minha praia, há a D. Isaura da fruta, que sabe que do que eu gosto mais é de figos e melancia. Na minha praia, há o fotógrafo da minha infância, há o café da minha adolescência, há memórias do cinema onde vi cinema pela primeira vez, há o supermercado onde nunca se esqueceram que só gosto de fiambre fininho e pão mal cozido. Na minha praia, ainda resiste a loja onde comprei o primeiro carrinho que ofereci ao meu irmão. Na minha praia, há os barcos dos meus melhores passeios, há um cheiro a gente amiga, há um som familiar, há uma brisa que não há em mais lado nenhum. Por isso é que posso ir a muitas praias e a minha praia há-de ser sempre, para sempre, aquela praia...
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