quarta-feira, 3 de junho de 2009

Era um buraco, por favor...

Eu fui comprar presentes de casamento. Entrei na loja onde já entrei muitas vezes, sem desconfiar do que me esperava naquele final de tarde de ontem...
Pois bem... eu entrei e cumprimentei a senhora que por lá dá dicas, como sempre fiz... Só que ontem... não havia mais ninguém na loja, era fim de dia... e a senhora estava com uma certa vontade de conversar. E lá percorremos muitos tópicos, desde a profissão, à crise, passando pelo calor, pelo bom gosto da minha pessoa, pela estranha aura de princesa, pela originalidade do colar, pela vida. Gostei de quase tudo, como sempre... mas fui-me pautando por algum freio consumista porque... não sei se já vos disse... mas... são seis casórios. E... ai que esta era tão gira, mas o preço é proibitivo, olhe que aquela também... tem mesmo a cara da Ni. Que se lixe, pronto, vai essa. Ai que olhe que tenho ali uma que ia adorar. Ora então mostre lá. Ai que linda. Pois, mas isto levava-me à bancarrota. Ai não, nem tinha pensado nisso. Mas estou a gostar tanto de si. Ai que simpática que é. Esta era para a sua lista de casamento. Mas... eu não vou casar. Então que idade tem? Pois... então é mais três anos. Ora, 2 de Junho de 2012. Estou a contar que cá venha fazer lista até essa data. Tenha lá calma. E tem de ser especial, que a menina também é. Posso tratá-la assim, oh Dra? Pode, pode. Pois... Olhe, então e tem desta colecção? Quem lhe ofereceu? Pois... não estou a ver. E... talvez a laranja. Não sei. Também gosto da preta. Espere. E conhece fulano?
E a temperatura a subir, a rapariga a suar, as pernas a tremer.
Não sei. Há tantas Marias na Terra.
Olhe é assim e tal e coisa e filho e irmão e tio e primo e afilhado e não sei quê.
Conheço.
Ah... não me diga.
Pois. Parece que sim.
Olhe lá. Casou?
Que eu saiba, não.
Olhe, R., é que eu estava aqui a olhar para si e a vê-la assim escolher e a simpatizar assim consigo e tenho de lhe dizer: que bem que ficava com fulano.
E eu, ainda em convalescença do episódio da editora, morro pela segunda vez em menos de um mês.
E desato a constatar como tal cor fica melhor nos móveis da Ni e que a parede da sala é em tons de burro quando foge.
E nada.
A senhora da loja onde, é certo, não me importaria de deixar uma lista de casamento, diz-me que eu ficava bem era com... bem... pois... esse.
E quanto mais ela fala, mais eu suo. E já me começo a sentir mal. E ou a senhora pára agora com isso ou eu desato já aqui num pranto. Olhe, se o conseguir convencer fica a saber que eu faço lista da loja toda. E ainda suborno os amigos para fazerem o mesmo. E convido-a e até lhe reservo banco na primeira fila. E se tiver dotes vocais, canta-nos a ALELUIA!
Eu esforcei-me. Juro. Mas a palestra continuou. Sobre as qualidades e o bom gosto e ai não sei que mais e no fim passem cá. E ai que já não o vejo há um tempo. E mande beijinhos.
E, cada vez mais sumida, como que paulatinamente enterrada no chão da loja, eu acenava que sim, sem voz, temendo gritar-lhe "And the winner is... YOU!".
Paguei.
Saí.
Já quase respirava de alívio à saída e ainda há tempo para a cereja no topo do bolo: Porque faz bem por continuar a acreditar em princesas. É uma. Não me esqueço. Não se esqueça também: tem até dia 2 de Junho de 2012.

1 comentário:

  1. Sim, o Aleluia pode ser, que o Salmo está tomadíssimo... seja quem for o sortudo...o Salmo é meu!!

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