quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ainda os amigos*

Logo de manhã, pequena R. de carro, a subir a Padre António Vieira, e o melhor amigo a ligar.

ele: tou?
eu: sim.
ele: então?
eu: o quê?
ele: demoras?
eu: eu? mas eu não vou ter contigo...
ele: és uma inútil. estou à tua espera para ir tomar café, pá.
eu: mas eu já vou atrasada. não dá.
ele: então liga quando der que vou andar por aí, zé macaca.
eu: tá bem.
ele: olha, olha. não ligues. dá-me um toque que eu ligo que eu agora fiz uma coisa que dá para falar para ti todo o dia sem pagar.
eu: ??? eh pah... isso é um bocado tótó. só dá quando a malta anda toda avariadinha com passarinho novo, o que não é o teu caso. é que vais pagar montes nas outras comunicações, tótó. eles fazem isso para enganar a malta.
ele: não é nada.
eu: é, é. olha, no meu momento mais deprimente da história que tu conheces comprei um vodafone de propósito, que andava a gastar uma renda. e como, bem, tu sabes, escrevíamos bem mais do que falávamos, arranjei uma coisa que dava 1500 mensagens grátis por dia.
ele: mas tu és normal?!
eu: todos temos direito às nossas más escolhas na vida, não me crucifixes, se fazes favor.
ele: eu não. mas enfim... quando penso que não podes surpreender-me, sacas de uma pérola dessas.
eu: mas gostas de mim?
ele: gosto. mas tens de parar de ser romântica.

* e para desanuviar :)

A L.

O facebook tem destas coisas. Soube há pouco que a L. vai ser mãe e, embora não fale com ela há anos, senti vontade de lhe dar os parabéns e desejar felicidades. E dei. E desejei. A L. foi minha colega de escola desde a 1.ª classe até ao 9.º ano. Depois eu fui para letras e ela para ciências, mas andávamos na mesma escola. Viemos ambas para a faculdade, na mesma cidade, mas raramente nos encontrávamos. As vidas tinham seguido o seu rumo e cada uma tinha o seu grupo de amigos, enfim. Além disso, a amizade dourada pela inocência dos primeiros anos tinha saído beliscada pelos comentários menos bonitos porque tinha melhores notas que ela. Não percebia bem na altura, mas percebo agora. Não é lá muito fácil lidar com a frustração e a L. não tinha aprendido ainda. Eu já, que passei aqueles anos todos sem nunca poder fazer de princesa porque ela era mais loura que eu e tinha os olhos verdes. Nas peças da escola, passava a vida a declamar poemas e a fazer de ceifeira enquanto ela aparecia embrulhada em tecidos brilhantes e de cores garridas e, uma ou outra vez, de saltos altos e coroa na cabeça. Depois, por alturas da 3.ª classe, também nos desentendemos porque gostávamos as duas do Francisco mas ele decidiu namorar com ela, fiquei a saber mais tarde, porque ela tinha acedido a levantar a saia para ele lhe ver as cuecas. Não achei aquilo simpático da parte dela. Estava a jogar com umas armas um bocado estranhas para mim, que já usava óculos e ainda usava duas tranças, além de continuar a fazer colecção de folhas de cheiro e não gostar nada de Barbies mas adorar Barriguitas e Nenucos. Quando veio a adolescência, a coisa não melhorou especialmente e tive alguma dificuldade em perdoar-lhe ter chegado à escola no dia a seguir ao meu irmão nascer e ela já ter dado a notícia a toda a gente. Mas continuava a gostar dela e, ingenuamente, a querer imitá-la em muitas coisas, sobretudo no desembaraço com que parecia agarrar todas as novidades e perigos da vida. Fui uma adolescente tótó em muitas circunstâncias e sou uma adulta com incapacidades crónicas, mas não acho que seja má moça e hoje, quando lhe dei os parabéns e lhe desejei felicidades, fi-lo de todo o coração. A L. desistiu do curso em que tinha entrado, com apenas uma cadeira feita. Encontrei-a pouco tempo depois, quando me preparava para erasmus, e tentei demovê-la dessa ideia parva de ir para casa seguir uma vida de doméstica aos 21 anos, só porque estava apaixonada e queria casar e o futuro marido achava que os cursos superiores são coisa de betinhos que não sabem o que custa a vida. E que mulher que é mulher quer-se em casa, arranjada e cheirosa, de mesa posta, à espera do seu homem. A L. ouviu-me com pouca atenção e disse "Também... iria para o desemprego e iria, não vale a pena matar-me. Além disso, já gozei muito isto tudo. Sabes, até já fui no carro." E foi neste dia que eu percebi que nunca mais poderia conversar com ela sobre coisas sérias, que todos os nossos encontros se resumiriam a comentários sobre o tempo ou um programa de variedades. A L. não é má rapariga, a sério. Fez a escolha dela. Faz a vida que viu a mãe fazer e que viu a avó fazer e assim por diante. Nunca de cá saiu, excepto para ir ao México de lua de mel. Via-a ler na missa e fá-lo com fraca entoação, o que mostra que lê pouco. Segue os artistas populares todos e nunca está cansada para ir a um arraial. Vai ao ginásio, tem unhas de gel e é organizadora oficial do deprimente Dia da Mulher lá da terra. Casou com um penteado cheio de canudos e consome novelas como quem bebe água. Não me parece infeliz, de todo. Apenas fez outras escolhas. Continua, tudo isto volvido, a dizer que não me vê há muito porque agora devo ter a mania, mas a deixar-me declarações de amizade infinita no mural, com cestos de flores que ora acendem ora apagam e aplicações para umas coisas de jogos que nunca aceitei e nem sei para que servem. Não a julgo e, repito, estou feliz por ela, mas faz-me alguma confusão pensar como duas pessoas um dia de sonhos tão próximos se distanciaram tanto no que desejaram da vida. Mas vai ser mãe e... só por isso, devo confessar,  hoje pergunto-me se não escolheu melhor.

Gerações e outras considerações

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.Foi então que os pais ficaram à rasca.Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!Novos e velhos, todos estamos à rasca.Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.Haverá mais triste prova do nosso falhanço? 
Mia Couto



Há muito poucas coisas no texto do Mia Couto com que acho possível não concordar. De facto, a minha geração, menos que as mais jovens, mas também ela, já teve acesso a muitas coisas que a maioria dos nossos pais não conheceram: os cursos de férias em Inglaterra, as viagens, as actividades todas extra-escola, as tecnologias, a noção das roupas de marca, os carros e, melhor ou pior, as condições para, na grande maioria dos casos, vivermos deslocados de casa em condições simpáticas durante 4 ou 5 anos, em que tirámos um curso superior mas ganhámos bem mais que isso, com jantaradas e festarolas. Não há, em regra, na minha geração, muita gente que tenha passado fome ou frio. Concordo. Mas custa-me muito aceitar que o meu mundo actual seja composto por uma cambada de inúteis. E recuso-me a ser rotulada dessa maneira. De todo o modo, quanto mais leio o texto do Mia Couto mais me convenço de que há mesmo poucas coisas das quais seja possível discordar. Há excepções, tal como ele admite e todos conhecemos. Mas é a noção de que, a elas, corresponde uma má regra que me angustia.  Há pouco falava com um colega sobre uma coisa que se encaixa nisto. Há dez anos, o que um professor me dizia era lei, e isso era mau; hoje, o que eu digo a um aluno é, muitas vezes, absolutamente ignorado, e isso é pior ainda. Nunca gostei de extremos.

Futilidades assumidas


Gosto muito!

E um exemplo?!

Suponha a Dra. que uma senhora decide fazer um bic... ai... um brinco.
Um brinco?!
Um furo para um brinco.
Ah... sim! Continue...

E pronto... lá me pus a supor, que sou muito bem mandada!

Diz-que

Há uma alminha do purgatório qualquer que, ao que parece, vendo-a como a comprei, pensa que isto da crise impõe que, o quanto antes, TODOS os vencimentos em Portugal baixem 20%. Contaram-me isto e eu ri-me. Gosto imenso quando percebo que o stand-up comedy chegou à política. São uns reinadios, estes marotos. E o povão, uma cambada de mal agradecidos. Eles a tentarem ter piada e nós a fazermos cara feia, convencidos de que é a sério. Tótós, pá!

Ah...

estou quase boa. Já não tenho febre desde ontem, já não me dói insuportavelmente o corpo sempre que o obrigo a sair da cama e já consigo assoar-me sem parecer que tenho uma rolha em cada narina (é uma satisfação, uma pessoa assoar-se como deve ser!). Ainda tive o meu momento com barulho logo pela manhã, em que abro a janela do quarto e começo a espirrar durante pelo menos 5 minutos sem dar tréguas, mas estou quase boa. Merci pelos mimos. 

Os melhores amigos do mundo

também se veem nas coisas pequeninas. Hoje esperaram por mim para almoçar até quase às duas da tarde, cederam quando, com ar de cadela, ainda assim, abandonada, lhes pedi para irmos almoçar a um sítio um bocadinho longe e a pé porque me apetecia apanhar ar e comeram a correr porque eu tinha de estar de volta às provas às três. Tudo de cara alegre. Pequena R. no meio e um menino de cada lado, aí fomos, felizes e contentes, porque me apetecia pizza de atum. Não batam mais, mas apetecia-me. E pronto. Os meus amigos são foffis de doer.

Les emotifs anonymes


Reconciliei-me com o cinema francês! É tãããooo pequena R., este filme! J'adore!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Gosto de

fazer corações e estrelinhas no espelho quando saio do banho.

...


Sugestão da minha P.

Ovos moles

Parece que os ovos moles vão passar a poder ser consumidos pelo mundo fora. O meu coração divide-se. Por um lado, tenho a certeza que só os da Peixinho e comidos ainda frescos nos fazem render para a vida. Por outro, não podemos ser egoístas. Eu gosto de não ter de ir a Itália para comer tiramissú ou ao Brasil para enfardar brigadeiros, ou a França para pedir croissants para o lanche ou ou ou. Adoro ovos moles. Ou melhor, adoro os ovos moles da pastelaria Peixinho, em Aveiro. Vou lá, religiosamente, pelo menos uma vez por ano: na véspera da páscoa. Quem aprecia sabe que o ovo não deve estar nem demasiado líquido, nem ter cristalizado. Deve andar ali a meio caminho. E é só por isto que não aplaudo com ambas as mãos, desde já, a iniciativa de nos pormos a vender ovos moles, ou pastéis de Belém, ou fatias de Tomar, ou queijadas de Vila Franca, enfim. Tenho medo que nos tomem os gostos por baixa tabela, como quem não passa sem café em copo de plástico e do que mais gosta é dos bolos de microondas.

O kit

No chão, em cima do tapete, está um tabuleiro com um bule de chá de menta, uma caneca com um boneco de neve, uma colher, um frasco com mel e um guardanapo. Na parte de cima das costas do sofá, encostado à parede, está um rolo de papel higiénico (já desisti dos lenços de papel...), uma embalagem de ben-u-ron 1g, o termómetro e o telefone. Está um livro do João Tordo (trabalhar está um bocadinho fora de questão) no meu regaço e o comando da televisão anda algures ali perto dos meus pés. Tenho calçados uns collants de cashmere e umas pantufas até ao joelho. Tenho uma camisola de gola alta de lã, um vestido de malha por cima e um casaco. Um elástico no cabelo e a sala à média luz. Estou a tornar-me repetitiva... e era bom que isto amainasse.

Mel


Está-se-me a acabar o mel!

Verdades e assim assim

No mundo, há quem ache que pode haver mimo a mais. Isso é só normal.
Na minha profissão, há quem ache que pode haver mimo a mais. Isso pode ser muito perigoso.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu estado de sítio

Dói-me o corpo todinho. Desde a ponta do pé à ponta dos cabelos. As mãos, os joelhos, os ombros, a cabeça, os ouvidos, as costas... tudo. Tenho muuuiiito frio. Por hoje, já acabou. Agora devia por-me a trabalhar em casa, mas não consigo. Preciso de chá a ferver, de um banho quente e de uma botija de água a escaldar... e mantas... e sofá. E mimo.

Boa semana, meus amores!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

E levava-me ao altar #21


Acho a sonoridade jolie, que querem?!

E ando virada para o que é nacional... que é tão bom ;)

Óscares

Se não tivesse os próximos 10 dias úteis com 18 orais (provas, minha gente, provas!) marcadas por dia e os sábados ocupados com aulas e um malbendito artigo para acabar às noites e aos domingos, era gaja para fazer directa. Assim, acho que amanhã me levanto um bocadinho mais cedo para enfrentar o mundo com as notícias fresquinhas e mais nadinha.

A tosse

Até tenho medo que me saltem os pulmões pela boca.

A fuga

Estive aqui a pensar se elogiava o José Pedro Gomes ou a Maria Rueff, mas depois lembrei-me do "mulhereeee, re, re, re" do Jorge Mourato, do ATM da Sónia Aragão e dos gemidos do João Maria Pinto e não consigo decidir-me. Vão ver. Dá muito para rir. E rir, minha gente, é o melhor remédio. Ou, como dizia na revista, nos idos de 93, não paga imposto!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Vou ali

passar a tarde a aprender coisas jolies para a tese de doutoramento e ouvir falar gente que sabe e volto logo ou amanhã, sim?!

Sabes o que sonho para mim?!

Então conta-me, por favor!

Frases que... só comigo!

M. Ontem estive com o teu quentinho.
R. Já não gosto dele. 



...




R. Mas sim... o tipo é quentinho.




Nota: vi a criatura três vezes, qual delas aquela em que estava mais gelada, e aquilo que mais me cativou foi o facto de, nos breves momentos em que se dão os beijinhos dos cumprimentos e se tocam as mãos das pessoas, ele estar tão quentinho. Desde então, toda uma linda saga de como uma relação com uma pessoa assim seria confortável para uma moça friorenta de meter dó. Depois soube-se que a melhor característica da criatura seria ser quentinho... e passou-me a vontade de esperar para ver :)

A saga do cabelo lambido

Ter caracóis é lindo. Eu cá... gosto. Mas ter caracóis cansa e dá um certo trabalho. Pelo menos quando os caracóis são como os meus, que lindos mesmo só estão no dia em que lavei o cabelo e ainda não o fiz amassar-se numa almofada ou então com espumas que deixam o cabelo peganhento. Eu não suporto cabelo peganhento. E sou uma pessoa que gosta de dormir, vá. E de perder a cabeça e até dormir deitada. Portanto, ter caracóis é lindo e eu gosto, mas isso não significa que não haja alturas em que me apeteça andar com o cabelo lambido ao melhor estilo levantar, abanar a cabeça e já estar penteada. Posto isto, e atendendo à fasquia imposta pela minha cabeleireira "da terra", gentil senhora que até vai anualmente a reciclagens em Milão e Paris e que leva a módica quantia de 6 euros por lavar e secar, todos os valores praticados nesta cidade são um insulto. Muito por não apreciar ser insultada, desafiei-me para a saga do cabelo lambido, o que me leva a correr cabeleireiras de todos os estilos. Já fui a uma criatura que há uns dois anos me levou 35 euros por lavar e secar o cabelo, já frequentei um espaço em que o preço era 28 euros, já fui a outro onde me esticaram mesmo muito bem o cabelo mas me levaram 18 euros e já passei meses a achar que tinha finalmente encontrado o melhor preço ao descobrir um salão todo pipi onde, pelo serviço, cobram 16 euros. Ainda assim, sou moça atenta e que não desiste. Mal ouço alguém falar em cabeleireiras baratas e boas e é verem-me a tirar a ficha das ditas. Ontem fui experimentar um sítio novo e, até novas conquistas, ficar-me-ei por este, onde levam 14 euros. Está um cabelo lambido e brilhante e a menina é simpática. Se houver por aí alguém que queira contribuir com dicas para a saga peregrina de pequena R., pequena R. agradece. Pequena R. é moça com cabelo um bocadinho abaixo dos ombros, sem corantes nem conservantes e caracóis para dar e vender. Prescinde de sprays e cenas, não é muito exigente com o champô porque, para bom, usa o que tem em casa, mas não pode é aceitar que não lhe ponham amaciador, sob pena de a descabelarem a tentar desembaraçar a juba para secar. É isto. O que uma pessoa passa para não assustar criancinhas quando sai à rua...

Saudade

Tenho duas coisas para te contar. Ouve-me bem. A primeira é que... te amo. A segunda é que... é todos os dias.

de ter vontade
de dizer isto a alguém.
Não tenho.
É pena.

Hoje

O mano faz anos e nós vamos ao teatro!

Gosto de

jantares de amigos!

Adorei o de hoje. Por muitas razões. Algumas... tão minhas.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Também era bom

que a pessoa que escreveu a tese que estou a acabar de ler para arguir amanhã soubesse que é "o diploma assinala" e não "o diploma assiná-la" e que se abstivesse de escrever frases com 15 linhas com apenas  um ponto no fim e um deserto pelo meio, que soubesse que a assuntos diferentes correspondem capítulos diferentes, mas, se for pedir muito, parágrafos diferentes e, no desespero, ao menos, orações diferentes. Era excelente se eu não tivesse de ler cada linha pelo menos 3 vezes para tentar captar a mensagem e em 60% das linhas não acabasse a sentir-me burra porque... não capto nada. Era inexcedível que alguém tivesse, em tempos idos da primária, explicado à pessoa que as vírgulas não são uma coisa que se vai buscar em punhados a uma arca velha quando se escreve um texto para depois serem lançadas no vento sem preocupação de onde caem. E, finalmente, que alguém, pelas alminhas, lhe dissesse que não podemos referir-nos às fontes bibliográficas de referência precedendo o nome dos ilustres pelo artigo. Os "o" e "a" estão a matar-me.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Wishlist

Ficar em casa, embrulhada em mantas quentinhas e com a caneca do chá sempre a fumegar juntinho a mim. Sempre que voltam a constipação e a febre, todo o meu corpo parece que quebra e, não sei se sabem como é, mas parece que funciono em piloto automático e que os meus braços e as minhas pernas mandam sozinhos e, coisa mais estranha, vejo-me de fora, como se estivesse drogada (nunca me droguei, mas imagino que seja assim!). Quero a minha casinha... Dói-me a cabeça e  estou ranhosa.

Cinema

Depois de muitas hesitações, hoje vi "O rapaz do pijama às riscas". 

Speechless.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O mano

Olááá!!!
...
Até amanhã!
Lov u


(silêncio)


Oh mana, tás distraída?! Diz me too!!!

Curiosas parcerias

Por causa do doutoramento, hoje passei a manhã a contactar pessoas que, por uma ou outra razão, preciso encontrar ou, pelo menos, e quando não estão aqui muito perto, saber que estão disponíveis para irmos trocando uns mails.
Uma dessas pessoas é um professor e juiz brasileiro, com inúmeras publicações e tréu-téu-téu-pardais-ao-ninho, a cujo contacto me atrevi apenas porque um colega meu de mestrado já foi assistente da pessoa em tempos e me preparou o terreno.
Pois muito bem... Escrevi-lhe um mail cheio de nove horas, que começou com um Exmo. Senhor Professor Doutor e terminou com o Muito cordialmente da praxe. Há pouco tinha a resposta no mail.

Oi R.!
...
...
...
Conte comigo, viu!
Abraço você,
A.

:)

Verdade e assim assim

Gosto do vagar do amanhecer e do que faz durar mais o cair da tarde. Não gosto tanto da vertigem do meio do dia nem de quando o mundo se cala porque passou metade da noite. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Gosto tanto...












Carnaval

Dormi até às 10h, almocei em família, apanhei solinho na espreguiçadeira do jardim, meti as coisas numa mala pequenina, voltei a Coimbra, descalcei-me, arrumei coisas no frigorífico, pus roupa a lavar, reguei as plantas de dentro e de fora de casa, tirei as folhas secas dos vasos da varanda, amassei pão com um restinho de farinha que ali tinha, tomei banho, pintei as unhas dos pés de vermelho e as das mãos de branco aguado, vi um filme que estava a dar na TV e só depois retomei o trabalho. Soube como se fosse mesmo feriado!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Da serra ao mar... amo a Boa Viagem!

Hoje voltei a percorrer os caminhos dos piqueniques, a caminhar na areia amaciada pelas vagas lentas do mar que mora no sopé da serra, a sonhar com a Casa dos Cogumelos, a ver anunciar-se-me a Figueira no recorte da estrada do norte. Hoje voltei a ouvir que a Feira de Paião era a 19 e a da Marinha das Ondas era a 2. Hoje fiz quilómetros e redescobri os caminhos de quem sai da minha praia e enfrenta a floresta sem se deixar perder do perfume da maresia. Cheguei mais longe do que outras vezes, fui mais além. Hoje, o sol no mar pedia, quente, que se soltassem versos no tempo e se dissesse às pessoas que nunca mais farão piqueniques connosco que temos pena, porque era tão bom.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Da vida

Lembram-se disto?!

Parece que o caso chegou ao fim. Da única maneira que podia chegar. Tão dolorosa e simultaneamente justa como saber-se que não há boas soluções para os precipícios da vida

Mais, aqui.

Mum

A minha mãe fez anos ontem. O mano ofereceu-lhe um lenço, eu ofereci-lhe um vestido, o paps ofereceu-lhe uma flor e... uma bicicleta! Lov it :)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Impulso dois

Ser amigo é

saber que se pode abrir o bolso pequenino da carteira da amiga, onde ela também guarda o penso higiénico de emergência, para tirar o creme das mãos e espalhar nas ditas, que estão secas.

perceber que o creme está a acabar e chamar inútil à amiga e saber que ela toma isso como elogio. Ou Zé Macaca, que é ainda mais afectuoso!

dizer "temos de ver este filme". É mesmo daqueles em que vais viver a história das personagens. E mandar o link. E falar do filme a cada meia hora. V-o-u v-e-r... c-a-l-m-a!!!

As pessoas das lojas

Eu só gosto de ir a lojas onde me tratam bem. Se vou a uma loja e me tratam mal dificilmente lá volto. Prefiro abdicar do que de mais espectacular lá está do que andar a levar com trombas de tudo me deve e ninguém me paga de gente que não me diz nada. Ora, apesar de hoje em dia consumir menos de um décimo do que em tempos e de haver lojas a que já só vou duas ou três vezes por ano e antes visitava todos os meses, eu gosto de chegar e ser recebida com o mesmo entusiasmo de sempre. Eu aprecio quem não altera o tratamento que dispensa aos clientes em função do que estes gastam. Há muitas vezes, mesmo muitas, em que entro nas minhas lojas de gostar e não compro nada. Vejo as modas, aprecio as novidades, contemplo as maravilhas, mas não desembolso um cêntimo. É isto que me permite continuar a gostar tanto da Romeu. Mesmo sabendo que posso nem trazer nada, continuam a dar-me um beijinho quando entro, a olhar-me para os pés para se renderem à fidelidade que lhes mantenho. Não se furtam a desmanchar a loja para que eu encontre umas botas pretas, mesmo que passe bem uma hora a desdenhar do que me põem à frente porque a sola é grossa, ou fina, ou me apertam, ou são largas, ou são curtas, ou não dão para chuva ou são estupidamente caras ou só me davam jeito se fossem em outra cor. Por isso é que tenho com as meninas mais antigas da Tintoretto uma relação que lhes permite tratarem-me por tu, reservarem-me os vestidos às bolinhas que sabem que vou adorar ou o lenço que ficará tão bem na camisa que levei há duas estações atrás. É isso que me permite chegar e dizer-lhes que preciso de comprar uma coisa para uma ocasião assim assim mas não quero gastar mais de x e as vejo desdobrarem-se em atenções para que se cumpra o orçamento com a peça mais jolie da loja. São elas que me substituem os fechos invisíveis que eu detesto porque empancam e me sobem as calças porque sou pequena e me apertam as coisas na cintura porque compro o tamanho acima por causa de me passarem na anca. São elas que preferem ver-me o corte império e me poupam a despir quando sabem que aquilo vestido não será tão apetecível como na cruzeta. É exactamente este tratamento que continua a fazer-me preferir o mesmo sapateiro que sabe que faço alergia à cola amarela, a mercearia do Senhor Manuel, em que o Francisco me atende desde que tinha uns catorze ou quinze anos. É por isso que os meus bolos da páscoa preferidos são os da Celina e vou dar ar à bicicleta ao Ti Mário. Também por estas razões, não troco de modista, nem de cabeleireira. À custa disso, tiro sempre fotocópias no mesmo sítio, vou às flores à Dona Célia e à Cent & Doze do Dolce Vita. E tantas, mas tantas outras coisas.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Impulso um

Dos impulsos

Ai ser (mais) feliz dá trabalho?! Ai sim?! Então... está muito bem. Já arregacei as mangas, já pus um elástico no cabelo, já puxei os fios rebeldes para trás das orelhas... estou quase pronta.

...

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. 

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixonade verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. 

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. 

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. 
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. 

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. 

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. 
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Expresso'

Ignorem, pelas alminhas!


Eu nem gosto do senhor, aliás, a bem dizer nem tenho opinião sobre ele. Mas, de manhã, no meu carro, no rádio, ia esta música a soar. Passei o dia com ela na cabeça e agora só me apetece ouvi-la. Ai... TPM... que nos viras do avesso!!!

E a saga continua...

Por este andar e pelo que ainda me espera, amanhã vou embrulhada num cobertor de papa. Ai o frio... e o sono...

É pré requisito para pai dos meus filhos ser pessoa pouco dada a dormir ou, pelo menos, pessoa capaz de manter os níveis normais de humor perante sucessivas noites de privação de sono. Ou isso ou amante de mergulho, que em dias como o de hoje sempre pode vestir aqueles fatos coladinhos, respirar por um tubinho e não ter de conviver comigo. Sou como os miúdos. Faço birra com o sono. Já nem eu me aturo.

Privações

A verdade é que não consegui acabar o que tinha para fazer, mas à custa de tentar a gracinha não cheguei a dormir 3 horas. Estou num dia não, portanto. Dou-me mal com privações de sono. Talvez  das que mais me afectam. Hoje tenho os sintomas todos das noites mal dormidas: tenho frio, tenho os olhos pesados, uma dor de cabeça monumental, umas olheiras de fugir, vontade de me aninhar e um humor de cão. Não estou óptima, diga-se. Ai... que lido tão malzinho com isto... 

Mai logo

O senhor da rádio acaba de dizer "Mais logo, às oito...". É daqui a pouco. Se alguém amanhã ouvir falar de uma professora que adormeceu enquanto fazia perguntas em provas orais, sou eu.

Devia poupar-me em directas para a tese... Não tenho juízo nenhum, eu sei!

O meu São Valentim

Aprendi um caminho novo e eu gosto de descobrir caminhos novos. Fui com a minha C. de co-piloto e levei-nos ao destino sem enjoar. O meu carro também agradece passear-se por outros sítios, que sai muito à dona. A aula correu mesmo bem e tenho de reconhecer que sou tão mais menina destas áreas das minhas pequenas pessoas. Adoro. Sou mesmo feliz a falar destes temas. Soube que vão pagar-me por cada aula mais do que eu pensava que iria receber por duas juntas e isso é uma coisa que me anima. Teria ido na mesma, ainda que não me pagassem nem as despesas, porque gosto tanto destas andanças e mimimi, mas também não me chateio se querem fazer-me este agrado. Depois voltei, cumprindo os limites de velocidade, salvo em Cacia, que me leva sempre a acelerar mais um bocadinho, e tive um jantar de amigos, porque era o dia do amor e a amizade também é uma espécie de amor. Foi muito bom, porque estar com os amigos é sempre muito bom, porque os meus sobrinhos do coração me amaciam os ecos de tic-tac e porque a sobremesa metia húngaros e almendrados. Finalmente, ignorei as recomendações médicas todas e bebi um café. Estou em casa, com um banho tomado e morta, capaz de aterrar em qualquer ribanceira cheia de silvas, mas tentarei fazer uma directa a corrigir os exames que faltam. Acho que não vou conseguir, mas se não tentar é que não consigo mesmo. Foi um São Valentim calminho e não fui nada ranhosa porque deixei as pessoas sair a tempo de irem jantar com os MQT. Nada em mim questiona a pertinência de uma comemoração diversa, ou então é do sono. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

*


Vou ali outra vez

ao Porto botar faladura, desta vez até de noite, correndo o risco de ser insultada por quem tem MQT em casa à espera, e já volto.

Do amor

Sempre que chega este dia, lembro-me deste episódio

Deixo-vos novamente com as definições das crianças. E... lanço-vos mais uma vez o desafio. Hoje.


´O amor é uma pessoa ficar muito apaixonada e conseguir perdoar.'

'O amor é felicidade, é alegria. No amor só não há tristeza, mas há muita, muita coisa.
Eu já amei duas pessoas da minha família.
Primeiro foi a minha prima Érica.
A outra foi a minha prima Sofia.
Mas a irmã da minha prima Sofia, que é a Daniela, gosta de mim e eu sei isso porque ela nunca pára de andar atrás de mim.
Só que eu amo outra pessoa mas não quero dizer.'

'O amor é uma coisa muito bonita. As pessoas apaixonam-se, casam-se e têm filhos.'

'O amor é quando uma pessoa está triste, chegar e fazer-lhe carinhos.`

'O amor é bom. Andam abraçados uns aos outros e dão beijinhos e abraços. E muito mais à frente casam-se.'

'Eu gosto do amor, mas às vezes passamos por partes difíceis. Mas mesmo assim as pessoas gostam de amar.'

'O amor é quando uma pessoa gosta de outra pessoa. Eu tenho um namorado que se chama Rafael e ele é surdo e eu tenho muita pena dele. Ele vai todos os domingos à missa para tirar o problema que ele tem. Ele não faz quase nenhum disparate porque ele é muito querido.
Nós namoramos desde que nós nascemos e fomos para a creche. Sempre namorámos.'

'O amor é namorar com um rapaz ou uma rapariga. O meu namorado é o Gabriel. Ele é muito simpático, mas às vezes é terrível e mal educado mas eu mesmo assim gosto dele.'

'O amor é muito bom e pode ser de muitas maneiras. Por exemplo, eu tenho muito amor pelos meus pais, depois também há o amor pelos amigos, primos, irmãos, padrinhos, tios, filhos, mas o mais associado a amor é o amor dos namorados. E esse amor dá tanto calor.'

'O amor é dar flores e dar beijinhos e levar ao cinema. O amor é fazer sacrifícios pela namorada e não chatear a cabeça.`


´O amor é de pequeninos para aí até aos 60 anos. Os pequeninos começam a conhecer-se e a partir dos 5 anos namoram até aos 20. E para aí aos 20 começam a ter filhos. Quando fazem muita idade já é mais raro fazerem filhos, mas são avós. Só que já não dão tantos beijos.'

'O amor é uma preciosidade para os que já têm namorado e o namorado pode dar um anel ou um ramo de flores e pode pedir em casamento e podem ir viver na mesma casa.'

(Excertos dos textos da Sofia, do Gonçalo, da Andreia, do Leonardo, da Tânia, do Gabriel, da Margarida, da Beatriz, da Catarina, do José e da Filipa, com idades entre os 6 e os 10 anos)

E o mundo fica um bocadinho melhor

O Irão decidiu banir as execuções por apedrejamento e isso é uma boa notícia. Ainda não chega para os entender, mas é um grande passo.

Percebo que me apaixonei pela capital

quando, a pretexto de uma conferência de um dia no próximo mês, procuro organizar-me para lá passar uma semana. Vá... vou pesquisar, não sejam maus. E matar saudades... não batam mais. E outras coisas. Cheguei ao momento da vida em que me mudaria para lá amanhã se soubesse que, em me arrependendo, poderia bem voltar à terra.

O senhor Cupido

Ontem, um dos meus formandos chamava-se Xxxxx Cupido. O senhor Cupido era moço para a minha idade e do mais bem apessoado de que há memória naquela formação. Dei-me ao luxo de fazer um trocadilho com o nome do senhor Cupido e o dia de hoje e o senhor Cupido sorriu e ficou muito mais à vontade. No fim da tarde, passei-lhes o teste. O senhor Cupido tem ali uma bela miséria.

Why not... again?!

Há nos dias de algumas mulheres horas mortas de esperança. Há nos dias dessas tantas outras esperas por cumprir. E a tempos se lhes prova que há por vir o que nem sonhado está. Há nos meses do estio um querer maior. E nos outros também. Mas quando passam todos e novos já despontam, há silêncios que se quebram e palavras que as alagam. E há no tanto que quiseram uma queda sem parar. E nem mais nada a salvar. Até que imita a vida o sonho. E nos dias dessas mesmas há violetas por abrir e perfeitos para amar. Há alegrias por regar. E nada mais a separar. De um pouco amanhecer, é de luto que se erguem. Mas despidas dele todo, há nos dias de algumas mulheres milagres por acontecer. E nos de alguns homens milagres por fazer.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ooohhh... Tic Tac...

Adoro tanto este poema



«Espreitava em seus olhos uma lágrima,
e em meus lábios uma frase a perdoar;
falou o orgulho, o seu pranto secou,
senti nos lábios essa frase expirar.
Eu vou por um caminho, ela por outro;
mas, ao pensar no amor que nos prendeu,
digo ainda: porque me calei aquele dia?
E ela dirá: porque não chorei eu? »

Gustavo Adolfo Bécquer

As pérolas

A pergunta: Diga se, no caso, A será responsável pela morte de B.

A resposta: B, infelizmente, já não se encontra entre nós para nos relatar como tudo aconteceu exactamente, o que dificulta as coisas. 

;) MUITO BOM!!!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Gosto tanto...

Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou, 
não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

My one and only


Tenho pena que se tenha ido embora tão nova. Muita pena.

Lá fora

estão 3 graus neste momento e estavam 5 negativos quando entrei em casa perto da uma da manhã. Deixei de achar Coimbra fria quando passei a morar lá e a vir a casa dos meus pais só de vez em quando aos fins de semana e nas férias. Aqui está tanto frio, mas tanto frio, que esta noite dormi agarrada a uma botija de água quente, realidade que há anos desconhecia na minha vida. O sítio onde se está melhor é lá fora. Passei a manhã no meio do jardim, no sítio onde mais dá o sol, com um chapéu de palha na cabeça e a corrigir exames. Agora está vento. Além do frio... vento. Portanto, só não me enfio dentro da lareira porque me ardiam as provas das crianças. Eles insistem que está quentinho. Bebem água fria e tudo. Eu estou a chá e sucessivos pares de meias. Estou a ficar tão desgraçadamente velha que até os ossos me dão sinal do tempo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ingredientes para duas horas que regeneram as pessoas







Uma voltinha pela cidade num carro muito louco, um almocinho no restaurante mais italiano da beira rio, um tiramissú a partilhar, uma caminhada, um cházinho e mais dois dedos de conversa no sofá cá de casa. Tudo, com o melhor melhor amigo. O que esperou sete meses para perceber que hoje já me podia dizer, sem medos, "Ele perguntava por ti todos os dias... Agora ainda pergunta, mas no princípio, quando lhe sumiste, até dava dó!"*.

* Podem chamar-me cabra egoísta, mas não consegui evitar sentir-me um bocadinho vingada.  Afinal...  

Só entre amigos

uma mulher pode dizer "e não me leves a nenhum sítio fino que não me apetece mudar de roupa e estou com leggings e um casaco cheio de borboto mas que é quentinho e confortável para quem tem de passar o dia a corrigir exames" e depois desligar e ligar passados dois minutos a dizer "Olha, podemos ir à beira rio, que já vesti umas calças e mudei de casaco e até pus brincos.".

Quem não entende isto é muito limitadinho da tête!

P.S. Vou ali almoçar com o meu melhor amigo e já venho, sim?! Estamos os dois sozinhos em casa a trabalhar e ninguém merece isso aos sábados.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pequena R. pergunta ao leitor

Pessoas que não acreditam na AMIZADE entre homens e mulheres são pessoas que ainda não perceberam nada do que é a AMIZADE, não são?!

Quem tem mãe, tem tudo!

Das más voltas de 180 graus...


Dialecto de pequena R.

Pequena R.: Tal e tal e tal e coisa e coisa e coisa e o teu amigo... moita!
Amiga de Pequena R.: Quem é o Moita?

Moita: expressão usada singela ou a preceder o substantivo masculino singular "cachorro" e que significa "nada", "nem aí".

Verdades e assim assim

As minhas olheiras não têm fim. Começam nos meus olhos e estendem-se para lá de mim.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cenas da minha vida doméstica

Estava com uma faca a descaroçar maçãs para assar. Ao meu lado, no meu ouvido, de dois em dois segundos, tinha o mano a dizer "Tu vais-te cortar!", "Olha que isso corta!", "Dá cá isso que ainda te aleijas!" "Olha a faca a ir para a palma da mão!". Cansei-me. Olhei-o nos olhos durante dez segundos com cara de "Queres ensinar o pai nosso ao vigário?!" ou "Até a formiga tem catarro!". Dá-me um beijinho na testa e diz: "Vou dar-te uma prenda de dia dos namorados. Um descaroçador de maçãs."

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O namorado, o companheiro, o marido, a nossa pessoa

Nunca deixo de fazer uma coisa ou de ir a um sítio ou de seguir com a vida com a normalidade das vidas das pessoas inteiras por estar sozinha. Convivo, conforme sabem os meus mais próximos, muitíssimo bem comigo. Acho que nunca senti essa coisa má a que chamam solidão. Todas as minhas tristezas e dores de alma por amores se curaram sem precisar de paliativos em forma de flirt. Em suma, sei muito bem o que não quero e com mediana competência vou trilhando o caminho na demanda do que ainda me faria mais feliz. Uma vez expliquei a uma amiga que a minha vida tinha dias óptimos e dias péssimos, como a de toda a gente e que, se tivesse de a avaliar, lhe daria um 17/18. É uma vida com coisas muito boas, com pessoas muito especiais, com um reconhecimento profissional conquistado a pulso mas que já me permite sentir algum orgulho em pequeninos feitos, enfim. Perguntava-me ela, nessa altura, se, então, não me fazia falta A pessoa. Faz. Respondi. Faz, mas só poderá entrar na minha vida se for para me manter a felicidade avaliada em 17/18 ou para me fazer ainda mais feliz e almejar um 19/20. Se não, não vale a pena. Para ter dez dias maus por cada dia assim-assim, não vale a pena. E é a verdade. As não relações fazem-me muita espécie. E há muitas não relações mascaradas de relações. Não sou imune às quedas e esfoladelas. Pelo contrário. Mas as minhas pessoas têm sempre conseguido dar-me, apesar de tudo, num determinado momento da nossa vida partilhada, muitos momentos de felicidade acima da média. É isso que as tem feito ficar e é a ausência disso que me tem determinado a deixá-las ir. Apesar de tudo, há dias em que todas estas certezas se apequenam. Em que não há abraço de amigos que me cure por inteiro. Em que uma amiga e a filha terem-me ligado há pouco só para dizerem que gostam de mim e darem-me um beijinho ainda não me preenche. Em que até a voz da minha mãe a dizer "Já passou!" ou "Vai ficar tudo bem!", com o condão de me serenar o coração, deixa espaço para algum vazio. E é nesses pequenos e espaçados instantes que eu penso se não seria aqui que entraria A pessoa. Que eu não sei quem é, mas que talvez exista. Talvez se hoje, durante o funeral, lá tivesse estado, me tivesse custado menos. Talvez se agora, aqui sentado no sofá, me dissesse que terça feira ia comigo ao Porto porque não quero ir sozinha de carro e ontem voltei a enjoar tanto de comboio, me passasse o medo. Talvez se me dissesse que não fiz mal em dizer à L. que o namorado dizer-lhe que ela não é de confiança porque só tem colegas homens não é normal, me aquietasse o espírito. Talvez se, em dias em que o meu e-mail não passa de uma enorme fonte de problemas, me pedisse para fechar o computador, os dias seguintes acordassem com soluções. Talvez. Ou então não... e isto é tudo um enorme disparate.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Que dia

Hoje morreu-me uma amiga.

Hoje tive de dizer a um amigo uma verdade difícil de dizer e de ouvir: foste incompetente.

Hoje dei uma aula que não correu mal e, no entanto, não correu bem. Uma coisa horrível de saber que é preciso fazer alguma coisa diferente da próxima vez e não estar, de todo, a ver o quê.

Hoje um taxista decidiu estar atento a um telefonema meu e estabelecer comigo a seguinte conversa:

Taxista: VenS cá às aulas na Universidade XYZ, é?!
Eu: Não.
Taxista (olhando para um grupo de jovens no passeio, entredentes: Isto é só droga. Só droga. Malandrões. Estes ursos só têm um remédio: um tiro na cabeça. Fazem as leis e esquecem-se que deviam deixar os pais escolher se queriam continuar a viver com estes drogados na família ou vê-los mortos. E depois... um tirinho.)
Então? Mas estavaS a dizer que a aula acabava às 17h!!!
Eu: Vou dar uma aula.
Taxista: E venS de Coimbra cá só para dar uma aula?!
Eu: Sim.
Taxista: É por isso que o país está como está... ... ... Do que é a aula?
Eu: xxxxx
Taxista: E o que é que TU, tão nova, sabeS de xxxxx?
Eu: O suficiente para me pagarem para cá vir de propósito dar uma aula disso. E agora, se não se importa, suba a música do rádio. Obrigada.

As homenagens

10 minutos antes de sair de casa hoje de manhã, soube que a minha amiga que estava doente tinha morrido. Ainda ontem o N. ralhava comigo porque eu estava tristíssima por ela e ele insistia "A senhora ainda não morreu. Calma!" Morreu hoje. E estou calma. Não tenho sentimento nenhum de revolta para com a morte que põe fim a um sofrimento já tão grande, a sério. O que continua a nublar-me a existência são as doenças, as vidas interrompidas quando as pessoas a elas se agarraram com ambas as mãos, os filhos órfãos antes do tempo e os pais mutilados na sua melhor parte. 

Vou ali

falar de pessoas que não se contentam em casar só com uma pessoa de cada vez, de pais e mães que impedem os ex-cônjuges de ver os filhos e dos idosos que desde o início do ano apareceram mortos em casa sem que ninguém se tivesse, em tempo útil, dado conta. Vou ali falar de família numa aula de penal e já volto.

Fingers crossed!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Um presente para a vida


Quando, há minutos, o CPS me apresentou esta música estava, sem saber, a dar-me uma das músicas da minha vida... para sempre! Inesperadamente, sinto que está ali tudo. Muito do que, desde o dia em que não quis fazer o balanço do ano que passou, não conseguia verbalizar. Adoro a Kate Winslet. Hoje e agora mais que nunca. Adorava saber quem escreveu esta letra e a musicou desta maneira. Estou rendida à voz da moça que me pôs a chorar desalmadamente ao primeiro verso. Esta música é, para mim, a melodia de um certo género de histórias que só morrem connosco, tenham elas durado uma vida ou um dia. ADORO. Obrigada CPS.