quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Be in love

Tenho andado a pensar (uuuuu) e, que me lembre, há uns 10 anos que não me encontrava em tamanho oco de paixão. Mais coisa, menos coisa, tinha-se acabado a telha pelo M. e já tinha percebido que aquilo com o P. tinha piada, até tinha, mas eu não gostava dele como ele gostava de mim e não queria fazer o moço sofrer, pelo que o melhor era mandá-lo embora com jeito mas o quanto antes. Depois desse oco que não lembro exactamente quanto durou, chegou a fase D., levada ao limite a acabada na esplanada da Vasco da Gama da Solum porque lhe deu para se armar ao pingarelho e me caiu na consideração de tal maneira que me levantei e o deixei a falar sozinho. Já nos tínhamos chateado. E foi por essa altura que, no quintal da casa onde morava (sim, tínhamos um mini quintal, ali aos Arcos de Jardim), queimei as cartas, os bilhetes, os postais das férias, as fotografias e essas coisas. Aquilo era uma coisa séria. Quando recuperei do afastamento que nos impus, fui abalroada por uma paixonite aguda pelo B. Durou muito, com altos e baixos, mas aí não fui eu que me pus a andar, foi ele que nunca me ligou especialmente. E uma rapariga não pode levar com gente assim para sempre. Numa viagem a Barcelona, convenci-me que tinha mais o que fazer que esperar por quem não prometia. Quando voltei, andei uns meses em modo prospecção de mercado. Estava longe de imaginar, naquele comecinho de 2007, o que uma mensagem recebida na segunda feira da festa lá de uma aldeia vizinha traria à minha vida. Começou assim, lembro-me como se fosse hoje. Pelo pior motivo de todos. E durou, com a convicção de eternidade, tempo demais. Houve direito ao melhor do Mundo... e, para o fim, ao pior. Muitas quedas, esfoladelas e tentativas de me reerguer sem ele depois, fui-me convencendo que mais do que aquilo talvez não fosse merecido. Pelo meio, em fase de profunda negação, como quem foge da droga em clínicas de recuperação, mostraram-me as cores todas do be in love assim de repentemente. Estava capaz de me atirar sem pára quedas... e a história deu de si. Qual imprescindível, voltei a cair-lhe, ao anterior, na teia de mel e coisas doces noites dentro. Até me ver, anos a fio depois, mais uma vez, à espera de quem não prometia. Pior, de quem sabia (porque eu já sabia, que sou esperta!!!) que não dava mais do que aquilo. E, no caso, o tudo que pode dar não me chega. Pois. Alguns meses depois da derradeira conversa, do ponto final que fez os amigos lamentar o desenlace tanto ou mais do que imagináramos, assim me encontro. Num oco de be in love que dá o conforto do saber com o que se conta, mas, não escondo, a inquietação dos espaços por decorar, das casas por acabar, dos livros por ler, das músicas por ouvir, daquele mais resto da vida por viver. É estranho. Chegar aqui assim. Há menos de nada tive-o como ex homem da minha vida a dizer que se eu fosse uma cor seria pink. Por semelhante data, encheram-me muitos seres especiais a vida de esperança e gratidão por tê-los comigo para sempre. Sou uma filha, uma irmã, uma neta, uma sobrinha e uma prima de que muitos, quase todos, gostam muito. E fazem questão de mostrar. Tenho alguns amigos. Não são muitos, assim uma multidão, mas são pessoas que admiro profundamente e que não me desiludem. São anjos da guarda. São homens como quero acreditar que os outros podem ser e mulheres a que me quero equiparar em virtudes. Sou, profissionalmente, suficientemente reconhecida para já não achar inúteis os esforços de escola desde os 5 anos. Tenho coisas. Mais do que preciso, até. Tenho as pessoas. Tenho o tempo, a concentração e o discernimento para entender o meu copo meio cheio. Não sou infeliz. De todo. E, no entanto, encontro, a tempos, no peito e na alma, o desconforto do oco do be in love que só quem acredita no felizes para sempre a dois pode entender. Isso e tic tac por crianças que se querem com pai. Deve ser da idade. Impunha-se o balanço. Destravei a língua. Sou a R.. Tenho 30 anos. Tenho tudo. Sou algumas das coisas que quero ser. Vou a caminho. Sozinha.

6 comentários:

  1. Porra R., fiquei colada ao ecrã a ler cada palavrinha tua! O sofrimento também faz parte da vida, uma vezes mais que outras, numas pessoas mais que outras, mas no fim tudo acaba bem, se ainda não está bem é porque ainda não acabou!

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  2. Eu também, que por norma só leio mais à noite, não consegui não ler até ao fim. Não te martirizes. Não posso não dizer que por vezes o intelectual suprime o afectivo, que uma pessoa com as suas realizações já se sente completa. (Já o pensei) O pior é que pelo menos na minha área a estabilidade não é garantida e as realizações são vagas... e não tenho muita moral para falar. Sempre fui afectivamente muito bem tratada (e sou). Mas acho que o amor aparece se nos colocarmos a jeito. Se estivermos disponíveis a amar. Disse a uma amiga minha que ela indo do trabalho para casa e casa para o trabalho , que só se arranjasse uma namorada em vez de um homem... Um beijinho dear R.

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  3. Quando menos esperares vai-te bater à porta!! Resta é saber se estás preparada para tal... por vezes o querer mto uma coisa não basta, e depois qd a temos ficamos do género:"será que era isto mmo que eu queria?"
    Mas eu estou convicta que este será o teu ano de viragem, basta acreditares:))bjs e até sábado

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  4. Oh meninas, talvez o meu texto não tenha sido suficientemente claro. Eu não estou triste. Nem desesperada. Muito menos a fazer depender de uma relação a minha vida ter sentido. Não é nada disso. É a constatação de uma evidência curiosa: sendo do mais romântica e família que se pode imaginar, dou por mim aos 30 anos absolutamente desapegada em termos sentimentais homem/mulher. Eu nem sequer estou a sofrer por isso. Estou só a achar estranha a sensação de não ter, de momento, o coração a bater, nem que seja só mais um bocadinho forte, por vivalma. Nada. Nem um grande amor, nem uma paixão, nem uma súbito interesse, nem uma amizade colorida, nada. Ninguénzinho me tem conseguido fazer virar do avesso. É um domínio sobre nós curioso. Ou então não. Talvez seja mais normal e previsível aos 30 que aos 15 ou aos 20 em que se gosta só porque sim. Em que tudo nos faz tremer nas bases. Meninas, a única coisa verdadeiramente chata no meio disto tudo, mas que até nem voltei a referir no texto, é que estou cada vez mais convencida que o estado actual decorre da descrença em que mergulhei há meses. Por me ver com alguém que não queria o mesmo que eu e por ter assistido ao desmoronar de uma série de relações daquelas que parecem perfeitas...
    É só isso :)
    Beijinhos, meninas*

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  5. Qquerida Rezinha!

    Previligiada és tu, aos trinta anos tens a possibilidade de amar/casar com um homem que te ame verdadeiramente.

    Triste seria, aos tinta anos, estares "amarrada" a um parvalhão quaquer.

    Tens um mano que te chama mana.....não te podes mesmo queixar.


    erva doce

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