sábado, 14 de janeiro de 2012

Sábados e sábados

Há quem use os sábados para as limpezas. Os meus vizinhos de cima devem ser exemplo disso mesmo. Passaram a manhã a aspirar e sacudir tapetes. Há quem use os sábados para o exercício ao ar livre, para visitar amigos, para sofazar a consumir séries de empreitada, para pôr em dia manicure e pedicure, para fazer pós graduações ou mestrados em dias que não impliquem deixar de trabalhar durante a semana. Há quem use os sábados para acrescentar um dia aos cinco de serviço precedentes e fazer mais do mesmo e há quem o use para namorar, fazer compras ou preparar-se para domingo, o dia tradicionalmente associado ao descanso semanal. Sempre gostei muito de sábados. Em minha casa nunca foi o dia de limpezas. É o dia de ficar por ali a descansar, dormir até tarde, fazer lanchinhos a vagar ou chamar amigos para um chá. É dia de ir à casa dos avós de baixo apanhar fruta ou colher legumes para fazer uma sopinha. É o dia de ler o jornal com mais atenção e por a Sábado e a Visão em dia. É dia de arrumar gavetas, pôr os alinhados por conjuntos e coisas assim. Gosto. No verão, nunca fazemos praia ao sábado, por exemplo. É dia de reunir com amigas e ir por aí, noite de teatro ou cinema, enfim. Mas em Janeiro, Fevereiro, Junho e Julho, os meus sábados, de há uns anos para cá, são ocupados, muitos, mesmo muitos deles, de outra maneira, bem menos gostosa: a corrigir exames. Hoje é o dia 1 da empreitada e já desde as dez da manhã que acho que tenho vontade de me queixar. Portanto, tirei o fato de treino que tinha vindo substituir o pijama, vesti-me normalmente, montei o acampamento cigano de provas na varanda fechada, muni-me de muito chá, tanto, e para aqui estou. Pelo meio, inventei um almoço com massa (what else?!) e comprometi-me a visitar uma amiga doente. Tenho uma banda sonora baixinha e calminha e a cidade aos pés e no horizonte. Como a varanda é toda fechada com vidro, está aqui morninho e volta meia volta o sol espreita ali nas nuvens que desde cedo se acomodaram do meu lado direito, por cima do rio. Já que é para penar dias a fio a ler letras difíceis, ao menos que se vão inventando escapes para o mau humor. Agora vou sair e fazer uma caminhada de uma meia hora até casa da amiga, estar com ela e voltar. Depois retomo a saga peregrina. E assim sucessivamente. Ainda são só os primeiros 135. E gostava muito de lançar estas notas até sexta feira, mas a minha vida não é só isto, embora, nestas alturas, frequentemente, pareça. São sábados, pessoas, são sábados.

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