Não é a primeira vez que assisto a semelhante cena. Vou até determinado local - um posto de gasolina, no caso -, compro uma lavagem de carro com tudo a que o amiguinho tem direito, carcacinha e interiores e tuditudi e depois entrego-o nas preciosas mãos daqueles mocinhos que já me conhecem e sabem qual é a essência que gosto mais que lá ponham... e vou sentar-me num banquinho a ver as modas. Até que se abeira um carro, o adulto condutor sai, deixa a porta aberta e o motor a trabalhar, vai comprar tabaco, uma revista, pede as chaves do WC, tira uma bica na automática, dá dois dedos de conversa... eu sei lá... enquanto o bébé permanece dentro do carro.
Isto acontece-me mais vezes do que seria suposto e muito mais vezes do que eu desejaria. Não consigo abstrair-me dois segundos de todos os perigos que espreitam. Armo-me, pois, invariavelmente, em parva, e estaco em frente ao vidro encostado ao bebé. Não arredo dali pé até vir o responsável. E, quando ele chega, eu ralho. Primeiro, eu não ralhava, só aconselhava. Depois, passei a advertir. Agora, ralho mesmo. Porque estou a ficar intolerante a esta asneira. Já não a suporto. E então ralho quase como se o filho fosse meu e não do que leva com o discurso. E pergunto se vai descansado sabendo dos tarados que para aí andam. E se pode imaginar em quanto tempo se rapta assim uma criança, com carro incluído e tudo. E ralho mesmo.
Hoje, ralhei tanto que nem piu se ouviu. E eu achei que podia ter aberto os olhos a alguém. Mas não. Quando finalmente abriu a boca, o pai em questão ordenou que me metesse na minha vida e arrancou a toda a força.
E eu fiquei a ralhar sozinha.
As pessoas continuam a pensar que as coisas só acontecem aos outros..!
ResponderEliminarbeijinho.