sexta-feira, 1 de maio de 2009

Diz-me como comunicas

e dir-te-ei quem és!
Como os mais atentos já estão cansadinhos de saber, agora, e porque achei que já tinha pouco com que me entreter, ando a fazer a Formação Inicial de Formadores. Bem é de ver que a rapaziada se inscreve na dita já mirando o futuro CAP. Mas o tempo, também aqui, é sabedor de muitos "ses" e volta-nos a volta muitas vezes.
Sem poder estabelecer comparação com o meu British, que já deixei expresso ter gentinha do melhor que corre por aí, o meu grupo do CAP tem-se revelado um apaziguador de horas menos felizes e um auxiliar precioso a umas tardes bem passadas. Por isso, acho que sou menina para tirar boa nota naquela parte das relações interpessoais!
Ora, ontem a sessão foi sobre comunicação. Escolhas, frustrações, interesses, comportamentos... Descobri, ou melhor sistematizei na minha cabeça, que há quatro estilos de comunicação, pelo menos: agressivo, manipulador, passivo e assertivo.
Pois muito bem. Todos nós, alguma vez na vida, adequámos o discurso a um daqueles estilos.
Lembro-me de ser manipuladora com o meu kiko quando ele se portava mal e era eu quem tinha a responsabilidade de o manter nos eixos...
Não me esqueço das vezes em que gritei tão alto que ainda hoje me dói a voz desses gritos (e o peito e a alma... mas... saiu...)...
Mas, sobretudo, revi-me ontem em cada frase de um discurso passivo e sem vontade, todo enfeitado de medos e tremeliques que, por muito pouco que dure, envergonha qualquer ser humano. Nisto sou sexista sem remorso. Acho mesmo que as mulheres têm uma especial vocação para a passividade, mesmo as mais fortes e determinadas de todas. Há, lá na massa da substância que nos dá forma ao coração, um conectador de discurso passivo que dificilmente encontramos para deitar à rua. São frases que rebentam em pálpebras inchadas e mudas decisões prenhes de paciência e ânsia e espera e esperança e vontade. A capacidade estranha que temos de ler o que não tem código, de decifrar o que está claro, de esperar o que não promete, é coisa para nos levar o tempo... e o sumo.
Por isso, ontem, quando me revi passiva e contei as perdas dessa R., doeu-me tanto permanecer como dói enfrentar os "eus" mais tortos do nosso "eu". Fiquei meia perdida e acho que se notou. Porque, ao melhor estilo da consulta de psicanálise, a A. ainda se atreveu a perguntar se eu queria exemplificar. Disse-lhe, já quase sem fala, que não, que não valia pena. Porque não, não valia. Não se aprende nada com estas horas passivas da gente.
Descobri, depois, que às vezes sei ser assertiva. O assertivo é o estilo de comunicação ideal, mas eu só o tenho às vezes e só em determinados contextos. Descobri isso ontem. Na vida, houve muitas vezes em que deveria ter sido assertiva, mas não fui, mais empenhada em manter-me na dúvida que preparada para levar com a certeza!
Mas ser assertivo não é ficar sem chão, pessoas! Ser assertivo é ganhar espaço para poder ganhar corpo, para poder ganhar músculo, para poder ganhar velocidade, para poder correr atrás das asas. Ser assertivo é deixar morrer a espera, fechar os olhos com muita força, desejar do fundo do coração que corra bem, mas estar preparado para se correr... doutra maneira. Ser assertivo é preparar o peito. Ser assertivo é dizer "basta" com a firmeza de uma decisão que não volta atrás e a doçura de quem sonhou ficar. Ser assertivo é deixar cair o pano. Mas não é morrer!
Não digo que não dói. Mas prometo-me que passa!

Sem comentários:

Enviar um comentário