segunda-feira, 13 de abril de 2009

Uma família portuguesa, concerteza...

Ontem houve almoço em casa da avó. É Páscoa e a tradição manda ouvir cantar o galo à espera da cruz naquela casa, que o prior de lá é mais madrugador que os camaradas. Depois disso, que aquilo é aldeia que alberga grande parte da família, é correr capelinhas durante um bom par de horas. E há rituais, tipo não faltarem enguias fritas (nhac) em casa do tio Z. Pois bem... lá por volta das tantas da tarde, por ocasião do centésimo telefonema da matriarca a apelar à comparência da maltinha, a maltinha reúne. Ora, a maltinha reunindo, há coboiada certa. Porque a avó quer que se coma este mundo e mais metade do outro, o avô tem episódios de dúvida existencial sobre o que dar a bebericar e a maltinha quer mais é palrar. Portanto, a maltinha ouve-se na rua, que a maltinha é muita e não há lá mudos. Destes almoços retiro sempre uma conclusão. Umas mais prazerosas que outras, é certo, mas tudo coisas infalíveis. Pois bem, o almoço de ontem não é excepção. Concluo que só com muito AMOR, daquele assim de filme em que "sem ti nem respiro, porque tu és o meu ar... e o meu mar e o meu Mundo e eu quero-te só para mim, vá lá, vá lá, vá lá, que te amo... tanto... tantooooo", é que as donzelas daquela família desencalham. Passo a explicar. Aquilo são doze filhos, seis dos quais machos latinos. Ai de quem se meta à besta com uma menina sua ou de qualquer um dos manos. É vê-los chegar e inspeccionar de alto a baixo cada novo conviva, mais ou menos alinhados e a tirarem notas em folhas de papel milimétrico. Depois reúnem e sussuram, excluindo o único espécime do sexo masculino que ainda não foi à frente do Senhor consumar o sacramento. E nada de dizer que é como se ele já fosse família porque a moça anda tão feliz e ele até já fala em ficarem juntos toda a vida. Nã... que para ser da família o ilustre mancebo tem muito que dar à unha. Tenho para mim que para levar a mão de uma pérola da família terá de sujeitar-se e ser aprovado com excelente em provas de caça, tiro aos pratos, sueca, matrecos, armação de costelos e procura de gambuzinos. Isto, tal como vos disse, para lhe levar a mão. Para lhe levar o corpo todo, nada como atestar em papel azul vinte cinco linhas o cumprimento de pelo menos dez anos de tropa e a capacidade de desfazer vigas de ferro com as próprias mãos (se for com os dentes, é feito contrato promessa de ser eleito líder dos achadiços assim que fizer os primeiros três filhos). Quem vos relata tais procedimentos é a pérola mais difícil de desencalhar. Sobrinha preferida do tio mais velho (ele não esconde), afilhada do seguinte e filha do terceiro, é gaja para morrer solteira! Sinto-me, com as devidas distâncias, que nenhum deles cospe fogo, como aquela princesa que ficou presa nas masmorras! Tipo Fiona, topam?

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