domingo, 19 de abril de 2009

Tiradas à sorte

Quando o Mundo já quase se havia recomposto da novidade de que o preservativo não é a solução para a sida e pode até aumentar o problema, vêm recordar-nos que, vai-se a ver, ainda por cima, o dito é falível!
Senhores (vénia, neste momento):
Será possível, por uma fracção de segundo, pensarem no sexo sem o associarem a um pecado mortal?
Será possível verem as mulheres como mais do que portadoras de ventres?
Será possível imaginarem os homens para além dos seus espermatozoides fecundantes?
Será possível conceberem o prazer como uma coisa boa?
Será possível imaginarem o amor e a busca dele pelo tempo que for preciso e pelos caminhos que surgirem, tortos ou a direito?
Será possível uma ponderação de sacrifícios que vos inunde de vontade de apresentar soluções e evitar criar mais problemas?
Será, Senhores?!
Confesso-me católica, educada segundo todos os ritos e tradições. Apesar disso, o tempo, a vida, o Mundo e a gente fizeram de mim um ser de alma tão livre que me permito calar na parte em que se repete "concebida sem pecado". Calo-me sempre nessa parte. Para mim e para o meu Deus não há pecado nenhum em conceber com amor. E baixo a cabeça quando vejo negar a comunhão a divorciados, quando diferenciam filhos de não casados, quando afastam pessoas boas por não serem crismadas. Baixo também a cabeça quando ouço coisas assim, tiradas à sorte. Porque o silêncio, às vezes, faz de nós melhores.

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