Às vezes, o conforto de uma dúvida adiada mói até as certezas mais desejadas. Se a dúvida se eterniza num jogo de significados e enigmas... se o que se alimenta é o deleite de uma alma passiva... se o que acena são encruzilhadas... se o que é dito não é e o que não se faz não muda... se há bastar nas respirações suspensas... se as corridas são pelo mesmo e não por mais e se os descansos fazem sentido, um dia o conforto esgota-se nele. E perece. E deixa vago o espaço que prometia. E se no vagar das horas e dos dias e das semanas e dos meses e dos anos o que resta é só uma dúvida sem conforto, assim despida de vontade, então o espaço vago não se fina. E é tudo falta o que lá cabe. E se o tempo esmorecer e o espaço minguar, as esperas deitam-se fora, os desejos emudecem, as certezas desaparecem. Tenho pena. Mas tenho mais pressa.
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