quinta-feira, 2 de maio de 2013

As voltas

Na terça feira, passei uma manhã de cão, absolutamente arreliada com uma história de acolhimento de emergência de uma criança, onde, segundo o que me relatavam em telefonemas seguidos e absolutamente desesperados, nada fazia sentido. Nada. Estava longe, não conhecia ninguém e tudo o que sabia e sugeria que fosse feito esbarrava no aparente absurdo da solução dada ao caso. Estava incrédula. Perguntei repetidas vezes "Mas tem a certeza que os factos são esses?! Mas tem a certeza que foi essa a fundamentação?!". E a tudo que sim. Crescia em mim uma revolta gigante, que eu procurava domar, repetindo-me à exaustão que não conhecia a técnica, que a técnica nunca me tinha ouvido falar e que o mais certo era nunca ter ouvido falar ninguém com os alqueires de bom senso bem medidos. Garantia-me que era uma excepção, que estava perante uma daquelas almas do purgatório, também as há, que acham que o seu trabalho é replicar famílias de filme da Disney nos bairros sociais e a quem pais e filhos comerem da panela faz panicar. Enfim. Hoje, pela manhã, quis saber como paravam as modas. Há alguns anos que me recuso a conhecer as caras e, se possível, os nomes, sob pena de a minha vida se resumir a uma sucessão de impasses dolorosos, mas não é meu hábito esquecer os assuntos enquanto eles não estão encaminhados. Se em algum momento eles me chegam às mãos, lá haverá razão para entrarem no meu elenco de preocupações. Sinto, neste momento, um misto de alívio e tristeza. Foi tudo bem feito. Foram retirados e deviam ter sido retirados. Foram levados para longe e deviam ter sido levados para longe. Isto descansa-me. Mas... tudo pecou por tardio. Por demasiado tardio. E quando há minutos elencava as hipóteses, verificava, uma a uma, a fraca oportunidade de todas elas. Estou para aqui a pensar, a puxar pela cabeça, e, para já, nada. N-a-d-a. Tenho esperança que um dia destes ainda se consiga alguma coisa, mas não sou ingénua ao ponto de acreditar que será uma grande coisa. E coisas que não são grandes coisas, quando falamos de miúdos com 12 anos, são uma merda, é o que é! 

1 comentário:

  1. Sei que estás coisas nos arrebatam o coração.
    Mas se tudo bem feito,é bom sinal,como a minha mãe me diz não podemos carregar o mundo às costas.
    Resta desejar,que tudo corra bem a essas crianças e que o futuro delas seja promissor.

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