Mais uma moedinha, mais uma volta. Menina bonita não paga, mas também não anda.
Vamos a caminho da segunda noitada, mas amanhã, pelas alminhas, hei-de pôr fim, até Janeiro, a esta saga peregrina de ter centenas de exames para corrigir. Eu sei que já disse isto muitas vezes, mas preciso repetir: corrigir exames é o trabalho mais odioso do assistente universitário. Não sei como é para a malta dos exames de cruzes ou de matemática, em que imagino que aquilo seja certo ou errado, mas sei bem como é para mim. Tenho almas a escreverem 19 páginas de letra miúda em duas horas, não há, NUNCA, duas respostas iguais, cada um argumenta, e muito bem, de sua maneira (às vezes, muitas vezes, com asneiras, mas, pelo menos, não alinham na carneirada). Adoro a minha profissão. Foi ela que me escolheu quando eu me preparava para seguir outros rumos, mas amo dar aulas, gosto de discutir com gente crescida e interessada, custa-me avaliar, mas sei que faz parte e, respeitada a solenidade de que alguns abdicam nos momentos em que prevalece a imediação, não me queixo assim por aí além dos dias de provas em frente a frente, pergunta vai, resposta vem. Mas isto? Isto, na minha hierarquia de ódios de estimação, junta-se à empreitada tese em angústia, dor de alma, dó de mim mesma e solidão absurda. Odeio corrigir exames. Se fossem dez ou vinte... Vá... cem por ano, se calhar não me importava. Mas levo com avalanches deles e sinto-me sufocada. Por muito milimetricamente que defina critérios, sinto que me está depositada nas mãos uma margem grande de discricionariedade com que, nos anos que já levo disto, ainda não aprendi a lidar. É assim a vida.
Valha pela banda sonora.
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