Sei que é fim de ano lectivo e que anda mesmo cansada, mas deve achar que eu ainda estou pior que ela, quando lhe conto que estou a bordar um babete, ela me pergunta quantas letras já bordei, eu digo que acabei o A e a minha mãe me avança, muito ciosa dos dotes de prendada da sua rica filha, que PEDRO não leva A!!! Não me rio. Controlo-me muito e avanço um "Ah... Ora Pedro... Pedro. Pois... Ah!" E a minha mãe, mansamente, "Pronto, desmancha, filha, andas cansada!". Finalmente, relembro-lhe que a criança se chamará PEDRO ANTÓNIO.
sábado, 29 de junho de 2013
Tudo para vos ver felizes #7
Ontem, estava eu no cabeleireiro, a ler uma revista de fofocas, quando aparece uma fotografia da Charlotte do Mónaco. A L. pára o secador e segue-se esta pérola:
L.: Ela está grávida?! (Ar de absoluto espanto)
Eu: Parece que sim.
L.: (Abanando a cabeça, de secador na mão, completamente chocada) Ai... ai... não é possível. Então... então... então mas eu nunca desconfiei de nada...
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Meus grandes queridos
Confundem muito o erro de conhecimento com o erro de valoração, mas, no mais, em geral, estiveram decentes. Não há cá exames brilhantes, mas o saldo é francamente positivo. São o meu orgulho, estes alunos. Meus grandes queridos.
H. Stern
Estes também me provocam taquicardia. Pelas alminhas. Importam-se de parar de inventar estas coisas?!
Obrigada, insónia!
Escolheste um dia bom para visitas, de facto. Deitada desde as duas da madrugada, achaste (e quem sou eu para te contrariar?!) que o raiar da aurora, por ocasião das cinco e meia, era uma linda hora para me pôr a pé. Já tentei ler, mas não é o amor que é lixado, és mesmo tu que és fodida. Já ouvi tudo quanto é fado do Zambujo e da Ana Moura. Tu?! Moita. Carrasca. Escolheste o dia a preceito, digo-to enquanto abano a cabeça e só não ponho a mão na anca porque estou deitada. Tenho um dia de cadela pela frente. Longo. A amplitude dos afazeres vai desde mudar a roupa da cama a pintar as unhas e desde responder a dúvidas de como se dividem os bens da malta que se fina a lançar notas e a fazer bonito, em pose "que bem que estou, que muito me apetece estar aqui" até às tantas da noite, com mil detalhes para verificar na hora. Pelo meio, tenho meia dúzia de urgências na alma para dizer ao meu homem. E por muito que acredite que a pessoa me ame e mimimi, era bom hoje eu não estar com a mosca, nem rabugenta do sono. Escolheste um dia espectacular para te pespegares a mim. Cá beijinho.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Ponto x
Vou voltar ao ponto cruz. Provavelmente, já no fim de semana. Ando em pulgas. Se há coisa de que gosto é de mimar os meus com coisas muito by myself. Lá chegará o tempo em que conseguirei, no Natal, por exemplo, dar pelo menos um mimo homemade a cada pessoa querida. Lá chegará o tempo.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Ser workaholic
Ele diz que é. Eu, como me lembro sempre das discussões imensas que tenho com o G. sobre o facto de, na realidade, me sentir uma privilegiada a quem pagam (pouco, é certo) para fazer o que gosta, concedo que... se calhar também não sou muito diferente.
Mano
Era meia noite quando me aqui apareceram, a pedir um chazinho. Pus a mesa em menos de nada, dispus-lhes bolachinhas e biscoitos e chá branco a acompanhar (o preferido dos meus homens). Muito mel, muita risada, eu morta de sono e eles para as curvas, que comemoravam 7 meses de namoro e mimimi. Depois o mano fez o número do ciumento, perguntou-me se ainda era o meu preferido do mundo, agarrou-se a mim e fez-se mimento como nunca. A S. deixou escapar que o mano só tem preocupações de não me ver magoada, mas que, no fundo, no fundo, no fundo, está feliz, por me ver feliz. Parece que ultimamente não faz outra vida senão dizer que me adora e que sou a mais espectacular das criaturas do seu reino. O meu mano é assim. Oh pessoa mais especial do mundo... Coisa mais melhor tão boa calhar-me em sorte viver a vida contigo, meu pequenino.
terça-feira, 25 de junho de 2013
;(((((
Já disse que odeio corrigir exames?!
Já disse que corrigir exames é o trabalho mais odioso do assistente?!
Já disse que isto é enfadonho?!
Já disse que fico indisposta de passar horas com a cara enfiada em letras difíceis?!
Já disse?!
Odeio isto!
Já disse que corrigir exames é o trabalho mais odioso do assistente?!
Já disse que isto é enfadonho?!
Já disse que fico indisposta de passar horas com a cara enfiada em letras difíceis?!
Já disse?!
Odeio isto!
Estou incapaz de opinar!
Balas de carne de porco para aterrorizar muçulmanos
Um fabricante de armas americano produz balas cobertas de carne de porco, como forma de dissuadir potenciais terroristas islâmicos, atemorizados pelo pecado.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/balas-de-carne-de-porco-para-aterrorizar-muculmanos=f816283#ixzz2XG1EgKB0
Se há coisa para que desde cedo me percebi pouco talhada foi para discussões sobre o médio Oriente, muçulmanos e mimimi. Faço uma grande confusão, chego a uma altura em que já não consigo dar razão a nenhum e não empatizo particularmente com as reivindicações feitas à custa de radicalismos. Vai daí, nem sei se lhe gabe a criatividade, se me anule, em humilde insignificância, perante este processo horribilis de perda de bom senso que teima em contaminar o Mundo. Sempre me ensinaram que o Mundo não se muda e que a grande obra do ser humano é não mudar (para pior) com o Mundo. Anda tudo invertido. Ao almoço assisti, num dos programas da manhã, daqueles mais fatelas, já nem sei se foi no Goucha ou na Júlia, ao relato de um viúvo homossexual que viu recusada a missa de corpo presente ao seu marido pelo pároco da zona. Há um tipo na Austrália que diz que descobriu uma maneira de se tornar imortal. Aqui há dias, mandaram-nos comer anémonas. A Dilma lembrou-se agora que se calhar tem dinheiro para a educação, para a saúde e para os transportes. Anda tudo doido... É pena, que isto até tinha potencial. Este mundo, levado às direitas, quer-me cá parecer, dava para a malta ser toda feliz a valer. Assim, bem, assim cabe-nos ir escapando, por entre os pingos da chuva e as avalanches de estupidez natural... em busca dessa serenidade boa de termos a noção que fizemos, pelo menos nós, o melhor possível.
Somos pessoas estranhas, concedo!
Com ele:
Aqui há dias, era meia noite, demos por nós a discutir os pressupostos do consentimento em vez de estarmos a namorar, ou a dormir.
Com as amigas:
Acabo de marcar um almoço da seguinte maneira:
Mail de pessoa amiga:
Está Vossa Excelência notificada para um almoço na sexta-feira (após lançamento de notas) na xxx (com direito a boleia).
Agradece-se confirmação ;)
Meu mail:
Confirmo, com gosto, a minha presença. Declino, reconhecida, a boleia, por me aguardarem, do lado oposto do rio, afazeres vários, daqueles que, enfim, me impedirão de perpetuar a boa tarde junto de tão agradáveis companhias :)
Juro que há alturas em que nem se nota esta nossa patologia, mas por alturas de apetite voraz por férias, é verdade, não conseguimos muito bem disfarçar.
Wishlist
Toda a gente sabe que ADORO desenhos animados, que uma manhã de sábado perfeita compreende sair da cama e alapar-me no sofá, quentinha do sono, desgrenhada, enroladinha numa manta, a ver desenhos animados. Toda a gente já me ouviu dizer que fui ao cinema ver o Wall-E e chorei como uma madalena. Toda a gente se lembra que comemorei o meu primeiro contrato como assistente a ver a Cinderela e a comer nestum mel. Muitas, muitas, muitas vezes passei a tarde de domingo com o mano e os meus pais, no Fórum de Aveiro, a ver filmes infantis. Íamos a todas. Não sei bem quem gostava mais: se o mano, se nós. Adoro desenhos animados. E ando mortinha por ir ver o novo Monstros... agora na Universidade :)
Brasil
Tenho alguma curiosidade relativamente ao Brasil. Não é assim o meu destino no topo das preferências para uma viagem, mas gostava de ir até lá um dia. A bem dizer, não pelas praias ou pelo calor, mas porque tenho pessoas muito queridas a morar em vários estados do país e porque continuo a acalentar o sonho de um dia pisar a Amazónia. A minha vontade, porém, sofre golpes profundos quando assisto às imagens que nos chegam do Brasil por estes dias. Embora, em tese, tudo se esteja a consolidar de uma forma aparentemente quase pacífica, a verdade é que desconfio muito que assim seja. Tenho do Brasil uma opinião muito pouco organizada, quase esquizofrénica. Gosto muito e gosto pouco, à vez. Brasileiras de gema, tenho três no coração: C., a N. e a G.. Em geral, o excesso de mel dos brasileiros incomoda-me. Sinto-os pegajosos e tenho muita dificuldade em aceitar que aquilo não tenha uma enorme dose de puxa saquismo. Alunos brasileiros, salvo honrosas excepções, são o desespero de qualquer professor universitário. Arrogam-se as prerrogativas de erasmus, como se não falássemos todos a mesma língua, e são sofrivelmente carentes de atenção. São os que têm sempre uma dúvida no fim da aula, por mais estapafúrdia que essa dúvida seja. A bem dizer, um ou dois episódios de brasileiras fáceis e portugueses ordinários a juntarem-se aos pares em demanda bem sucedida de enorme sofrimento para amigas minhas também não ajudou muito a gostar do estilo. Depois acho que não têm, também em geral, grande chá. Um dos meus colegas de doutoramento, volta meia volta manda-me mails a pedir coisas. Nunca, mas nunca, mas é que nunca, escreveu um por favor. Faz-me espécie. Tenho a vaga sensação que o povo brasileiro nos conhece muito pior do que o conhecemos a ele, escarra descaradamente na sua história (descrição alusiva ao malfadado vídeo da Maitê Proença... Nunca mais pude com a mulher...), continuam a tomar-nos por atrasados (e não é no sentido vintage do termo), acham que somos feios, porcos e maus. Depois, enfim, não gosto de carnaval. Não acho piada nenhuma àquela azáfama (embora ainda ache mais irritante cada uma das imprevistas imitações que por cá se fazem, em que a malta se despe quando em Portugal faz frio comórraio). E, finalmente, sinto, tal como acontece relativamente à Venezuela e à Colômbia, sobre os quais o meu conhecimento é maior, por ter muito com quem falar a propósito, que aquilo é o ex libris da desigualdade social. Enfim... é isto. Acontece que hoje olho para as notícias que nos chegam do Brasil, para os relatos, para as imagens, para tudo quanto está em cima da mesa, e é impossível não me solidarizar com um povo que saiu à rua para gritar "Basta!". O meu pensamento tem, ao longo dos últimos dias, seguido um estranho desvio para ir parar ao Brasil. Às pessoas como nós que moram em favelas e que simplesmente foram desalojadas, aos detidos em condições desumanas, aos desterrados num país grande demais para crescer todo ao mesmo ritmo, às crianças que nascem entre balas perdidas e, algumas, tristemente achadas. Não me perguntem exactamente porquê, mas não houve nunca uma época assim... em que desconto aos brasileiros a sua natural condição de tontos sambistas alegres, para lhes prestar, daqui, a homenagem reconhecida por, lentamente, se fazerem homens e mulheres de luta.
Projecto "O meu homem é feliz" #1
Estou a tentar decorar a música do Tom Sawyer...
Não sei se se lembram que nem o meu G. conseguiu fazer isto comigo... Definitivamente, o amor é lindo!
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Verdades e assim assim
Faço quilómetros naquele Instituto Jurídico. Corro verdadeiras maratonas ali dentro. Apre.
domingo, 23 de junho de 2013
Doméstica(da)
A propósito do comentário da Mariposa ao post anterior...
Eu costumo dizer, sem falsas modéstias, que o mundo, para ganhar um fraco remedeio de jurista, perdeu uma inexcedível mulher a dias ou esteticista. Mesmo. Acho que podia ganhar a vida a limpar casas. Adoro dar uma geral. Adoro deixar uma casa limpinha, perfumada, arrumada, irrepreensível. Adoro. Mas há duas tarefas domésticas que me cansam a beleza: passar a ferro e limpar o pó. A sério. Oh coisinha mais chata da vida, credo. Passo mal a ferro, ainda por cima. Ou melhor, eu não passo mal, mas passo muito devagar. A minha mãe diz que dou muito dinheiro a ganhar à EDP de cada vez que teimo em passar a ferro. Também por isso, mas muito porque lá há outras condições, desde que dispensei a minha Dona G. que a mum me convenceu a levar a roupa para ser tratada em casa dela. Para além de haver uma divisão só para isso, há uma manhã por semana em que a nossa F. só trata da roupa e, honestamente, se não fossemos eu e o mano, não seriam duas pessoas que justificariam uma manhã a passar a ferro. Ultimamente, porém, e porque agora a F. começa a ter também de dar alguma atenção ao jardim, decidi aliviar-lhes um bocadinho a carga e assumir não só a tarefa das limpezas do lar (que sempre me couberam) mas também a de passar a ferro. Quando chegar o Inverno, volto a levar tudo para lá, evito as pilhas de nervos de passar as coisas esturricadas pela máquina e vivemos todos felizes para sempre. Já sabem. Se precisarem de quem vos ponha umas loiças de casa de banho a brilhar, de quem vos organize uma gaveta de roupa, de quem vos faça uma cama a preceito, de quem areie uns bicos de fogão, de quem vos esfregue decentemente umas juntas de azulejo, etc... é falarem comigo. Se o vosso mal é pó e roupa para passar... se calhar é melhor ficarmos por aqui. Como engomadeira sou excelente a fazer doces. É isto, pessoas.
Constatações de um domingo à noite
Não gosto muito do Verão e a bem dizer passo mal com o calor, mas a roupa passa-se muito melhor seca ao tempo. Pelo menos cá em casa é assim. Apanho camadas de nervos de cada vez que é para passar a roupa a ferro e tive de a secar na máquina. Aquilo vem tudo a parecer um rodilho e eu sinto-me a fazer musculação enquanto luto contra os vincos. Mesmo assim, com todo o empenho possível, o resultado final é quase sempre uma linda cagada em três actos. Principalmente nas camisas.
P.S. Homem da minha vida, isto também fica de aviso à navegação, sim?! Se puderes começar a ir para o Tribunal de t-shirt eu vou agradecer muito! Just kidding :)
♥
Depois de almoço, sentados juntos, a minha mãe pousou a cabeça no ombro do meu pai e ele começou a fazer-lhe cafunés. Eu atestei que o homem continua apaixonado. E disse-o. Em voz alta. O meu pai, paciente, todo sorrisos, sem negligenciar o cafuné, pergunta-me se eu também não estou e se não é tão bom. Penso bem nos cafunés que tenho recebido e pisco-lhe o olho. É um segredo só nosso e do mundo. Estar assim apaixonado por quem se apaixona também todos os dias por nós não é bom... é muito, mas muito, muito, muito melhor que isso.
Luar
Que bonita noite para se ser feliz... a de hoje. A maior lua cheia do ano inaugura-se, dizem, às 21h06m. Hoje, na noite de S. João, a noite mais pequenina de todas as noites. Que bonita noite para se ser feliz... a de hoje.
sábado, 22 de junho de 2013
Tudo para vos ver felizes #6
O mano vai mudar de casa. Vai deixar de viver com a melhor amiga e vai passar a viver com o melhor amigo. Andam, ambos, com as respectivas caras metades, à procura de casas baratas do lado de lá do rio. Na semana passada, encontraram um anúncio com umas fotos apetecíveis e decidiram ir ver a casa. Ligaram, ligaram, ligaram e... moita carrasco, nada. Passado um tempo, ligou-lhes a proprietária que, muito prontamente, se disponibilizou a fazer-lhes a visita. Aí vão eles, todos lampeiros. Chegam lá e, à porta, a senhora diz-lhes que havia só uma coisinha de que ainda não tinham falado. O mano pediu-lhe que fosse mais precisa. E é então que a senhora lhes diz "Ainda não sabem do brasileiro." Completamente aos papéis, os miúdos insistiram que não estavam a perceber.
Senhora: É que a casa tem lá um brasileiro!
Mano: Sim. E quando é que ele sai? Nós só precisamos da casa em Setembro.
Senhora: Ele não sai.
Mano: Não sai?! Não sai, como?!
Senhora: Ele fica.
Mano: Olhe, desculpe, então mas a senhora está a dizer-nos que pretende arrendar a casa com um brasileiro lá dentro?!
Senhora: Pois.
Melhor amigo do mano: Um brasileiro de brinde :)
Mano: Um brasileiro de fava, queres tu dizer.
Senhora: Subimos?!
Mano: Não, minha senhora, deixe lá. Não quero ter de discutir aqui com o meu amigo sobre a quem calhará dormir com o brasileiro. Somos mesmo amigos, está a ver?!
Namoradas dos dois: (a rirem à gargalhada)
Melhor amigo do mano: (a abanar a cabeça)
Mano: Valeu pela tentativa, mas olhe, fica para a próxima, sim?!
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Malene Birger
Este meu vestido é dela. Adoro quase tudo nas suas colecções. É das poucas designers que consegue fazer vestidos com manga que não são vulgares. Gosto de mangas. Gosto de mangas a 3/4 e de mangas pelos pulsos e de mangas compridas. Gosto muito, muito, muito de vestidos. São a minha peça chave. E a colecção de Verão da Malene Birger é linda de morrer. Fica a dica, minha gente. Se tiverem um casamento, uma festa mais especial, se simplesmente acham que chegou a hora de fazer um investimento num vestido que não passa de moda, que é um eterno clássico reinventado, com a frescura das peças intemporais, vão espreitar a colecção. Quem é amiguinha?!
Summer
Não sou fã de Verão... mas, este ano, vá-se lá entender, não vejo a hora de ter uns dias (três ou quatro, que sejam), de dolce fare niente. Vai daí, e porque isso só costuma ser possível no Verão, este ano anseio-o com todas as minhas forças. Vai ser um Verão ameno, dizem. É tudo a ajudar. Welcome, sunny days!
Pequena R. moderadora... mas pouco
À semelhança do que fiz neste post, deixo-vos algumas notas breves à minha tarde de ontem:
- O mais certo é nunca mais me convidarem para moderar um debate.
- Aquilo atrasou-se tudo, por mais que tenha andado a passar papelinhos aos oradores a dizer que só podiam botar faladura mais dois minutos.
- Gosto de sintetizar o que cada orador disse antes de passar ao orador seguinte. Vai daí, é bom quando os oradores dizem coisas com sentido... Só naquela, pronto... facilitam-me o trabalho, estão a ver?!
- Quem é que ainda lê conferências com textos escritos como se estivesse a fazer uma tese de doutoramento?! Plamordasanta!!!
- O mais certo é nunca mais me convidarem para moderar um debate em que ponham uma oradora que lê e manda calar a sala a meio da intervenção, porque... eu sou uma pessoa que tem pouco filtro e que gosta de rir... coisa que, aliás, dizem, faço muito bem. E com o corpo todo!!!
- Vinho tinto como recuerdo é bem. Embora eu não beba. Mas, depois da jarra, dou graças quando pensam que sou dos alcoólicos anónimos.
- Há malta cuja susceptibilidade se fere muito facilmente. Malta a quem soa a insulto tudo quanto for opinião diferente da sua. Cada vez tenho mais certeza que não tenho pachorra para virgens ofendidas.
- Já disse que o mais certo é nunca mais me convidarem para moderar um debate?!
- Ah... se calhar não era suposto, mas sou uma moderadora, descobri ontem, que gosta de meter o bedelho e também dar opinião.
- Se calhar é melhor convidarem-me para fazer mesmo conferências...
Amo-te muito!
Uma vez disse aqui que não entendia quem dizia "Amo-te muito" e que, para mim, amar era insusceptível de ser diferente de tudo. Como no resto, emendo a mão agora. Só não muda de opinião quem não é capaz de ter opinião e, talvez por isso, nunca me assustou assumir que um dia penso de uma maneira e dias adiante amadureci ao ponto de pensar de outra, às vezes, radicalmente diferente. Digo amo-te muito sem querer com isso dizer que não amo tudo. No fundo, não estou a medir o sentimento. Sei que é suficientemente completo para ter passado a sentir-me confortável enquanto digo amo-te muito, muito mais vezes que as que digo gosto muito de ti. Se amo, gosto muito, naturalmente. Estamos noutro campeonato. Dizer amo-te muito, sei-o agora, não passa de uma hipérbole consciente, mais ou menos radical na forma de admitir que o outro nos está no coração. Reparem que um dia também aqui disse que pertencia ao último reduto de meninas princesa a quem era difícil dizer amo-te sem a segurança de não ouvir simplesmente o eco da minha voz como resposta. Disse-o aqui na altura e digo agora: um amo-te muito forma-se no meu peito muito antes do dia em que o deixo nascer nos meus lábios. A verdade é que espero do outro a mão segura que me garanta que não estou sozinha. Foi assim agora. Foi assim que me aconteceu antes de dizer, pela primeira vez, amo-te muito. Não o banalizo, hoje, ao meu amor, por mais que o apregoe. Nem o diminuo, todos os dias, quando lhe digo que é muito. Simplesmente vivo, de uma maneira desconhecida, esta serenidade tão boa de saber que não faço sozinha o encantador caminho de amar hoje mais que ontem e, estou certa, muito menos que amanhã.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Verdades e assim assim
Emociono-me, mesmo, com as colecções do Elie Saab. Não consigo evitar. Vêm-me lágrimas aos olhos com tamanha genialidade.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
26
Estou a corrigir um exame com 26 páginas. 26. Escritas em 2 horas. Com uma letra normal. 26. 26 páginas. Se estiver bem, acho que digo à aluna que publique isto como resumo da matéria. Já disse que são 26 páginas?!
As pessoas parvas da cabeça
Bem diz o meu G. que eu exerço uma qualquer atracção sobre as pessoas parvas da cabeça porque tudo quanto é cromo me vem parar às mãos. Ontem não foi excepção. Comprovei, mais uma vez, que os parvos da cabeça se unem para me animar o dia a dia. Esta pessoa parva da cabeça não é nova na minha vida. Tem uns anos a aperfeiçoar a arte, digamos. Começou mais ou menos. Até gostava dela. Não era assim uma amizade por aí além, mas pronto, até gostava. Havia ali qualquer coisa que não encaixava, mas eu pensava que era por sugestão do comentário da minha mãezinha que, logo no primeiro encontro, sentenciou "os nossos santos não cruzam". Acontece que esta pessoínha parva da cabeça tirou o último ano para me dar nos nervos. Anda empenhada nisso e não pode dizer-se que se saia mal. A estratégia é a de se fazer de cara, que é uma coisa que me tira do sério. Gente que se faz de cara irrita-me quase tanto como gente válida. Estão ali quase quase em pé de igualdade. Esta faz-se de cara, finge que não temos passado, arma-se em carapau de corrida e agora deu para fingir que não me conhece. Não fosse o facto de, esporadicamente, termos de tratar de coisas em comum, isto era tudo comportamento com o qual eu lidaria perfeitamente, ao meu melhor estilo "é que é para o lado que eu durmo melhor". Acontece que a pessoa parva da cabeça e eu temos, como já disse, coisas a tratar. E custa-me quase ter de lhe pedir pelo amor de Deus que se digne fazer o que lhe compete. E apetece-me muito mandá-la à merda com todas as letras. Vou-me controlando, mas não prometo conseguir levar isto a bom porto por muito tempo. Há gente muito parva da cabeça, definitivamente. E eu devo ter ar de Madre Teresa de Calcutá, só pode.
Parceira de luta
Enviou-me, de madrugada, um trabalho conjunto. O mail dizia "Agradeço todos os dias isto ser anual". Eu, que estou há quase duas horas a caçar gralhas no dito cujo, penso " Podíamos fazer isto sair só de dois em dois anos."
Há coisas que podem condenar uma relação #8
Estando eu a passar a ferro desde as sete e meia da manhã, passar-lhe pela cabecinha voltar a dizer que namora com uma dondoca.
terça-feira, 18 de junho de 2013
Sabes que andas cansada quando
vais à aula de yoga e... adormeces durante o relaxamento. Mesmo. Ferradinha. Já não me bastava a vergonha da excessiva flexibilidade, agora acontece-me isto...
Também há trabalhos domésticos para os quais não me animo...
A quantidade de roupa que ali tenho para passar a ferro é inversamente proporcional à vontade que me assiste de me dedicar a tal tarefa.
Brincar é muito diferente de fazer pouco
Hoje, no fim do exame da minha cadeira, estando eu como vigilante, houve um mini motim de alunos a quererem fazer perguntas sobre os critérios de correcção. Pedi a palavra e, muito pacientemente, expliquei-lhes que não era hora para aquilo, que depois logo viam e que a minha religião não me permitia responder-lhes antes de publicar as notas. Os outros três vigilantes desataram a rir à gargalhada. Os alunos insistiram. Eu perguntei-lhes se eles queriam que eu ficasse a achar que, para cada um dos presentes, falar eu ou chiar um carro era a mesma coisa. Os meus alunos foram à vidinha deles. Resmungaram pelo caminho, de certeza, mas desampararam-me a loja. Os meus colegas continuaram a rir-se à gargalhada. Quando se recompuseram, perguntaram como raio é que eu pensava naquilo e tentaram perceber como é que os alunos ainda me suportam se, nas palavras deles, os gozo. Foi então que lhes expliquei que brincar é muito diferente de fazer pouco e que eu não gozo com ninguém. Eu brinco. Normalmente, com as pessoas de que gosto. É isto.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
São Pedro
Eu sei que gosto de Inverno e que volta meia volta te relembro que os meus meses são os do frio. Eu sei que queres agradar-me e é por isso que este ano mandas o sol contado. Eu sei. Mas chuva, São Pedro?! Chuva em meados de Junho?! Chuva no dia em que decido sair de casa calçada com as minhas Melissa Papel?! A sério... isto não. Amigos à mesma, mas... orienta-te. Deixa o frio, mas leva a chuva, sim?! Tua, muito grata, R.
Verdades e assim assim
Há uma alegria imensa no acto de sentirmos orgulho por uma conquista de alguém que amamos. Como se nos apropriássemos também um pouco do mérito dessa conquista, muito embora sem esvaziar em nada o orgulho imenso e inteiro de quem efectivamente alcançou o feito. Não sei explicar. Também percebemos o quanto alguém é importante para nós, o quanto alguém é de nós, de dentro, do fundo do coração, quando as suas dores nos doem e as suas alegrias brotam em sorrisos na nossa própria boca. Não se trata de admirar cegamente e de forma acrítica. É mais uma forma de nos enternecermos quando salta à vista uma e outra e outra qualidade de alguém. Acaba de me acontecer exactamente isso. E ainda estou rendida a esta maravilhosa sensação de fazer minhas as tuas vitórias. It's a wonderful day!!!
As alternativas
Sei que posso mudar de vida quando, na festa em casa da avó, enquanto lavo louça, recebo para aí vinte vezes os parabéns pelas sobremesas que levei e, no fim, um dos tios se abeira e pergunta se já pensei em fazer daquilo para fora.
Ontem
a manhã foi docinha. O despertar foi mimento. O coração batia em paz, tão feliz. Ontem, por volta das oito e meia, em casa dos meus pais, acordei com o som dos passarinhos no peitoril da janela do quarto. Despertei a vagar, enquanto, no quarto ao lado, ouvia a tosse madrugadora do mano. Não saí do choco, nem lhe gritei. Mandei-lhe uma mensagem (!!!) a dizer "Acordei!". Em menos de nada, reconciliado com a condição de minha pessoa muito do coração, bate à porta. Despenteado, morno da noite, rabugento do mimo acabado de despertar e de almofada debaixo do braço, entra. Deita-se na cama. Ficamos uns bons cinco minutos num silêncio só nosso, a olhar um para outro, enquanto nos fazemos mimos no cabelo, nas pestanas e na cara. Depois perguntou-me se estava feliz. Disse-lhe que sim. Muito, muito. Pediu que me chegasse mais, abraçou-me com muita força e surpreendeu com um beijinho repenicado e demorado na testa. Depois demos um beijinho de narizes, sorrimos e dissemos Lov u e me 2. A partir daí conversámos muito, de muitas coisas. Pusemos as novidades em dia. Até, uma hora depois, nos entrarem pai e mãe no quarto, a mãe se deitar também (fiquei entalada no meio) e o pai se sentar ao fundo da cama. Depois o pai fez o discurso de gostar muito de nós, a mãe pediu beijinhos, o mano fez palhaçadas e eu escrevi-te, enquanto pensava "a felicidade é muito isto".
domingo, 16 de junho de 2013
Ódio de estimação XXV
Jardins cimentados. Alguém me explique, como se eu fosse muito burra, a beleza do conceito. Tudo cimentado e depois árvores raquíticas a brotar do chão ou vasos em cima do cimento. P-e-l-a-s a-l-m-a-s!!! Os jardins querem-se com relva. Verdes. Verdinhos. Tá esclarecido?! Pronto... não têm nada que agradecer a dica. Somos uns para os outros. Ufa.
sábado, 15 de junho de 2013
Mouca
Acordei surda de todo do ouvido direito. Parece que tenho uma rolha no ouvido. Uma coisa mesmo incomodativa. Um aviso, em forma de castigo, por andar a adiar há duas semanas a visita à médica. Ela bem disse que tinha de lá voltar. Eu, como passei a ouvir melhor, fui adiando, adiando, adiando, tomando uns Brufens e uns Ben-u-rons, convicta que isto já me passava. Hoje, porém, estou surdinha de todo. E a achar que, se calhar, segunda feira tenho de lá ir bater-lhe à porta.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
A ciumite aguda
Ontem:
Vamos lanchar?
Tenho de ir fazer umas coisas.
Bolas... agora só tens tempo para outras pessoas. Não ligas ao teu melhor melhor amigo.
Ok. Vamos lanchar. Faço amanhã as coisas.
Boa, canita.
Hoje:
Vamos almoçar?
Não posso. Tenho de ir fazer as coisas que não fiz ontem.
:(
Não posso.
;(((((
Outro dia...
:((((((((((
Pronto. À uma. Um almoço muito rápido.
Gosto de ti, canita.
E é isto!
Vamos lanchar?
Tenho de ir fazer umas coisas.
Bolas... agora só tens tempo para outras pessoas. Não ligas ao teu melhor melhor amigo.
Ok. Vamos lanchar. Faço amanhã as coisas.
Boa, canita.
Hoje:
Vamos almoçar?
Não posso. Tenho de ir fazer as coisas que não fiz ontem.
:(
Não posso.
;(((((
Outro dia...
:((((((((((
Pronto. À uma. Um almoço muito rápido.
Gosto de ti, canita.
E é isto!
Verdade verdadinha
Sempre que ouço o António José Seguro a falar, o meu cérebro processa o discurso da seguinte maneira:
"BLA BLA BLA WHISKAS SAQUETAS WHISKAS SAQUETAS".
Sempre.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Rendida
É a minha cor desta estação. Nem é tão coral como o Holiday do ano passado, nem tão morango como a tendência de outras marcas. Fica ali a meio caminho. É muito Verão, alegria, santos populares e energia. Chama-se Lilis. É da insuperável Chanel. E pronto. É uma linda companhia.
Já há uns tempos que não tinha aqui um destes posts de gaja. Imperdoável...
quarta-feira, 12 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
Se calhar não sou assim tão arraialeira como pensava, pronto...
Vi este vídeo no blog da SMS. Como ela anunciava os seus mixed feelings, não resisti e pus-me efectivamente a assistir. Confesso que não chego sequer a ficar dividida. Não gosto. É isso. Não gosto. Embora seja do mais amigos à volta que há e aprecie genuinamente a mobilização geral para um bom arraial e, acima de tudo, me faça todo o sentido partilhar a felicidade com os meus, não gosto deste vídeo, não aprecio esta maneira de fazer as coisas. Acho de um mau gosto terrível a cena inicial, põe a miúda insegura sem necessidade nenhuma, fragiliza-a, enfim. Não gosto, não acho bonito, não acho piada sequer. Também acho que há coisas que são muito íntimas, muito nossas. Imagino que a rapariga não conhecesse toda a gente que ali estava presente e isso, parecendo que não, condiciona, coarcta. Finalmente, por muito empenho que o rapaz revele, detendo-se em preocupações como trazer a melhor amiga, desde Chicago, é imperdoável que impeça a noiva de viver o ritual dos preparativos desse dia do resto da sua vida. Estou com a SMS. Custar-me-ia muito não escolher um vestido. Mas, principalmente, seria menina para amuar e não desprender o burro só de me passar pela lembrança que não podia ter-me dedicado, horas imensas, na companhia da minha mãe, a escolher os sapatos, as flores e os brincos. Acho muito que há brincos para uma pessoa casar. E são brincos que não se levam a jantar fora, de leggins e túnica. Sou niquenta, já sei. Mas enfim, não é um defeito, é a marca deste feitio.
Uma pausa
não para o kit kat, chocolate de que nem sou assim fã, mesmo, mesmo fã, mas para a cevada. Agora que fui "retirada dos médicos" no que toca ao café (ser retirado dos médicos é expressão muito usada pela malta crescida da minha aldeia e das adjacentes), e uma vez que me pelo por um gostinho de café pela manhã, ando em busca desenfreada de alternativas. Aqui há tempos, entrei numa loja de produtos biológicos e comprei cevada torrada moída. Imaginei o gostinho do café que a minha avó de baixo fazia ao lume e fui, por instantes, devolvida a uma das fases mais felizes da minha vida, enquanto pude partilhá-la e partilhar-me com aqueles dois seres superiores. Pois bem. Tenho feito tudo como manda o figurino, tenho deixado assentar o pó o tempo recomendado, tenho variado a quantidade do produto e tudo e tudo e tudo. Acontece que, por mais que faça, não consigo evitar o depósito. Contamina-se o delicioso gosto amargo da cevada com um empoeirado que trava a língua, como marmelos verdes, conseguem imaginar?! Pronto. É mais ou menos isso. Dicas, minha gente?! Há por aí dicas?! Maneiras de coar aquilo de modo a que o que me sobre seja água negra mas limpinha. Muito agradecida, sim?! Sou vossa fã.
Mantra para hoje
A quantidade de coisas que tenho para tratar hoje impede-me de pensar numa frase melhor... Bom dia, pessoas! Vamos lá abraçar o dia, o trabalho e os nossos. E sooorrrrriiisooo, que é meio caminho andado para o dia correr bem. E que dia... que começou às oito e há-de acabar quando o hoje já for, afinal, amanhã. Bora lá.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Uma coisa mimenta
No dia em que menos esperava, precisamente naquele em que comecei a desistir, veio o destino e resgatou-me, devagarinho. Se é possível dizer que os príncipes existem, que as histórias felizes acontecem e que o amor se constrói todos os dias, muito mais doce que dor, não deixa de ser verdade maior ainda que não há sonho, por melhor que ele seja, que toque um fiapo da magia da realidade quando, numa esquina da vida, se encontra a morada da nossa alma. Andei 31 anos à procura de alguém que se enamorasse de mim ao mesmo ritmo que me enamorava eu, que caminhasse na minha direcção com a firmeza que me permitisse avançar também, que me elegesse razão de ser e fosse feliz com essa escolha. Estava longe de imaginar que, quando é para dar certo, o amor supera tudo isso que sonhei para mim e, a cada dia, pode vir a vida surpreender-me com uma maneira toda nova de acreditar que a plenitude existe. Trago no peito, mais que qualquer outra coisa, o conforto de quem corta a meta, a paz de quem chega ao sítio onde é esperado, o desalinho de quem ainda nem acredita, mas, sobretudo, a alegria contagiante de quem chora enquanto sorri... assim, para o dia por chegar, para o amanhã por acontecer. Que permaneça. Que dure. Que não tenha fim. Que seja eterno. E uma história feliz. É oficial. Estou enamorada pela vida, por ele e por mim com ele. Escolho, por tudo isso, todos os dias, não dar muita guarida ao medo. Uma vez li que não devemos gabar publicamente, de forma efusiva, a nossa felicidade. Acontece que não posso, e acho que não merecem que o faça, calar como neste momento me sinto. Não estou só apaixonada. É de facto muito pouco dizer-vos que é isso. Reconciliei-me com a esperança. Assustam-me, naturalmente, ainda, os tropeções que a vida me tem reservados... mas sei agora, mais do que nunca, que o vou ter ali, de mão dada comigo, ao lado. Cai-se menos, estou certa, de mão dada com um príncipe, reconciliada com a esperança e com o coração inteiro - metade no meu peito, metade no dele. São as novidades.
Gosto de
luz, de dias claros, mas amenos, de canetas de ponta fina, de molhar o pão em azeite, de muitas pulseiras nos pulsos, de sementes de girassol, de solas de borracha, de filmes com finais felizes, de novelas em que os maus vão presos, de ovos moles consistentes, de almofadas coloridas, de livros sublinhados, de poemas desaparelhados, de lápis afiados, de ler em italiano, de fitas no cabelo, de leques em madeira, de carteiras à tiracolo, de fotografias com pessoas, de velas de jasmim, de pisa papéis transparentes, de leite creme queimado, do cheiro de lavado, de listas de tarefas, de prega fácil, de cafuné demorado, de cevada de manhã, de pão torrado, da lua num céu estrelado, de um arrumador educado, de dançar até cair para o lado, de cera que não repuxa, de massagens demoradas, de banhos de espuma, de um cálice de vinho do Porto, de passear por Lisboa, de pequenos almoços de hotel, de conversar com os amigos, de ir à praia com chuva, do infinito do mar, de capelas de pescadores, de quadros impressionistas, de pessoas que riem com o corpo todo, de mãos dadas, de unhas pintadas, de bolo de chocolate, de beijos apaixonados, de campos semeados, de pássaros nos telhados, de figos recém apanhados, de poemas declamados, de contas certas, de rádios dos carros ligados, de luzes de presença, de argolas de guardanapo, do bife bem passado, de ananás laminado, de puxadores coloridos, de andar descalça, de vestidos corte império, de recados do mano, de flocos de amêndoa, de mangas a 3/4, de dormir até tarde, de ver fimes de animação, de banda desenhada, de pegar em bebés ao colo, de dar aulas, de livros de colorir, de chá quente, de collants pretos, de ser citada, de hortenses nos jardins, de panos de tabuleiro, de snifar quem amo, das peças do La Féria, de cabelo solto, de legumes salteados, de vasos de lata, de mantas nos sofás, da broa da minha avó, de cartas de amor e de nos termos achado.
domingo, 9 de junho de 2013
♥
Falo dele pela primeira vez à minha mãe. Pergunta-me se aceita que a neta se chame Maria, se não pode mesmo ser ele a mudar de cidade e, já agora, mesmo importante, se está ciente que eu tenho amigas com quem saio religiosamente sem homens à mistura. Digo que sim. Pergunta-me o que faz bem. Penso muito no que devo responder e opto por lhe gabar os dotes para a culinária. A minha mãe pergunta-me se ainda quero que me continue a fazer a sopa. Também me perguntou se tem família (deve achar que fui à Casa do Gaiato) e... se é boa pessoa. Está a tornar-se um clássico, esta pergunta.
Só visto!
♥
Falo pela primeira vez dele ao meu pai. O meu pai nada diz. Levanta-se da mesa, muito calado. Pergunto-lhe, impaciente, onde vai. Calmamente, suspende o passo, vira-se para mim e solta, solene, um "Limpar a caçadeira". Depois sorriu. E foi sentar-se no sofá. Passada uma meia hora, a meio de uma qualquer outra conversa, toca-me no ombro e esclarece "Diz-lhe que vou estar atento, que sou exigente e que, no que toca a ti... posso ser implacável. Já agora, é boa pessoa?!".
Só visto!
sábado, 8 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Eu depois mostro
Está tão pretty jolie a minha varanda :) Tem petúnias, tem begónias, tem alfazema, tem o chão limpinho com detergente de sabão natural e tem luz... muita, muita luz. Ai, ai, que linda varanda para se estar...
P.S. Eu tenho as mãos e as costas destruídas, mas isso agora não interessa nada...
A incompreensão do pular a cerca
Vamos por partes. Acho que não perdoaria uma traição. Não quero que me ponham à prova. Não sei. Mas acho que a devastação a que uma coisa dessas me sujeitaria me impediria de prosseguir com uma relação. Ou, pelo menos, como uma relação normal. E esta é a premissa inicial e indiscutível, embora, sem grande dificuldade, possam achar que a deito por terra nas linhas seguintes. Não. Vejam lá bem com atenção... Não vos custa nada. Concedo que existam imensas variáveis a considerar, que cada caso é um caso, que só quem mora no convento é que sabe o que lá vai dentro, que a culpa nunca é só de um, mimimi, mimimi. Mas trair?! A sério?! Acham mesmo que a solução passa por isso?! Quando fico a saber destes casos, de pessoas com a vida feita, com idade para serem meus pais, e que mantêm uma relação aparente com o/a pai/mãe dos filhos e outra, em simultâneo, pergunto-me sempre: porquê?! Não consigo entender. Porquê?! Como é que se almoça ao domingo com uma pessoa que já não se ama?! Como é que se dorme com alguém que já não se deseja?! Como é que se suporta passar férias com alguém com quem já não se conversa?! Não entendo. Dizem-me que sou demasiado menina e impreparada para conhecer esses meandros do mundo. E até sou capaz de aceitar esse argumento de base. Mas a verdade é que, depois, por mais que me expliquem, fico na mesma: às aranhas. Eu não entendo. Não entendo que se fique pelos filhos, nem pela casa, nem pela família, nem pelo que as pessoas dizem, nem porque não se tem tempo de pensar nisso. Não entendo. Assisti muitíssimo de perto a uma história parecida, em que me diziam, quando perguntava porque é que não viravam a mesa "Deixa-me acabar o doutoramento. Agora não tenho tempo para isso!". Oi?! Com manifesto prejuízo pessoal para ambos os lados, a história arrastou-se tempo de mais, deixou abertas feridas profundas e acabou de uma maneira pouco elegante. Mas voltemos ao tema inicial: o que é que leva uma pessoa a trair?! Já não gostar de outra, da que tem em casa, certo?! Ou, mais exactamente, não gostar o suficiente da pessoa que tem ao seu lado para fazer a escolha "não a magoar" quando nos pratos da balança se situam as opções "trair / respeitar a minha pessoa". Não vejo outra explicação. E não me venham com teorias de que passam coisas pela vista, que são imperativos do momento, que a pessoa não estava em si, que a carne é fraca, que a rotina mói, que os filhos cansam, que a aventura espevita. Poupem-me, sim?! Trai-se porque se opta por cagar de alto para a pessoa que se tem ao lado. Trai-se porque se escolhe trair. Que eu saiba, em regra não se trai com armas apontadas à cabeça. Daí que, mesmo que a seguir venha o arrependimento, eu tenha alguma dificuldade em dizer que seria capaz de perdoar. E, mais seguro ainda: eu nunca esqueceria. Assim sendo, e porque continuo incrédula com o que soube, expliquem-me, como se eu fosse muito burra, que atracção pelo abismo é essa?! E, já agora, porque é que as pessoas não fazem, então, a escolha pela nova pessoa, a que fez com que esquecessem o quão duro seria o golpe que estavam a dar em quem têm lá em casa?! Grata, sim?!
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Porta dos Fundos
Já não bastava ele não respeitar as instituições, ainda me apresenta coisas destas a que eu, fraquinha, cedo gargalhando. Diz-me com quem andas...
P.S. A parte em que discutem a retroactividade dos mandamentos é deliciosa...
P.S. A parte em que discutem a retroactividade dos mandamentos é deliciosa...
A barrela
A minha casa precisa de uma barrela geral. Daquelas mesmo gerais. De esfregar juntas de azulejo com uma escova de dentes velha e esfregar os vidros umas vinte vezes, de arejar tudo, de tirar livros das estantes e passar-lhes um espanador. Antes, precisa que eu tenha tempo para ir comprar begónias e para as plantar ali na varanda. Também precisa que arrume tudo quanto é de Inverno e a enfeite com ares de maior calor. Precisa. Precisa muito. Mas não sei quando é que isto vai ser possível. Até lá, andamos em serviços mínimos, com uma limpeza básica de pó e uma esfregadela mal amanhada de chão. Não há condições.
Ah saudades...
As saudades que eu já tinha de estudar efeitos do casamento, casos de divórcio e maneiras de deixar bens aos amigos... Ai, ai. A felicidade é isto. É muito isto. Uma pessoa fazer uma coisa de que gosta não tem preço, de facto.
Bora lá mais logo ter com os melhores ex alunos do mundo e arredores e recordar, em três serões, a matéria de um semestre. Quem disser que não somos empenhados é ovo podre.
Do cansaço
Sei que ando cansada, que é final de ano lectivo, que a minha cabecinha já não é o que era e que a idade... enfim... pesa, quando digo "Aquela coisa que serve para transportar os doentes, as pessoas que não podem andar, aquilo!" e alguém tem de vir em meu auxílio e esclarecer "Cadeira de rodas?!".
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Da amizade
Um amigo está sempre lá. Um amigo sabe que, numa hora difícil, precisamos dele e... não falha. Um amigo aparece mesmo que não o convidemos, só para não nos deixar sozinhos. Um amigo, por outro lado, fica ali connosco também nas horas mais felizes, a rejubilar com a nossa alegria, a ser contente connosco. Tenho um amigo assim. Chama-se período menstrual. Nunca vem sozinho. Regra geral, traz uma turma de dores lancinantes e que me levam a querer passar o dia deitada, com uma botija de água quente sobre a barriga. Este meu amigo nunca me falha. Nem em festas, nem em exames. Este meu amigo está sempre lá para mim no único dia do Verão em que a bandeira da minha praia está verde. Este meu amigo costuma acompanhar-me nos fins de semana em que decido instalar-me em hotéis com piscina. É um amigo que gosta especialmente de desafios e se diverte a aparecer-me se andar de calças brancas. É um amigo de anos, que há-de cá ficar ainda por muitos anos (esperemos). E é assim. Um querido. Hoje, lá se lembrou que eu tinha o exame final de alemão e... aí está ele. Exultante. Presente. Todo rodeado da sua turma de dores. A fazer-me sentir que... enfim... não estou sozinha.
Já diz o outro: Desconfiai dos seres que sangram todos os meses e, ainda assim, percorrem as ruas do mundo como se nada lhes doesse. Somos as máióres, é o que vos digo.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Pequena R. intratável
Estou eu aqui a mil à hora a ver se é hoje que consigo, nesta semana toda, tirar duas horas para ir ao meu adorado yoga quando, preparem-se, me ligam de um número privado. Toda a gente sabe como eu adoro números privados, certo?! Certo! Tirando o telemóvel do meu pai, pessoal, que é privado por razões que não vêm ao caso, a minha relação com a malta que usa deste expediente para nos engrupir e chagar a cabeça é de profunda antipatia. Vai na volta, lá atendi. A custo. Do BPI. Pois... nada mais, nada menos que... do BPI. Disse que sim, que lhes respondia ao inquérito de satisfação e tentei não ser intratável como de costume. Não obstante, a piquena bruxa que também habita em mim e que me impede de calar as coisas más com semelhante dificuldade à que existe em mim para calar os gosto de ti, quando me perguntaram se recomendaria o BPI a um amigo, levou-me a respirar fundo e soltar um Não. Assim, a seco. E calei-me. A mulher ia tendo um colapso e quis saber. Eu, com a minha veia pedagoga a saltitar, expus-lhe então que a senhora não tem culpa, os colegas não têm culpa, a minha gestora em particular não tem culpa e trréu téu téu pardais ao ninho. Mas. Pois. O problema estava no mas... Mas, adiantei, têm lá um Presidente que diz coisas desprezíveis. Coisas assim a roçar o insulto gratuito. Coisas feias e ordinárias, que só podem sair da cabecinha de uma pessoa que se acha. Ora, eu já disse que gente que se acha me tira o brilho, me suga a luz. Acrescento agora: pessoas que se acham deitam por terra o lindo serviço que os meus pais tentaram fazer comigo e transformam-me numa pequena R. muito mal educada. Ah, pois é. Lá expliquei à senhora que sou, apesar de tudo, uma pessoa que tem mais que fazer, que pronto, não tem assim agora tempo a dar com um pau, para andar a mandar recado a tudo quanto é instituição com a qual colabora para lhe mudarem o NIB para as transferências. E também sou uma pessoa que gosta que lhe paguem... Aquela velha história de ser uma gaja que teima em não se desabituar do luxo que é viver condignamente, lembram-se?! Só por isso, esclareci, é que ainda lhes assiste ligarem-me. Mas que um dia, quando nada mais me apoquentar e não souber o que hei-de fazer ao ócio, hei-de pespegar-me num telefone e mandar o BPI às urtigas. O Ulrich dá-me urticária. Uma urticária daquelas que não passam com fenistil, nem com antihistamínicos. O Ulrich é mau. E feio. E eu não gosto dele. É isso.
Wishlist
Ainda faltam uns dias e muito que fazer, um exame final de alemão (blhacc), inventar dois exames e recordar o que acontece às heranças de quem quina. Ainda faltam aulas e, como diria a C., quaaarrrtaaa, quiiinnntaaa e seeexxxtaaa. Ainda falta marcar consultas, ter reuniões, inserir bibliografia numa base de dados, escrever cartas, fazer a composição de uma Newsletter, telefonar a montes de gente e ler alguma coisa que jeitos tenha para Aquilo. Mas sábado, ahhhhh, sábado hei-de trabalhar sentada no sofá, fazer scones para o lanche, dar beijinhos e ser ainda mais feliz. Venha a chuva, venha o vento, venha o que vier, desde que venhas tu também.
Também há coisas que podem salvar uma relação #2
Eu: Não pintei as unhas. Está o verniz a dar as últimas. Ontem estava muito triste, não tive cabeça para isso.
Ele, entre dizer-me que devia ter mais cuidado com isso ou ignorar o meu lamento... preferiu pegar-me na mão, olhá-la com atenção e dar-lhe um beijinho.
Amo-te!
Sempre disse que era esta a palavra em que pensava o Eugénio de Andrade (meu poeta de tanta eleição), ao escrever:
Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.
Hoje, tenho a certeza que estava certa.
Desgracei-me!
A Carriça & Co. tira-me do sério... Aaaaaiiiii... é tão difícil ser uma pessoa de bom gosto, pá!
Há coisas que podem condenar uma relação #5
Eu: E levas-me o pequeno almoço à cama?!
Ele: Claro! E tu, também és pessoa para me levar o pequeno almoço à cama?!
Eu: Sou. Se estiveres doente.
Pequena R. mariquinhas pé de salsa
Com o verão... chegam as melgas. Para além da triste figura de passar a vida de chinelo em riste, sou, neste momento, um lindo mostruário da utilidade do fenistil... Já disse que faço alergia a quase tudo, não já?!
segunda-feira, 3 de junho de 2013
O mano, os irfilhos e a SMS
Este post da SMS deixou-me tão comovida, tão comovida, que não pude deixar de vir cá falar dele. O conceito de irfilhos, que ela inventou e eu subscrevo, permite-me, apesar de ainda não ser mãe, comover-me com este texto. O facto de o mano ser mais novo que eu onze anos fez de mim uma mana muito galinha, um sucedâneo de mãe muitas vezes. Não posso esquecer-me que a minha mãe sempre trabalhou fora de casa, nos primeiros anos de vida do mano, muito longe, que saía cedo e chegava tarde, que o pai passou a vida a levantar-se quando ainda dormíamos e a deitar-se quando já dormíamos. Não posso esquecer-me que esta diferença de idades me fez assumir muitas responsabilidades que os irmãos mais próximos desconhecem. Fui muitas vezes levar e buscar o mano à escola, à música, à natação, ao inglês, aos aniversários dos amigos, à explicação de físico-química, enfim. Estudei muitas vezes história com ele, ajudei-o em muitos trabalhos de ciências, corrigi-lhe muitas composições para português, respondi-lhe muitas vezes "Vai ver ao dicionário" à pergunta "O que é isto ou aquilo?", tal como a minha mãe sempre fez comigo - "Vai ver ao dicionário. Só assim nunca mais te esquecerás.". Por isso é que a fase da gaveta, a adolescência da parvalheira, em que lhe deu para sujar o cabelo com gel mal acabava de tomar banho (eu tenho uma má relação com o gel...), em que inventou que queria usar as calças ao fundo do rabo, conhecendo como único calçado apetecível os ténis, inclusive no Verão, dizia, por isso é que esta fase também não me é desconhecida. Aquelas ganas que sobem por uma pessoa acima, em que só nos apetece virá-los do avesso, deitá-los no colo e desfazer-lhes o rabo com palmadas, em que temos de morder a língua para não sermos mal educados, porque nos tira do sério aquele ar de que, não fosse o facto de eles existirem, todo o mundo seria composto, em exclusivo, por atrasados mentais, bulia-me muito com os nervos. Tive discussões de meia noite com o caramelo quando chegou o dia em que se lembrou que não nos dava beijos à porta da escola. Queria sair do carro e ala que se faz tarde. Não saía dali, fazia-lhe autênticas lavagens cerebrais, dizia-lhe que os meninos que gozavam com o mimo que nos unia o faziam por pena de não conhecerem mimo igual. Acho que, a dada altura, o fiz perceber. Ainda hoje, coisa de que tanto me orgulho, o meu irmão dá beijos na careca do meu pai, onde estiver, com quem estiver. Acho que o engrandece, que faz dele o homem que sonhei que um dia viesse a ser. Por isso é que este texto da SMS me tilintou cá dentro, me chocalhou nos arrumos do coração e me fez marejar os olhos de lágrimas. Tive muito medo de perder o mano, tive muito medo que a estupidez nunca lhe passasse, tive muito medo que o vínculo mágico que faz de mim a irmã rendida que sou... um dia sumisse. Não o suportaria. Amo o mano com todas as minhas forças. Não quero imaginar o difícil que me vai ser, um dia, Deus permita assim aconteça, em que um filho se virar para mim ou para o pai e desatar a armar-se em parvo. Fica escrito. Hei-de voltar aqui ao blog, ler novamente o texto da SMS e, inspirando a vagar, convencer-me, cheia de amor, que a adolescência não há-de matar-nos.
domingo, 2 de junho de 2013
Verdades e assim assim
Ontem vi gente a fazer praia. Hoje a minha mãe disse-me que já andou de sandálias. Eu?! Eu continuo a dormir com um pijama de calças e camisola de manga comprida e com umas meias de lã, com dois cobertores e uma colcha na cama. Costumo estender mais uma mantinha na zona das pernas. A bem dizer, já só não durmo com lençóis polares. É o que distingue este Junho dos meses que ficaram lá mais para trás.
Estado das coisas
Já aqui, pelo menos uma vez, falei sobre esta minha dificuldade em lidar com os atropelos à dignidade da pessoa humana, no caso, quase sempre das mulheres. Quando hoje, na ronda pelos jornais, me deparei com esta notícia, revoltaram-se-me novamente as entranhas. Não sei como, tinha-me escapado. Além disso, não tenho visto televisão e tenho ouvido pouco rádio. Pareço uma desnorteada do mundo, cansada de ouvir falar em crise, em défice, em troika, em desemprego, em fome, em doenças. De tempos a tempos acontece-me preferir uma cómoda ignorância de toda a sorte de acontecimentos reais. Tenho andado assim. Por isso é que só hoje é que perdi a fome para o pequeno almoço ao ler esta notícia. Venho-me perguntando, desde há bocado, que sentido pode ter uma coisa destas. Que estado do desenvolvimento civilizacional de um povo pode justificar que um dos mandamentos de auto ajuda seja manter reclusas as mulheres e castigá-las com violência sexual se optarem por portar-se mal, saindo à rua. E não encontro resposta. No exercício de resistência jurídica que faço muitas vezes ao pensar nestas coisas, acabo quase sempre por dar de barato que ainda haja que defenda a pena de morte em casos de homicídio, crimes sexuais ou outros violentos. E fico-me por aí. Concedo à pena um carácter de retribuição temperado por uma certa matriz de vingança... e consigo encontrar alguma racionalidade na transferência dessa demanda dos privados para as mãos do estado. Seja. Agora, se já me transcendem os casos de apedrejamento por adultério, ainda que se trate de regras onde a moral assume relações promíscuas com o direito, esta sugestão de violência sexual no caso de alguém pretender sair de casa é algo que me obriga a vergar perante o que milito pela tolerância e a perguntar se não é chegada a hora de, em vez de invadirmos países porque têm ditaduras políticas, os invadirmos quando vivem a tirania do masculino. Não sou nada feminista. Nada. Sou pouco de rótulos, valha a verdade. Acho muito que há papéis, não me diminui em nada assumir que convivo bem com isso. Mas há limites. E acho difícil que estes se ultrapassem de forma mais vil e grosseira do que por coisas como esta. Desaponto-me sempre com o mundo onde isto ainda é possível.
sábado, 1 de junho de 2013
Podia vir cá falar-vos do amor
mas cheguei a um momento da minha vida em que, deliciosamente, venho descobrindo que, afinal, se calhar sabia ainda muito pouco disto...
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