domingo, 3 de janeiro de 2016

O bolo



Nunca quis um bolo de pastelaria. Pensei sempre numa coisa com um ar mais tosco, que fosse caseira, que se assumisse como caseira, mas que se impusesse pela delicadeza, pela simplicidade e pela originalidade. Como a flor do casamento era o amor perfeito (o meu bouquet foi de amores perfeitos e vivás, apenas) e como sabia que os amores perfeitos eram flores comestíveis, procurei muito e encontrei quem mos vendesse cristalizados, um a um, num trabalho manual, qual filigrana, que torna cada flor uma obra de arte. Ponderei muito bem, porque isso encarecia estupidamente os meus gastos, mas achei que valia o investimento. Optei por pedir a duas amigas que tratassem do bolo. A S. é uma doceira de mão cheia. Por isso, pedi-lhe que pusesse o melhor do mundo no bolo mais simples de todos: um pão de ló. Acabou por fazer pão de ló, com um nadinha de pó de amêndoa, recheado com ovos moles. Para a decoração do bolo, não podia pedir a mais ninguém. Tinha de ser a minha I., que faz tudo com umas mãos de fada e aceitou o desafio na primeira hora. Treinaram muito, apanharam alguns sustos, mas o bolo estava lindo de morrer. A cobertura escolhida foi um butter cream muito leve e o topo de bolo, esse, tinha-o debaixo de olho há muito - Promise, da Willow Tree. Não é por ter sido o meu, mas nunca vi um bolo de casamento tão bonito. A fotografia é amadora e não lhe faz justiça. Além disso, estava muito, muito, muito bom. A determinada altura, aumentei a fasquia e lembrei-me de como seria especial que o bolo fosse todo feito com ovos caseiros. E assim foi. Foram 320. A família, os amigos, as mães dos alunos da minha mãe, as clientes do meu pai... toda a gente arranjou ovos. Tornou o bolo ainda mais único. Perfeito!

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