quarta-feira, 4 de abril de 2012

Poemário essencial



Felicidade, agarrei-te 
Como um cão, pelo cachaço! 
E, contigo, em mar de azeite 
Afoguei-me, passo a passo... 
Dei à minha alma a preguiça 
Que o meu corpo não tivera. 
E foi, assim, que, submissa, 
Vi chegar a Primavera... 
Quem a colher que a arrecade 
(Há, nela, um segredo lento...) 
Ó frágil felicidade! 
— Palavra que leva o vento, 
E, depois, como se a ideia 
De, nos dedos, a ter tido 
Bastasse, por fim, larguei-a, 
Sem ficar arrependido... 

Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"

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