quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A dúvida é uma coisa que me assiste

Esta noite sonhei com o acordo ortográfico. Cá para mim, foi por ter lido o post da Pipoca. De qualquer modo, dizia eu, esta noite sonhei com o acordo ortográfico. E não foi bom. Discutia, no Largo da Porta Férrea, com uma alminha que insistia que a palavra "compêndio" já não era acentuada e que modernamente se escrevia "compendio". Eu argumentava que, por essa ordem de razões, a língua portuguesa se tinha tornado órfã (orfa?!) de palavras esdrúxulas e que não estava certa se o mesmo não poderia ainda dizer-se quanto às palavras agudas; que isto era uma monotonia pegada e que agora só tínhamos palavras graves e que, caso ele ainda não tivesse percebido, isso era grave; que lamentava, pois lamentava, mas não contassem comigo para a chacina que se propunham levar em frente contra a minha língua materna; e que se refizessem os curricula das Faculdades de Letras porque deixava de ter sentido estudar latim e grego, uma vez que de onde a palavra vem deixava de ter importância atendendo a que todas as palavras caminhavam a passos largos para o abismo da mesmidade. Acordei cansadinha. A dúvida é uma coisa que me assiste. Alguém concorda com as "ceifadelas" cegas deste acordo na riqueza da língua portuguesa?!

7 comentários:

  1. O meu divertimeneto de hoje: imaginar as várias pessoas com que poderias estar a discutir... ahaha
    By the way... não posso com o acordo ortgráfico! (ortografico?!)
    O meu drama maior é o "ator"! Dá me nervos!

    ResponderEliminar
  2. Ok... vou fazer uma lista dos "Bons" e dos "Maus", que tal?
    (eu acho que tenho um problema qualquer ao nível do maniqueísmo! :P)

    ResponderEliminar
  3. Eu sou uma fã acérrima da língua portuguesa e, como tal, reagi mal às primeiras investidas deste AO. Mas sou de ciência, não sou de letras e, apesar de adorar aquelas curiosidades giras da etimologia das palavras e detestar (desde que me conheço) quem sistematicamente trucida a ortografia, também reconheço que as línguas evoluem. Farmácia já se escreveu com ph em português, mudou e hoje não quereríamos retroceder. Tenho sempre o receio de ser demasiado "velho do Restelo" nesta questão mas concordo contigo que, a haver "ceifadelas", elas não deviam ser cegas. Quanto a mim, os brasileiros são de longe mais arrojados e atrevidos que nós. Se acho que ser arrojado é necessariamente melhor que ser soturno e comedido? Não. Nada. Na minha opinião, devia haver espaço para o samba e para o fado.

    ResponderEliminar
  4. E eu que não faia ideia que órfã levava dos acents. Estava convencida que não havia, em português, nenhuma palavra com mais qe um acento.
    Sempre a aprender.

    ResponderEliminar
  5. Clara: existem nomes de localidades também: como Piódão ou Pedrógão.
    Com o AO, sabem como ficam?

    ResponderEliminar
  6. M.,
    faz uma lista só de maus. Tenho o péssimo hábito de não sonhar com bons...

    Clara,
    a Raquel já te respondeu. Volta sempre, sim?! Um beijinho para ti*

    Raquel,
    concordo muito contigo e, se o achasse equilibrado, não seria, certamente, contra o acordo. A questão é que só consigo identificá-lo com as tais ceifadelas cegas. E não suporto isso.

    Beijinhos às todas três :)

    ResponderEliminar