sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Férias

Volto amanhã aos meus Açores. Sou uma criança à espera de verde e azul. Emocionada.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Contra os nervos, limpar e arrumar, limpar e arrumar

O meu carro pifou. Acendeu uma puta de uma luz e juntou-lhe uma gritaria a piscar STOP e deixou-me a pé. Tinha uma casa para ver e tive de cancelar meia vida que tinha para governar ontem porque sua excelência resolveu que eu tinha pouco com que me entreter e pifou. Os incómodos da avaria valeram-me uma pilha de nervos digna de gente histérica, com choro à mistura e tudo. Para ver se me acalmava, puxei muito pela cabeça e resolvi que nada melhor que uma boa limpeza a fundo a qualquer coisa. Comecei eram seis da tarde e acabei à uma da manhã. Tirei todos os livros da estante da sala e organizei-os por temas. Limpei tudo com o rigor de um militar. Pus os papéis por ordem e redefini os lugares das fotografias e demais coisas de enfeitar. A aventura permitiu-me levar ao lixo uma sacada de papel do meu tamanho e separar duas caixas gigantes de teses de mestrado que hão-de ir morar para outra freguesia. Fui dormir muito mais calma.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Tempo


Eu não quero o calor, nem a praia. Prescindo da água quente dos oceanos transparentes e das marcas das alças nos ombros. Vivo bem sem comprar mais sandálias ou protectores solares. Eu nem anseio propriamente por deixar tudo para trás das costas e partir vazia, em branco. Pode cacimbar de manhã e à noite, posso vestir casaco todos os dias e chegar a Setembro tão branca como inaugurei Agosto. Não me apoquenta estalar o verniz dos pés em sabrinas gastas de caminhadas pela fresca. Eu só quero é tempo. Tempo para estar e ser devagar e a preceito. Eu preciso mesmo é de ficar, de assentar e deixar o relógio sem pilha. Do que eu não prescindo agora é de coisas miúdas, tão pequenas que se perdem no resto do ano, entre as grandes, tão grandes que engolem tudo. Mais que férias, quero tempo. Comigo, com ele e com os meus. Tempo. Até me amadurecer a calma. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Esta semana está a atropelar-me... todos os dias!

Ou é por estarmos no fim de um ano lectivo difícil, ou porque o calor não me dá tréguas, ou porque não tenho conseguido ter tempo para dormir mais de quatro ou cinco horas por noite, ou porque até o couro cabeludo me dói quando me penteio... sei que esta semana está a demorar demasiado...

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Soma e segue


O Piódão era um sítio que há muito queria conhecer. Massacrei, literalmente, o meu homem para me fazer a vontade. Por qualquer alinhamento estranho dos astros, quando eu tinha quase abandonado a ideia, mais do que convicta de que ele nunca, em bom rigor, sequer me ouvira, acenou-me com um fim de semana a dois na aldeia de xisto. No sábado, levantei-me eram sete menos um quarto, depois de na sexta me deitar às duas, para conseguir levar para o fim de semana a cabeça vazia de trabalhos urgentes. Corrigi provas com o mesmo sono que ganas que tinha de dois dias (quase) inteiros de namoro, passeio e descanso. Consegui. Acordei-o com a boa nova, arranjámos meia dúzia de coisas e lá fomos. O Piódão é bonito. Então à noite, da varanda de um quarto sobranceiro à aldeia, as luzes em presépio são mesmo, mesmo, mesmo bonitas. É bonito, mas é um daqueles sítios a que se vai uma vez e está visto. A estrada para lá faz enjoar até os condutores, obriga todos os ocupantes do carro a contrair os músculos da cara com medo das ravinas. É selvagem, inexplorado, com a pacatez de um tempo que só se encontra depois de dobrados vários montes e outros tantos vales, quase incompreensível para os adeptos dos dias frenéticos de sons e afazeres. O Piódão obriga a desacelerar, quanto mais não seja pelas ruas íngremes, difíceis de subir (e também de descer), pelo polimento traiçoeiro das pedras a chamar os rabos ao chão e pelas soleiras das portas enfeitadas de gente a mastigar o vagar de sair pouco ou nada dali. Gostámos muito. Tirámos muitas fotografias. Mas está somado à nossa lista de lugares e agora, bem, agora é tempo de somar outros lugares à lista. Nas férias... que só fazem tardar, caracinhas. Boa semana.

P.S. Foto do meu rapaz.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Estou-me a passar e vou começar à lambada

No exame que estão a fazer, num dos acórdãos que têm para comentar, a propósito da seguinte expressão "A arguida proferiu contra o assistente...", já vou no sexto a perguntar "Se ela tem um assistente, o caso não devia dizer qual era o seu trabalho? Ou isso não é importante?" 

Levantei os olhos e a voz e esclareci, há minutos:

"Para que dúvidas não restem, no terceiro grupo, o assistente a que o acórdão se refere é o assistente enquanto figura processual penal."

Estão a olhar para mim como se eu estivesse a falar-lhes de física quântica e em malaio.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

OXI

Eu não sei o que vai ser feito da Grécia, nem de nós, nem da Europa como nos querem vender que ela 
é (ou pode, ou devia, ou tem de ser). Eu sei que não consigo deixar de admirar os gregos, de lhes invejar a força de virarem a mesa. Eu nem sequer sei se o que fizeram ontem reproduz a sua coragem, ou a sua falta de noção. Sei apenas que quando não nos resta mais nada, sobra sempre a derradeira hipótese de dizer não. Parece-me que, se não for por mais nada, os gregos merecem ser aplaudidos pelo orgulho com que disseram: "No fim pode só haver abismo, mas então... escolhemos nós o caminho para lá chegar!"

Tenho magnólias à porta

quinta-feira, 25 de junho de 2015

It's a bridal report #1


Já temos data.
Já temos padrinhos.
Já temos igreja.
Já temos coro da igreja.
Já temos sítio.
Já temos animação para o "noite dentro".
Já temos destino de lua de mel.
\
Ainda não temos mais nada... nem os meus sapatos...

Começámos por tratar da companhia. Portanto, também já nos temos um ao outro. Até porque, sem isso, era difícil arranjar o resto.

Má como as cobras

Tenho fama de má como as cobras. Acabam de me dizer que lhes corre muito bem a vida quando tiram 10 comigo, porque isso significa que teriam 15 com outro professor. 

São pessoas que escrevem "A vítima já estava sem se mecher." 
Têm 10 porque a média das desgraças me dá 9,5 e eu não ando aqui para contrariar a matemática.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

sexta-feira, 5 de junho de 2015

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Pidesco é

pôr o nome das pessoas na internet para saber o que elas andam a fazer com o seu tempo, sem comprometer o seu compromisso com a entidade patronal, sem pôr em causa o seu trabalho e sem diminuir a qualidade daquilo para que são pagas. Gosto tanto destas investigações como de garfos espetados nas articulações. Enfim!

terça-feira, 2 de junho de 2015

sábado, 30 de maio de 2015

Bethânia nos Coliseus - 50 anos de carreira



Gostei tanto de a ouvir cantar esta música só para nós!
50 anos de carreira nos Coliseus... 
Bethânia no seu melhor...

A rica vida

Amigos pertinho, o homem no paraíso dos queijos, enchidos na brasa e um terraço inteiro de gargalhadas ao cair da tarde morna de um Maio a chegar ao fim. É a vida a ser solidária com quem merece tréguas. O nosso tempo a voltar à doçura de quando passa lentamente porque saboreado a preceito. É o coração a reencontrar a paz às apalpadelas. O caminho a fazer-se rumo ao que nos faz bem. E o som do riso a embalar a hora de descansarmos baixinho nos braços da rica vida, enternecidos pela esperança que se renova e inchados de orgulho da perseverança na busca do melhor lugar para se estar. Junto.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Modo off

Odeio este calor!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Barrigada de rir!


No sábado, lá fomos, os dois, ver As Marias, com o Raminhos. Muitos dos vídeos já são conhecidos de quem o acompanha, mas há imensas piadas novas e histórias hilariantes. Se quiserem mesmo rir a bom rir por duas horas, vão ver o Raminhos.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Dia do abraço


O meu abraço preferido chega daqui a nada cá a casa :)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sabes que já não és (bem) estudante de Coimbra quando

numa noite de Serenata, ficas a pé até às duas e meia da manhã... a preparar a apresentação que tens de fazer num colóquio, no dia seguinte. 

É a triste realidade. 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Pequena R. N-Ã-O sugere ao leitor

O serviço demora, paga-se imeeeeensooo e nenhum dos petiscos é especial. O bife, por seu turno, mesmo depois de o mandarmos para trás 3 (t-r-ê-s) vezes, para passar, continua a fazer MUUUUUHHH quando se lhe espeta o garfo. E é isto. Pequena R. não recomenda mesmo nada. 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A-D-O-R-O!





Sandálias Christian Louboutin, pela módica quantia de € 485,00
Quero muito. Assim... com muita força.

Tempo

É o tempo que mais amansa. Só o tempo põe as coisas no sítio, resgata os melhores momentos e relativiza os piores. É o tempo, com os dias a passarem, uns a seguir aos outros, todos com manhãs e tardes e noites apesar de em nós o tempo estar parado, que nos devolve a paz ao peito. Com o tempo, amaciamos a voz, serenamos os gestos e voltamos a confiar. Só com o tempo. A confiar que as manhãs e as tardes e as noites lá fora são manhãs e tardes e noites em nós e que não há amanhecer sem anoitecer nem vice versa. É o tempo que nos mostra que as curvas são parte do caminho. E que seguir em frente é o destino.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Continuo com coisas para dizer

Continuo com muitas coisas para dizer. Umas mais pequeninas e outras maiores, todos os dias tenho tido coisas, muitas, para dizer. Não tenho sequer escolhido não as dizer, tem acontecido de não saber bem como dizê-las e de, na dúvida, estar a preferir manter-me calada. Tenho tido o coração dividido por muitos sentimentos diferentes e viajado, sentada no meu sofá de casa, ao melhor lugar de mim. Depois, como se o tempo ainda não tivesse todo passado, nem levado a dor fininha de há uns tempos, mergulho numa melancolia que me tolhe o riso. Vou caminhando, devagar, para não o fazer sem os pés firmes, em direcção ao que tenho acreditado desde há muito que é o meu lugar feliz - um coração em paz, a certeza de não estar sozinha, a incontornável evidência de que não me transformo em nada que seja um dia uma sombra de mim. Vou caminhando devagar, para não cair. Vou caminhando rodeada dos pais e do mano, sempre lá, dos amigos que não desarmam, do futuro a nascer todos os dias pela manhã e a prometer-me mais, sempre que recolho ao sono. Vou caminhando devagar, com o B. pela mão.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

;)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Verdades e assim assim

Poemário essencial

Amor como em casa

Regresso devagar ao teu 
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que 
não é nada comigo. Distraído percorro 
o caminho familiar da saudade, 
pequeninas coisas me prendem, 
uma tarde num café, um livro. Devagar 
te amo e às vezes depressa, 
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo, 
regresso devagar a tua casa, 
compro um livro, entro no 
amor como em casa. 
Manuel António Pina

*








terça-feira, 14 de abril de 2015

Dos laços que se desatam e dos botões que caem

Não sei se já vos aconteceu comprarem por exemplo um par de sapatos lindo de morrer, com um lacinho perfeitinho em cima e que um dia, sem que nada o fizesse prever, calcado por alguém ou puído pelo tempo, simplesmente se desata. A mim acontece-me muito. Regra geral, o primeiro sentimento vai no sentido de que o laço nunca mais será como dantes, nunca mais será o original, aquele que nos fez apaixonar pelos sapatos e abdicar de qualquer coisa para poder levá-los para casa. Com o tempo, e porque adoramos os sapatos, sentamo-nos pacientemente e treinamos laços novos, a ver se algum se ajeita como deve ao topo dos nossos sapatos. Raramente acertamos à primeira, ou porque as orelhas não ficam simétricas ou porque o fio de seda ou de pele encarquilha e teima em não parecer já tão bem. Às vezes, no entanto, lá conseguimos. E damos um laço mesmo parecido com o primeiro. Só nós, naquele momento, e porque assistimos a tudo, podemos dizer que este novo não veio de fábrica. Nessas situações, ainda a medo que o laço se desfaça novamente, costumo dá-lo com mais precisão e garantir que não me esqueço de, por cima, lhe dar ainda um nó. Um nó cego, à prova de encontrões e do tempo. Acontece-me o mesmo com os botões. Muitas vezes, lá da loja onde raio cosem os botões agora, nem dão uma laçada no fim e aquilo mal uma pessoa começa a levar a peça à máquina e sujeitá-la a mais reviravoltas e é ver as linhas a crescer para fora do botão. Um dia, inevitavelmente, ou o botão cai (às vezes até se perde) ou, cansados de andar de mansinho para não abanar o botão, uma pessoa decide mesmo é puxá-lo. Também nesses casos, muitas vezes, o problema está para vir. Pelo menos eu, quase nunca encontro uma linha exactamente do mesmo tom para coser o botão que caiu. Regra geral, então uma pessoa procura uma linha que se aproxime e cose o botão o melhor que pode. Assegura-se que a camisa ou o vestido ou as calças hão-de acabar por ficar rotas, mas aquele botão, aquele botão não há-de voltar a cair. Como sou uma perfeccionista, no entanto, nunca me fico por aí. Acabo por cortar as linhas dos outros botões todos e coser um a um, com a linha nova, com as voltas todas que me parecem assegurar que não mais ficarei apeada. Dar os laços com nós cegos por cima e coser os botões com tantas voltas que eles se encavalitam em linha, leva tempo e carece de alguma disponibilidade mental. Tem valido a pena. Daí em diante, quase nunca me volto a lembrar que o laço não veio de fábrica e a linha era de outra cor. Há um dia em que o laço que eu dou até me parece melhor e a linha nova que escolho mais acertada. Mas preciso de me sentar, respirar fundo e deitar mãos à obra. Leva tempo. Não sei como é convosco. 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

De Aveiro, com amor*






*Despedida de solteira da X., sábado, 11 de Abril de 2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Eu seja cadela

se vejo aqui algum vestido azul e preto.


Deixei amainar a discussão e vim agora contar-vos que nunca consegui ver onde raio está o vestido azul e preto. Olhei para as três fotos vezes sem conta. Vejo SEMPRE branco e dourado. Lá em casa, sou a única. No fundo... embora toda a gente, menos o meu irmão, use óculos, só eu é que sofro das vistas.

Sou fã do Raminhos


Há imensos para verem. Escolhi este, mas a sério... vejam-nos todos...

Flor de laranjeira


Adoro o cheiro da flor de laranjeira. Hoje, estacionei o carro junto a um pequeno laranjal. Até me começou melhor o dia.

É a mais pura das verdades

Tenho imensas saudades de dar Direito da Família. Tantas saudades. Era tão feliz a dar aulas de Direito da Família. 

terça-feira, 7 de abril de 2015

Para pensar...



Estou sem palavras.

Chama-se Lei da Compensação



Logo hoje, voltei a fazer uma invertida perfeitinha.

Da minha avó

Já várias vezes tinha pensado nisso de como o facto de o blog ser conhecido de algumas pessoas que me conhecem me coarcta a liberdade de escrever. Por estes dias, o pensamento voltou a rondar-me e mantive-me calada em busca do lugar onde ninguém me conhecesse e eu pudesse dizer tudo, escrever sobre tudo. A sensatez que vem com o tempo pôs-me os pontos nos is e mostrou-me que ninguém vive sem passado, que todos temos o nosso, e que eu não serei a única a ter coisas que me apetece gritar ao mundo mas que o bom senso manda recolher ao peito. Por isso, não vos escrevo sobre a Páscoa, nem sobre os sentimentos com que a vivi, nem sobre a maneira como tenho dormido, ou acordado, ou comido, nem sobre o esforço que tem sido manter-me de pé, cara alegre que o Mundo não tem culpa. Por isso, hoje escrevo para vos recordar de um tempo em que prometia pegar nas histórias da minha avó e transformá-las num legado para os Homens. É uma pena haver quem não a aproveite. É uma delícia, a minha avó. Por isso, hoje conto-vos a saga da D. Rosa em busca do falecido Manel da Fruta.


Chegou certo dia da semana passada, à casa humilde dos meus avós, a cachopa Noémia com a má notícia. A cachopa Noémia, com os seus oitenta e muitos, comunicava solene à amiga Rosa que o rebate do sino se dera minutos antes por ocasião do falecimento do Manel da Fruta. D. Rosa, muito expedita, abeirou-se do marido que o cansaço dos anos vai afastando, todos os dias, um bocadinho mais de nós, e ter-lhe-á dito "Morreu oprimo Manel da Fruta. Ficas aqui em casa um pouco, que eu cá, tem lá paciência, não posso passar sem ir dar os sentimentos à Maria Candongueira e encomendar ó menos um ramo." D. Rosa alça-se então na sua bicicleta eléctrica, o meio de transporte que mais usa desde que há um ano, ao marido com 94 anos, um AVC obrigou, finalmente, a deixar de conduzir. E pôs-se a caminho. Do Monte ao Porto não distam três quilómetros e D. Rosa assapa que é uma beleza, passando por cima de toda a folha. Conta-nos, olhos nos olhos para que ninguém a duvide, que ao dar a curva do Dr. indiano viu ao alto, mesmo ao indireito da casa do Manel, duas mulheres. E que se lhe enegreceu ainda mais o coração, enquanto sussurrava para si "Morreu mesmo. Já se lá junta gente!". Prosseguindo o trajecto, as duas mulheres que lhe fazem paragem acabam, porém, por começar a baralhar a história. Ambas vizinhas, ainda em camisa de dormir e robe por cima, perguntam a D. Rosa o que faz por ali. D. Rosa encara com uma e diz-lhe em espanto "Tu nem vais acreditar. Eu vinha aqui dar-te os sentimentos p'lo teu home, que foi agora a Noémia à minha casa dar-me a triste notícia de ter morrido o Manel da Fruta. E eu cá Manel da Fruta só conheço o teu. " O espanto que a situação causará no leitor há-de no entanto aumentar agora que lhe afianço que Maria Candongueira se abraçou à D. Rosa e lhe disse "Por hoje, ainda não! Olhe ali o meu homem a apanhar sol no jardim. Mas obrigadinha pelo respeito,  Ti Rosa. Ai que grande amizade você me mostrou hoje, vejam lá vocês bem. Muitos beijinhos." O mistério do Manel da Fruta permanecia e D. Rosa, compreenderá quem a conhece, não leva dúvidas para casa. Vinha a curvada anciã no caminho de volta e, um pouco mais adiante do alçado da capela, encontra o Ferro com o menino mai novo pela mão. Afrouxa a bicicleta e pergunta-lhe quem morreu, que o sino tocou não há muito. É o Ferro quem lhe diz, "Olhe, o primo. O Manel da Fruta." D. Rosa acaba a ripostar "Tem paciência, mas não foi. De ver se dava os sentimentos à Maria Candongueira venho eu e o Manel estava no jardim, todo luzidio, a apanhar sol." A tristeza do primo morto dá lugar a uma certa estupefacção, à mistura com desvelo pela importância de chegar a casa com notícias frescas. É porém outra vizinha, já mesmo ao sarrente do portão, que lhe diz que Manel da Fruta morrera. Era outro. De bem mais longe e que nem do tempo das feiras ela conhece. "Nem lá fui dar uma palavra à família. E olhem, nem um ramo pus ao defunto. Que é um grande respeito que uma pessoa dá, mas eu não os conhecia. Tenho-lhe rezado pela alma... lá isso tenho".

quinta-feira, 26 de março de 2015

É a igualdade, estúpido!

Uma pessoa habitua-se a ver que discriminação em função da orientação sexual é uma coisa inconstitucional, que matar pessoas por causa disso entra num dos exemplos padrão do homicídio qualificado, que a liberdade é um bem fundamental, que as sociedades estão mais tolerantes, que uma série de outras coisas... Depois lê uma notícia destas e procura o calendário, à pressa, em busca de uma justificação esfarrapada que associe a má piada ao dia das mentiras, mas verifica que estamos em Março e é obrigada a deitar as mãos à cabeça e a pensar que a raça humana tem laivos de estupidez preocupantes, assim, de tempos a tempos, que abanam o Mundo e nos fazem questionar para onde raio caminhamos... Há dias em que até tenho vergonha de pertencer à categoria das sobranceiras pessoas humanas. Sinceramente. 

quinta-feira, 19 de março de 2015

quarta-feira, 18 de março de 2015

Hoje de manhã, enquanto fazia o caminho para vir trabalhar, à minha frente circulava um autocarro. No vidro traseiro do dito, uma folha de papel A4 com o seguinte dizer:

Se fez amor hoje, sorria!

Mesmo não tendo feito, não consegui evitar sorrir. Ele há ideias do catano.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Hoje visitei uma casa sem terraços, nem varandas, nem portas sacadas

Foi uma tristeza.

Reflexos de uma mãe ainda sem filhos

Sempre que vou a conduzir e preciso de travar, deixo que tudo dentro do carro e eu própria nos embardalhemos à vontade, mas o que vai no banco do pendura é suportado pela força de um braço rápido que, ligado ao coração, me obriga a verificar bem, mais do que uma vez, se o mano não vai mesmo ali ao lado. Fui muito motorista do meu irmão, está visto. Foram demasiadas viagens para a música, para a natação, para o inglês, para a catequese, para o jazz, para sei lá mais o quê. Estou traumatizada. Levava a pessoa preferida no carro e ainda era meio maçarica. Travar era uma grande arrelia. 

terça-feira, 10 de março de 2015

Estava-se agora muito bem


era neste sítio. É um descanso!

O dia em que o blog mudou de rumo

Houve um dia, um dia que eu não consigo dizer qual foi mas que juro que existiu, em que este blog mudou de rumo. Sei disso bem. O dia existiu. Só isso justifica que numa das fases mais complicadas da minha vida tenha sentido que este não era o sítio para desatar num pranto. Tem havido dias em que o blog de antigamente, escrito na penumbra de uma identidade desconhecida de todos, menos de mim, me tem feito muita, muita, muita falta. Depois conformo-me e até me alegro com o que aconteceu. Talvez por não poder desabar no blog, ganho calo para não desabar tantas vezes. Poupo-me e poupo-vos às inevitabilidades. Vou aprendendo, com cada vez mais paciência, que a vida é feita de altos e de baixos e que se os segundos não existissem não apreciaríamos convenientemente os primeiros. Vou por aqui passando... é verdade. Mas tenho calado mais do que tenho escrito. Talvez porque tudo aquilo que tenho para escrever seja demasiado importante para caber nas palavras que eu sei de cor. Ando há meses a descobrir prioridades. Mais uma vez. Por novas razões. Há-de ter um sentido, isto tudo. Devo estar a caminho... todos os dias... Haja paciência. E paz. E o amor. Sobretudo ele... cheio de saúde.

Sou uma sortuda!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu e a Ana Sousa

Durante anos, consegui comprar roupa na Ana Sousa. Juntamente com a Massimo Dutti, a Lanidor, a Tintoretto, a Caroll, a Naf Naf e a Benetton, era um dos meus locais de abastecimento habitual quando precisava de alguma coisa para vestir. Depois a Tintoretto desapareceu, a Caroll também, a Sisley começou a piscar-me muitas vezes os olhos e acabei por me render também à Kookai. Nesse meio tempo, a Ana Sousa deu em radical e era ver-me entrar e sair vezes a fio de mãos a abanar. Era só roupa ponta acima e ponta abaixo, corpetes, tachas, drapeados com brilhos à mistura, caras nas camisolas, leões em calças, vestidos de transparências para o dia a dia, enfim. Deixei de entrar na Ana Sousa e nunca mais lhe senti a falta. Guardei o cartão por descargo de consciência, mas há anos que lá não vou. Ontem, sem que nada o fizesse prever, reconciliei-me um bocadinho com a marca. A grande responsabilidade é destas três grandes queridas que, quer-me parecer, não tarda muito hão-de vir morar cá para o armário. São todas muito, mas muito mais giras e cor de rosinha o vivo. E acho que ficam todas bem melhor com calças de ganga. Tão sweet princess...



Deve ser da idade

Gosto pouco do sol e a minha estação é o Inverno. Se a chuva me cansa, o frio deixa-me numa felicidade sem fim. Mas este ano, por muitas razões, os primeiros sinais de Primavera souberam-me muito bem. Não sei se pelas amendoeiras a florir, os pés a pedirem sapatos abertos ou a brisa de uma época nova a inaugurar... Sei que esta semana há-de ser melhor que a que passou. E que depois há-de vir outra ainda melhor. E depois outra melhor ainda. E assim sucessivamente. 

Por aí


Para pensar... sem pirar

Hoje, há minutos, ao voltar para casa, fiz a maior parte do caminho no meio de um trânsito infernal. À minha frente, um daqueles veículos da categoria da geringonça, entre a mota e o carro, mais estranho que os papa reformas, uma espécie de Buggy, mas de alcatrão, não sei explicar.  Colado no vidro traseiro, o seguinte dizer "Suicide industry". Pensei no quão difícil seria adequar mais as palavras à realidade de circular naquilo...