quarta-feira, 14 de maio de 2014

Tudo para vos ver felizes #8

Tinha almoçado uma saladinha gostosa com uma amiga e sirigaitava à pressa para ver se numa hora dava conta dos quinhentos recados que tinha para aviar. Entre eles, tinha de comprar dois presentes de aniversário, um para uma primeira comunhão e um de casamento. Já que estava embalada, ainda perdi a cabeça e cometi uma pequena loucura consumista tão perfeita que não fazem ideia. Só não vos conto, porque não é para mim. (Mas o meu homem merece!) Estou nesta roda viva e ao telefone quando uma mulher que eu nunca vira mas com a qual me identifiquei de imediato por parecer, tal como eu pareço frequentemente, uma despenteada mental, me toca no ombro e diz que quer falar-me, mas que aguarda. E põe-se especada a olhar para mim, inibindo-me de responder coisas mimentas ao rapaz, como amo-te muito e assim. Desligo e ela pega-me no braço. E eis o diálogo que se segue.

Senhora (S): Preciso mesmo de lhe falar.
Eu (R): Desculpe, mas nós conhecemo-nos?
S: Não, mas vamos conhecer e vamos ficar amigas?
R: (oi?!) Desculpe?! Como assim?!
S: Não pude deixar de reparar que tem um saco muito fora do vulgar. Eu também faço sacos fora do vulgar. Tenho três colecções esgotadas e apresentei hoje a linha de praia e só cá tenho um e ele é para si.
R: (oi?!) Como assim?! A senhora desculpe, mas eu não estou a perceber...
S: Vamos para ali e já lhe mostro.
R: (oi?!... seguindo a mulher... vá-se lá saber porquê...) 
S: Sou professora. De história. E você?
R: Também?
S: Também é professora de história?
R: Não. Também sou professora.
S: De quê?
R: Penal.
S: Huuummm. Isso é dos técnico profissionais?!
R: (oi?!) Bem, mostre-me lá o saco, que estou mesmo com pressa.
S: Tcharam (com o som de um rufo a seguir...)
R: (what a fuck?! Só a mim e a mais ninguém!) Olhe, não é mesmo o meu estilo. Desculpe.
S: É exclusivo. Só há seis.
R: Bem, mesmo que fosse de facto exclusivo e, portanto, só houvesse este, não seria o meu estilo. Não insista, por favor. Bom trabalho.
S: (agarrando-me novamente no braço) Tem a certeza?!
R: Tenho. Olhe, se quiser, diga-me qual a sua página e se eu depois vir alguma coisa de que goste, eu entro em contacto consigo, está bem?
S: Não tenho tempo para páginas. Estou sempre a coser sacos.
R: Pronto, então, olhe, bom trabalho. (Enquanto me vou afastando com medo...)
S: Tem a certeza?! Tem a certeza?! Tem a certeza?! (num som cada vez mais sumido... por ficar lá longe...)

Agora a explicação do dito saco exclusivo de que havia afinal seis:

Dois rectângulos disto


cosidos muito mal amanhadamente com isto, que, entrançado, fazia as alças


e, la pièce de résistence, ilustrações de ambos os lados com palmeiras, feitas a marcador, por quem tem tanto jeito para desenho como eu para dissertar sobre matemática aplicada.

Um must, portanto!

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