quinta-feira, 13 de março de 2014

Eu exonero, tu exoneras, ele exonera

Para a malta, ao que parece, a exoneração dos dois Conselheiros do Presidente é tão pouco relevante para efeitos da erosão do princípio da liberdade como para contar em nota de pé de página num livro da Anita. Só pode. Ninguém diz nada?! Ah... foram eles que a pediram. Ah... o manifesto dos 70 diz que tinha nove erros de palmatória. Ah... isto... e aquilo. Está tudo doido?! É sentença de morte por suicídio assistido divergir da cambada?! É isso?! Dizer diferente deixou de ser digno o suficiente para poder vingar?! Ora vamos lá ver se eu entendo. Porra para a reestruturação da dívida. Saber que os cortes voltam em grande em 2015, inexoravelmente, é coisa para me dar ganas de deitar a mão à goela de quem manda. Isso e voltar a ter de levar com o Relvas pela casa a dentro quando ligo a televisão. Há quem chame lixo televisivo à Casa dos Segredos. Eu acho que, por este andar, os telejornais vão começar a dar cartas na eleição. Portanto, a dívida, o prazo da dívida, o modo de pagamento da dívida, o diabo a sete sobre a dívida, é coisa que me interessa tanto como a arte de cultivar cannabis na varanda. Estou nem aí. Já percebi que o máximo que posso fazer por mim no que toca ao assunto, é arrumá-lo para trás das costas, ver se aumento os rendimentos por meios lícitos e me furto a pedir contribuinte nas facturas sob pena de ter de explicar que às vezes a minha avó ainda me dá vinte euros que eu não declaro e que o meu homem, sendo um gentleman, raramente me deixa pagar o jantar, o que me faz sobrar mais qualquer coisa para carteiras, sapatos, vestidos e corantes das unhas. Este país, salvo seja a bolinha baixa que me obrigo a fazer perante opinião diversa, só numa de não me aborrecer mais, anda a brincar connosco. É a minha profunda convicção. O gajo da mota gasta uma fortuna em estacionamento. Pondera-se luto nacional por morrer um cardeal quando o país é laico (eu não tenho nada contra o cardeal... paz à sua alma... tenho contra a incongruência constitucional da proposta). A imprensa estrangeira no país elege Mário Soares para personalidade do ano (vale a pena pensar nisto... para a nossa personalidade do ano ser o Mário Soares, imaginem como estamos...). And so on. Até que, no meio deste caldo confuso de insólitos provincianos, fica a saber-se que as pessoas se sentem mal por dar a sua opinião quando ela é distinta da daqueles que mandam e, encolhidas, procuram penitenciar-se pelo atrevimento. E que, em vez da salutar palmada nas costas de quem diz "todas as opiniões são boas, porque é da discussão que nasce a luz", se aceita mandar os dissidentes à vidinha. Não entendo. 

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