terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Natal em minha casa


não podia ser um Natal com enfeites novos todos os anos, comprados por atacado e só porque estão na moda. Na realidade, até vou somando, todos os anos, alguma coisa nova ao Natal em minha casa, mas a verdade é que nada disso destitui do seu lugar os objectos mais antigos e cheios de significado para mim. O Natal em minha casa é, materialmente falando, como uma vida qualquer de uma pessoa saudável, em que à chegada de um amigo novo não corresponde, como por efeito automático, o afastamento de uma velha e boa companhia. Vamos por partes. Adoro o Natal e temo, com muita força, que algum dia alguma coisa triste se associe a esta data e me obrigue a acolher no peito os sentimentos contraditórios da expectativa boa e de uma má melancolia. Porque adoro o Natal, adoro coisas de Natal. Além disso, faço anos cinco dias antes do Natal, numa altura em que nada mais se vê tanto nas lojas como coisas natalícias. Por isso, fui angariando, ao longo da vida, objectos de Natal com os quais estabeleci laços de ternura profunda e sem os quais o meu Natal seria, agora que os conheci, um bocadinho menos feliz. A minha árvore de Natal não obedece às regras dos enfeites monocromáticos. Bem pelo contrário: rivaliza as atenções com a noção de salgalhada de cores, texturas, cheiros e significados. Mas não posso, não consigo, desfazer-me ou afastar-me, nem que seja de forma alternada ao longo dos anos, dos enfeites biológicos que a C. me ofereceu em 2006, das bolas da Disney que o melhor melhor amigo escolheu com desenhos da Minnie só para mim, do soldadinho que o N. encomendou expressamente para isto, lá na Alemanha. Nunca mais hei-de deixar de ter na minha árvore a bola do Principezinho e as estrelas de madeira perfumada com a história do nascimento de Jesus, por que me apaixonei em Viena, nem o anjo todo tosco, mas que amo de paixão, que tem umas asas do tamanho das mãos da T. quando era pequenina. Não vale a pena. A minha árvore de Natal, tal como a caixa de música, o globo de neve, a coroa da porta ou os presépios que agora me enchem a casa, são o que fazem a minha casa vestir-se de Natal. E não há moda ou dress code de árvores que bata aos pontos a emoção tão grande que sinto quando, ao olhar para cada uma destas coisas, me lembro do momento em que entrou na minha vida. 

1 comentário:

  1. A minha arvore de Natal, já esta montada à 15 dias, Têm as bolas que compramos à uns anos, os enfeites feitos pela minha filha ao longo dos anos. Ontem olhava para a arvore e cada objecto representa um momento tão especial.

    erva doce

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