quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Gardasil

Uma francesa afirma ter sofrido imensos e penosos efeitos secundários após a toma de Gardasil. O Infarmed e o Ministério da Saúde já vieram, porém, acalmar as hostes e dizer que os benefícios da vacina são incomparavelmente superiores aos riscos que se correm e o laboratório francês veio explicar que não há qualquer associação inequívoca entre a toma da vacina e alterações do sistema nervoso central. Acho importante, apesar de tudo, falar da minha experiência com o Gardasil. Recebi a vacina como presente de Natal mal ela saiu. Foi um presente porque não era comparticipada para a minha idade e custava cerca de seiscentos euros. Tinha vinte e cinco anos, um historial pouco fácil em termos ginecológicos e antecedentes familiares pouco amigos e a minha médica apelou, na altura, à toma imediata da vacina. Tenho um medo imenso de tudo quanto sejam agulhas, desmaio a tirar sangue e sofro se preciso levar uma vacina, mas acedi, convencida que, enfim, é um mal necessário. Gardasil toma-se por três vezes. É uma vacina de líquido grosso e dada com uma agulha que aleija comórraio. Da primeira vez, fui sozinha. Fui vacinada no braço direito e cheguei a casa com muito custo. As dores no braço eram imensas e a ansiedade, misturada com uma certa fraqueza da mão direita, estava a levar-me ao desespero. Durou uns dois dias e passou. Da segunda vez, fui acompanhada. E ainda bem. Não teria conseguido conduzir até casa, tamanho o enfraquecimento dos braços. Ambos. Como por efeito automático. Fiz febre. Passou. Da terceira vez, doeu-me menos. Há, porém, uma dor que persiste. Mais no sítio da vacina dada no braço esquerdo. E reconheço que quando as minhas defesas andam mais em baixo, é também ali que o meu corpo o acusa. Nessas alturas, tenho menos força nos pulsos e uma impressão de picadela permanente. Não condiciona a vida de ninguém, mas é uma coisa chata e que, quando surgem notícias assim, nos deixa a pensar se tomámos a decisão certa. A vacina não nos torna imunes a todos os tipos de cancro do colo do útero e  a verdade é que ainda não passou tempo suficiente para que possa dizer-se que não há, de todo, maus efeitos dela decorrentes. Quero, porém, acreditar que vale a pena, que é só mais um passo em direcção ao desconhecido, dado de maneira firme, na convicção de que prolongar a vida, de uma maneira melhor, é, afinal, possível. E continuo a achar que se tivesse uma filha (ou um filho, que a vacina também é para os rapazes), provavelmente, vaciná-la-ia.

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